«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 26 de julho de 2020

16º Domingo do Tempo Comum – Ano A – Homilia

Evangelho: Mateus 13,44-52

Clique sobre a imagem, abaixo,
para assistir à narração do Evangelho deste Domingo:


José Antonio Pagola
Biblista e teólogo espanhol

A DECISÃO MAIS IMPORTANTE

O evangelho reúne duas breves parábolas de Jesus com uma mesma mensagem. Em ambos os relatos, o protagonista descobre um tesouro enormemente valioso ou uma pérola de valor incalculável. E os dois reagem do mesmo modo: vendem, com alegria e determinação, o que têm, e ficam com o tesouro ou a pérola. Segundo Jesus, assim reagem os que descobrem o Reino de Deus.

Ao que parece, Jesus teme que as pessoas o sigam por interesses diversos,
sem descobrir o mais atraente e importante:
esse projeto apaixonante do Pai, que consiste em conduzir a humanidade
para um mundo mais justo, fraterno e feliz,
encaminhando-o, desse modo, para a sua salvação definitiva em Deus.

O que podemos dizer, hoje, depois de vinte séculos de cristianismo? Por que tantos cristãos bons vivem fechados na sua prática religiosa com a sensação de não ter descoberto nela nenhum “tesouro”? Onde está a raiz última dessa falta de entusiasmo e alegria em não poucos âmbitos da nossa Igreja, incapaz de atrair para o núcleo do Evangelho a tantos homens e mulheres que se vão afastando dela, sem renunciar por isso a Deus nem a Jesus?

Depois do Concílio [Vaticano II], o papa Paulo VI fez esta afirmação categórica: “Só o Reino de Deus é absoluto. Tudo o mais é relativo”. Anos mais tarde, o papa João Paulo II reafirmou-o dizendo: “A Igreja não é ela o seu próprio fim, pois está orientada para o Reino de Deus do qual é gérmen, sinal e instrumento”. Papa Francisco vem repetindo: “O projeto de Jesus é instaurar o Reino de Deus”.

Se essa é a fé da Igreja, por que há cristãos que nem sequer ouviram falar deste projeto que Jesus chamava “Reino de Deus”? Por que não sabem que a paixão que animou toda a vida de Jesus, a razão de ser e o objetivo de toda a sua atuação, foi anunciar e promover esse projeto humanizador do Pai: buscar o Reino de Deus e a sua justiça?

A Igreja não pode renovar-se desde a sua raiz se não descobre este “tesouro” do Reino de Deus. Não é a mesma coisa: chamar os cristãos a colaborar com Deus no seu grande projeto de fazer um mundo mais humano, e viver distraídos em práticas e costumes que nos fazem esquecer o verdadeiro núcleo do Evangelho.

O Papa Francisco nos diz que “o Reino de Deus nos chama”. Este grito nos chega a partir do próprio coração do Evangelho. Temos que escutá-lo. Seguramente, a decisão mais importante que temos de tomar hoje na Igreja e nas nossas comunidades cristãs é a de recuperar o projeto do Reino de Deus com alegria e entusiasmo.
Encontrando o Reino 
José María Castillo
Teólogo espanhol

O QUE PREENCHE O SER HUMANO

A primeira dessas parábolas compara a oferta de Jesus, o reinado de Deus, com um tesouro. Um tesouro tão valioso e que seduz tanto e produz tanta alegria, que aquele que o encontra, esquece-se de tudo o que tem, abandona tudo e vê nesse tesouro a única coisa que vale a pena neste mundo.

Como é lógico, isto quer dizer que quem encontra Jesus e sua mensagem, por esse motivo, muda radicalmente de vida. Uma novidade assim, não pode ser nem a prática religiosa, nem, muito menos, as obrigações que impõe a religião. Nem sequer, as promessas de felicidade para a outra vida. Nada disso é – para a grande maioria das pessoas – um tesouro que muda a forma de viver. A crença em uma esperança (incerta? insegura?) de futuro, normalmente, não modifica o presente visível, tangível.

O mesmo se deve dizer da pérola. No fundo, é a mesma comparação formulada com outras palavras. O que podem expressar o «tesouro» e a «pérola»?

Somente o que mais preenche os seres humanos:
um ambiente humano de respeito, tolerância, estima, carinho e segurança,
no qual damos felicidade e recebemos felicidade,
com a convicção de que isso é (e será) para sempre.

Somente isso pode significar o que, tal como são os humanos, Jesus oferece e afirma.

A comparação da rede e a separação última e definitiva dos peixes abre o horizonte das promessas de Jesus de tal maneira, que transcende todas as limitações inerentes à condição humana. A intenção de Mateus, ao colocar aqui esta comparação, é pôr uma «sentinela no horizonte» (Paul Ricoeur) último de todo o meramente humano, para superá-lo e transcendê-lo além de quanto nos atrevemos a imaginar ou suspeitar os mortais.

Em suma, a garantia mais segura de que o Evangelho está presente na vida é que essa nossa vida progrida e funcione impregnada de alegria pelo fato de ter conhecido e encontrado Jesus e seu Evangelho.

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fontes: PAGOLA, José Antoni0. La Buena Noticia de Jesús – Ciclo A. Boadilla del Monte (Madrid): PPC, 2016, páginas 191-193; CASTILLO, José María. La religión de Jesús: comentario al Evangelio diário 2020. Bilbao: Desclée De Brouwer, 2019, páginas 266-267.

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