«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 12 de setembro de 2020

24º Domingo do Tempo Comum – Ano A – Homilia

Evangelho: Mateus 18,21-35

Assista à narração do Evangelho deste
domingo, clicando sobre a imagem abaixo:


José Antonio Pagola
Biblista espanhol

VIVER PERDOANDO

Os discípulos ouviram Jesus dizer coisas incríveis sobre o amor aos inimigos, a oração ao Pai pelos que os perseguem, o perdão a quem lhes prejudica. Seguramente, parece-lhes uma mensagem extraordinária, porém pouco realista e muito problemática.

Pedro aproxima-se, agora, de Jesus com uma colocação mais prática e concreta que lhes permita, ao menos, resolver os problemas que surgem entre eles: dúvidas, invejas, enfrentamentos e conflitos. Como devem atuar naquela família de seguidores que caminham atrás de seus passos? Concretamente: «Quantas vezes devo perdoar ao meu irmão que me ofende?».

Antes que Jesus lhe responda, o impetuoso Pedro adianta-se a fazer-lhe sua própria proposta: «Até sete vezes?». Sua proposta é de uma generosidade muito superior ao clima justiceiro que se respira na sociedade judaica. Vai além daquilo que se pratica entre os rabinos e os grupos essênios, que falam em perdoar, no máximo, quatro vezes.

No entanto, Pedro segue movendo-se no plano da casuística judaica, onde se prescreve o perdão como um arranjo amigável e regulamentado para garantir o funcionamento ordenado da convivência entre aqueles que pertencem ao mesmo grupo.

A resposta de Jesus exige colocar-nos em um outro patamar. No perdão não há limites: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete». Não tem sentido fazer contas do perdão. Quem se põe a contar quantas vezes está perdoando o irmão, adentra-se por um caminho absurdo que arruína o espírito que há de reinar entre seus seguidores.

Entre os judeus, era conhecido o «Cântico de Vingança» de Lameque, um legendário herói do deserto, que dizia assim: «Caim será vingado sete vezes, porém Lameque será vingado setenta vezes sete» [Gn 4,24]. Frente a esta cultura da vingança sem limites, Jesus propõe o perdão sem limites entre seus seguidores.

As diferentes posições diante do Concílio Vaticano II [1962-1965] foram provocando, no interior da Igreja, conflitos e enfrentamentos às vezes muito dolorosos. A falta de respeito mútuo, os insultos e as calúnias são frequentes. Sem que ninguém os desautorize, setores que se dizem cristãos se servem da Internet para semear agressividade e ódio, destruindo sem piedade o nome e a trajetória de outros que creem.

Necessitamos, urgentemente, testemunhas de Jesus que anunciem com palavra firme seu Evangelho e que contagiem com coração humilde a paz dele. Cristãos que vivam perdoando e curando esta obstinação doentia que penetrou em sua Igreja.
 Perdoar Setenta Vezes Sete
José María Castillo
Teólogo espanhol

DEUS SERÁ CONOSCO COMO SOMOS PARA OS OUTROS

Jesus disse: «tratai os outros como quereis que eles vos tratem» (Lc 6,31). O critério de Jesus, então, é que cada um seja tratado por Deus do mesmo modo que essa pessoa trata os demais em sua vida cotidiana. Quer dizer, o comportamento de cada um com os outros é a medida do comportamento que Deus tem com cada ser humano.

Portanto, o respeito, a tolerância, a estima a capacidade de perdoar que cada ser humano tem com as pessoas com as quais convive, esse será o respeito, a tolerância, a estima e o perdão que receberá de Deus.

A tolerância e o perdão do «Senhor» ou «Rei» com seu «servo»/«escravo» alcança uma dimensão incrível, segundo a parábola. A dez mil talentos [cerca de 300 toneladas de ouro!] chegava a soma que Roma, com Pompeu, obteve da recém conquistada Judeia por volta do ano 60 a.C. (segundo o historiador Flávio Josefo). Herodes Antipas obteve duzentos talentos da Galileia e Pereia. Arquelau, seiscentos talentos da venda da Idumeia, Judeia e Samaria (segundo o historiador Flávio Josefo).

Assim sendo, a figura que propõe a parábola evoca a ação de Roma e reflete noções proverbiais sobre a riqueza dos reis. Por isso, é assombrosa a generosidade do «senhor/rei».  Como é assombrosa a ruindade e miséria do servo que, por pouco, chega a desejar matar a um desgraçado que lhe devia uma quantia miserável.

Tudo nesta parábola é exagerado, quase incrível. Como exagerada e surpreendente é a ruindade e a miséria de espírito que estamos vendo e vivendo na duríssima situação de crise atual. Jamais se viu tanta cobiça nos ricos e tanta incapacidade para perdoar «o dinheiro que me devem». A cobiça pelo dinheiro é a causa do que estamos sofrendo.

E, enquanto a Igreja não começar a tomar decisões exemplares, que seja capazes de comover o mundo, esta situação não muda. Especialmente nos países do sul da Europa, que são precisamente os países mais católicos. O mais urgente não é que se modifiquem as decisões econômicas, mas que se convertam os corações ambiciosos e a cobiça insaciável dos ricos, daqueles que manejam o poder político, daqueles que controlam o capital financeiro.

A chave não está na «economia», mas na «ética».

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: PAGOLA, José Antonio. La Buena Noticia de Jesús. Ciclo A. Boadilla del Monte (Madrid): PPC, 2016, páginas 219-221; CASTILLO, José María. La religión de Jesús. Comentario al evangelio diário – 2020. Bilbao: Desclée De Brouwer, 2019, páginas 330-331.

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