«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 27 de agosto de 2022

22º Domingo do Tempo Comum – Ano C – Homilia

 Evangelho: Lucas 14,1.7-14 

Alberto Maggi *

Frade da Ordem dos Servos de Maria (Servitas) e renomado biblista italiano 

Tudo fazer por amor, pelo bem do outro, jamais por interesses pessoais mesquinhos

É a terceira e última vez que Jesus almoça na casa de um fariseu. Sempre que Jesus está à mesa com os fariseus, esses piedosos, esses líderes espirituais, é sempre uma ocasião de conflito. Desta vez o conflito foi causado por Jesus, pois nesta refeição há um doente e Jesus pergunta se é permitido curá-lo no dia de sábado, dia em que há descanso total.

Bem, os fariseus não respondem. Então Jesus os ataca dando-lhes de hipócritas, dizendo: “Mas vocês, se lhes interessa, podem transgredir a lei do Senhor”. Após esta repreensão, Jesus continua. 

Lucas 14,1.7:** «Certo sábado, Jesus foi tomar a refeição na casa de um dos chefes dos fariseus, e eles o observavam. Ao observar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus propôs-lhes uma parábola:»

Jesus propõe a parábola aos fariseus, há apenas eles como convidados. O evangelista estigmatiza esta ambição, esta vaidade, que é própria das pessoas religiosas, sobretudo se ocupam cargos importantes. Como tais pessoas se sentem importantes, apresentam a necessidade de se expor e se manifestar, de dar a conhecer a todos a sua importância, escolhendo os primeiros lugares. 

Lucas 14,8-10a: «“Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante, e aquele que convidou a ti e a ele venha dizer-te: ‘Cede o lugar a este’. Então irás com vergonha ocupar o último lugar. Ao contrário, quando fores convidado, ocupa o último lugar, para que o que te convidou venha dizer-te: ‘Amigo toma um lugar mais importante!’»

Jesus se refere a um ditado muito famoso e muito popular contido no livro de Provérbios, capítulo 25, versículos 6 a 7: “Não te mostres presunçoso diante do rei nem te ponhas no lugar dos grandes. É melhor que te digam: 'Sobe para cá!', do que seres humilhado diante do príncipe”. E, aqui, está a lição que Jesus dá, e é uma lição que deve ser bem compreendida, pois não é por humildade, mas um convite a fazer estas coisas por amor:quando fores convidado, ocupa o último lugar”. Por quê? Para permitir que outros, aqueles que se sentariam nos últimos lugares, ficassem na frente. Portanto, não é humildade, mas amor. Jesus está invertendo a escala de valores da sociedade.

Jesus convida esses fariseus, a quem já repreendeu dizendo que tudo o que fazem é por interesse, para passar da categoria de interesse para a do dom. 

Lucas 14,10b-11: «Então serás honrado na presença de todos os convidados, pois todo o que se exaltar será humilhado, e o que se humilhar será exaltado”.»

Jesus, que se fez último, que se coloca ao lado dos rejeitados e excluídos, afirma que aqueles que se fazem últimos têm comunhão com ele, a plenitude da condição divina. Aqueles que, ao contrário, pretendem colocar-se acima dos outros, separando-se dos outros serão excluídos. 

Lucas 14,12: «E disse também ao que o tinha convidado: “Quando ofereceres um almoço ou uma ceia, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos, para que não te convidem por sua vez e isso te sirva de retribuição.»

Então Jesus, ao fariseu que o convidou, dirige uma advertência muito importante que deve ser entendida à luz daqueles laços de amizade, parentesco, interesse, laços que sustentam a sociedade, que sustentam grupos eclesiais, grupos religiosos, que se protegem à custa dos outros. Portanto, é um aviso muito grave e muito atual.

Jesus fala de uma espécie de panelinha onde há amizade, há parentesco e, sobretudo, há interesses comuns. Uma camarilha que se protege dos outros, que exclui os outros e isso, apenas, em seu próprio interesse. Assim, Jesus denuncia em um contexto farisaico a atitude dos fariseus de que tudo o que fazem é por interesse. Eles não sabem o que é indiferença, generosidade e dom. Em seguida, está a oferta de solução que Jesus lhes dá. 

Lucas 14,13: «Pelo contrário, quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos!»

Os pobres que naturalmente não têm como retribuir. E depois Jesus insere os “aleijados, coxos e cegos”, que são aquelas categorias de pessoas que foram excluídas do templo e do sacerdócio devido à sua enfermidade. Então Jesus, em uma esfera muito piedosa, muito religiosa, como a dos fariseus que se consideravam os mais próximos de Deus e, de acordo com suas normas, suas regras religiosas, separavam e excluíam os outros de Deus, Jesus diz: “Não, convide justamente aqueles que são excluídos”.

Como isso pode ser traduzido, como pode ser interpretado hoje? Essas categorias de pessoas que nós, com base em convicções religiosas, espirituais, étnicas e raciais, consideramos os excluídos, os invisíveis, os rejeitados, são precisamente para tais pessoas que a nossa atenção deve se dirigir. 

Lucas 14,14: «Então serás bem-aventurado, pois esses não têm como te retribuir! Receberás a retribuição na ressurreição dos justos”.»

Bem-aventurado sabemos que significa plenamente feliz. Portanto, Jesus convida esta comunidade de fariseus a agir não mais com interesse, mas com desinteresse, sempre por generosidade e amor ao próximo. Jesus está falando aos fariseus, por isso ele usa categorias religiosas que os fariseus pudessem entender: a ressurreição dos justos.

