«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 30 de maio de 2020

Solenidade de Pentecostes – Ano A – Homilia

Evangelho: João 20,19-23

Clique sobre a imagem, abaixo,
para assistir à narração do Evangelho deste Domingo:


José María Castillo
Teólogo espanhol

CREMOS, DE FATO, NO ESPÍRITO?

No conjunto do Novo Testamento, fica patente que a vida e a salvação, que Deus concede ao mundo, são antes de tudo, iniciativa do Pai. Porém, esse projeto não se realiza somente por meio de Jesus. Além da ação de Jesus, essa é uma obra, também, do Espírito. Por isso, o evangelho Segundo João, ao relatar a morte de Jesus, diz que este, quando tudo já estava “consumado”, “inclinando a cabeça, entregou o Espírito” (João 19,30). E no domingo, mesmo, da Páscoa, como nos recorda o evangelho hoje, o Ressuscitado entrega de novo o Espírito aos discípulos (João 19,22).

No Quarto Evangelho, o Espírito é fruto da vida, morte e ressurreição de Jesus.
O Espírito é prolongamento e plenitude da obra de Jesus.

No livro dos Atos dos Apóstolos, relatam-se três vindas do Espírito.

A primeira, no dia de Pentecostes (Atos 2,1-11), que produz como fruto o efeito contrário do que sucedeu no mito da torre de Babel (Gênesis 11,1-9): a divisão de linguagens expressa na incomunicação dos humanos, enquanto que a vinda do Espírito faz com que aqueles que falam línguas distintas, se entendam.

A segunda vinda, quando os apóstolos saem do cárcere e se reúnem com a comunidade (Atos 4,31): a presença do Espírito produz a “livre audácia” ou “valentia” (parresía) para anunciar o Evangelho.

A terceira vinda, produziu-se no dia em que Pedro admitiu os primeiros pagãos na Igreja (Atos 10,44-46): o Espírito não está associado a uma cultura, a uns ritos ou a uma religião, mas transcende todos os limites que os seres humanos intentam pôr a Deus.

A Igreja fala, com frequência, do Espírito, porém, na prática, dá a impressão que crê mais na eficácia do poder e do dinheiro que na força do Espírito. Não acontece isso a todos nós, que cremos? Isso se nota, sobretudo, nos tempos de crise de fé. E em situações de crise econômica e política. É exatamente a experiência que estamos vendo e apalpando, agora mesmo, na sociedade e na Igreja.

 
José Antonio Pagola
Biblista e Teólogo espanhol

VIVER DEUS A PARTIR DE DENTRO

Há alguns anos, o grande teólogo alemão Karl Rahner atrevia-se a afirmar que o principal e mais urgente problema da Igreja dos nossos tempos é a sua “mediocridade espiritual”. Estas eram as suas palavras: o verdadeiro problema da Igreja é “continuar com resignação e tédio cada vez maiores pelos caminhos habituais de uma mediocridade espiritual”.

O problema não parou de se agravar nessas últimas décadas. De pouco serviram as intenções de reforçar as instituições, salvaguardar a liturgia ou vigiar a ortodoxia. No coração de muitos cristãos está se apagando a experiência interior de Deus.

A sociedade moderna apostou pelo “exterior”. Tudo nos convida a viver a partir de fora. Tudo nos pressiona para nos movermos com rapidez, sem pararmos em nada nem em ninguém. A paz já não encontra fendas para penetrar até o nosso coração. Vivemos quase sempre na superfície da vida. Estamos esquecendo o que é saborear a vida a partir de dentro. Para ser humana, à nossa vida falta uma dimensão essencial: a interioridade.

É triste observar que tampouco nas comunidades cristãs sabemos cuidar e promover a vida interior. Muitos não sabem o que é o silêncio do coração, não se ensina a viver a fé a partir de dentro. Privados da experiência interior, sobrevivemos esquecendo a nossa alma: escutando palavras com os ouvidos e pronunciando orações com os lábios, enquanto o nosso coração está ausente.

Na Igreja fala-se muito de Deus, mas onde e quando escutam os crentes a presença silenciosa de Deus no mais fundo do coração? Onde e quando acolhemos o Espírito do Ressuscitado no nosso interior? Quando vivemos em comunhão com o Mistério de Deus a partir de dentro?

Acolher o Espírito de Deus quer dizer deixar de falar só com um Deus a quem quase sempre colocamos longe e fora de nós, e aprender a escutá-lo no silêncio do coração. Deixar de pensar em Deus apenas com a cabeça, e aprender a percebê-lo no mais íntimo do nosso ser.

Essa experiência interior de Deus, real e concreta, transforma a nossa fé. É surpreendente, como se pôde viver sem descobrir isso antes. Agora se sabe por que é possível acreditar, inclusive, numa cultura secularizada. Agora se conhece uma alegria interior nova e diferente. Parece-me muito difícil manter por muito tempo a fé em Deus no meio da agitação e frivolidade da vida moderna, sem conhecer, ainda que seja de forma humilde e simples, alguma experiência interior do Mistério de Deus.

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fontes: CASTILLO, José María. La religión de Jesús: comentario al evangelio diario – 2020. Bilbao: Desclée De Brouwer, 2019, páginas 195-196; PAGOLA, José Antonio. La Buena Noticia de Jesús – Ciclo A. Boadilla del Monte (Madrid): PPC, 2016, páginas 123-125.

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