«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Estudo mostra que quatro grandes grupos econômicos brasileiros são subordinados ao capital internacional

Luiz Sugimoto
Jornal da Unicamp
23 de junho de 2014 a 03 de agosto de 2014 

Recentemente ressurgiu a discussão sobre um tema efervescente dos anos 1950 aos 70: que o Brasil, como naquela época, estaria passando por um novo momento desenvolvimentista, buscando uma autonomia relativa e ganhando base material para colocar o capitalismo a serviço de um projeto nacional, mais democrático e socialmente justo. A observação é do economista Artur Monte Cardoso, cuja dissertação de mestrado, porém, aponta para um processo de reversão das bases do desenvolvimento brasileiro ou, mais que isso, de reversão neocolonial. “Burguesia brasileira nos anos 2000 – Um estudo de grupos industriais brasileiros selecionados” é o título do trabalho orientado pelo professor Plínio Soares de Arruda Sampaio Junior e apresentado no Instituto de Economia (IE) da Unicamp.

Feito um estudo qualitativo da organização empresarial de uma parcela representativa da burguesia brasileira, o autor da pesquisa optou por estudar quatro grandes grupos econômicos que cresceram enormemente neste início de século, tendo se internacionalizado e figurado entre os chamados “campeões nacionais”: Vale (mineração), Gerdau (siderurgia), Cosan (sucroalcooleiro) e JBS (carnes).

Cada grupo teve mapeado seu mercado, base produtiva, base financeira, vínculos com o Estado e estratégia adotada no período de estudo. “Fiz a escolha a partir do anuário Valor Grandes Grupos, que publica uma lista dos maiores grupos econômicos, dentre os quais extraí os maiores brasileiros privados do setor produtivo – excluí, portanto, a Petrobrás e empresas dos setores de serviço, comércio e finanças.”

Das conclusões da dissertação, Artur Cardoso antecipa a de que a força demonstrada pelos quatro grupos em seus setores está limitada por ocuparem uma posição subordinada ao capital internacional e dependente do socorro do Estado, não apenas para obter financiamentos, mas para gerar mercados e negócios em geral; e que esta dependência os condiciona a explorar a base de que dispõem: recursos naturais (terras, minas) e mão de obra barata. “Trata-se de uma burguesia capaz de fazer grandes negócios, mas cujo crescimento contribui pouco para o desenvolvimento do país. Dentro de um processo que podemos chamar de reversão neocolonial, esta classe tende a se tornar mais pragmática, especulativa e rentista: uma burguesia dos negócios.”

Cardoso atenta que os grupos estudados são incapazes de controlar variáveis estratégicas da acumulação, ficando vulneráveis às oscilações internacionais. “O impulso que conseguiram em seus mercados foi resultado direto do ciclo econômico internacional, via elevação da demanda e dos preços, ou indireto, através do surto de crescimento interno. Sua base produtiva está em segmentos de tecnologia simples, livre e com baixos encadeamentos. Sua base financeira foi o capital internacional, assim como o Estado, que ainda dinamizou mercados (como o de aço) com projetos de infraestrutura. Quanto à estratégia de crescimento dos grupos, inclusive de internacionalização, deveu-se principalmente ao processo de aquisição de concorrentes e não de construção de capacidade produtiva, chegando ao caso extremo de associação direta com o capital estrangeiro.”

Balanço histórico

O autor da pesquisa recorda que entre os anos 50 e 70 havia um grande debate sobre as transformações em curso no país, à medida que se incrementava a industrialização, alimentando a ideia de nação. “O golpe militar e a entrada de empresas transnacionais colocaram uma nova problemática, a da maior dependência externa. Eu me baseio em autores como Florestan Fernandes, Celso Furtado e Caio Prado Junior, todos críticos deste processo. Eles consideravam que apesar da industrialização e do milagre econômico, o Brasil apresentava enormes dificuldades para construir bases nacionais que permitissem conciliar um capitalismo relativamente autônomo e colocar nas mãos do Estado a capacidade política de construir um país de verdade.”

O balanço a partir dos 80, segundo Artur Cardoso, foi bastante negativo, com o país entrando em crise econômica profunda e se obrigando a ajustes para pagar a dívida externa; nos 90, o mergulho no neoliberalismo, com abertura econômica, privatizações, entrada de capital estrangeiro em pé de igualdade com o nacional, financeirização da economia e desindustrialização. “Hoje se vê claramente as mudanças na base material, com um Estado que depende fortemente de ciclos internacionais, tanto para exportação de commodities como para afluxo de capital. Se esses ciclos se tornam desfavoráveis, o Estado perde a capacidade de fazer política social e a margem fiscal para investimentos. Apesar da euforia sobre um novo desenvolvimentismo, inclusive por parte do governo, ao investigar nas raízes vejo um processo acelerado de reversão neocolonial.”

Escolha das empresas

Artur Cardoso justifica a escolha da Vale, Gerdau, JBS e Cosan por serem líderes em seus setores de atuação, e áreas nas quais o Brasil ocupa papel importante no mundo. “Na mineração, a Vale, privatizada há mais de dez anos, vem comprando minas em outros países num processo de internacionalização recente; na siderurgia, a Gerdau começou a adquirir usinas no exterior nos anos 80 e é líder das Américas em aços longos (básicos na construção); a JBS, dona da marca Friboi, tornou-se uma gigante global depois de comprar a Swift americana em 2007; e a Cosan, que tem origem no setor sucroalcooleiro, é uma exceção com atuação internacional mais pontual, mas que vem se diversificando nos últimos anos.”