Assim, Jesus convida-lhes a não prestar atenção à recompensa imediata:Eu lhe faço um favor porque você me faz isso”. Criando essa panelinha que exclui os outros de seus próprios interesses e bem-estar, mas a voltar toda a atenção para o bem e para o bem-estar dos outros e então Deus será sua recompensa. 

* Traduzido e editado do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

** Todos os textos bíblicos citados foram extraídos de: BÍBLIA SAGRADA. Tradução oficial da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). 5. ed. Brasília (DF): Edições CNBB, 2021.


 Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

“A vontade de retribuir vem naturalmente e um pequeno gesto acaba se multiplicando. Quando se planta cuidado, colhe-se gratidão.”

(Charles Chaplin: 1889-1977 – ator, diretor e produtor cinematográfico inglês)

Jesus, na passagem do Evangelho deste domingo, encontra-se participando de um banquete oferecido por um dos principais fariseus da região, onde ele se encontra. É uma refeição de sábado, preparada na véspera, uma vez que não se pode exercer atividades no dia dedicado ao Senhor. Sobre os convidados, podemos inferir que sejam outros fariseus de grande prestígio, doutores da Lei e amigos íntimos do dono da casa. Nós não veríamos, nisso, nada de anormal ou reprovável, afinal, cada um gosta de estar com os conhecidos, com os amigos, com pessoas como nós. 

No entanto, não é assim que o Filho de Deus vê as relações entre os seres humanos! Como sempre, Jesus nos desconcerta! Pois ele sente a ausência dos pobres, dos aleijados, dos coxos e dos cegos, isto é, gente que todos esquecemos, gente que não conta, gente desprezada! Porém, esses são os verdadeiros AMIGOS DE JESUS! A preocupação de Jesus é sempre a mesma: humanizar a humanidade! Tornar esse mundo, verdadeiramente, humano! 

É muito comum vivermos em um círculo de relacionamentos onde nossos interesses e vontades sejam contemplados! Ocorre, por demais, que as relações sejam fruto de algum tipo de interesse: faço isso a alguém para conseguir dele algo que necessito. Convido este ou aquele à minha casa, para que eu possa ser aceito e acolhido no grupo seleto de amigos daquela pessoa. Cultivo a “amizade” com este ou aquele porque é alguém influente, que pode me proporcionar algo no futuro, e assim por diante. É raro haver a verdadeira e autêntica gratuidade em nossas relações pessoais, familiares, políticas e, inclusive, religiosas! 

Cabem, aqui, as proféticas palavras de Papa Francisco proferidas na homilia da missa celebrada quando visitou a ilha italiana de Lampedusa (08/07/2013), local de recepção de imigrantes ilegais provenientes da África, sobretudo:

«A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros, faz-nos viver como se fôssemos bolas de sabão: estas são bonitas, mas não são nada, são pura ilusão do fútil, do provisório. Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença. Neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa!»

Todos nós, que nos dizemos seguidores de Jesus, devemos ter bem claro o seguinte: o mais importante não é fazer crescer a religião, a nossa igreja, a nossa comunidade, mas promover a construção de uma sociedade onde os menores, os últimos, os mais pobres, todos, enfim, possam ter vida digna, vida humana, de verdade! Enquanto permitirmos que no mundo haja um pequeno grupo de pessoas que tudo possuem, inclusive em excesso (!), e outros passem falta, até, do alimento, não podemos dizer que somos cristãos, de fato!

Oração após a meditação do Santo Evangelho 

«Senhor, graças à tua luz que desceu em mim, a convicção de que sou pecador se espalhou por toda a minha vida. Compreendi, um pouco mais profundamente, que teu Filho Jesus é meu Salvador. Minha vontade, meu espírito, todo o meu ser se apega a ele. Que a onipotência do teu amor me ganhe, meu Deus. Supera as resistências que muitas vezes me tornam rebelde, as nostalgias que me levam a ser apático, preguiçoso; conquiste tudo o teu amor para que eu seja um feliz troféu da tua vitória. Minha esperança está ancorada em tua fidelidade. Mesmo que seja para crescer no turbilhão da civilização, sou um convertido em flor e tu velas por esta primavera florida pelo Sangue de teu Filho. Um por um, tu olhas para nós, tu cuidas de nós, tu nos guardas; tu, o Cultivador desta fonte de vida eterna: tu, Pai de Jesus e nosso Pai; tu, meu Pai! Amém. »

(Anastasio Ballestrero. 22ª Domenica del tempo ordinario. In: CILIA, Anthony O.Carm. Lectio Divina sui vangeli festivi: per l’anno liturgico C. Leumann [TO]: Elledici, 2009, p. 530-531.) 

Fonte: Centro Studi Biblici “G. Vannucci” – Videomelie e trascrizioni – XXII Domenica del Tempo Ordinario – Anno C – 1 settembre 2019 – Internet: clique aqui (Acesso em: 24/08/2022).

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Solenidade da Assunção de Nossa Senhora – Ano C – Homilia

 Evangelho: Lucas 1,39-56 

39 Naqueles dias, Maria levantou-se e foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá. 40 Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança saltou de alegria em seu ventre. Isabel ficou repleta do Espírito Santo. 42 e, com voz forte, exclamou:

«Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43 Como me acontece que a mãe do meu Senhor venha a mim? 44 Logo que ressoou aos meus ouvidos a tua saudação, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque se cumprirá o que lhe foi dito da parte do Senhor».

