«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 31 de agosto de 2013

22º Domingo do Tempo Comum - Ano C - HOMILIA

Evangelho: Lucas 14,1.7-14

14,1 Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 
7 Observando também como os convivas escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes a seguinte parábola: 
8 “Quando fores convidado às bodas, não te sentes no primeiro lugar, pois pode ser que seja convidada outra pessoa de mais consideração do que tu, 
9 e vindo o que te convidou, te diga: ‘Cede o lugar a este’. Terias então a confusão de dever ocupar o último lugar. 
10 Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: ‘Amigo, passa mais para cima’. Então serás honrado na presença de todos os convivas. 
11 Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado”
12 Dizia igualmente ao que o tinha convidado: “Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. 
13 Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. 
14 Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos”. 

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
SEM EXCLUIR

Jesus participa de um banquete convidado por "um dos principais fariseus" da região. É uma refeição especial de sábado, preparada desde a véspera com todo cuidado. Como de costume, os convidados são amigos do anfitrião, fariseus de grande prestígio, doutores da Lei, modelo de vida religiosa para todo o povo.

Ao que parece, Jesus não se sente cômodo. Sente falta de seus amigos pobres. Aquelas pessoas que se encontram mendigando pelos caminhos. Os que nunca são convidados por ninguém. Aqueles que não contam: excluídos da convivência, esquecidos pela religião, desprezados por quase todos. Eles são os que, habitualmente, sentam-se à sua mesa.

Antes de se despedir, Jesus se dirige ao que o convidou. Não é para agradecer-lhe o banquete, mas para sacudir a sua consciência e convidar-lhe a viver com um estilo de vida menos convencional e mais humano: "... não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos".

Mais uma vez, Jesus se esforça por humanizar a vida rompendo, se necessário, esquemas e critérios de atuação que nos podem parecer muito respeitáveis, porém que, no fundo, estão indicando nossa resistência para construir esse mundo mais humano e fraterno, desejado por Deus.

Habitualmente, vivemos instalados num círculo de relações familiares, sociais, políticas ou religiosas com aqueles que nos ajudam mutuamente a cuidar de nossos interesses, deixando fora aqueles que nada nos podem dar. Convidamos para a nossa vida aos que, por sua vez, podem nos convidar. Isso é tudo.

Escravos de relações interessadas, não somos conscientes de que o nosso bem-estar somente se sustenta excluindo aqueles que mais necessitam de nossa solidariedade gratuita, simplesmente, para poderem viver. Devemos escutar os apelos evangélicos do Papa Francisco na pequena ilha de Lampedusa (Itália): 
  • "A cultura do bem-estar nos faz insensíveis aos gritos dos outros"
  • "Caímos na globalização da indiferença"
  • "Perdemos o sentido da responsabilidade".
Nós, os seguidores de Jesus, temos de recordar que abrir caminhos ao Reino de Deus não consiste em construir uma sociedade mais religiosa ou em promover um sistema político alternativo a outros, também, possíveis, mas, antes de mais anda, em gerar e desenvolver relações mais humanas que tornem possíveis condições de vida digna para todos, começando pelos últimos.
SEM ESPERAR NADA EM TROCA

Jesus está comendo, convidado por um dos principais fariseus da região. Lucas nos indica que os fariseus não deixam de espiá-lo.

Jesus, entretanto, sente-se livre para criticar os convidados que procuram os primeiros lugares e, inclusive, para sugerir ao que o convidou quem ele deve convidar daqui em diante.

É esta interpelação ao anfitrião que nos deixa desconcertados. Com palavras simples, Jesus lhe indica como deve atuar: "... não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos". No entanto, há algo mais legítimo e natural que estreitar laços com as pessoas que nos querem bem? Não fez, Jesus, o mesmo com Lázaro, Marta e Maria, seus amigos de Betânia?

Ao mesmo tempo, Jesus lhe indica em quem deve pensar: "convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos". Os pobres não têm meios para corresponder ao convite. Dos aleijados, coxos e cegos nada se pode esperar. Por isso, ninguém os convida. Isso não é algo normal e inevitável?

Jesus não recusa o amor familiar nem as relações amistosas. Aquilo que ele não aceita é que elas sejam, sempre, as relações prioritárias, privilegiadas e exclusivas. Para aqueles que entram na dinâmica do Reino de Deus, buscando um mundo mais humano e fraterno, Jesus lhes recorda que a acolhida aos pobres e desamparados deve ser anterior às relações interessadas e às convenções sociais.

É possível viver de maneira desinteressada? Pode-se amar sem esperar nada em troca? Não devemos nos enganar. O caminho da gratuidade é, quase sempre, difícil. É necessário aprender coisas como estas: 
  • dar sem esperar muito
  • perdoar sem exigir
  • ser paciente com as pessoas pouco agradáveis,
  • ajudar pensando somente no bem do outro.
Sempre é possível cortar, um pouco, os nossos interesses, renunciar, de vez em quando, a pequenas vantagens, pôr alegria na vida daquele que vive necessitado, doar algo de nosso tempo sem reservá-lo sempre para nós, colaborar em pequenos serviços gratuitos.

Jesus se atreve a dizer ao fariseu que o convidou: "Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir". Esta bem-aventurança ficou tão esquecida que muitos cristãos jamais ouviram falar dela. No entanto, contém uma mensagem muito querida para Jesus: "Felizes os que vivem para os outros sem receber recompensa. O Pai do céu os recompensará".

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Segunda-feira, 26 de agosto de 2013 - 19h22 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

CLIMA: QUASE NADA ESTÁ SENDO FEITO!!!

Avanços em conceitos e recuos nas práticas


Washington Novaes*
Embora não surpreendam - havia indícios -, são inquietantes as informações sobre aumento do desmatamento na Amazônia. Foram 2.007 quilômetros quadrados na Amazônia Legal em um ano, segundo o Imazon (20/8), ou quase 92% mais que em igual período anterior. Aos quais se devem acrescentar 1.155 quilômetros quadrados de florestas degradadas no período. E tudo se traduzindo em 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalentes emitidas em 12 meses.

Mais complicado ainda porque um balanço oficial de cinco anos (2005-2010) dizia que o desmatamento era o único setor no País em que se haviam reduzido (em 65%) as emissões de poluentes que contribuem para o aumento da temperatura planetária, quando as emissões no setor energia haviam subido 21,4%, no tratamento de resíduos, 16,4%, na indústria, 5,3% e na agropecuária, 5,2%. Nesse quadro, as emissões totais do Brasil ficavam em 1,25 bilhões de toneladas de CO2 equivalentes (2,03 bilhões em 2005), que se traduziam em cerca de 7 toneladas por brasileiro (outras fontes apontam até 10 toneladas por pessoa).