Na opinião do economista, as características destes grupos espelham o que o Brasil tem se tornado com a reprimarização [venda de produtos primários: da mineração, da agricultura e pecuária] da pauta de exportações induzida pelo boom de commodities [grande procura e venda de mercadorias in natura: soja, minérios, açúcar, carne etc.], por causa sobretudo da China. “Fatores alheios ao país fazem com que estas empresas, que já eram grandes, se tornem ainda mais importantes. No entanto, elas não controlam a incorporação do progresso técnico para aumento da produtividade; simplesmente compram os pacotes tecnológicos. A Cosan e a JBS, grandes exportadores de açúcar e de carne, atuam basicamente no controle da terra e do trabalho barato, além de exercer influência política local, regional e mesmo nacional. Um problema é que, embora essas empresas movimentem muito dinheiro, ficam com uma margem bem menor do que aquela distribuída ao longo da cadeia.”

Segundo Artur Cardoso, a dinâmica da Vale e da Gerdau é um pouco diferente, a começar pela mineradora, que parece assentada sobre uma mina de ouro, no caso, de minério de ferro da melhor qualidade. “Por conta das variáveis externas, o preço da tonelada de minério pode dobrar em poucos anos, enquanto o gasto da Vale com pessoal, maquinário e extração seria o mesmo – há um excedente econômico gigantesco [lucro]. Este excedente, porém, passou a ser pulverizado após a privatização, entre milhares de acionistas e alguns controladores privados que querem aumentar o negócio da mineração independentemente dos custos sociais e ambientais. Se este excedente estivesse nas mãos do Estado, poderia ser colocado a serviço do desenvolvimento nacional.”

A Gerdau, como explica o autor da dissertação, é uma indústria de transformação, teoricamente capaz de incorporar tecnologia nova e agregar valor ao seu produto, mas que se insere em projetos de infraestrutura caracterizados por um padrão de acumulação dependente e subdesenvolvido. “É bom que existam grandes siderúrgicas no país, pois formam a base do setor industrial. A questão, no plano mundial, é que a Gerdau disputa um mercado saturado: depois da ascensão da China e da crise de 2008, há uma grande capacidade ociosa e uma acirrada concorrência que dita o limite de preços. Ou seja, ao mesmo tempo em que sobe o preço do minério de ferro, os preços do aço estão contidos pela concorrência.”

Criação de mercados

Cardoso atenta para o fato de que, diante da pequena margem de manobra, estes grupos econômicos dependem de financiamentos e da criação de mercado pelo governo brasileiro. “Para conseguir comprar a Swift americana, a JBS recebeu um aporte fenomenal do BNDES, sem que víssemos a empresa investir em tecnologia ou obter ganho em escala [ao elevar o volume de produção, o custo para fazer cada item diminui] para a diversificação, como em melhoramento genético ou vacinas. O BNDES, a propósito, é sócio da Vale e acionista da Gerdau e da JBS, além de ter concedido empréstimo subsidiado à Cosan. E a contrapartida desses grupos para o conjunto da economia brasileira é baixíssima.”

A dependência destas empresas do capital internacional também é frisada pelo economista, que acusa casos de financiamento obtidos diretamente nos EUA, lançando títulos de dívida. “O interesse dos investidores estrangeiros nestes setores é que, apesar da margem pequena, ainda são lucrativos. A dependência faz com que as empresas criem vínculos não só em termos de endividamento, mas também em associações: as quatro, associadas a outras empresas, mantêm operações no exterior. No fundo, elas não atuam como capital nacional e sim como capital internacional, sem compromisso com o crescimento do mercado interno e vendendo cada vez mais para o mercado externo.”

Na opinião de Artur Cardoso, um caso exemplar de associação é da Cosan que, tendo se tornado a maior usina do mundo, dela se esperava que procurasse dominar o mercado do etanol, controlando também a sua comercialização. “De fato, a Cosan comprou os ativos da Esso (que deixou o Brasil) e, com a rede de postos, diminuiu o problema da pequena margem na produção do etanol. Mas, dois anos depois, selou associação com a Shell, formando a Raízen – uma joint venture [ significa a união de duas ou mais empresas já existentes com o objetivo de iniciar ou realizar uma atividade econômica comum, por um determinado período de tempo] com 50% de capital de cada parte. Nos termos do acordo, a sócia anglo-holandesa terá opção de compra da Raízen após dez anos, e mesmo diante de uma recusa da Cosan, poderá assumir o controle adquirindo mais 25%; e, passados mais cinco anos, garantirá a opção de compra total. Cito no trabalho a observação de um analista financeiro de que isso mais parece uma operação de venda que de associação.”
 Megaoperação de especulação

Outra conclusão do economista é que estas operações vão revelando a lógica profundamente especulativa e rentista pelo menos dos grupos estudados – “não me atrevo a extrapolar para outros setores” –, que reproduzem relações históricas da economia brasileira. “Se tomarmos uma empresa como a Cosan e um senhor de engenho, o padrão de relacionamento é idêntico: o senhor de engenho tinha um negócio mundial, exportando para os mercados mais dinâmicos da época (a Europa crescente); era financiado por capitais estrangeiros fortes, como dos holandeses; detinha uma tecnologia então de ponta para produção de açúcar em grande escala; e, embora ficasse com uma margem de lucro pequena, detinha o controle de terra e do trabalho escravo.”