46 E Maria disse:

«A minha alma engrandece o Senhor, 47 e meu espírito exulta em Deus, meu Salvador, 48 porque olhou para a condição humilde de sua serva. Todas as gerações, desde agora, me chamarão bem-aventurada, 49 porque o Poderoso fez por mim grandes coisas. Santo é o seu nome, 50 e sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre aqueles que o temem. 51 Ele manifestou o poder de seu braço: dispersou os soberbos nos pensamentos de seu coração. 52 Depôs os poderosos de seus tronos e exaltou os de condição humilde. 53 Encheu de bens os famintos e despediu os ricos sem nada. 54 Amparou Israel, seu servo, lembrando-se da misericórdia, 55 como prometera a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre».

56 Maria ficou três meses com Isabel e depois voltou para sua casa. *

 
Alberto Maggi **

Frade da Ordem dos Servos de Maria (Servitas) e renomado biblista italiano 

A ASSUNÇÃO é a festa e a condição de quem soube ser fiel ao amor de Deus

O início e o fim da vida terrena de Maria correspondem ao cumprimento do projeto que Deus tem para a humanidade: criados para se tornar seus filhos, realizamos esta filiação na vida terrena através da prática de um amor que se assemelha ao de Deus e prosseguimos a nossa existência, perto o Pai, cruzando o limiar da morte. 

A Igreja apresenta Maria como o modelo perfeito deste itinerário:

a) a entrada na existência terrena é celebrada com a Imaculada Conceição e

b) a entrada na esfera de Deus com a Assunção.

Como na Imaculada Conceição, o da Assunção é outro dos dogmas recentes (Constituição Apostólica Munificentissimus Deus do Papa Pio XII, 1950) que não têm raiz direta na Sagrada Escritura, mas que pertencem legitimamente ao patrimônio de fé do povo cristão. A Assunção é, de fato, uma verdade de fé nascida não da especulação teológica, mas do bom senso ou da intuição do povo, e no passado era um feriado tão importante que se equiparava ao Natal, Páscoa e Pentecostes, as três grandes solenidades do ano litúrgico. 

Mas devemos nos perguntar o que pode significar para nós, hoje, celebrar tal festa. É, de novo, para se maravilhar com os muitos privilégios extraordinários que Deus derramou abundantemente sobre Maria, ou é uma proposta, uma possibilidade válida para todos os que têm fé? 

Maria “assunta” ao céu é a assinatura de Deus sobre a humanidade, a criação de um homem que se deixa envolver pela ação vivificante do Espírito Santo:Esta glorificação é o destino daqueles que Cristo fez irmãos”, afirmou Paulo VI na Marialis cultus, o documento pontifício que trouxe um novo ar ao conhecimento de Maria. Portanto, também nós, se colocarmos em nossa vida uma qualidade de amor semelhante à de Deus, doravante, como afirma o apóstolo Paulo, “estamos sentados nos céus, em Cristo Jesus” (Ef 2,6), somos como Ele vencedores da morte e continuaremos a viver para sempre (Jo 11,25), como ora a Igreja no dia da Festa da Assunção de N. Senhora: “concedei-nos, pela intercessão da Virgem Maria elevada ao céu, chegar à glória da ressurreição” [Oração Pós-Comunhão]. 

Deus não criou o homem para a morte, mas para a vida, para uma vida que pode alcançar a mesma qualidade divina e, portanto, ser inatacável e indestrutível. A festa da Assunção nos lembra e nos estimula o que podemos ser. Isso nos lembra que somos importantes aos olhos do Pai que quer nos elevar ao seu mesmo nível.

Estimula-nos porque o desejo do Senhor de nos tornar semelhantes a Ele deve corresponder também ao nosso compromisso de viver uma vida de tal qualidade que a torne indestrutível e, portanto, capaz de durar para sempre.

Para Maria, a assunção não foi um prêmio recebido por méritos especiais, mas a conclusão lógica de sua existência que, desde Nazaré, sempre orientou para escolhas de SERVIÇO, de AMOR, portanto de VIDA. Mesmo quando escolher não era fácil nem lógico, mesmo nas situações mais dramáticas, Maria escolheu a vida. 

Maria confiou na fantasia/imaginação de Deus. Aquela fantasia que transforma todas as coisas em bem (Rm 8,28), e faz com o que parece ser pedras serem pão (Mt 7,9).

A fantasia de um Deus que escolhe o que é desprezado no mundo para torná-lo objeto de seu amor (1Cor 1,27-30; Tg 2,5).

Fantasia que é atraída pelas situações mais difíceis e desesperadas para fazer brilhar o poder de seu amor. É a fantasia de Deus que faz com que uma adolescente anônima de uma aldeia remota e de má fama seja proclamada bem-aventurada por todas as nações e por todos os séculos (Lc 1,48). 

A assunção é o culminar lógico da vida de Maria e da imaginação de Deus: a mulher, o ser marginalizado que não podia nem entrar no santuário, Deus a quer com ele.

O Senhor eleva a mulher ao seu próprio nível e elimina a distância que o separava da humanidade.