Pode ser ainda mais inquietante saber que terminou em Bonn, na Alemanha, uma reunião preparatória para a Convenção do Clima, que será realizada em novembro em Varsóvia (Polônia). E a maioria dos analistas saiu convencida de que é muito improvável, este ano ou no próximo, chegar a um acordo que defina metas obrigatórias de redução de emissões em todos os países, a serem incluídas em 2015 num convênio global para vigorarem em 2020 e possibilitarem que se contenha o aumento de temperatura na Terra em 2 graus Celsius até 2050. Também empacaram as discussões sobre contribuições financeiras dos países industrializados para "mitigação de emissões" e "adaptação às mudanças", com os "países em desenvolvimento" exigindo recursos para compensar danos que poderiam ser de US$ 1 trilhão por ano.

Pode parecer repetitivo tratar com tanta frequência neste espaço desse tema das mudanças climáticas, mas as notícias são a cada dia mais graves. Uma boa informação, entretanto - ainda não anunciada oficialmente -, é a de que o Brasil voltará, na reunião da convenção, à proposta que fez em 1997, quando se discutia o Protocolo de Kyoto: passariam a ser obrigatórios compromissos de todos os países para reduzir as emissões de poluentes, proporcionalmente à contribuição que tenham dado para a concentração de gases na atmosfera e às suas emissões atuais (em Kyoto decidiu-se apenas que os 37 industrializados baixariam suas emissões em 5,2%, calculados sobre as de 1990; mas o protocolo não teve as adesões necessárias). Até aqui, o Brasil só tem aceitado "compromissos voluntários" de baixar entre 36,1% e 38,9% suas emissões, calculadas sobre o total a que chegaríamos em 2020.

É um assunto vital, quando cenários traçados para este século por 345 cientistas para o Painel do Clima da convenção dizem que a temperatura no Brasil pode subir até 3 graus Celsius. E a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) prevê (20/8) que as culturas de milho, arroz e mandioca serão as mais afetadas, com perdas, hoje em mais de R$ 7 bilhões, que serão o dobro em mais algumas décadas.

Há visões mais otimistas, como as de cientistas que apontam a intenção da China e dos Estados Unidos de reduzirem em 40% as suas emissões na fabricação de cada produto. Mas a China também está deixando cientistas de cabelos em pé com a criação de uma rota de navegação para a Europa atravessando o Ártico (reduz de 48 para 33 dias o tempo gasto) - e contribuindo para mais degelo. Os Estados Unidos conseguiram baixar suas emissões intensificando a exploração de gás de xisto, com um método baseado em fratura de rochas e injeção de água e produtos químicos - que implica, no retorno deles à superfície, a mistura da água superficial com poluentes altamente danosos e em grande quantidade (o Brasil também vai entrar por esse caminho).

Acrescem-se as informações da Global Footprint Network de que no dia 20 último se completou o prazo (menos de oito meses) em que o mundo consumiu os recursos naturais que deveriam bastar para um ano todo - ou seja, a "pegada ambiental" global indica que precisamos de 50% mais de recursos que os disponíveis. E com isso se vai agravando o quadro planetário (Folha de S.Paulo, 20/8): 

  • O Japão já consome 7,1 vezes mais que os recursos disponíveis em seu território
  • a Grã-Bretanha, 3,5 vezes
  • os Estados Unidos, 1,9
O Brasil, embora use menos recursos que sua disponibilidade interna, consome mais que a média global disponível. Em 2050, afirma o estudo da Global Footprint Network, o mundo precisará de recursos equivalentes ao dobro dos disponíveis na Terra.

Não é diferente do que pensa a Convenção da Biodiversidade, que, preocupada, já em 2010 pediu que se adotassem metas de pelo menos 17% das áreas terrestres no mundo protegidas, assim como 10% de áreas oceânicas. 

São visões como essa que levaram o escritor (austríaco radicado nos Estados Unidos) Fritjof Capra - autor de O Tao da Física e A Teia da Vida - a dizer no X Congresso Brasileiro de Direito Socioambiental (Instituto Carbono Brasil, 9/8), que nosso país é um dos "possíveis líderes para o desenvolvimento qualitativo sustentável" - desde que "os negócios, a economia, as tecnologias, as estruturas físicas não interfiram na capacidade da natureza de sustentar a vida".

Porque "o crescimento infinito é ilusão". Bem na linha que se propaga entre economistas de que já vivemos uma "crise de finitude de recursos", com o consumo global maior que a reposição. E crescerá ainda mais, com a população mundial - hoje pouco acima de 7 bilhões de pessoas e um acréscimo de 80 milhões por ano - chegando a mais de 9 bilhões em 2050.

* Washington Novaes é jornalista.


NÃO DEIXE DE LER:
Na revista National Geographic Brasil, edição de setembro 2013,
"E se o mar subir? - O impacto da elevação do nível dos oceanos na vida de milhões de pessoas" (matéria de capa)

Fonte: O Estado de S. Paulo - Espaço aberto - Sexta-feira, 30 de agosto de 2013 - Pg. A2 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,avancos-em-conceitos--e-recuos-nas-praticas-,1069363,0.htm

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Câmara dos Deputados livra Natan Donadon de cassação [VERGONHA!!!]

Eduardo Bresciani, João Domingos e Daiene Cardoso


Houve 233 votos a favor da cassação, mas eram necessários 257; 
131 deputados votaram contra, 41 se abstiveram e 54 dos presentes na sessão não votaram; 
outros 54 não compareceram
Natan Donadon festeja a manutenção de seu mandato na Câmara dos Deputados

Preso há mais de dois meses, o deputado Natan Donadon (sem partido-RO) escapou nessa quarta-feira, 28, da cassação pela Câmara dos Deputados. Assim, manteve o mandato, mas o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), em decisão solitária, decidiu afastá-lo do cargo enquanto ele estiver cumprindo pena em regime fechado pela condenação a mais de 13 anos por desvio de recursos públicos.

Alves anunciou ainda que não submeterá mais nenhum caso de cassação de mandato a plenário enquanto não for aprovada a proposta de mudança na Constituição que abre o voto neste tipo de decisões. Na sessão de ontem, em votação secreta, foram: 
  • 233 votos pela cassação, 24 a menos do que o exigido, 
  • 131 pela absolvição
  • 41 abstenções - com 21 abstenções, o PT foi o partido que mais contribuiu com as ausências
O resultado sugere a intenção de se preservar os mandatos de condenados no processo do mensalão.