Para Artur Cardoso, o que estamos assistindo nas últimas décadas é a desestruturação da base material que permitiria algum progresso econômico, com mais empregos e de melhor qualidade, maiores salários, incremento do mercado interno, arrecadação tributária para políticas sociais e respeito ao meio ambiente. “Todos esses aspectos do desenvolvimento estarão em xeque enquanto dependermos de uma burguesia como a retratada no estudo, constituída por empresas que não estejam correspondendo a um projeto de nação. Na verdade, é uma burguesia de negócios. As burguesias do mundo inteiro fazem negócios, mas também fazem um Estado forte, inovação tecnológica, competição. No Brasil, ao que parece, só fazem negócios, qualquer negócio.”

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quinta-feira, 31 de julho de 2014 – Internet: clique aqui.

"TODO MUNDO QUER LEVAR O SEU"

Sem fantasia
Edivaldo Manoel Sevino à esquerda, Marina Silva e Eduardo Campos (Osasco)

A ex-senadora Marina Silva foi precisa ao definir o que acabara de lhe contar o assessor sobre a expectativa de Edivaldo Manoel Sevino de receber "unzinho" [um mil reais] em troca da cessão de sua casa em Osasco (SP) para funcionar como comitê eleitoral da campanha de Eduardo Campos.

"Esse é o padrão a que as pessoas estão acostumadas", disse a candidata a vice-presidente na chapa do PSB, já disposta a recusar a oferta da casa que pouco antes - quando ainda acreditava ser um gesto voluntário - a deixara "emocionada".

De fato, Edivaldo, conhecido como "Piauí", carregador em entreposto de mercadorias na capital de São Paulo, reagiu absolutamente dentro do modelo cultural vigente. Na política, embora não só nela.

Indagado por qual razão resolvera abrir a residência para funcionar como comitê ao molde das "Casas de Marina" de 2010 (agora "Casas de Eduardo e Marina") perguntou se poderia responder a verdade. Encorajado, foi em frente: esperava engordar o orçamento da família.

A questão do voluntariado como ação política não lhe passa pela cabeça. Políticos querem o voto e para isso precisam dar algo em troca. Promessas? As pessoas estão cansadas de ouvir. Portanto, convém não perder a chance que faturar "unzinho" quando ela aparece.

Inadmissível, como qualificou a ex-senadora? Sem dúvida. Fora do modelo das casas-comitê, como uma maneira de doação popular, e distante do conceito da renovação das práticas da política que prega sua campanha? Totalmente.

Mas quem foi mesmo que avisou aos Edivaldos que a coisa ali seria diferente? Aliás, quem os ensinou ou deu exemplos de como seriam as novas regras? Com certeza absoluta não foi nenhum dos candidatos à Presidência nem os partidos envolvidos na disputa.

Ao contrário. Tudo o que fizeram foi se jogarem num festim licencioso chamado por algumas autoridades de apelidos vulgares que andam sendo repetidos por aí para denominar a salada indigesta de legendas País afora, a fim de formar as tais "alianças estratégicas".

Deram-se os braços jacarés e cobras d'água sem o menor constrangimento em troca de minutos, às vezes segundos, no horário eleitoral. O governo federal trocou ministro e não hesitou em "destrocar" diretor indicado por partido (PTB) que desistiu na última hora do apoio à presidente.

Diante disso e dos "milhõezinhos" gastos nas campanhas eleitorais, o "unzinho" de Edivaldo "Piauí", francamente, mostra que na escola onde só tem catedrático ele é calouro no pré-primário.

Não obstante a inexperiência e a falta de traquejo, nosso personagem resumiu num só vocábulo a razão pela qual há tanta dificuldade, se não mesmo uma impossibilidade, de se fazer uma reforma política de verdade.
Sem querer, matou a charada: O Brasil é a República do "unzinho". Todo mundo quer levar o seu e isso não leva o País a nada.

Intimidação

"Eu vou ter uma atitude bastante clara em relação ao banco" [Santander], disse a presidente Dilma Rousseff durante a sabatina conjunta da Folha de S. Paulo, rádio Jovem Pan, portal UOL e SBT, na própria declaração se contradizendo ao não ser clara sobre qual atitude pretende tomar.

O jogo é de nítida intimidação. Primeiro sobre as consultorias de análise de risco da economia. Se cederem ao desejo do Planalto que evidentemente é que não tracem seus cenários, mais exigências virão na tentativa de alcançar outros setores com base na ameaça do uso da mão pesada do Estado.

Indispensável, pois, que não se perca de vista o seguinte: não é o governo quem determina o que é proibido ou permitido. É a Constituição do Brasil.

No artigo 5.º assegura a liberdade de expressão e no 37.º exige da administração pública o cumprimento da legalidade, da impessoalidade, da transparência e da impessoalidade.


Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Quarta-feira, 30 de julho de 2014 – Pg. A6 – Internet: clique aqui.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

NO PAÍS DA MARACUTAIA NEM TEMPLO EVANGÉLICO ESCAPA

Megatemplo da Igreja Universal foi construído com “alvará de reforma”

 DIEGO ZANCHETTA e BRUNO RIBEIRO

Obra recebeu autorização da Prefeitura que livrou Igreja Universal de pagar R$ 35 milhões em contrapartidas para a cidade
"Templo de Salomão" da Igreja Universal do Reino de Deus em fase final de construção

O Templo de Salomão, no Brás, região central de São Paulo, foi construído com autorização de um alvará de reforma expedido em outubro de 2008, o que livrou a Igreja Universal do Reino de Deus de pagar 5% do valor da obra, de R$ 680 milhões, em contrapartidas e melhorias para o viário do entorno – ou seja, cerca de R$ 35 milhões. Para uma obra com mais de 5 mil metros quadrados e 499 vagas de estacionamento, o alvará solicitado deveria ser o de nova obra, conforme determina a lei dos polos geradores de tráfego, de 2010.

Mas a Igreja Universal conseguiu autorização para fazer uma “reforma” com área adicional de 64.519 metros quadrados, em um terreno que tinha área construída de 2.687,32 m². A autorização foi emitida pelo setor Aprov 5, da Secretaria Municipal de Habitação, à época comandado pelo ex-diretor Hussein Aref Saab, demitido em 2012 sob suspeita de enriquecimento ilícito.

O setor de Aref também renovou o alvará de reforma da igreja no dia 11 de dezembro de 2010, quando a nova lei dos polos geradores de tráfego já estava em vigor. À luz da nova legislação, as contrapartidas do templo deveriam somar 5% do valor da obra. Mas, segundo a Prefeitura informou na semana passada, as melhorias exigidas do templo se limitam ao rebaixamento de cinco guias de cruzamentos, instalação de um conjunto de sete semáforos e o plantio de 25 mudas de árvores.

O Ministério Público Estadual abriu inquérito para apurar a construção irregular do megatemplo. Ao todo, o templo terá capacidade para 10 mil pessoas sentadas e 1,2 mil vagas de estacionamento. A Promotoria de Habitação também quer saber se houve mesmo uma reforma ou se trata de obra nova.

Na inauguração, amanhã, são esperadas as presenças da presidente Dilma Rousseff (PT) e do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Os 55 vereadores paulistanos também foram convidados para o evento. O templo passa a ser o maior espaço religioso do País – é quatro vezes maior que a Basílica de Aparecida.
Edir Macedo, líder da IURD, ao lado do, então, prefeito de S. Paulo Gilberto Kassab
em visita às obras do "Templo de Salomão" (01/09/2010)

SEM LICENÇA

Questionada pelo MP [Ministério Público] sobre a situação das licenças para o funcionamento do templo, a Secretaria de Licenciamento informou que um projeto modificativo de alvará de reforma foi apresentado pela igreja em 2011 e acabou indeferido no dia 3 de setembro.

O atual pedido de reconsideração do indeferimento está em análise na mesma pasta, segundo informou ao MP, no dia 7 deste mês, a coordenadora de Edificação de Serviços e Uso Institucional da Prefeitura, Rosane Cristina Gomes. Portanto, apesar de ter obtido a certidão de diretrizes da CET [Companhia de Engenharia de Tráfego] necessária para a inauguração, o templo ainda não tem o alvará definitivo para abrir as portas amanhã.

Já o relatório de impacto da vizinhança, outro documento necessário à abertura do templo, foi feito por uma empresa de engenharia contratada pela própria Igreja Universal em 2011. O documento também se encontra em análise na Secretaria Municipal de Licenciamento, sem aprovação. A informação foi prestada ao MP no dia 14 deste mês pela servidora Lúcia Elena Pizzotti.

A Igreja Universal informou ter as licenças necessárias e desconhece qualquer investigação do MP. Já o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) informou que “a Prefeitura foi rigorosa no cumprimento de requisitos para aprovação de projetos”.

A gestão atual, que na semana passada havia informado que a obra estava regular, ontem admitiu que existe um “projeto modificativo de alvará de reforma” em análise no governo. No dia 19 deste mês, porém, a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) emitiu uma “autorização para evento” para a Igreja Universal. De qualquer forma, o alvará necessário para a igreja funcionar (alvará de conclusão de obra) ainda não foi emitido pela Prefeitura.
Hussein Aref Saab - diretor do
Setor Aprov 5 - Secretaria Municipal de Habitação

MANOBRA NA CÂMARA MUNICIPAL BENEFICIOU TEMPLO

O novo Plano Diretor de São Paulo, que ainda aguarda sanção do prefeito Fernando Haddad – o que só deve ocorrer no próximo mês –, também vai beneficiar templos. O texto regulariza de pequenas a grandes igrejas evangélicas, incluindo o Templo de Salomão, erguido pela Igreja Universal do Reino de Deus no Brás, como mostrou o [jornal] O Estado de S. Paulo no dia 27 de junho.

O projeto altera a classificação do lote onde foi construído o templo. Hoje, a área é uma Zona Especial de Interesse Social (Zeis) do tipo 3, que indica terrenos subutilizados ou abandonados, mas em locais com boa infraestrutura urbana, ou seja, apropriados para receber moradias populares. Com 74 mil metros quadrados de área construída e 10 mil lugares, o templo e o terreno vizinho comprado pela Universal para servir de estacionamento estão irregulares, pelas normas do Plano Diretor em vigor.