E hoje, não temos que ficar olhando para o céu com o nariz voltado para cima (Atos 1,11), mas garantir que nossa vida seja também uma festa da fantasia/imaginação de Deus. Experimentar que não há fracasso, não há pecado, não há angústia que o Pai, no poder do seu amor, não possa transformar em vida. Não há culpa que não possa se tornar uma “feliz culpa”, como canta a liturgia do Sábado Santo [na Proclamação do Anúncio Pascal – Exulte –, se diz: “Ó pecado de Adão indispensável, pois o Cristo o dissolve em seu amor; ó culpa tão feliz que há merecido a graça de um tão grande Redentor!”]. 

Também para nós a vida eterna não será uma recompensa a receber por um bom comportamento na existência terrena, mas a aceitação de um dom de amor daquele Pai que não quer que se perca nem um dos seus filhos (Jo 6,39).

A ASSUNÇÃO é a festa e a condição de quem soube ser fiel ao amor, realizando, assim, o plano de Deus para o ser humano.

* Todos os textos bíblicos citados foram extraídos de: BÍBLIA SAGRADA. Tradução oficial da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). 5. ed. Brasília (DF): Edições CNBB, 2021.

** Traduzido e editado do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo. 

Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

“Hoje, a nossa terra enviou ao céu um dom precioso, para que dando e recebendo, numa feliz aliança de amizade, o humano se una ao divino, o terreno ao celeste, o ínfimo ao altíssimo.”

(São Bernardo de Claraval: 1090-1153 – abade francês e Doutor da Igreja)

O que mais nos admira no cântico atribuído a Maria, mas que, certamente, é fruto de uma tradição que a ultrapassa, é a visão de Deus e de mundo que ele nos apresenta em forma poética e orante! 

Como expressam, muito bem, dois teólogos jesuítas, Johan Konings e Francisco Taborda:

«Maria revela sua compreensão do agir divino: um agir de pura graça, não baseado em poder humano, mas, pelo contrário, envergonhando esse poder, ao elevar os pequenos e humildes dedicados ao serviço de sua vontade plena de graça. O amor de Deus se realiza não através da força, mas através da humilde dedicação e doação e, nisso, manifesta sua grandeza e glória».

De fato, a Festa da Assunção nos convida a conjugar duas realidades, aparentemente, contraditórias: triunfo e humildade. Pois, em Maria, “vislumbramos a combinação ideal de glória e humildade: ela deixou Deus ser grande na sua vida”. Em Maria “Deus tem espaço para operar maravilhas. Em compensação, os que estão cheios de si mesmos não deixam Deus agir e, por isso, são despedidos de mãos vazias” (J. Konings & F. Taborda). 

Enquanto os poderosos deste mundo costumam oprimir, explorar, aproveitar-se dos mais humildes e indefesos para prevalecerem e seguirem cada vez mais fortes e ricos, Deus salva de verdade os seres humanos. 

Ainda inspirados pelas felizes palavras de Konings e Taborda, constatamos que:

«A grandeza do pobre é que ele se dispõe para ser servo de Deus, superando todas as servidões humanas. Mas para que seu serviço seja grandeza, tem que saber decidir a quem serve: a Deus ou aos que se arrogam injustamente o poder sobre seus semelhantes?»

Que Maria nos ensine a radical doação aos outros, ao serviço! Que a Mãe do Salvador nos infunda a simplicidade, a generosidade sem cálculos ou segundas intenções, a solidariedade, enfim, a BONDADE! Somente, assim, surgirá o ser humano novo, o mundo novo, segundo a Vontade de Deus!

Oração após a meditação do Santo Evangelho 

«Tu, Espírito Santo, és o doador da vida e o inspirador do canto! Tu, Espírito de luz, és o guia de quem caminha, o orientador de quem busca e o instrumento de quem discerne. Vem a nós, Espírito do Pai e Dom do Filho, concentra a nossa atenção na Palavra que a Igreja nos confia. Move o nosso coração como tu animaste Isabel a reconhecer o Messias e a sua Mãe, para que a Palavra que ouvimos hoje seja vida e canção em nós, luz, força e discernimento, enquanto caminhamos neste nosso mundo que precisa de ti, de tua Presença de misericórdia e de tua ação sempre nova. Amém.»

(Marianerina De Simone. Assunzione della B. V. Maria. In: CILIA, Anthony O.Carm. Lectio Divina sui vangeli festivi: per l’anno liturgico C. Leumann [TO]: Elledici, 2009, p. 648.)

Fonte: Quelli della Via – Articolo: “Maria, la fantasia di Dio” – Internet: clique aqui (Acesso em: 17/08/2022).

Os inimigos da democracia

 Estes são os empresários que tramam contra o país e o seu povo!

 Guilherme Amado, Bruna Lima & Edoardo Ghirotto

Portal Metrópoles

Redação

Jornal «O Estado de S. Paulo» 

Eu não vou comprar, nem frequentar, nem dar dinheiro a esses maus empresários e péssimos cidadãos brasileiros, e você?

Empresários apoiadores de Jair Bolsonaro passaram a defender abertamente um golpe de Estado caso Lula seja eleito em outubro, derrotando o atual presidente. A possibilidade de ruptura democrática foi o ponto máximo de uma escalada de radicalismo que dá o tom do grupo de WhatsApp Empresários & Política, criado no ano passado e cujas trocas de mensagens vêm sendo acompanhadas há meses pela coluna. A defesa explícita de um golpe, feita por alguns integrantes, se soma a uma postura comum a quase todos: ataques sistemáticos ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a quaisquer pessoas ou instituições que se oponham ao ímpeto autoritário de Jair Bolsonaro. 