Condenado por desvios de R$ 8,4 milhões da Assembleia Legislativa de Rondônia, Donadon ficará em regime fechado por pelo menos dois anos e tem pena total de 13 anos, 4 meses e 10 dias de prisão pelos crimes de peculato e formação de quadrilha. Algemado, deixou ontem pela primeira vez a penitenciária da Papuda e fez um discurso emocional em plenário alegando inocência e reclamando das condições da prisão.

O lobby feito ao longo do dia junto ao baixo clero, sobretudo nas bancadas evangélicas, do PT e do PMDB, surtiu efeito para garantir a manutenção do mandato. Depois de segurar a sessão por quase cinco horas e ver a cassação ser rejeitada, Alves construiu a solução de afastamento e dará posse hoje ao suplente, Amir Lando (PMDB-RO).

Precedente
O caso é visto pela Câmara como um precedente para descumprir eventual decisão do Supremo pela perda imediata do mandato no processo do mensalão, no qual a Corte decidiu que caberia à Mesa apenas decretar a cassação.

A Câmara observa que o rito com ampla defesa foi aplicado pelo STF em relação a Ivo Cassol (PP-RO) e não houve referência a cassação imediata também na condenação de Donadon. O resultado, porém, pode levar a uma aceleração da votação da proposta que torna aberta esse tipo de decisão. Alves ressaltou que há acordo de líderes para apreciação do tema.

Durante todo o dia, Melkisedek Donadon, irmão do deputado e ex-prefeito de Vilhena (RO), visitou vários gabinetes pedindo apoio. Outros deputados do baixo clero comentavam entre si que a cassação do colega dificultaria situações futuras. Muitos petistas defenderam a abstenção e alguns nem sequer compareceram à sessão.
Donadon retorna ao presídio

Camburão
Donadon saiu de camburão, algemado, do presídio da Papuda, para onde voltou na mesma situação após se livrar da cassação. Ele deixou a Câmara agradecendo a Deus pelo resultado. Vestido de terno e gravata e com boton de deputado, traje semelhante ao que foi preso, entrou em plenário pouco após as 19 horas. Foi cumprimentado por colegas, como Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) - que escapou há alguns dias de processo de cassação por sua relação com Carlinhos Cachoeira - e Sérgio Moraes (PTB-RS), que causou polêmica anos atrás ao dizer estar "se lixando" para a opinião pública. Pouco depois, foi encontrar a família. Ao abraçar a filha, Rebeca, disse: "filhinha, me perdoe".

Em seu discurso, começou falando do cotidiano na prisão, onde está desde 28 de junho. "É desumano o que um prisioneiro passa, o que eu passei nestes dias", disse. Contou que antes de ir à Câmara, faltou água e pediu ajuda de um vizinho de cela com garrafas para concluir seu banho. Afirmou que foi à Casa para dar explicações e defender sua inocência. Criticou a imprensa, o parecer do relator, Sérgio Zveiter (PSD-RJ), e negou os crimes que lhe são atribuídos. "Não desviei um centavo."

Ele defendeu a legalidade de todos os pagamentos feitos na Assembleia de Rondônia. Reclamou de pressões externas. "Temos de ter cuidado com a voz das ruas. A voz das ruas crucificaram Jesus. Creio em Deus e na Justiça. Sei que essa Casa é independente."

O relator havia recomendado a cassação de Donadon pelo cometimento de crimes de natureza gravíssima e "fatos estarrecedores", que "não se coadunam com as exigências para a representatividade parlamentar. "Ele participou de uma organização criminosa que assaltou os cofres públicos de Rondônia."

Fonte: O Estado de S. Paulo - Política - Quinta-feira, 29 de agosto de 2013 - Pg. A7 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,camara-dos-deputados-livra-natan-donadon-de-cassacao,1068907,0.htm
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Veja lista dos deputados que não votaram na cassação de Donadon


Lilian Venturini


Durante a sessão, 50 parlamentares que registraram presença em plenário deixaram de votar; outros 54 nem sequer apareceram
Natan Donadon festeja a sua não cassação pela Câmara dos Deputados

A sessão de votação para decidir pela cassação ou não do mandato do deputado Natan Donadon (sem partido-RO) não contou com o voto de 104 parlamentares. Desses, 50 chegaram a registrar presença em plenário, mas não votaram. Os demais não compareceram.

Na contagem final, a maioria dos deputados votou pela cassação, mas o número foi inferior ao mínimo exigido pelo regimento da Câmara (257 votos, o equivalente a maioria mais 1 de todos os parlamentares da Casa. Dos 405 deputados que votaram, 233 foram favoráveis, 24 a menos do que o necessário. A votação é secreta e por essa razão não é possível saber quem votou contra ou a favor. Por decisão do presidente da Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Donadon ficará afastado e o suplente, deputado Amir Lando (PMDB-RO), assumirá no lugar. A posse será nesta quinta-feira, 29.

Entre aqueles que compareceram à sessão, mas deixaram de registrar voto estão deputados como: 
  • Jaqueline Roriz (PMN) - que escapou de processo de cassação em 2011 -, 
  • Valdemar Costa Neto (PR) - condenado no processo do mensalão -, 
  • Paulo Maluf (PP-SP), 
  • Marco Feliciano (PSC-SP) e 
  • Gabriel Chalita (PMDB-SP). 
Dos 14 partidos cujos deputados deixaram de votar, o PT foi o que registrou mais faltantes, com 11 parlamentares. Entre eles está João Paulo Cunha (SP), também condenado no processo do mensalão. Procurado, o deputado afirmou que não iria se pronunciar.

O resultado pela manutenção do mandato de Donadon, preso há dois meses, pode favorecer os parlamentares envolvidos no mensalão que, mesmo condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), poderão continuar a exercer o cargo.

Somados aos 11 petistas, outros 9 deputados do partido faltaram à sessão. Com 21 baixas, o PT foi o que mais contribuiu com ausências. Nesse grupo está o deputado José Genoino (SP), também condenado pelo esquema de corrupção envolvendo a sigla. Ele está licenciado por motivos de saúde, após ter sofrido um enfarte.

Com 15 deputados a menos, o PMDB, principal aliado do PT, foi o segundo com maior registro de faltas. Na sequência estão o PP (14) e o PSD (12), também integrantes da base aliada.

Abaixo, as listas dos 104 parlamentares. A relação foi feita com base nas listas de presença e de votação disponibilzadas pelo site da Câmara. 


ANOTE OS NOMES DELES!!!