Segundo o relator do novo projeto, vereador Nabil Bonduki (PT), a mudança foi feita porque a Prefeitura já havia permitido a construção no local. A Comissão de Habitação da Prefeitura desclassificou a Zeis e aprovou a reforma, que acabou resultando no Templo de Salomão.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR – Blogs/Diego Zanchetta/Política Paulistana – Terça-feira, 29 de julho de 2014 – Internet: clique aqui.


Edir Macedo quer
“Garantir sua posição no ranking da fé”

Entrevista com Ricardo Bitun

Morris Kachani*

Um templo que é 4 vezes maior que o Santuário de Aparecida, equivalendo a 5 campos de futebol.
Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus na inauguração do "Templo de Salomão"
São Paulo (Brás), 31 de julho de 2014

De Hebron, na Terra Santa, foram trazidos 40 mil metros quadrados de pedras. Doze oliveiras foram importadas do Uruguai para reproduzir o Monte das Oliveiras. Nas paredes, grandes menorás – candelabros de sete braços. E Edir Macedo orando, de barba branca, vestido com uma indumentária judaica – o kipá, o talit (xale utilizado pelos hebreus nas preces - veja foto acima).

Estamos no Templo de Salomão, da igreja Universal, em São Paulo, que acaba de ser inaugurado, a um custo de R$ 680 milhões e capacidade para 10 mil pessoas.

Os últimos números apresentados IBGE dão conta de que a Universal tem perdido fiéis e espaço para as concorrentes. No último censo a igreja fundada pelo bispo Edir Macedo perdeu 229 mil adeptos, passando de 2,102 milhões para 1,873 milhão. Já a Igreja Mundial do Poder de Deus, de Valdemiro Santiago, ganhou 315 mil seguidores.

De acordo com Ricardo Bitun, professor do departamento de pós graduação de ciências da religião do Mackenzie, a construção do templo marca uma nova fase da Universal. “Pelos comerciais que estão sendo veiculados na TV Record, muito bem feitos por sinal, se projeta um novo perfil para o fiel da Universal: bem sucedido, bom cidadão, classe média, um homem de família, o famoso bordão: ‘Eu sou Universal’. Ali você tem uma dentista muito bonita, um médico, um advogado”.

“Existe uma transformação em curso. A Universal captou a ascensão de uma nova classe social e passou a trabalhar de outra forma”.

“A Universal, veio pra ficar, criar raízes e disputar fiéis no interior do campo religioso brasileiro, bem diferente de seu início modesto, quando realizava seus cultos em velhos barracões alugados”.
Ricardo Bitun - Prof. Ciências da Religião

Eis a entrevista.

O que significa a construção do Templo de Salomão no contexto religioso brasileiro atual?

Ricardo Bitun: Penso que de alguma forma ao construir o Templo de Salomão, a Universal ganha capital simbólico, ou seja, até então grandes catedrais (que representam capital simbólico) eram monopolizadas pela igreja Católica romana. Por exemplo o marco zero da cidade de São Paulo – Catedral da Sé -, ou na cidade de Aparecida do Norte, localizada entre duas grandes metrópoles, onde temos a maior catedral do Brasil, e assim por diante.

Em toda grande capital, você é capaz de vislumbrar uma grande catedral católica romana encravada no meio da cidade, com suas torres e sinos, dando visibilidade à religião e simbolizando a força da mesma na cidade.

Quem utiliza este termo capital simbólico é Pierre Bourdieu, sociólogo francês, ressaltando que a religião é portadora de um “capital religioso”, que por não ser obrigatoriamente quantificado ou mensurado, pode ser chamado de “capital simbólico”. Significa dizer que no chamado “campo religioso” há uma disputa por parte das instituições para disponibilizar e manipular os “bens simbólicos de salvação” que compõem o capital (areia abençoada, mesa branca energizada, óleo orado, rosa ungida, entre outros).

Com a construção do Templo de Salomão o eixo simbólico religioso é no mínimo compartilhado (ou deslocado) para uma outra religião que mostra sua força e vontade de competir numérica e simbolicamente com a religião que até então (500 anos) detinha o monopólio religioso.

Além disso, mostra por parte da liderança da Universal a firme decisão de querer estabelecer suas raízes em solo pátrio, não que já não tenha estabelecido, mas a construção de um templo destas proporções reforça a ideia de que ela, Universal, veio pra ficar, criar raízes e disputar fiéis no interior do campo religioso brasileiro, bem diferente de seu início modesto, quando realizava seus cultos em velhos barracões alugados.

Como a Universal se inscreve no cenário pentecostal? O número de fiéis cresce ou diminui? Quem são os principais concorrentes da Universal e quem os apóia?

Ricardo Bitun: A Universal é descrita por sociólogos e pesquisadores da religião como pertencente ao chamado neopentecostalismo – pentecostais que se distanciaram da antiga matriz pentecostal clássica como por exemplo as Assembleias de Deus e tantas outras. Utilizam a Teologia da Prosperidade - teologia que interpreta os textos bíblicos a fim de que os fiéis creiam que Deus tem saúde e bênçãos materiais para entregar ao seu povo -, como sua principal alavanca na conquista de novos fiéis, prometendo-lhes a riqueza terrena ao invés das futuras riquezas celestiais. As benesses do céu são para o “aqui e o agora”.