O apoio a um golpe de estado para impedir a eventual posse de Lula ficou explícito no dia 31 de julho. José Koury, proprietário do shopping Barra World e com extensa atuação no mercado imobiliário do Rio de Janeiro, foi quem abordou o tema, ao dizer que preferia uma ruptura à volta do PT. Koury defendeu ainda que o Brasil voltar a ser uma ditadura não impediria o país de receber investimentos externos. “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, publicou. 

A discussão sobre o tema havia começado às 17h23 daquele dia, após postagem de Ivan Wrobel, proprietário da W3 Engenharia, construtora especializada em imóveis de alto padrão, principalmente na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ao se apresentar ao grupo, Wrobel disse ser eleitor de Bolsonaro desde o segundo mandato do ex-capitão na Câmara dos Deputados: “Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público”, publicou. O ato na Avenida Atlântica, em Copacabana, de fato estava previsto para o Sete de Setembro, e haveria um desfile militar, com presença do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O prefeito Eduardo Paes informou nesta quarta-feira que não haverá nenhum ato em terra, apenas apresentações da Marinha e da Aeronáutica. 

A mesma visão sobre o aspecto simbólico do desfile militar na orla de Copacabana foi compartilhada pelo médico gaúcho Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo e dono da rede de lojas Mormaii, uma das principais marcas de surfwear do país. “O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro”, escreveu. 

Morongo é um dos empresários com visões mais extremistas no grupo e defende que o Brasil está em guerra contra os adversários de Bolsonaro. Ao responder à defesa do golpe feita por Koury, o dono do shopping Barra World, Morongo escreveu três mensagens consecutivas: «Golpe foi soltar o presidiário!!!” Golpe é o “supremo” agir fora da constituição! Golpe é a velha mídia só falar merda». 

O empresário Afrânio Barreira, dono do Grupo Coco Bambu e eleitor público de Bolsonaro, também respondeu à mensagem de Koury, com a figurinha de um rapaz aplaudindo. A rede de restaurantes, fundada em 2001 por Barreira, tem faturamento superior a R$ 1 bilhão anual e 64 lojas em funcionamento no país. Recentemente, ele se envolveu em discussão pública com o candidato Ciro Gomes, que o havia acusado de sonegar impostos. Barreira negou ter cometido qualquer ato ilícito. 

Mais à noite, no mesmo dia da mensagem pró-golpe de Koury, o empresário André Tissot, do Grupo Sierra, empresa gaúcha especializada na venda de móveis de luxo, defendeu que uma intervenção deveria ter ocorrido há mais tempo: «O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais», publicou. 

Mensagens anteriores, postadas nesse grupo Empresários & Política, já indicavam o grau de radicalismo entre alguns dos empresários integrantes.

Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) - quer apuração sobre a ação desse grupo de empresários conspiradores de golpe de Estado, no Brasil

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 18 de agosto, para conseguir a quebra de sigilo de um grupo de empresários bolsonaristas no WhatsApp

Agora, flagrados conspirando contra a DEMOCRACIA e o DIREITO DO POVO EM ELEGER E ESCOLHER quem o governará, todos eles desmentem, desconversam e saem pela tangente! 

Saiba mais sobre os empresários citados abaixo: 

Luciano Hang

O empresário Luciano Hang é fundador da rede varejista Havan. Bolsonarista e amigo de Jair Bolsonaro (PL), Hang costuma dar declarações favoráveis ao presidente e é frequentemente visto usando camisetas ou ternos com as cores da bandeira do Brasil, em sinal de apoio ao governo.

Durante a pandemia de covid-19, o empresário promoveu tratamentos sem comprovação científica, criticou a vacina CORONAVAC e prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, depois que um dossiê apontou que a declaração de óbito da mãe do empresário, Regina Hang, foi “fraudada” e “omitiu o real motivo do falecimento”, que seria por covid-19. Regina faleceu em fevereiro de 2021.

Hang aparece na lista de mais ricos do mundo da Forbes. Hoje, sua fortuna é estimada em US$ 4,8 bilhões. O executivo vem tentando abrir o capital da companhia, sem sucesso. 

Afrânio Barreira

Afrânio Barreira é fundador da rede de restaurantes cearense Coco Bambu, especializada em frutos do mar, que tem 64 unidades em vários Estados. O negócio foi criado em Fortaleza, em 1989, e começou a se expandir para outras regiões do País nos últimos dez anos.

O empresário é apoiador do presidente Jair Bolsonaro e, em meio ao fechamento de estabelecimentos comerciais na pandemia, defendeu o afrouxamento do isolamento social e o uso da cloroquina no tratamento da covid-19, medicamento que nunca teve eficácia comprovada contra a doença. 

Meyer Nigri

O empresário Meyer Nigri é fundador e controlador da empresa do setor imobiliário Tecnisa. Amigo pessoal de Bolsonaro, foi um dos primeiros empresários de expressão nacional a apoiar Bolsonaro, ainda na campanha de 2018. De lá para cá, Nigri ganhou trânsito livre em Brasília e articulou propostas.

Em 2020, Nigri foi contaminado pelo coronavírus em um jantar com amigos do presidente Jair Bolsonaro na Embaixada de Israel, em Brasília. Ele ficou 160 dias internado, 16 dias completamente sedado, com a ajuda de aparelhos para respirar. Quando saiu, pesava 38 quilos a menos. O empresário saiu do hospital de cadeira de rodas e fez sessões de fisioterapia para voltar a andar. 