Deputados presentes, mas que não votaram:

DEM 
Claudio Cajado (BA)
Eli Correa Filho (SP) 
Jorge Tadeu Mudalen (SP)
Lira Maia (PA)

PC do B
Jandira Feghali (RJ)

PDT 
Enio Bacci (RS)
Giovani Cherini (RS)
Giovanni Queiroz (PA)

PMDB 
André Zacharow (PR)
Eliseu Padilha (RS)
Gabriel Chalita (SP) - alegou problemas familiares
Genecias Noronha (CE)
José Priante (PA) 
Leonardo Quintão (MG) 
Newton Cardoso (MG)

PMN 
Jaqueline Roriz (DF)

PP 
Beto Mansur (SP) 
José Linhares (CE) 
José Otávio Germano (RS) 
Luiz Fernando Faria (MG) 
Paulo Maluf (SP) - alegou que esteve na Câmara mais cedo e voltou para São Paulo por problemas de saúde
Renzo Braz (MG) 
Toninho Pinheiro (MG) 
Vilson Covatti (RS)

PPS 
Arnaldo Jardim (SP)

PR 
Valdemar Costa Neto (SP)
Vicente Arruda (CE)

PSB 
Abelardo Camarinha (SP)
Paulo Foletto (ES)

PSC 
Nelson Padovani (PR) 
Pastor Marco Feliciano (SP)

PSD 
Edson Pimenta (BA) 
Eduardo Sciarra (PR) - informou ter deixado a sessão em razão de compromissos já agendados
Eliene Lima (MT)
José Carlos Araújo (BA)
Sérgio Brito (BA)

PSDB 
Carlos Roberto (SP)
Marco Tebaldi (SC)

PT
Angelo Vanhoni (PR) 
Beto Faro (PA) 
Biffi (MS) 
Iriny Lopes (ES)
João Paulo Cunha (SP)
Marina Santanna (GO) 
Miguel Corrêa (MG)
Odair Cunha (MG) 
Pedro Eugênio (PE)
Pedro Uczai (SC)
Vicentinho (SP)

PV 
Eurico Júnior (RJ)

Deputados ausentes:

ABELARDO LUPION (DEM-PR)
AFONSO HAMM (PP-RS)
ALCEU MOREIRA (PMDB-RS)
ALEXANDRE ROSO (PSB-RS)
ALICE PORTUGAL (PC do B-BA)
ALMEIDA LIMA (PPS-SE)
ANSELMO DE JESUS (PT-RO)
ANTONIO BALHMANN (PSB-CE)
ARTHUR OLIVEIRA MAIA (PMDB-BA)
ARTUR BRUNO (PT-CE)
ASDRUBAL BENTES (PMDB-PA)
BERNARDO SANTANA DE VASCONCELLOS (PR-MG)
BETINHO ROSADO (DEM-RN)
BETO ALBUQUERQUE (PSB-RS) - tinha agenda oficial pela Câmara
BOHN GASS (PT-RS)
CARLOS BEZERRA (PMDB-MT)
CARLOS MAGNO (PP-RO)
DARCÍSIO PERONDI (PMDB-RS)
DR. LUIZ FERNANDO (PSD-AM)
FERNANDO TORRES (PSD-BA)
GUILHERME MUSSI (PP-SP)
HEULER CRUVINEL (PSD-GO)
HOMERO PEREIRA (PSD-MT)
INOCÊNCIO OLIVEIRA (PR-PE) - está de licença médica
JOÃO LYRA (PSD-AL)
JOSÉ GENOÍNO (PT-SP) - está de licença médica
JOSIAS GOMES (PT-BA)
JOVAIR ARANTES (PTB-GO)
JÚNIOR COIMBRA (PMDB-TO)
LAERCIO OLIVEIRA (PR-SE)
LUIZ ALBERTO (PT-BA)
MANOEL SALVIANO (PSD-CE)
MANUEL ROSA NECA (PR-RJ)
MARCON (PT-RS)
MARCOS MONTES (PSD-MG)
MARCUS PESTANA (PSDB-MG)
MÁRIO FEITOZA (PMDB-CE)
PEDRO HENRY (PP-MT)
PINTO ITAMARATY (PSDB-MA)
RENAN FILHO (PMDB-AL)
RENATO MOLLING (PP-RS)
ROGÉRIO CARVALHO (PT-SE)
ROMÁRIO (sem partido-RJ) - alegou razões médicas
RONALDO ZULKE (PT-RS)
ROSINHA DA ADEFAL (PTdoB-AL)
SABINO CASTELO BRANCO (PTB-AM)
SANDRA ROSADO (PSB-RN)
SERGIO GUERRA (PSDB-PE) - está de licença médica
VANDERLEI MACRIS (PSDB-SP)
VILALBA (PRB-PE)
WALDIR MARANHÃO (PP-MA)
WELITON PRADO (PT-MG)
ZÉ VIEIRA (PR-MA)
ZOINHO (PR-RJ)

Fonte: ESTADÃO.COM.BR - Notícias/Política - 29 de agosto de 2013 - 11h33 - Atualizado às 16h07 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,veja-lista-dos-deputados-que-nao-votaram-na-cassacao-de-donadon,1069183,0.htm e http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,veja-lista-dos-deputados-que-nao-votaram-na-cassacao-de-donadon,1069183,0.htm?p=2

CRESCE O ANALFABETISMO RELIGIOSO

O autor da Bíblia? ''Moisés''.
E isso não acontece somente por lá!!!

Vera Schiavazzi
La Repubblica
27-08-2013
Paolo Naso - cientista político e da religiões

Apenas em cada três italianos sabe dizer a quem são atribuídos os Evangelhos. Esse é um dos (muitos) dados que testemunham – na pesquisa da Eurisko GFK encomendada pela Igreja Valdense – a extraordinária ignorância dos italianos em matéria religiosa.

Embora 90% afirmem ter recebido uma educação "católica", e 50,9% declarem rezar "regularmente" (mesmo que apenas 11% frequentam a igreja e apenas 29% pegam a Bíblia nas mãos fora das celebrações litúrgicas). Metade dos entrevistados acreditam que quem escreveu o livro mais famoso do mundo foi Jesus (20%) ou Moisés (26%); 41% sabem citar apenas um dos dez mandamentos; 17% não lembram nem o fundamental "não matar".

Ideias mais do que nunca confusas também sobre as três virtudes teologais, viga central de todo ensinamento catequético: apenas 17,2% lembra "fé, esperança e caridade". Talvez por estarem conscientes do seu analfabetismo religioso, 56% dos italianos são a favor de aulas sobre as várias religiões e não apenas a católica. Ainda mais alto é o número daqueles que admitem que quem poderia ensinar religião são professores de várias religiões ou de nenhuma religião, contanto que estejam "preparados". Mas o fato é que hoje as informações sobre as "outras religiões" são adquiridas mais na paróquia (43%) do que na escola ou nas universidades (25%) e através dos meios de comunicação (29%).