Os últimos números apresentados pelo IBGE dão conta de que a Universal tem perdido fiéis e espaço para as concorrentes, também pertencentes ao neopentecostalismo: Mundial do Poder de Deus, Internacional da Graça de Deus e outras menores.

Qual a diferença entre o público delas e da Universal?

Ricardo Bitun: Além de curiosos, pesquisadores e público em geral, penso que o próprio fiel da Universal terá muito interesse e “orgulho” em estar dentro do templo da sua igreja. Arrisco a dizer que o imaginário medieval pode aqui muito bem ser reproduzido na cabeça do fiel moderno (guardada as devidas proporções espaciais e temporais). Imagine um camponês saindo de sua pequena casa e entrando numa grande igreja europeia da Idade Média, com afrescos e ouro por todos os lados? Qual a sensação que passaria por sua cabeça? Poder, riqueza, luxo, etc.? Você poderia me dizer: -“Isto num primeiro momento, mas depois não viria a raiva, o sentimento de opressão, exploração, etc?”. Provável. Mas, também o de construção de algo que lhe dê orgulho, grandeza, etc.

Penso que o mesmo acontece, (numa análise bem simples e informal) com o fiel da Universal, aquela é a sua “casa”, a “sua” igreja.

No que o público da Universal se diferencia das outras neopentecostais?

Ricardo Bitun: O público é também das classes menos favorecidas, mas não só. Você vê pelas propagandas na TV. Nas outras o poder aquisitivo dos fieis é mais baixo, de forma geral.

Por exemplo, Valdemiro Santiago, da Mundial, dá mais ênfase para a cura divina, e a Universal vem se distanciando disso. A tendência está em buscar a nova classe média. Talvez a Universal tenha mais apelo com ela, sem esquecer o pessoal lá de baixo.
"Templo de Salomão" - bairro do Brás em São Paulo (SP)

Os cultos e a mitologia da Universal mudaram ao longo do tempo ou continuam os mesmos? Tem alguma ideia ou projeção de quanto a igreja arrecada em termos de dízimos?

Ricardo Bitun: A ênfase da Universal em seu começo (1977) foi o exorcismo, a “guerra santa” contra os poderes diabólicos, encarnados principalmente nas religiões afro. Possuía até então um forte viés maniqueísta vendo o mundo como o palco de uma luta constante entre Deus e o Diabo, dividindo assim todas as suas estratégias e atividades.

Na década de 80 e 90 eles mudam sua ênfase, migrando para a teologia da prosperidade como seu principal foco. Isto é facilmente verificável através do chamados “testemunhos” via TV (Record). Antes era o “eu era pobre, desempregado, miserável…”, agora é “tenho dois carros do ano, casa própria e uma próspera empresa”. Este é o rosto da Universal pós década de 80 e 90.

Estamos presenciando agora uma outra fase, que tem seu início, ao que me parece desde a construção do templo. Pela TV se projeta um novo perfil para o fiel da igreja: bem sucedido, bom cidadão, classe média, um homem de família, o famoso bordão: “Eu sou Universal”.

Não quero dizer com isso que ela abandone as outras fases (exorcismo, prosperidade, etc), apenas que ela não mais as enfatiza.

Quanto à arrecadação ninguém nunca soube ao certo e asseguro que nunca saberá, este segredo é guardado a sete chaves.

Como se dá a interface entre Universal e Record? Qual o nível de representatividade política da igreja?

Ricardo Bitun: A igreja ocupou com muita habilidade o espaço público, principalmente o espaço político. Hoje presenciamos no Rio de Janeiro Garotinho e Crivella numa disputa acirrada pelo governo. Crivella, sobrinho de Edir Macedo, foi ministro da pesca no atual governo. Vereadores, deputados e senadores ligados à igreja são cuidadosamente eleitos e colocados estrategicamente em postos-chave nas comissões que interessam à Universal, principalmente as ligadas a rádio e televisão. Voltando um pouco no tempo, percebemos a importância da Universal no cenário político quando da derrota eleitoral de Lula representado pela esquerda, assim como na eleição de Fernando Collor (89) e Fernando Henrique (94).

O que sabe sobre o momento atual de Edir Macedo? Na última foto ele aparece vestindo toda a indumentária religiosa judaica, além da barba branca. Tem um motivo? Ou ainda, qual seria sua opinião pessoal a respeito disso tudo?

Ricardo Bitun: Sua indumentária judaica, sua longa barba branca, etc., compõe o cenário “religioso espetacular” o qual ele, Edir Macedo está pronto a encenar.

Sabe-se pelo último censo do IBGE que a Universal perdeu fiéis para seus concorrentes diretos, principalmente a Mundial do Poder de Deus. Um “contra-ataque” se faz necessário para todo aquele que deseja manter-se na liderança e em pleno crescimento. Creio que Edir Macedo, como todo empresário bem-sucedido, quer garantir sua posição no “ranking da fé”.

Por que a indumentária judaica?

Ricardo Bitun: Não só a Universal como outras igrejas neopentecostais, resgatam uma tendência judaizante. Os pentecostais estão muito mais próximos do judaísmo que os católicos. É uma forma de se diferenciarem do arcabouço católico romano que formou a nação brasileira nestes primeiros 500 anos.

