«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 11 de outubro de 2020

28º Domingo do Tempo Comum – Ano A – Homilia

 Evangelho: Mateus 22,1-14 

Para ouvir a narração deste Evangelho, clique sobre a imagem abaixo:  

José María Castillo

Teólogo espanhol

 O Reino é o Grande Banquete de Deus

 Não é possível entender esta parábola, se não levamos em conta o que representava, nas cultura antigas o “simpósio”, o banquete festivo que se celebrava, desde o mundo judeu ao mundo romano, passando pela cultura dos gregos. Os biblistas “de ofício” costumam resistir à influência que o “simpósio” antigo teve nas origens da eucaristia. Porém, os dados históricos aí estão. E negar-se a aceitar tais dados produz a impressão de um certo “fundamentalismo bíblico”, que resiste aos fatos que viveram os primeiros cristãos. 

Isto suposto, é certo que Jesus oferecia o Reino, antes de tudo, aos marginalizados através de sua mesa de fraternidade. Trata-se disso: para muitos acadêmicos, a comensalidade com os socialmente excluídos é essencial em toda reconstrução social do Jesus histórico que pretenda ser válida. Por exemplo, John Dominic Crossan afirma enfaticamente: «Minha teoria é que a magia e a comida ou o milagre e a mesa... proporcionam o ponto crucial do programa de Jesus. Se esta teoria não for verdadeira, eu teria que reescrever todo o livro» (O Jesus Histórico, Imago Editora, 1994). Quer dizer que, se arrancarmos dos evangelhos as refeições de Jesus, tudo aquilo que neles se diz perde sentido e seu significado para nós. Os cristãos devem sê-lo precisamente compartilhando o banquete da comida compartilhada com aqueles que aceitam participar dessa mesa, que, segundo a parábola, não são os ricos, mas os excluídos socialmente. 

Nos tempos difíceis que estamos vivendo, quando tantos milhões de seres humanos não têm acesso ao mais elementar que nos pede a vida, a saúde e a alimentação, e isto superando qualquer forma de exclusão na sociedade, Jesus diz aos cristãos – e o diz à Igreja – que o central do Reino de Deus é a comensalidade. 

Isto é, a mesa compartilhada com aqueles que não podem compartilhar nada mais que suas carências, suas exclusões, suas inseguranças e seus medos.

Assim, somente assim, poderemos fazer algo para que este mundo torne-se mais habitável. É isso que o Cristianismo tem a trazer para a humanidade neste momento.

José Antonio Pagola

Biblista espanhol

Convite

Jesus conhecia muito bem como desfrutava os camponeses da Galileia as bodas que se celebravam nas aldeias. Sem dúvida, o mesmo tomou parte em mais de uma. Que experiência mais alegre poderia haver para aquelas pessoas que serem convidadas a uma festa de casamento e poder sentar-se com os vizinhos e compartilhar juntos um banquete de festa? 

Esta recordação vivida desde criança ajudou Jesus, mais tarde, a comunicar sua experiência de Deus de uma maneira nova e surpreendente. Segundo ele, Deus está preparando um banquete final para todos seus filhos, pois quer ver sentados todos juntos a ele desfrutando para sempre de uma vida plenamente feliz. 

Podemos dizer que Jesus entendeu sua vida inteira como o oferecimento de um grande convite em nome de Deus a essa festa final. Por isso, Jesus não impõe nada à força, não pressiona ninguém. Anuncia a Boa Nova de Deus, desperta a confiança no Pai, acende nos corações a esperança. Seu convite deve chegar a todos. 

O que houve deste convite de Deus?

Quem o anuncia?

Quem o escuta?

Onde se fala, na Igreja, dessa festa final?

Satisfeitos com o nosso bem-estar, surdos ao que não sejam nossos interesses imediatos, não necessitamos mais de Deus?

Estamos nos acostumando, pouco a pouco, a viver sem necessidade de alimentar uma esperança última? 

Jesus era realista. Sabia que o convite de Deus pode ser recusado. Na parábola dos «convidados à boda» se fala de diversas reações dos convidados:

* Uns recusam o convite de maneira consciente e enfática: «Não quiseram vir».

* Outros respondem com absoluta indiferença: «Não fizeram caso». Importa-lhes mais suas terras e seus negócios. 

Porém, segundo a parábola, Deus não se desanima. Apesar de tudo, haverá uma festa final. O desejo de Deus é que a sala do banquete fique repleta de convidados. Por isso, há que se ir às «encruzilhadas dos caminhos», por onde caminham tantas pessoas errantes, que vivem sem esperança e sem futuro. 

A Igreja deve seguir anunciando com fé e alegria o convite de Deus proclamado no Evangelho de Jesus.

O Papa Francisco está preocupado em razão de uma pregação que se obstina «por uma transmissão desarticulada de uma infinidade de doutrinas que tentam se impor por força da insistência». O maior perigo está, segundo ele, em que não será mais «propriamente o Evangelho o que se anuncia, mas alguns acentos doutrinais ou morais que procedem de determinadas opções ideológicas. A mensagem correrá o risco de perder sua frescura e deixará de ter o cheiro do Evangelho». 

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo. 

Fontes: CASTILLO, José María. La religión de Jesús: Comentario al evangelio diario – 2020. Bilbao: Desclée De Brouwer, 2019, página 363; PAGOLA, José Antonio. La Buena Noticia de Jesús – Ciclo A. Boadilla del Monte (Madrid): PPC, 2016, páginas 235-237.

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