Esse interesse é confirmado pelo fato de que 63% dos italianos se dizem a favor da abertura de mesquitas. Quanto à ética, os italianos confirmam escolhas autônomas e, às vezes, contrapostas às da cúpula eclesiástica: isso com relação ao reconhecimento dos casais gays (sim para 63%), com relação ao testamentos biológicoS (sim para 74,5%) e para a inseminação heteróloga (65%).

"Esses dados – comenta o cientista político Paolo Naso, que coordenou a apresentação no debate dessa segunda-feira – ressaltam como os jovens são muito mais "analfabetos" do que os seus pais, embora 87% dos entrevistados declaram ter se valido do ensino da religião católica na escola. E, com efeito, é acima de tudo a paróquia que é indicada como o lugar onde se podem obter informações sobre outras religiões".

Há muito a fazer, portanto, "tanto dentro das confissões individuais, quanto nas instituições, porque, como também mostrou a experiência francesa, a laicidade não pode ser a da ignorância, mas sim a da competência".

Tradução do italiano por Moisés Sbardelotto.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Quarta-feira, 28 de agosto de 2013 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/523131-o-autor-da-biblia-moises-o-crescimento-do-analfabetismo-religioso

Papa Francisco prepara nova encíclica

JOSÉ MARIA MAYRINK
Papa Francisco beija os pés de um jovem
Missa do Lava-pés na quinta-feira santa

Depois de publicar a Lumen fidei (Luz da fé), escrita a quatro mãos com o papa emérito Bento XVI, que vendeu 200 mil exemplares na Itália em um mês, o papa Francisco prepara uma nova encíclica, a Beati pauperes (Bem-aventurados ou felizes os pobres), que será lançada até 24 de novembro, no encerramento do Ano da Fé.

Francisco aproveita o tempo para escrever no Vaticano, após ter renunciado às férias de verão, em Castelgandolfo, onde os antecessores costumavam se refugiar para fugir do forte calor de Roma entre julho e setembro. De acordo com o Serviço Brasileiro da Rádio Vaticano, o papa trabalha ainda em outros textos, dedicados a estudos da reforma da Cúria e do Instituto para as Obras Religiosas (IOR), conhecido também como Banco do Vaticano.

Pouco depois de ter tomado posse, há cinco meses, Francisco encarregou um grupo de oito cardeais de estudar as questões do governo central da Igreja e de apresentar sugestões para uma reestruturação da Cúria. A primeira reunião do grupo de cardeais está marcada para o início de outubro.

A nova encíclica, que, segundo agências católicas de notícias, teria igualmente a colaboração de Bento XVI, se centrará no tema pobreza, no sentido evangélico e sem nenhuma conotação política e ideológica. "O próprio título é extraído das beatitudes evangélicas e do discurso (sermão) da montanha, beatitudes que Francisco em seu tuíte de quinta-feira, dia 22, propõe como um ótimo programa de vida para todos nós", afirmou a Rádio Vaticano. 

Fonte: ESTADÃO.COM.BR - Notícias - 23 de agosto de 2013 - 20h25 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,francisco-prepara-nova-enciclica,1067209,0.htm

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

AMARILDOS, ONDE ESTÃO? (Entendendo a violência...)

Entrevista com Luiz Antonio Machado da Silva

Juliana Sayuri

"Há uma forte demanda por transparência em questões relacionadas à polícia nos territórios da pobreza, onde as vidas estão constantemente sob risco", afirma sociólogo
Luiz Antonio Machado da Silva - sociólogo (Rio de Janeiro)

Amarildo de Souza desapareceu. 47 anos, uns 1,70 de altura, negro, pedreiro, casado, irmão de 11, pai de 6, morador da favela da Rocinha. Amarildo descamisado, vestindo apenas bermuda e chinelos, foi levado por policiais para a UPP [Unidade de Polícia Pacificadora] na noite do domingo 14 de julho. Sumiu.

Assim como o pedreiro, milhares desapareceram no País pós-ditadura. Só no Rio foram mais de 10 mil amarildos mortos entre 2001 e 2011, em circunstâncias com policiais que nunca foram esclarecidas. "Amarildo é ‘só’ mais um. O caso foi catapultado pelas manifestações de junho, conquistando essa visibilidade. 

Mas, tradicionalmente, as classes médias não se interessam pelo que acontece nas favelas", critica o sociólogo Luiz Antonio Machado da Silva, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e professor aposentado do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Por isso, os movimentos sociais são importantíssimos. Estão tentando abrir a caixa-preta da polícia", arremata o autor da coletânea Vida sob Cerco: Violência e Rotina nas Favelas do Rio de Janeiro (Editora Nova Fronteira, 2008).

Aos 72 anos, o sociólogo dedicou sua trajetória intelectual a estudos pioneiros sobre favela, sociabilidade e violência. Do Rio, Machado conversou com o Aliás.

A OAB-RJ lançará uma campanha pelo esclarecimento de mortes registradas como "autos de resistência" pela PM. Seriam mais de 10 mil "amarildos" mortos no Rio entre 2001 e 2011. Como o sr. analisa a iniciativa?

Luiz Antonio: Isso mostra que há uma demanda forte por transparência quanto a questões relacionadas à polícia. Não só nas favelas, mas em todos os "territórios da pobreza", onde as vidas estão constantemente sob risco: nos loteamentos irregulares, nas ocupações, nos viadutos. Responde a uma demanda das ruas, mas não só das ruas. Uma vez incorporada à OAB, com toda sua legitimidade institucional, a iniciativa traz um ar de novidade, pois, tradicionalmente, os setores dominantes da sociedade não têm se importado muito com o funcionamento de instituições repressivas como a polícia. Essa iniciativa dá publicidade ao questionamento do funcionamento da polícia - e esse número de autos de resistência já sugere a tendência violenta dessa corporação.

O slogan da campanha será "Desaparecidos da Democracia", enquanto ainda ronda o fantasma dos desaparecidos da ditadura. Que diferença sensível há entre eles?

Luiz Antonio: Não gosto muito dessa aproximação. Sei que se trata de um slogan, mas, analiticamente, não é uma aproximação certeira. Na ditadura, eram desaparecidos diretamente políticos, que questionavam a ordem institucional e o Estado - e que foram jogados no mesmo saco dos criminosos comuns após a Lei de Segurança Nacional. Os desaparecidos atuais simplesmente não são desaparecidos "da democracia", mas de uma democracia limitada a apenas certos segmentos da sociedade. Esses desaparecidos são segregados, pois são os próprios processos do regime pretensamente democrático que produzem essa periferia marginalizada da cidadania. Isto é, a cidadania lhes foi negada. Desapareceram pela atuação ilícita dos aparelhos do Estado, de facto e não de direito.

