«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Solenidade da Santa Mãe de Deus – Ano A – Homilia

Evangelho: Lucas 2,16-21

Naquele tempo:
16 Os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido, deitado na manjedoura.
17 Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino.
18 E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam.
19 Quanto a Maria, guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração.
20 Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito.
21 Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido.

José María Castillo
Teólogo espanhol

Nas relações humanas se dão as relações com Deus

A originalidade do cristianismo, em relação com as demais religiões, consiste em que os cristãos entendemos a relação com Deus a partir do que são e como são as nossas relações humanas. Pois bem, nossa primeira relação, como seres humanos, é a relação com nossa mãe. Desde o seio materno, antes de nascer, estamos nos relacionando intensamente com nossa mãe. E assim, aprendemos a amar e a ser amados. O qual é o meio e o caminho pelo qual começamos a entender Deus e como deve ser nossa relação com Ele.

Ao dizer tudo isso, não se trata de dissolver a diferença entre o «Ser divino» e o «ser humano». Porque isso equivaleria a cair em uma forma (mal dissimulada) de ateísmo ou (a partir de outro ponto de vista) de panteísmo. Com semelhantes distinções não iremos a parte alguma. Não falamos do ser do homem e do ser de Deus. Estamos falando de como tem que atuar (comportar-se) o ser humano para encontrar-se com o «Ser divino». Relacionar-se com Deus não é divinizar-se, mas ao contrário: humanizar-se. Na medida em que nos fazemos mais humanos, mais próximos estamos do divino. Porque, na «ENCARNAÇÃO», Deus «SE HUMANIZOU», em Jesus.

No pensamento da Antiguidade, o tema predominante era o problema do Ser (a metafísica). Na cultura da Modernidade e da «Pós-modernidade», na qual vivemos, é o comportamento (a ética). De modo que, o importante agora não é o «Ser», mas o «Atuar». Por isso, no comportamento é onde e como conhecemos quem é cada um. Quando tal comportamento (seus «fatos», seus «frutos») supera o que dá de si a condição humana, quem se comporta assim, é que é mais que um ser humano.

E, na medida em que se aproxima disso, pode-se afirmar que Deus está nessa pessoa. Por isso, os cristãos dizem que, em Jesus, conhecemos Deus, vemos Deus, apalpamos Deus. E isto chega até ao extremo de afirmar que Deus teve Mãe. Nisto – há que se repetir – encontra-se a originalidade e a atualidade do cristianismo.
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José Antonio Pagola
Biblista e Teólogo espanhol

A Mãe

A muitos pode parecer estranho que a Igreja faça coincidir o primeiro dia do novo ano civil com a festa de Santa Maria, Mãe de Deus. No entanto, é significativo que, desde o século quarto, a Igreja, depois de celebrar solenemente o nascimento do Salvador, deseje começar o ano novo sob a proteção maternal de Maria, Mãe do Salvador e Mãe nossa.

Os cristãos de hoje devemos nos perguntar o que temos feito de Maria nestes últimos anos, pois provavelmente empobrecemos nossa fé eliminando-a, demasiadamente, de nossa vida!

Movidos, sem dúvida, por uma vontade sincera de purificar nossa vivência religiosa e encontrar uma fé mais sólida, abandonamos excessos de piedade, devoções exageradas, costumes superficiais e extraviados.

Tratamos de superar uma falsa mariolatria na qual, talvez, substituíamos Cristo por Maria e víamos nela a salvação, o perdão e a redenção os quais, na realidade, devemos acolher a partir de seu Filho.

Se tudo foi corrigir desvios e colocar Maria em seu autêntico lugar que corresponde ao de Mãe de Jesus Cristo e Mãe da Igreja, teríamos de nos alegrar e reafirmar a nossa postura.

Porém, foi exatamente assim? Não a esquecemos excessivamente? Não a encurralamos em algum lugar obscuro da alma junto às coisas que nos parecem de pouca utilidade?

Abandonar Maria, sem aprofundarmos mais em sua missão e no lugar que deve ocupar em nossa vida, não enriquecerá jamais nossa vivência cristã, mas a empobrecerá. Provavelmente, cometemos excessos de mariolatria no passado, porém, agora, corremos o risco de nos empobrecermos com sua ausência, quase total, de nossas vidas.

Maria é a Mãe de Cristo. Porém, aquele Cristo que nasceu de seu seio estava destinado a crescer e incorporar a si numerosos seres humanos, homens e mulheres que viveriam, um dia, de sua Palavra e de sua graça. Hoje, Maria não é somente a Mãe de Jesus. É a Mãe do Cristo total. É a Mãe de todos os crentes.

É bom que, ao começar um ano novo, o façamos elevando nossos olhos para Maria. Ela nos acompanhará ao longo dos dias com cuidado e ternura de mãe. Ela cuidará de nossa fé e nossa esperança. Não a esqueçamos ao longo deste ano.

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fontes: CASTILLO, José María. La religión de Jesús: comentario al evangelio diario – Ciclo C (2018-2019). Bilbao: Editorial Desclée De Brouwer, 2018, páginas. 41-42; PAGOLA, José Antonio. La Buena Noticia de Jesús – Ciclo A. Boadilla del Monte (Madrid): PPC, páginas 32-34.

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