E o ritual judaico é riquíssimo, ele dá uma liga. O Antigo Testamento é extremamente simbólico e afinal, constitui aproximadamente ¾ da Bíblia.

A Universal utiliza muitos elementos do judaísmo em suas campanhas. Por exemplo, tem a campanha da Pedrinha de David, na qual o fiel vai lá na frente, faz uma oferta e ganha uma pedrinha simbolizando David. Esta pedrinha supostamente serve para ser usada na hora das dúvidas. O fiel é orientado a pegá-la na mão e orar, em busca de uma solução.

Segundo a Bíblia David destruiu o inimigo filisteu representado pelo gigante Golias, com apenas três pedrinhas.

Por que decidiram chamar este complexo religioso de Templo de Salomão?

Ricardo Bitun: O cristianismo sai do judaísmo. São muito próximos no começo. Salomão é filho de David. O Templo de Salomão foi o primeiro grande templo judaico (o Muro das Lamentações, em Jerusalém, é o que sobrou dele). Segundo a Bíblia no templo original havia uma arca de aliança toda de ouro com querubins em cima, e dentro três elementos: as duas tábuas da lei que Moisés recebeu, a vara de Arão (irmão de Moisés), e o maná – o pão que descia do céu durante a travessia no deserto. Isso se perdeu, após a destruição do templo. Mas no templo da Universal, vai ter uma réplica dessa arca.

* Morris Kachani nasceu em Beirute (Líbano), em 1968. Foi repórter da revista  “Veja”, editor da revista “Trip” e publisher do núcleo das revistas femininas da editora Abril. Há três anos está no jornal Folha de S. Paulo, atuou como editor da revista “Serafina” e repórter especial do jornal.

Fonte: Blog do Morris – Conversas com pessoas notáveis – 31/07/2014 – 19h46 – Internet: clique aqui.

Brasil é o país que mais faz cirurgias estéticas

Jamil Chade e Adriana Ferraz

[O que esse fato está a nos dizer???]
País superou EUA e hoje representa 13% de todas 
as operações realizadas para fins estéticos

Pela primeira vez, o Brasil superou os Estados Unidos e atualmente é o País com o maior número de cirurgias plásticas para fins estéticos. Segundo levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, mais de 23 milhões de intervenções foram realizadas em 2013 no mundo. Deste total, 1,49 milhão, ou 13%, ocorreram no País.

Os números divulgados nesta terça-feira, 29 de julho, contemplam cirurgias e tratamentos menos invasivos, como aplicação de botox. A associação reúne 2,7 mil membros, espalhados em 95 países. O Brasil lidera o ranking por uma diferença pequena, de cerca de 40 mil procedimentos. Nos EUA [Estados Unidos da América], o total chegou a 1,45 milhão, ante 486 mil no México, que ocupa o terceiro lugar.

O estudo ainda aponta que a cirurgia de aumento de seios continua a mais popular no mundo, com 1,7 milhão de casos em 2013, representando 15% de todas as intervenções. Nos EUA, foram 313 mil cirurgias desse tipo e 226 mil no Brasil – por aqui, o procedimento com a maior procura é a lipoaspiração ou lipossucção. No ano passado, foram 227 mil.

Além dessas intervenções, o Brasil ainda somou 139 mil casos de mastopexia – operação para levantar seios – e 77,2 mil cirurgias de nariz, segmento no qual é líder mundial. O México vem em segundo lugar, seguido pelos EUA, México e o Irã, onde a prática é disseminada.

O Brasil também lidera nas cirurgias de abdômen. Foram 129 mil intervenções, 15% de tudo o que foi realizado no mundo em 2013. Em segundo lugar estão os EUA, com 119 mil casos.

O recorde já era esperado, de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), João de Moraes Prado Neto. Segundo ele, a popularização das diversas técnicas e a melhora da condição financeira dos brasileiros explicam a liderança no setor.

Além disso, o número de clínicas e de profissionais especializados também colaboram. O Brasil tem hoje 4,8 mil cirurgiões habilitados, o segundo maior contingente, superado apenas pelos EUA. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais concentram a maior parte desses médicos. Nos três Estados, a oferta gera concorrência entre as clínicas, que, em busca de pacientes, apelam para financiamentos sem juros e promoções de inverno.

A propaganda exagerada é uma preocupação da classe médica. Moraes Prado acredita que as facilidades “ferem de morte o código de ética” e devem ser apuradas. “A cirurgia plástica não pode ser considerada uma mercadoria barata.” Para o presidente da SBCP, no entanto, essa prática ajudou a colocar o Brasil no primeiro lugar do pódio.

Botox
Na soma dos procedimentos não cirúrgicos, como a aplicação de botox, os norte-americanos ainda lideram o ranking mundial de ações estéticas, com 3,9 milhões de intervenções, ante 2,1 milhões no Brasil. A aplicação de botox no País chegou a 308 mil casos em 2013, além de 71 mil intervenções para eliminação de pelos e 61 mil tratamentos de rejuvenescimento facial.

A Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética ainda informou que o público feminino é o que mais recorreu às operações estéticas. Em 2013, 9,9 milhões de mulheres se submeteram a procedimentos cirúrgicos, alcançando 85% do total. Os homens foram responsáveis por outro 1,6 milhão de cirurgias no ano passado.

