«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 16 de janeiro de 2021

2º Domingo do Tempo Comum – Ano B – HOMILIA

 Evangelho: João 1,35-42 

Para ouvir a narração deste Evangelho, clique sobre a imagem abaixo:


 Alberto Maggi

Frade da Ordem dos Servos de Maria (servitas) e renomado biblista italiano

Jesus, o Cordeiro de Deus, inicia uma nova libertação 

«Naquele tempo, João estava com dois de seus discípulos e, fixando o olhar em Jesus que passava, disse...» (Jo 1,35-36a).

O verbo “fixar” no Evangelho de João aparece apenas duas vezes no primeiro capítulo, onde o evangelista apresenta no início da atividade de Jesus. Os evangelistas o sabem, eles são mais que grandes teólogos, são grandes escritores e seguem as regras literárias daquela época, do seu tempo. Pois bem, essas regras previam que, quando você quiser relacionar o mesmo tema, deve usar, apenas, a mesma palavra ou o mesmo verbo nesta seção. E aqui, nesta passagem, o verbo “fixar” aparece duas vezes. O verbo “fixar” significa entrar dentro, no coração das pessoas e ver sua verdadeira realidade. É parecido com o que dizemos coloquialmente em português, quando afirmamos “Fotografou-o”. Fotografar uma pessoa não significa apenas tirar um retrato, ver o que tem dentro. 

Então, o evangelista escreve no primeiro capítulo, versículo 35, que João ainda está lá com os seus discípulos e “fixando o olhar em Jesus”, ou seja, fixando o olhar ele vê a verdadeira realidade, não o que aparece externamente, mas o que ele é, e o indica como “o cordeiro de Deus”. João já havia falado de Jesus como o Cordeiro de Deus que tira, que erradica o pecado que está no mundo e o faz derramando o Espírito Santo porque a luz, João escreveu em seu prólogo, não luta contra as trevas, a luz expande sua luz e assim fará Jesus para eliminar este pecado. 

Mas por que o cordeiro? A que se refere? O cordeiro jamais encontra-se na lista dos animais sacrificados para se obter o perdão dos pecados, não tem esse significado. O cordeiro de Deus é o cordeiro que Moisés mandou que toda família comesse na noite da libertação da escravidão egípcia, por quê? A carne do cordeiro deu força, deu consistência para começar essa longa jornada rumo à liberdade e o sangue teria livrado o povo da morte quando da passagem do anjo exterminador [cf.: Êxodo 12,1-13]. Portanto, o evangelista apresenta Jesus como o cordeiro de Deus, aquele cuja carne dará a capacidade de iniciar esta nova libertação, mas não mais fugindo para uma terra prometida, mas de uma terra que se transformou em uma terra de escravidão dominada pela lei, que literalmente sufocava, tirava o fôlego das pessoas. E seu sangue não livrará da morte física, mas da morte para sempre. Desse modo, João aponta Jesus como o cordeiro, aquele a quem seguir. 

Dois de seus discípulos acolhem esta palavra, eles se voltam para Jesus, Jesus os convida a ver onde eles estão. Naquela época, o discípulo não apenas seguia as lições de seu mestre, mas vivia com ele; um desses dois discípulos de João se chamava André e ele sai imediatamente em busca de seu irmão, que é o outro protagonista importante dessa passagem, chamado Simão Pedro. Bem, quando André se volta para seu irmão dizendo, e claro, com entusiasmo “Nós encontramos”, encontramos significa o fruto de uma longa busca, nós procuramos e encontramos “o Messias” que significa Cristo, nenhuma reação de Simão; nem mesmo uma palavra de consentimento ou informação, nada. E escreve o evangelista que André o “conduziu”, Simão é quase um peso morto que deve ser levado até Jesus e diante de Jesus também não há reação da parte dele. 

«Fixando o olhar nele, Jesus disse: “Tu és Simão, o filho de João; serás chamado Cefas” - que significa Pedro» (Jo 1,42).

Agora, será Jesus que fixará o olhar sobre Simão, aqui Jesus o encara, entra na interioridade desse homem e o fotografa, como dissemos antes, fazendo emergir a sua verdadeira realidade, diz “Tu és Simão” e o chama de “O filho de João”. João não é o nome do pai de Simão, vimos que Simão tem um irmão, André; aqui, o artigo definido “o” significa que ele é o único filho, então não pode ser o nome do pai. Quem é esse João? É João Batista. Os discípulos de um mestre se autodenominavam filhos; então, dizendo Jesus a Simão que “Tu és o filho de João”, ele afirma: Você é o discípulo predileto, o melhor, o modelo. 

Mas este discípulo não estava lá quando João indicou Jesus como o Cordeiro de Deus, ele não conhece essa novidade. Então, eis que Jesus acrescenta: “Tu serás chamado Cefas”; é uma palavra aramaica que o evangelista traduz e que significa “pedra”, ou seja, indica teimosia, pirraça. Aqui, neste evangelho, Jesus não convida Simão a segui-lo e Jesus nunca se dirigirá a Simão chamando-o de Pedro; será o evangelista quem usará esse apelido como um artifício literário que indica sua teimosia, sua pirraça, para significar todas as vezes que ele é contrário ou em oposição a Jesus. 

Se Jesus não convida Simão Pedro a segui-lo no início, ele o fará apenas no final, quando Pedro finalmente se render, ele irá abandonar seus ideais de glória, de messianismo; ele permaneceu à imagem do Messias como o Leão de Judá, mas João Batista não apresentou Jesus como o leão, mas como o cordeiro. Será necessário que Pedro mude sua mentalidade e, somente ao final deste evangelho, Jesus finalmente lhe dirá: “Siga-me”. 

Traduzido do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.



Reflexão pessoal (Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo):

Se João Batista apresenta, corretamente, Jesus como o Cordeiro de Deus, cuja carne dará força aos seus discípulos e discípulas para que se libertem de tudo aquilo que escraviza-os e afasta-os do verdadeiro Deus, devemos nos perguntar, hoje:

* Será que o modo como vivemos nossa fé, atualmente, não é muito parecido àquele dos judeus, na época de Jesus, isto é, uma vivência religiosa muito fundamentada em leis, regras, ritos exteriores, mas de pouca autenticidade interior?

* Do que o Cordeiro de Deus deve nos libertar, nos dias atuais?

A figura de Simão, neste evangelho, é muito interessante! Como o comentário acima destacou, muito bem, ele não é convidado por Jesus a ser seu seguidor! Ao menos, agora, no início. Deverá passar, antes, por um processo de mudança de mentalidade a fim de poder ingressar nas fileiras dos seguidores de Jesus Cristo! Afinal, a sua teimosia fazia-o enxergar um Messias, um Salvador do tipo que Jesus não era! Perguntemo-nos:

* Nós, também, não precisaríamos passar por um processo semelhante ao de Simão Pedro? Refiro-me a um processo de mudança de mentalidade sobre o Cristo no qual cremos.

* Será que o Cristo não está, justamente, aguardando essa nossa “mudança de mentalidade” para convidar-nos para missões mais importantes e necessárias, ajudando-o a implantar o Reino de Deus?

Vamos refletir sobre isso... 

Fonte: CENTRO STUDI BIBLICI “G. VANNUCCI” – Videomelie e trascrizione – II Domenica del Tempo Ordinario – 17 gennaio 2021– Internet: clique aqui (acesso em: 09/01/2021).

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