José Isaac Peres

Fundador e controlador da gigante dos shoppings Multiplan, José Isaac Peres está entre os bilionários brasileiros, com fortuna avaliada pela Forbes em US$ 1,2 bilhão. A Multiplan é uma das maiores empresas de shoppings do país, com 20 unidades, mais de 5.800 lojas e cerca de 190 milhões de visitas ao ano.

Em meio à pandemia, o empresário classificou as determinações de autoridades para fechar o comércio como radicalismo. Ele afirmou que as pessoas ficaram “paralisadas pelo ‘pânico’ causado pelos meios de comunicação, enquanto outras foram ‘impedidas’ de trabalhar por autoridades em meio à ‘politização’ na condução da crise”, segundo suas palavras. 

Marco Aurélio Raymundo

Mais conhecido pelo apelido Morongo, o médico gaúcho Marco Aurélio Raymundo fundou a marca de surfwear Mormaii. Há mais de 40 anos no mercado, a marca é ligada aos esportes de ação e à cultura do surfe e conta com dezenas de lojas franqueadas, além de estúdios fitness e quiosques. No total, a Mormaii tem mais de cinco mil produtos com o nome da marca. Marco Aurélio Raymundo é presidente da empresa. 

André Tissot

André Tissot é presidente do Grupo Sierra, reconhecido internacionalmente pela produção de móveis de luxo de madeira. Criado em 1990, em Gramado (RS), o grupo ficou 32 dias com as atividades paralisadas em meio à pandemia, mas disse ter sido beneficiada pelo aumento demanda, à medida que, por causa da própria pandemia, as pessoas ficaram mais em casa. 

José Koury

José Koury é proprietário do shopping Barra World, no Rio de Janeiro. O empresário atua no mercado imobiliário da cidade. Em abril, participou de almoço de empresários cariocas com o presidente Jair Bolsonaro. 

Ivan Wrobel

O empresário Ivan Wrobel é dono da construtora de imóveis de alto padrão W3 Engenharia, com atuação principalmente na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo o Metrópoles, no grupo de mensagen no Whatsapp, o empresário se apresentou como eleitor de Jair Bolsonaro desde seu segundo mandato como deputado. 

Vitor Odisio

Vitor Odisio se apresenta nas redes sociais como CEO da Thavi Construction, engenheiro, coach, mentor e empreendedor social. 

Carlos Molina


Carlos Molina é fundador e sócio-diretor da empresa Polaris, que presta serviços de auditoria, pesquisa e consultoria de processos, com especialização na auditoria, acompanhamento e avaliação dos serviços executados por prestadores terceiros. 

Fontes: Metrópoles – Colunas / Guilherme Amado – Quarta-feira, 17 de agosto de 2022 – Atualizado em 18/08/2022 – às 08h27 – Internet: clique aqui (Acesso em: 19/08/2022 – às 14h00); O Estado de S. Paulo – Eleições 2022 – Quinta-feira, 18 de agosto de 2022 – às 19h40 – Atualizado em 19/08/2022 – às 10h26 – Internet: clique aqui (Acesso em: 19/08/2022 – às 14h30).

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Quem fez mais pelas igrejas???

 Você sabia? 

Telmo José Amaral de Figueiredo

Padre da Igreja Católica Apostólica Romana, teólogo, biblista e professor 

Padre Telmo José Amaral de Figueiredo

Com apoio implícito do sistema bolsonarista de divulgação de notícias falsas (= fake news), desde há duas semanas, ao menos, vem sendo difundido pelo país afora que se Lula ou alguém mais à esquerda do espectro político for eleito, fechará igrejas e perseguirá as pessoas devido às suas práticas religiosas.

Isso, mesmo!!! 

É um absurdo, porém, há sempre os ingênuos, desinformados e fanáticos que creem nessas falsidades. E, por que isso é uma falsidade? Por um motivo muito simples: não houve, nessas últimas décadas, no Brasil, governo mais favorável às igrejas e à liberdade de se praticar a fé do que o governo Lula em seus dois mandatos! 

Você, caríssima leitora ou leitor, pensa que eu esteja exagerando ou fazendo campanha política para Luiz Inácio Lula da Silva?! Não, absolutamente! E vou explicar o motivo dessa minha afirmação e da minha tranquilidade total, caso alguém como ele venha a ser eleito para governar nosso país pelos próximos quatro anos. 

Após muitos anos de tentativas frustradas de se chegar ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, acordo firmado entre o governo brasileiro e a Santa Sé (= Vaticano), em 2008, em pleno governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou-se a uma concordata, a um acordo, que...


«... não se trata de garantir privilégios para a Igreja Católica, mas de assegurar a liberdade religiosa e de conferir clareza e solidez jurídica às relações da Igreja e das instituições que a representam no ordenamento jurídico e no quadro institucional do País» (Dom Odilo Pedro Scherer – cardeal-arcebispo de São Paulo).

Dom Odilo Pedro Scherer - Cardeal-arcebispo de São Paulo (SP)
É importante destacar que:

«O acordo com o Vaticano estabelece o direito da Igreja Católica de desempenhar sua missão apostólica, observado o ordenamento jurídico brasileiro, e reafirma a personalidade jurídica desta igreja e de todas as instituições eclesiásticas, desde que não contrariem o sistema constitucional brasileiro. O texto também reconhece o patrimônio histórico, artístico e cultural da Igreja Católica como parte do patrimônio cultural brasileiro e estabelece que, em reconhecimento ao direito de liberdade religiosa, o Brasil reafirma que respeita a importância de garantir, nas escolas, o ensino religioso católico, e de outras religiões, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do país» (Consultor Jurídico).

