«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 23 de maio de 2020

Ascensão do Senhor – Ano A – Homilia

Evangelho: Mateus 28,16-20

Clique sobre a imagem, abaixo,
para assistir à narração do Evangelho deste Domingo:


José María Castillo
Teólogo espanhol

A PROPOSTA DA ASCENSÃO AOS CRISTÃOS

A festa da Ascensão do Senhor costuma ser explicada a partir do relato do livro de Atos dos Apóstolos, como exaltação às alturas da glória, coisa que se faz na expressão literária da elevação aos céus (Atos 1,9-11). Segundo essa interpretação, a Ascensão é um deslocamento do “terreno” ao “celestial”, do âmbito do “humano” ao “divino”. E assim é como, com frequência, costuma-se explicar aos fiéis. E é assim que muitas pessoas imaginam, a partir de uma representação tão ingênua quanto falsa.

O final do evangelho de Mateus vê todo este assunto de outra maneira. Porque o tema, no qual centra a sua atenção, não é a “exaltação do divino”, mas a “universalização do cristão”. Aquilo que o Ressuscitado de Mateus propõe é que foi a ele a quem foi dado “pleno poder no céu e na terra” (Mateus 28,18).

Isso foi redigido assim, depois da destruição de Jerusalém e da consequente dispersão do povo judeu, no ano 70. Quando a tensão entre cristãos e judeus aumentava. E quando as comunidades cristãs não passavam de grupos reduzidos e com escassa presença no Império. Pois bem, entre tanta tensão e divisões religiosas, há motivos para perguntar-se se este final do evangelho de Mateus responde ao que Jesus, realmente, quis. Ou então, melhor ainda, se este final do evangelho de Mateus não é senão a projeção de um desejo. O desejo de converter-se na religião universal, que se impõe às demais religiões e que, com o passar do tempo, foi – com o papado – o prolongamento do pretendido imperialismo universal de Roma.

Agora, em assuntos de “religião”, as pretensões de universalidade se traduzem inevitavelmente em violência, em divisões, enfrentamentos, conflitos, desejos de dominação e prepotência. Um “deus”, que pretende ser universal, por isso mesmo, pretende igualmente anular aos demais “deuses”, fruto de culturas milenares e constitutivas da identidade de milhões de seres humanos.

* Não seria mais razoável entender e viver a experiência religiosa como a entendeu e a viveu o Jesus terreno?
* Não seria, por isso mesmo, mais lógico viver a fé em Jesus como fé na bondade, no respeito, na tolerância, na ajuda de todos para todos, sejam quais forem as formas concretas de crenças e práticas religiosas que cada povo e cada cultura vive em concreto?

Eis aqui uma das questões mais sérias que nos propõe a festa da Ascensão do Senhor.
A missão é fazer discípulos/as de todas as nações 
José Antonio Pagola
Biblista e Teólogo espanhol

FAZER DISCÍPULOS DE JESUS

Mateus descreve a despedida de Jesus traçando as linhas de força que guiarão para sempre o Seus discípulos, os traços que deverão marcar sua Igreja para cumprir fielmente a Sua missão.

O ponto de partida é a Galileia. Aí os convoca Jesus. A ressurreição não os deve levar a esquecer o vivido com Ele na Galileia. Aí o escutaram:
* falar de Deus com parábolas comovedoras.
* Ali o viram aliviando o sofrimento,
* oferecendo o perdão de Deus e
* acolhendo os mais esquecidos.
É isto precisamente o que deverão continuar a transmitir.

Entre os discípulos que rodeiam Jesus ressuscitado, há «crentes» e há quem «hesita». O narrador é realista. Os discípulos «prostram-se». Sem dúvida, querem acreditar, mas em alguns desperta a dúvida e a indecisão. Talvez estejam assustados, não podem captar tudo o que aquilo significa. Mateus conhece a fé frágil das comunidades cristãs. Se não contassem com Jesus, logo se apagariam.

Jesus «aproxima-se» e entra em contato com eles. Ele tem a força e o poder que a eles lhes falta. O Ressuscitado recebeu do Pai a autoridade do Filho de Deus com «pleno poder no céu e na terra». Se se apoiam Nele, não vacilarão.

Jesus indica-lhes com precisão qual deve ser a sua missão. Não é propriamente «ensinar doutrina», não é apenas «anunciar o Ressuscitado». Sem dúvida, os discípulos de Jesus terão de cuidar de diversos aspectos:
* «dar testemunho do Ressuscitado»,
* «proclamar o evangelho»,
* «implantar comunidades», mas tudo estará finalmente orientado para um objetivo:
* «fazer discípulos» de Jesus.

Esta é a nossa missão:
fazer «seguidores» de Jesus que conheçam a Sua mensagem,
que se sintonizem com o Seu projeto,
que aprendam a viver como Ele e
que reproduzam, hoje, a Sua presença no mundo.

Atividades tão fundamentais como o batismo, o compromisso de aderir a Jesus e o ensino de «tudo o que é ordenado» por Ele são vias para aprender a ser Seus discípulos. Jesus promete-lhes a Sua presença e ajuda constante. Não estarão sós nem desamparados. Nem mesmo que sejam poucos. Nem mesmo que sejam apenas dois ou três.

Assim é a comunidade cristã. A força do Ressuscitado é sustentada com o Seu Espírito. Tudo está orientado para aprender e ensinar a viver como Jesus e a partir de Jesus.

Ele continua vivo nas Suas comunidades. Continua conosco e entre nós, curando, perdoando, acolhendo… salvando.

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo e Antonio Manuel Álvarez Perez.

Fontes: CASTILLO, José María. La religión de Jesús: comentario al evangelio diario – 2020. Bilbao: Desclée De Brouwer, 2019, páginas 187-188; José Antonio Pagola. Grupos de Jesús – Internet: clique aqui.

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