Um caso emblemático de desaparecimento forçado pós-ditadura é a chacina de Acari, de 1990. As mães desses jovens, mobilizadas, abriram caminho para novas formas de protestos políticos contra a violência do Estado. De lá para cá, o que mudou?

Luiz Antonio: Acari foi um dos casos mais dramáticos, mas houve outras chacinas: Candelária, Nova Iguaçu, Vigário Geral. Há milhares de casos simbólicos de desaparecimento e de violência. E é interessante observar as reações na opinião pública, pois ainda é forte o desinteresse da maior parte da sociedade em relação a esses acontecimentos. Acari produziu reações orgânicas com a mobilização das mães, mas com visibilidade e impacto pequenos. Ainda é muito inexpressiva a solidariedade da opinião pública aos "territórios da pobreza", principalmente por parte da classe média e das instituições. Tradicionalmente, a classe média não se interessa pelo que acontece nas favelas. Por isso, os movimentos sociais são importantíssimos. Não apenas como formas de resistência, mas como tentativas concretas de transformações.

Por que o desaparecimento de Amarildo conquistou tamanha repercussão? Por que ‘esse’ Amarildo?

Luiz Antonio: Pois é. Esse é o ponto. Amarildo é "só" mais um, entre tantos milhares de desaparecidos. Mas essa visibilidade é muito recente. O caso foi catapultado pelas manifestações nas ruas. Só assim conquistou essa dimensão. Estou fortemente desconfiado de que o caso atrai diferentes vertentes. Por um lado, há uma recusa da institucionalidade. A classe média "cansou" dos desmandos ilícitos dos aparelhos do Estado. Por outro, uma vertente pede mais institucionalidade, isto é, pede que a polícia cumpra seu papel e realmente defenda a sociedade. Não há um movimento unificado, caminhando numa direção única. Os lados pedem mais transparência na polícia, mas isso adquire diferentes sentidos entre as classes populares e a classe média no Rio. São diversificados. Afinal, a rua pertence a todo mundo - e não pertence a ninguém. Fato é que os movimentos sociais estão tentando abrir a caixa-preta da polícia, o que pode respingar responsabilidades. É preciso demonstrar, concretamente, que a polícia tem seus rompantes de excesso de violência e atividades ilícitas. Demonstrações como fez a cobertura alternativa da Mídia Ninja, por exemplo. A violência policial provocou um efeito bumerangue nas manifestações, em São Paulo, Recife, Rio. Por arrogância ou por esquecimento da nossa democracia morena - como Brizola dizia sobre o socialismo moreno -, os governadores desaprenderam lições históricas e deram esse tiro no pé. A repressão deu outra dimensão às manifestações. E aí entrou Amarildo.
Manifestação da ONG "Rio de Paz "
sobre milhares de desaparecidos no Estado

A violência urbana tem um caráter específico no Rio?

Luiz Antonio: A violência urbana não é um fenômeno carioca, tampouco brasileiro. É mundial. Mas as histórias presentes na violência urbana são singulares em cada cidade, em cada país. No Rio, minha praia, a compreensão coletiva e cotidiana da violência tem muito a ver com uma hiperpolitização da questão da segurança pública. O imbróglio começa na década de 1980. A Lei de Segurança Nacional, de 1983, produziu uma aproximação entre criminosos comuns e políticos. Uma lei de defesa do Estado, não da sociedade. Isso provocou um aumento da violência para além da violência policial em defesa do Estado. Quando iniciou sua campanha para o governo do Rio, também em 1983, Leonel Brizola se reuniu com líderes das favelas. Fez um acordo: se eleito, as operações policiais (brutais, que subiam barbarizando os morros, sem distinguir bandido e trabalhador) seriam suspensas. Mas, à época, já rolava a violência relacionada às drogas e às facções. Os brizolistas queriam mais transparência, mais legalidade nas questões relacionadas à polícia. Oposição e classe média, porém, interpretaram esse acordo como uma defesa da criminalidade no Rio. Isso hiperpolitizou a questão. A polícia já estava habituada a exercer uma violência brutal contra as classes populares e os pobres. É a criminalização da pobreza. Aí a sociedade, principalmente a classe média, delegou o "trabalho sujo" a essa polícia. Para estudar o controle da criminalidade contemporânea no Rio, uso a ideia de "sociabilidade violenta". É como um mundo em si próprio, com regras ancoradas numa relação de forças. De quem pode submeter o outro pela força. Por exemplo, se tenho um AR-15, submeto quem só tem um 38. Quem tem um 38 submete quem só tem uma faca. Quem tem uma faca submete quem só tem os punhos. E por aí vai.

Em São Paulo, oficiais foram flagrados espancando adolescentes na Fundação Casa. A violência contra "marginais" é tolerada?

Luiz Antonio: A sociedade brasileira é extremamente tolerante nisso, quer dizer, aceita a violência física, muito mais que outros países. A sociedade legitima muitas formas de violência. Obviamente, precisaria de uma biblioteca inteira para justificar historicamente essa ideia. Mas é certeira, como horizonte de referência. Esse reconhecimento também está presente nas classes populares. Aliás, o mundo popular não é uma maravilha, não. Tem tanta sujeira quanto o mundo das elites. Estou convencido, e isso a partir de informações empíricas e estudos realizados, de que muitas sociedades não questionam a prática da violência em si. Questionam a indiscriminação da violência física praticada pela polícia. Por isso, a distinção moral sobre a violência policial vem sempre escoltada por ressalvas: a polícia bateu nesse cara, mas... esse cara é estudante, pai de família, trabalhador. Mas se a polícia bater num criminoso, ora, é como se fosse justificável. Nem precisa ser um criminoso do ponto de vista judicial, mas um cara que pratica atividades consideradas moralmente ilícitas. Quer dizer, quem atrapalha a vida dos outros tem que levar porrada. Isso não é admissível. Também Amarildo está nessa. Não importa se ele é criminoso ou não, se é trabalhador ou não. Nada disso justifica seu desaparecimento.

Amarildo era morador da favela da Rocinha. Como o sr. analisa a experiência da UPP ali?

Luiz Antonio: As UPPs são uma claríssima mudança na conjuntura da política de segurança pública, da intervenção do Estado. Mas mudar implica outras questões. Mudar o quê? E até que ponto? Dá para dizer que mudou conjunturalmente, mas é a mesma polícia. A mesma corporação, a mesma estrutura. As UPPs mudaram dentro de seus limites, mas não se trata de uma reforma intelectual e moral da polícia, longe de uma desmilitarização da polícia.