Ao comentar a liderança brasileira, a entidade responsável pelo estudo ressaltou que uma parte das operações realizadas no Brasil tem estrangeiros como pacientes. Muitos deles viajam em busca da qualidade reconhecida da técnica nacional e dos preços praticados pelas clínicas brasileiras. Na capital paulista, uma lipoaspiração, por exemplo, é negociada por cerca de R$ 6 mil.

Latinos
A posição brasileira no ranking não chega a surpreender. São os países de cultura latina e mediterrânea os que mais registram cirurgias plásticas no mundo. Entre os dez primeiros, sete são latinos: Brasil, México, Colômbia, Venezuela, Argentina, Espanha e Itália. Além dos EUA, os únicos “intrusos” no ranking são os alemães, na quarta posição. Mas com apenas um quinto das cirurgias realizadas no Brasil em 2013.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Metrópole – Quarta-feira, 30 de julho de 2014 – Pg. A19 – Internet: clique aqui.

CONTA DE LUZ PODE SUBIR DE 10% A 17% EM 2015

ANNE WARTH, ADRIANA FERNANDES E MARIA REGINA SILVA

[Passadas as eleições de outubro...]
Pelas estimativas do mercado, reajustes farão com que a energia responda por uma alta de 0,5 ponto porcentual na inflação
Romeu Rufino - Diretor-geral da Aneel

Os reajustes nas tarifas de energia elétrica devem variar entre 10% e 17% no próximo ano e pressionar ainda mais a inflação, avaliam economistas consultados pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, admitiu nesta terça-feira que apenas os dois empréstimos às distribuidoras, calculados em R$ 17,7 bilhões, terão impacto de oito pontos porcentuais na conta de luz em 2015.

O índice será repassado ao consumidor ao longo dos próximos dois anos. Se as previsões das consultorias se confirmarem, as tarifas de energia elétrica serão responsáveis por até 0,5 ponto porcentual no IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo] do próximo ano. De acordo com Rufino, porém, ainda não é possível projetar o aumento das contas de luz em 2015.

“Podemos dizer que o empréstimo terá um impacto no reajuste dessa ordem de grandeza (oito pontos porcentuais)”, afirmou Rufino. “Não estou com isso querendo dizer que o reajuste no ano que vem será de 8%, pois o reajuste leva em consideração outros fatores.” Esse aumento de oito pontos porcentuais será tratado como um componente financeiro, que entrará na tarifa em 2015, permanecerá por dois anos, e será retirado ao fim desse período, ao longo de 2017. O início do repasse ao consumidor dependerá da data do reajuste tarifário anual de cada distribuidora.
 Ciente das estimativas do mercado, a estratégia do governo é “coordenar as expectativas” para evitar que projeções mais salgadas ganhem força e afetem as projeções de inflação para o ano que vem, segundo apurou o Broadcast. A equipe econômica do governo considera que o empréstimo das distribuidoras terá um impacto de apenas 0,2 ponto no índice de inflação.

O economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, projeta um aumento de 15% na conta de luz no ano que vem.” Esse é um impacto elevado, pois vem de um único item, entre os mais de 300 que integram o IPCA”, afirmou. O economista Étore Sanchez, da LCA Consultores, estima um aumento médio de 10% na energia em 2015. Se a alta se confirmar, a inflação fecharia 2015 em 6,10%. Adriana Molinari, da Tendências Consultoria Integrada, trabalha com a expectativa de reajuste médio de cerca de 17% em energia elétrica em 2015, o que levaria o IPCA a 6,30%.

Redução
O diretor-geral da Aneel disse nesta terça-feira que outros fatores podem reduzir o índice de reajuste de 2015. A queda do valor da energia no mercado e a devolução à União das usinas da Cesp, Cemig e Copel, que geram cerca de 5 mil MW médios, devem ajudar, pois o valor cobrado pela energia dessas usinas será mais barato.

Segundo Rufino, isso será “bastante relevante” e será capaz de “neutralizar, em grande parte, se não na totalidade, o impacto do empréstimo.” O financiamento feito pelo consórcio de bancos e intermediado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) deve totalizar R$ 17,7 bilhões para as empresas. Desse total, R$ 11,2 bilhões já foram repassados e outros R$ 6,5 bilhões devem ser fechados nas próximas duas semanas. O dinheiro deve chegar às mãos das empresas no dia 10.

Com a demora em finalizar a negociação com os bancos, a Aneel adiou, mais uma vez, a data de pagamento da energia no mercado de curto prazo pelas distribuidoras. A liquidação de maio poderá ocorrer até 28 de agosto. A data original, 10 e 11 de julho, havia sido adiada para amanhã, mas o governo não conseguiu fechar todos os detalhes da operação a tempo.

O CUSTO DA CRISE:

R$ 17,7 bilhões
É a soma dos dois empréstimos para cobrir o prejuízo das distribuidoras de energia elétrica neste ano

R$ 11,2 bilhões
Já foram repassados às distribuidoras

R$ 6,5 bilhões
Estão sendo negociados e devem ser aprovados em breve

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia – Quarta-feira, 30 de julho de 2014 – Pg. B8 – Internet: clique aqui.