terça-feira, 16 de abril de 2024

A ameaça―ainda―sem nome

 É hora de ligar o alarme

 Ruy Castro

Jornalista e escritor, membro da Academia Brasileira de Letras 

BENITO MUSSOLINI & ADOLF HITLER: muitos não aprenderam nada com a história!!!

A Internacional da Extrema Direita apenas começou e, aos poucos, vai ganhando todas

Nos anos 1930, o mundo tremia ao ouvir falar do Comintern, a Internacional Comunista. Hoje, sem nome, há uma Internacional da Extrema Direita, e o mundo ainda não se tocou. Ela já detém o governo na Itália, Polônia, Hungria e Holanda. Integra ou apoia o governo na Finlândia, Suécia e Grécia. Cresce a galope na França. Chegou perto nas eleições em Portugal e Espanha. Pândega ou trágica, venceu na Argentina. Promove o terror na Alemanha, no Canadá e na Nova Zelândia. E os Estados Unidos podem ter Trump de volta.

No Brasil, Bolsonaro tem processos e acusações suficientes para enjaulá-lo por 500 anos. Isso ainda não aconteceu porque a Justiça tem de seguir o seu curso “normal” ― embora se trate de um anormal que, vitorioso na eleição ou no golpe, implantaria uma ditadura que nos faria sentir saudade dos militares. Daí, Bolsonaro continua à solta, arrotando ameaças e pautando a imprensa.

O povo: massa de manobra nas mãos dos populistas da extrema-direita

A extrema direita tem uma receita universal:

* Populismo,

* nacionalismo,

* discurso moral e religioso.

* Xenofobia, repúdio a imigrantes e racismo.

* Desprezo pelos partidos e pregação da antipolítica.

* Domesticação ou fechamento do Judiciário.

* População armada.

* Antiliberalismo.

* Negacionismo.

* Rejeição às teses identitárias e

* rancor contra artistas e intelectuais.

* E, com o apoio de seus zumbis nas redes sociais, disseminação de fake news,

* discurso de ódio, com ameaças físicas e

* inversão de conceitos ― falam de “liberdade”, “democracia” e “eleições limpas” e, quando no poder, esses valores são os primeiros a ser cancelados.

Elon Musk, o Führer das plataformas digitais, encarna esse programa. Seu desacato ao Brasil poderia ter sido ditado por Bolsonaro. Mais cedo do que pensamos, o mundo pagará caro por essa tecnologia sem pátria e sem freios.

O Comintern fracassou em tudo e acabou em 1943. A Internacional da Extrema Direita apenas começou e, aos poucos, vai ganhando todas. 

Fonte: Folha de S. Paulo – Colunista – Quarta-feira, 10 de abril de 2024 – Pág. A2 – Internet: clique aqui (Acesso em: 16/04/2024).

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