Esse acordo, assinado entre Brasil e o Vaticano, no dia 13 de novembro de 2008, foi aprovado pelo Congresso Nacional, em 7 de outubro de 2009, o qual foi assinado como Decreto Legislativo n.º 968 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e entrou em vigor, com força de lei, no dia 11 de fevereiro de 2010

O acordo entre o Brasil e a Santa Sé (Vaticano-Igreja Católica) se deu durante o pontificado de Papa Bento XVI e do ex-Presidente Lula

Isso deu, à Igreja Católica, uma segurança jurídica e de atuação, que ela não possuía desde a proclamação da República, no Brasil, em 1889. Mas, não ficou restrito, apenas, à nossa Igreja! Todas as demais denominações religiosas do Brasil já haviam sido contempladas, desde 2003, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com medida semelhante. Vejamos:


«As igrejas e associações religiosas passam, a partir de agora, a ter personalidade jurídica. A nova categoria consta da lei sancionada hoje [22/12/2003] pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. “A partir de agora é livre o direito de criar uma igreja e praticar uma religião”, disse o presidente Lula. Segundo ele, esta é a última lei sancionada pelo governo este ano. A nova lei faz correções jurídicas no Código Civil, permitindo que as igrejas deixem de ser simples entidades de classe como clubes de futebol ou outras organizações não religiosas.

“O Estado está proibido de tomar qualquer decisão que proíba o funcionamento das entidades religiosas”, disse o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. A inclusão do artigo no Código Civil agradou representantes de entidades religiosas. Para o pastor evangélico Jorge Pinheiro, anteriormente o novo código deixava um vácuo jurídico quanto à liberdade religiosa. "Antes tínhamos o mesmo tratamento dos clubes de futebol. Agora cada igreja tem como fazer valer seu próprio estatuto".

Segundo o pastor, questões polêmicas como o casamento de pessoas do mesmo sexo - que não é permitido em muitas religiões -, deixará de ter interpretações jurídicas equivocadas, já que o Código Civil permite este tipo de união. “Antes poderíamos ser processados se recusássemos um casamento homossexual dentro da nossa igreja. Agora não mais”, disse Pinheiro.

A nova lei também irá evitar desestabilizações jurídicas, como as ocorridas no caso do rompimento societário em empresas tradicionais. “Vai prevalecer o estatuto das igrejas”, disse» (Agência Brasil).

E se tudo isso não bastasse –, e trata-se de ganhos gigantescos em favor das igrejas, denominações religiosas e demais práticas de crença –, ainda há mais! Sim, é bom que os evangélicos e, especialmente, os neopentecostais saibam que foi Luiz Inácio Lula da Silva quem sancionou a lei que criou o Dia Nacional da Marcha para Jesus, leia abaixo:

«O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou hoje [03/09/2009] o projeto de lei que institui o Dia Nacional da Marcha para Jesus. A comemoração ocorrerá sempre no primeiro sábado contados 60 dias após o domingo de Páscoa.

O evento teve origem em Londres e hoje ocorre em diversos países. A organização cabe a igrejas evangélicas, mas a intenção é atrair diversas denominações religiosas como objetivo de promover a manifestação pública da fé cristã.

O projeto de lei foi apresentado pelo senador Marcelo Crivella (PRB-RJ)» (Agência Brasil citada pela Folha de S. Paulo).

Presidente Lula sancionando a lei que instituiu o "Dia Nacional da Marcha para Jesus", tendo ao fundo, da esquerda para a direita: Michel Temer e o senador Marcelo Crivella
É bom que se saiba que, Lula jamais compareceu a uma dessas Marchas para Jesus (pelo menos, não encontrei nada a esse respeito), com a finalidade eleitoreira, obviamente, e politizando um evento religioso, por natureza! Enquanto isso, o senhor Jair Messias Bolsonaro, compareceu a várias dessas marchas, fazendo-se passar por alguém muito religioso e sincero! Porém, quando não era candidato à Presidência da República em 2018 e, agora, em 2022, ele jamais havia comparecido a um desses eventos

É escandalosa e inexplicável a crença que alega possuir o senhor Bolsonaro! Afinal, ele, para os católicos, afirma ter sido batizado na Igreja Católica, mas jamais foi um frequentador assíduo da Igreja Católica; para os evangélicos, ele afirma ser evangélico e, de fato, ele foi batizado no rio Jordão, em Israel, no ano de 2016 (veja foto abaixo) pelo pastor e político Everaldo Dias Pereira (PSC-RJ – Assembleia de Deus Ministério Madureira). Inclusive, esse pastor foi preso pela Polícia Federal em 28 de agosto de 2020, juntamente com o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC-RJ) devido suspeitas de irregularidades em contratos na saúde durante a pandemia de COVID-19. Pasmem! Aliás, o pastor Everaldo era presidente do mesmo partido, na época, ao qual estava filiado Bolsonaro! Como se pode observar, sem muito esforço, o senhor Bolsonaro é sempre “bem” acompanhado em suas escolhas e atuações políticas! 