A desmilitarização da polícia é necessária? E é possível?

Luiz Antonio: Sim, é necessária abstratamente. Mas não é possível neste momento, pois não faz parte dos interesses dominantes. Além disso, a Polícia Militar e a Polícia Civil se digladiam e divergem em seus interesses. É uma luta a ser iniciada.

A família de Amarildo está pedindo a emissão da certidão de morte do pedreiro. É precipitado? Quando um desaparecimento passa a ser considerado uma morte?

Luiz Antonio: É muito difícil, pois não há um corpo. Assim, há uma série de questões abertas para se poder dizer se foi um homicídio. Numa discussão da filosofia do direito, não dá para imputar ao desaparecimento a possibilidade de morte. Mas há uma outra dimensão, muito mais importante: a prática. Quer dizer, se as instituições derem um atestado de possibilidade de morte do pedreiro Amarildo, o Estado estará reconhecendo a autoria dessa morte por parte de seus agentes, pois a possível morte tem a ver com a interferência de policiais da UPP. Se o Estado formalizar isso, terá implicações judiciais stricto sensu e também políticas. É complicadíssimo.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Suplemento ALIÁS - Domingo, 25 de agosto de 2013 - Pg. E2 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,amarildos-onde-estao,1067443,0.htm

O espião que sabia tudo

Kenneth Serbin*


Se não forem supervisionados e reprimidos por uma imprensa forte,
líderes e agências governamentais abusarão facilmente do poder
Glenn Greenwald - jornalista inglês do jornal The Guardian

Em 1974, o presidente dos Estados Unidos, Richard M. Nixon, foi obrigado a renunciar ao cargo por causa da revelação de uma série de gravações secretas, feitas com equipamento especial, cujo alvo era uma única pessoa: o próprio presidente. As gravações demonstravam a cumplicidade de Nixon no arrombamento da sede do Partido Democrata, no edifício Watergate, em Washington, crime organizado por funcionários da Casa Branca.

Hoje, 40 anos depois, qualquer pessoa no mundo pode ser espionada através de sua correspondência eletrônica por agências governamentais extremamente poderosas, o melhor exemplo das quais é a Agência de Segurança Nacional (NSA) do governo americano.

Envolvida numa controvérsia sobre sua maciça vigilância a celulares e e-mails, feita em cooperação com empresas de telecomunicações, a NSA representa o mais recente casamento entre Estado e tecnologia.

Portanto, o que o funcionário da NSA Edward Snowden revelou ao mundo, com a ajuda de Glenn Greenwald, colunista do The Guardian, cujo parceiro brasileiro David Miranda foi preso por agentes britânicos por nove horas num aeroporto londrino no dia 18, em uma suposta ação antiterrorista, não deveria surpreender ninguém.

O filósofo francês Michel Foucault elaborou detalhadamente o conceito “do olho que tudo vê” do Estado moderno no livro Vigiar e Punir (Vozes). Os Estados-Nações têm utilizado as mais modernas tecnologias para observar, controlar, prender, fazer experiências com pessoas e matar grupos específicos de indivíduos.

Ainda é possível visitar o que sobrou de campos de concentração europeus como Sachsenhausen, ao norte de Berlim, local de atrocidades cometidas pelos nazistas com recursos tecnológicos. Depois da 2ª Guerra, o lugar continuou funcionando como centro de extermínio administrado pelos soviéticos.

Nos EUA, a tecnologia nuclear recebeu grande impulso como projeto secreto respaldado pelo governo na corrida para a primeira bomba atômica. O governo americano tentou monopolizar sua capacidade nesse campo. Hoje, líderes mundiais lutam com as consequências dessa primeira bomba, tentando impedir a proliferação de material nuclear e know-how que terroristas e Estados como Irã e Coreia do Norte poderiam empregar.

O sucesso dessa luta baseia-se na ideia de perpetuação do monopólio atômico sob controle do Estado ou de um grupo de Estados.

Nas comunicações, tal monopólio é impossível em sociedades democráticas porque a tecnologia se difundiu extraordinariamente. Até mesmo em sistemas autoritários, como a China, é difícil para o Estado evitar tal impacto.

Esse emprego da tecnologia fora da esfera governamental é mais uma razão pela qual não deveríamos nos surpreender com as revelações de Snowden. Muitos americanos já manifestaram preocupação com a possibilidade de empresas como Facebook e Google coletarem e usarem informações de usuários. Em conjunto, essas organizações tornam irrisória a capacidade de coleta de informações pelos governos. A vigilância maciça com emprego de recursos tecnológicos é a nova realidade de nosso dia a dia.

Enquanto Nixon, se quisesse, poderia ter destruído fitas da Casa Branca e apagado para sempre as informações nelas contidas, nossas informações digitais são um fato consumado.

Ao revelar que uma ordem para o jornal entregar ou destruir as informações digitais recebidas de Snowden veio do governo britânico, o editor do Guardian, Alan Rusbridger, considerou “sem sentido” a destruição de discos rígidos do jornal, dada a existência de cópias no exterior.

Cada vez que alguém navega pela internet, manda e-mails ou faz chamadas pelo celular, cada clique no teclado pode ser recuperado e analisado. Praticamente qualquer pessoa pode nos espionar.

O Estado que tudo vê de Foucault tornou-se a sociedade que tudo vê. O perigo para os sistemas políticos é que certos grupos – governamentais, privados ou criminosos – podem usar secretamente essas valiosas fontes de informação.

Portanto, “tudo ver” não equivale a “superintendência”. A esse respeito, a revelação de Snowden estimulou um debate importante sobre o alcance do Estado. Se não forem supervisionados e confrontados por uma imprensa forte, líderes e agências governamentais podem abusar mais facilmente do poder, sem falar nos possíveis fins criminais no uso da informação.

Sem uma supervisão ou sem uma imprensa livre, países do bloco soviético perpetraram a degradação ambiental e ignoraram suas trágicas consequências para o povo em geral.

A revelação de Snowden também nos lembra, mais uma vez, do delicado equilíbrio entre a necessidade de frustrar ataques terroristas, de um lado, e a defesa das liberdades civis e da imprensa, de outro.

A imprensa também se tornou vítima da sociedade que tudo vê. Talvez tão deletéria quanto a tentativa de bloquear a cobertura de Snowden e da NSA pelo Guardian seja o enfraquecimento da imprensa diante da competição representada por novas fontes de informação.
Kenneth Serbin

Os jornalistas e outras pessoas comprometidas com uma sociedade livre devem, em última análise, encontrar maneiras de usar a sociedade que tudo vê para recriar e fortalecer a noção de supervisão – tanto do governo quanto do setor privado.

