«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

NÃO CUSTA PERGUNTAR: PARA ONDE VAMOS?

A CAMINHO DAS ELEIÇÕES SEM SABER AONDE VAMOS

Washington Novaes
Quem quer que se detenha hoje no noticiário sobre a política brasileira e sobre a campanha eleitoral que se avizinha não terá como escapar a certa perplexidade e a interrogações inquietadoras. Quando nada, porque a situação parece indefinida.
As pesquisas sobre intenções de votos para a Presidência da República sugerem um quadro ainda em mutação, quase volátil. Com a ocupante do cargo em vantagem, mas com a oposição ainda sem saber com clareza para onde vai - e se vai unida ou fragmentada, ou que consequências terá sobre o eleitorado o início do julgamento do "mensalão mineiro"; se a Justiça proibirá ou não doações de empresas para campanhas e quem mais perderá ou ganhará com isso. Nesse panorama, o partido dominante no poder leva vantagem - seja por dispor das "benesses" desse poder que seduzem votantes, seja porque o "aparelhamento" nos cargos públicos (fala-se em dezenas de milhares de partidários, talvez centenas de milhares) facilita as ações.
Também nesse panorama, as perguntas são muitas. Começando, num âmbito mais amplo, com as interrogações sobre o que acontecerá no País se continuarem prevalecendo as graves questões do clima que nos assoberbam. Seca mais prolongada, embora já seja a pior em muitas décadas? Com que consequências nos reservatórios e no abastecimento de água? E no campo da energia? Como isso se refletirá na avaliação dos candidatos?
Depois, cabe perguntar que rumo tomarão os chamados protestos de rua. Que legislação vem por aí? Haverá proibição de "mascarados", como quer o governo federal, com prisão de até dez anos para eles? Mas com a Copa do Mundo de Futebol se aproximando e 75,8% dos eleitores inconformados com os custos gigantescos assumidos pelo governo (CNT, 19/2)?
Não é o único complicador. Também da área econômica vêm muitos indicadores que sugerem prudência - PIB nacional em queda, redução nas vendas de veículos (provavelmente com o maior endividamento dos setores sociais "emergentes" internos), baixa nos índices de emprego no último trimestre de 2013 e nos números de assentados em áreas rurais. As notícias internacionais oscilam de rumo, ora com o Fundo Monetário Internacional dizendo que "o crescimento global mantém o ritmo" (Estado, 20/2), ora com os Estados Unidos alertando para a "turbulência" nos emergentes (22/2), que precisariam pôr "a casa em ordem". As contas correntes brasileiras registraram em janeiro o maior déficit mensal já apurado - US$ 11,6 bilhões (Estado, 22/2). Internamente, diz o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues que "a lua de mel com o Brasil acabou" e que é "cada vez mais forte entre empresários a ideia de que o País será rebaixado pelas agências de rating" (13/2).
Teremos eleições com a economia em declínio? Que consequências daí advirão - ainda mais com o governo federal anunciando (Folhapress, 21/2) que realmente o crescimento do PIB será menor do que o estimado antes e que fará um corte de R$ 44 bilhões nas despesas governamentais? Em que áreas, com que reflexos no eleitorado?
Tudo isso vem num momento de alta turbulência internacional, conflitos entre superpotências a respeito da Ucrânia, queda de mais um governo no Egito, povo revoltado nas ruas da Indonésia, na Síria, na Venezuela, até na Argentina - os dois últimos trazendo mais aflição ao Brasil. Até na China, ferreamente controlada, se sucedem protestos em Pequim e outras cidades, por causa da poluição do ar (FP, 25/2).
As rebeliões nas ruas demonstram mais uma vez que as mobilizações sociais via redes na internet - sem projetos políticos específicos - têm levado a fortes turbulências e até a mudanças de governos, sem que se configure uma nova realidade política e social - como já se escreveu neste espaço. E hoje é muito alta a porcentagem de eleitores nas nossas redes. Para citar um caso, em Goiás mais de 40% deles participam de alguma rede; entre jovens de 16 a 18 anos, são 80%; quase 40% têm renda de até dois salários mínimos e 24%, mais de cinco salários mínimos (O Popular, 24/2). Como se refletirão essas coisas entre eles, no País todo ou num Estado onde o número de mandados de prisão por crime chega a 25 mil, o dobro da população carcerária?
A incerteza será maior ainda com a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (Agência O Globo, 14/1) que veda aos veículos de comunicação "fazer enquetes ou sondagens sobre as eleições durante o período de campanha; são proibidas as pesquisas de opinião pública sem registro formal". E a Justiça Eleitoral ainda poderá auditar "a qualquer tempo equipamentos eletrônicos portáteis usados em pesquisas". Nos dias de eleição, resultados dessas sondagens só poderão ser divulgados depois de encerrada a votação.
São muitas interrogações. Com a agravante maior de que os partidos no poder não parecem empenhados numa plataforma eleitoral que traga um diagnóstico da situação real do País e de suas questões mais graves. Da mesma forma a oposição, que até aqui se limita a discursos vagos, genéricos, sem enfrentar com clareza os problemas sociais de um país que ainda tem muitos milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da miséria. Com as cidades tumultuadas por indefinição em áreas como o transporte. Sem legislação adequada para o adensamento urbano e o agravamento de tudo ao seu redor. E muito mais.
Que se espera que aconteça? Que venham de fora soluções milagrosas? Que a seleção de futebol seja a campeã do mundo e gere euforia interna duradoura? Que tenhamos por aqui rumos diferentes dos que se veem nos países convulsionados por mobilizações em redes incontroláveis? É esperar demais.
Graves e imensas tarefas aguardam a comunicação - essencialmente, que ela seja capaz de suprir informações indispensáveis à população e que a esta permitam escolhas adequadas. Sem fugir às complexas questões visíveis em toda parte.
Fonte: O Estado de S. Paulo - Espaço aberto - Sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014 - Pg. A2 - Internet: clique aqui.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Quando a Igreja ouve o mundo