Jair Bolsonaro é batizado, no rio Jordão (Israel), pelo pastor Everaldo, da Assembleia de Deus Ministério Madureira, no dia 12 de maio de 2016

Bolsonaro frequenta assiduamente, especialmente agora, às vésperas das eleições, cultos e eventos evangélicos. Porém, não deixou de participar de uma missa, em Aparecida, interior de São Paulo, quando da comemoração da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida (12/10/2021), comungando, inclusive! Contudo, essa atitude de Bolsonaro provocou a reação forte seja do povo, vaiando, seja de parte do clero, se manifestando. Vejamos:


«Mais de 400 padres e 10 bispos católicos emitiram manifesto que acusa o presidente Jair Bolsonaro de ter profanado o Santuário de Nossa Senhora Aparecida no último dia 12, dia da padroeira do Brasil. Na ocasião, o presidente da República foi recepcionado pelos fiéis com vaias e alguns aplausos... os signatários repudiam o fato de Bolsonaro ter feito a leitura do Livro de Ester e da Consagração à Nossa Senhora Aparecida em uma das celebrações que comemoravam o dia de Nossa Senhora Aparecida... O texto ainda afirma que o presidente “não tem nada de católico, nem de cristão, nem sequer de humano. É um facínora!”.

“Ele usa e abusa da fé como palanque político; tenta reverter suas seguidas derrotas políticas apelando à religião. Não, Jair Bolsonaro não é religioso. Ele perverte o ensinamento evangélico porque quer dar a Deus o que é do perverso César (Mt 22,21). Jair Bolsonaro não é de Deus!”, sentencia a nota» (Extra Classe).

Detalhe: Bolsonaro já se encontra em seu terceiro matrimônio! O primeiro casamento, que provavelmente foi realizado em uma igreja católica, foi com a Sra. Rogéria Nantes Nunes Braga, início dos anos 1970. Com ela, Bolsonaro teve três filhos: Flávio, Eduardo e Carlos. O segundo casamento foi com a Sra. Ana Cristina Valle, não há fotos, provavelmente foi uma “união estável”, sem cerimônia civil ou religiosa. O terceiro matrimônio se deu com a Sra. Michelle de Paula Firmo Reinaldo. Casaram-se no civil em 2007 e no religioso (em igreja evangélica) em 21 de março de 2013. A cerimônia religiosa foi conduzida pelo pastor Silas Malafaia, ministro da igreja que a noiva frequentava na época. 

Jair Bolsonaro comungando em missa do dia 12 de outubro de 2021, na Basílica Nacional de Aparecida, no Vale do Paraíba, no Dia da Padroeira

Uma frase atribuída ao pensador Júlio César de Melo diz:

“Religião aliada à política é uma arma perfeita pra escravizar ignorantes”.

E tudo que não podemos ser, nessas próximas eleições, é ignorante!!! Afinal, não é uma simples eleição para se escolher um Presidente da República! Não é uma eleição a mais no Brasil! É uma eleição na qual escolheremos entre:

* democracia OU autoritarismo (= ditadura disfarçada!);

* liberdade de expressão OU perseguição velada ou explícita aos considerados “inimigos”;

* respeito às instituições do Estado de Direito, tais como, a Justiça e a Polícia OU fragrante combate contra as mesmas em favor de interesses pessoais;

* preservação da Amazônia brasileira e seu uso sustentável, fonte de imensas riquezas para o Brasil OU prosseguimento da pior devastação e poluição jamais vistas naquela região;

* pacificação da população, controle rígido de compra, posse, uso de armas OU insistente e poderosa campanha para aquisição, uso e porte de armas por parte de parcela da população, uma vez, que são poucos que dispõem de dinheiro para comprar armas (!);

* uma política econômica voltada, de fato, para o desenvolvimento do país, incentivando a geração de empregos de qualidade, principalmente, aqueles industriais OU o incentivo para um Brasil exportador de commodities agropecuárias, desindustrialização crescente, precarização do trabalho, diminuição drástica da renda dos trabalhadores brasileiros, aumento da “classe sobrante” ou “descartável” em nosso país;

* investimento sério e eficaz na educação brasileira, focando nos níveis fundamentais e médio, bem como, valorização e investimentos nas universidades públicas, na ciência e no desenvolvimento tecnológico do país OU descaso completo pela educação, pelas universidades públicas, pela pesquisa e ciência, o que deixará o Brasil, cada vez mais, dependente dos países mais ricos e menos soberano;

* investimento na cultura brasileira, valorizando e incentivando as nossas genuínas produções nacionais OU a escolha ideológica de setores aos quais apoiar e incentivar;

* clima de paz, equilíbrio e respeito na sociedade e na convivência das pessoas como um todo OU perpetuação desse constante clima de guerra, ataques, violência e destruição das pessoas, vistas como “inimigas” e não adversárias! 

Peça publicitária lançada pelo Comitê de Campanha de Lula em resposta às falsas notícias divulgadas de que fecharia igrejas - Agosto de 2022

Bem, eu poderia seguir com a lista acima, no entanto, este artigo já ficou demasiadamente longo! Penso que os FATOS, IDEIAS e PROPOSTAS apresentadas, aqui, já sejam suficientes para pensarmos com mais clareza e responsabilidade o desafio que temos pela frente: dizer um BASTA a uma situação de completa manipulação e deturpação da política e da religião em nosso país! 

Sejamos conscientes, críticos e racionais! O medo, a desinformação e a raiva são péssimos conselheiros na hora de votar, de escolher quem nos governará!