TRADUÇÃO DO INGLÊS POR ANNA CAPOVILLA.

* KENNETH SERBIN É CHEFE DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE DE SAN DIEGO [CALIFÓRNIA, EUA]. FOI PRESIDENTE DA BRAZILIAN STUDIES ASSOCIATION DE 2006 A 2008.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Suplemento ALIÁS - Domingo, 25 de agosto de 2013 - Pg. E9 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,o-espiao-que-sabia-tudo,1067451,0.htm

sábado, 24 de agosto de 2013

21º Domingo do Tempo Comum - Ano C - Homilia

Evangelho: Lucas 13,22-30

13,22 Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava. 
23 Alguém lhe perguntou: “Senhor, são poucos os homens que se salvam?” Ele respondeu: 
24 “Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão. 
25 Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater à porta, dizendo: ‘Senhor, Senhor, abre-nos’, ele responderá: ‘Digo-vos que não sei de onde sois’. 
26 Direis então: ‘Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças’. 
27 Ele, porém, vos dirá: ‘Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores’. 
28 Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora. 
29 Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus. 
30 Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos”. 

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
CONFIANÇA SIM, FRIVOLIDADE NÃO!

A sociedade moderna vai impondo, cada vez com mais força, um estilo de vida marcado pelo pragmatismo do imediato. Quase não mais interessam as grandes questões da existência. Não temos mais  certezas firmes nem convicções profundas. Pouco a pouco, vamos nos convertendo em seres triviais, carregados de lugares-comuns, sem consistência interior nem ideais que alimentam o nosso viver diário, para além do bem-estar e da segurança de momento.

É muito significativo observar a atitude generalizada de não poucos cristãos diante da questão da "salvação eterna" que tanto preocupava há apenas poucos anos: muitos a apagaram, sem mais, de sua consciência; alguns, não se sabe bem o porquê, se sentem no direito a um "final feliz"; outros não querem recordar experiências religiosas que lhes fizeram muito mal.

De acordo com o relato de Lucas, um desconhecido faz a Jesus uma pergunta frequente naquela sociedade religiosa: "São poucos os que se salvam?" Jesus não responde diretamente à sua pergunta. Não lhe interessa especular sobre esse tipo de questões estéreis, tão ao gosto de alguns mestres da época. Vai diretamente ao essencial e decisivo: como devemos atuar para não ficarmos excluídos da salvação que Deus oferece a todos?

"Esforçai-vos por entrar pela porta estreita". Estas são suas primeiras palavras. Deus abre a todos a porta da vida eterna, porém devemos nos esforçar e trabalhar para entrar por ela. Esta é a atitude sadia. Confiança em Deus, sim; frivolidade, despreocupação e falsas seguranças, não.

Jesus insiste, sobretudo, em não nos enganarmos com falsas seguranças. Não basta pertencer ao povo de Israel; não é suficiente ter conhecido, pessoalmente, Jesus pelos caminhos da Galileia. O decisivo é entrar, desde agora, no reino de Deus e sua justiça. De fato, os que ficam fora do banquete final são, literalmente, "os que praticam a injustiça". Jesus convida à confiança e à responsabilidade. No banquete final do reino de Deus não se sentarão somente os patriarcas e profetas de Israel. Estarão, também, pagãos vindos de todos os rincões do mundo. Estar dentro ou estar fora depende de como cada um responde à salvação que Deus oferece a todos.

Jesus conclui com um provérbio que resume sua mensagem. Em relação ao reino de Deus, "há últimos que serão os primeiros, e primeiros que serão os últimos". Sua advertência é clara. Alguns que se sentem seguros de ser admitidos podem ficar de fora! Outros que parecem excluídos, com antecedência, podem estar dentro.

Jesus está caminhando para Jerusalém. Sua marcha não é a de um peregrino que sobe ao Templo para cumprir suas obrigações religiosas. Segundo Lucas, Jesus percorre cidades e aldeias "ensinando". Há algo que ele precisa comunicar àquelas pessoas: Deus é um Pai bom que oferece a todos a sua salvação. Todos estão convidados a acolher o seu perdão.

Os pecadores se enchem de alegria ao ouvi-lo falar da bondade insondável de Deus: também eles podem esperar a salvação. Os setores farisaicos, entretanto, criticam a sua mensagem e também a sua acolhida a arrecadadores de impostos, prostitutas e pecadores: Jesus não estaria abrindo caminho para um relaxamento religioso e moral inaceitável?

NEM TUDO DÁ NA MESMA

Segundo Lucas, um desconhecido interrompe a caminhada de Jesus e lhe pergunta pelo número dos que se salvarão: serão muitos?, serão poucos?, todos se salvarão?, somente os justos? Jesus não responde diretamente à sua pergunta. O importante não é saber quantos se salvarão. O principal é viver com atitude lúcida e responsável para acolher a salvação desse Deus bom. Jesus recorda a todos: "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita".

Desse modo, corta pela raiz a reação daqueles que entendem a sua mensagem como um convite ao laxismo. Seria zombar do Pai. A salvação não é algo que se recebe de maneira irresponsável por parte de um Deus permissivo. Não é, tampouco, um privilégio de alguns eleitos. Não basta ser filhos de Abraão. Não é suficiente ter conhecido o Messias.

Para acolher a salvação de Deus é necessário esforçar-nos, lutar, imitar o Pai, confiar em seu perdão. Jesus não rebaixa suas exigências: 
  • "Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso";
  •  "Não julgueis e não sereis julgados";
  •  "Perdoai setenta vezes sete", como vosso Pai;
  •  "Buscai o reino de Deus e a sua justiça".
Para entender, corretamente, o seu convite a "entrar pela porta estreita" devemos recordar das palavras de Jesus que podemos ler no evangelho de João: "Eu sou a porta; se alguém entra por mim será salvo" (Jo 10,9). Entrar pela porta estreita significa "seguir Jesus"; aprender a viver como Ele; tomar sua cruz e confiar no Pai, que o ressuscitou.

Neste seguimento de Jesus nem tudo vale, nem tudo dá no mesmo: temos de responder ao amor do Pai com fidelidade. O que Jesus pede não é o rigorismo legalista, mas o amor radical a Deus e ao irmão.

Por isso o seu chamado é fonte de exigência, porém não de angústia. Jesus é uma porta sempre aberta. Ninguém pode fechá-la. Somente nós, se nos fecharmos ao seu perdão.

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Terça-feira, 20 de agosto de 2013 - 10h27 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php