Enzo Bianchi
La Stampa
23-02-2014
Enzo Bianchi - monge, teólogo e biblista italiano

Em vista do Sínodo dos Bispos, o Papa Francisco desejou inaugurar uma nova modalidade na preparação do debate que irá ocorrer no Vaticano em meados do ano: para que se viva realmente um evento sinodal envolvendo toda a Igreja, foi enviado um questionário às dioceses individuais, para que em cada Igreja local, paróquia ou comunidade fosse possível para os cristãos manifestar o próprio pensamento sobre temas e problemas morais que devem ser abordados com urgência e sobre os quais deve ser pronunciada uma palavra profundamente cristã.

Essa iniciativa – que não agradou a alguns que, sem contestá-la abertamente, não assumiram nenhuma iniciativa nem iniciaram a discussão... – responde a uma necessidade já manifestada nos anos 1950 por Pio XII: a emergência de uma opinião pública na Igreja, de um debate que, ao invés de calar os conflitos e ignorar os novos problemas, os enfrente e tente resolvê-los com o discernimento eclesial.

Sobretudo sobre os temas inerentes à família e à sexualidade, tornara-se necessário escutar aqueles que vivem a realidade do matrimônio cristão ou da vida de casal e dar voz também àqueles que se sentem em situação de dificuldade ou de contradição com relação ao magistério tradicional da Igreja. Escutar! Operação não só necessária em todas as relações humanas, mas também profundamente cristã, essencial para viver a comunidade de fiéis, ou seja, a Igreja.

Pois bem, desse longo e intenso debate preparatório, o questionário recebeu uma grande quantidade de respostas, mostrando como as comunidades são vivazes e capazes de expressar de modo motivado as suas considerações, também no envolvimento das mudanças culturais e de costume ocorridas nessas últimas décadas, especialmente nas Igrejas de antiga tradição cristã ocidental. Por dois anos, haverá um caminho realmente sinodal de toda a Igreja sobre esses temas tão urgentes.

Ao mesmo tempo – e não podia ser de outra forma – empresas e organizações internacionais operavam sondagens para conhecer as diferentes posições das populações dos vários países. Nestes dias, aparecem nas mídias os dados, na verdade nem tão surpreendentes para quem conhece as avaliações éticas e morais de que são capazes as pessoas comuns. Certamente, aparece evidente na Itália – a Itália considerada católica, "núcleo duro do catolicismo", como gostam de defini-la alguns eclesiásticos – um desacordo em relação às posições da Igreja mais marcante do que em outros países. Isso nos interpela?

Talvez o desacordo depende do fato de que, na Itália, a ética não é tão determinante quanto em outros países? Os italianos pensam que o divórcio não constitui pecado, assim como pensam que o fato de não pagar os impostos não é pecado? Nunca como hoje na Itália – país onde a porcentagem (80%) de quem se define católico ou frequenta a missa dominical é a mais alta de todas as cerca de 20 nações "católicas" ocidentais – se desatende tão largamente o que a Igreja pensa? E nunca como hoje, especialmente nas duas últimas décadas, houve esse vistoso afastamento da Igreja por parte das mulheres e das novas gerações? E como ler o dado de que na Itália – apesar da denúncia obstinada da pedofilia – quase um em cada três cidadãos considera admissíveis as relações sexuais com menores?

Infelizmente, nas mídias, aparecem muitas simplificações que suscitam expectativas e esperanças equivocadas com relação à Igreja Católica sobre situações muitas vezes vividas no sofrimento e na labuta, mas sobre as quais é necessário também conhecer o que aparece de inspirador e determinante no Evangelho.

A Igreja, de fato, deve, sim, ouvir a humanidade, mas também deve ser capaz – em obediência àquela que, para ela, é "palavra do Senhor" – de operar um discernimento para reconhecer a mundanidade que pode estar presente nos pedidos e nas avaliações dos católicos.

É um fato evidente que hoje uma certa mundanidade se prolifera em toda a Igreja e, por isso, também no povo dos fiéis: mesmo no espaço cristão habita uma mundanidade dominante de rendição ao mundo, de acolhida de uma cultura que contradiz o Evangelho por ser idólatra.

Ora, a idolatria é um falso humano, não teológico: de fato, é alienação e impedimento caminho de autêntica humanização. Basta-nos como exemplo o matrimônio. Há uma palavra precisa de Jesus sobre a não bondade do divórcio, à qual o cristão deve prestar obediência. A Igreja, ao exigir essa obediência, deve se pôr de joelhos, deve proclamá-la sem arrogância nem espírito de condenação contra qualquer pessoa que viole essa vontade de Deus, mas não pode calá-la ou negá-la.

Que sentido tem, então, perguntar se os divorciados devem ser admitidos à participação eucarística? Que divorciados? Aqueles que fazem da vida de casal uma aventura? Aqueles que não têm nem exigências éticas nem solidez na fé? Ou aqueles que viveram o matrimônio sem as condições necessárias para que fosse um verdadeiro sacramento, portanto indissolúvel, e que depois, em uma nova união, mostram fidelidade, perseverança e capacidade de realizar um autêntico caminho cristão?

Sim, conhecemos bem na vida de todos os dias quantos são os fracassos na questão do matrimônio. E também conhecemos muitos que encontram em uma nova união um caminho que conhece o amor fiel, a perseverança, uma vida renovada que busca realizar as exigências cristãs.

Com um verdadeiro discernimento, sem pressa, mas depois de um tempo côngruo que possa testemunhar uma determinação de amor fiel e de "fazer história" no amor, será possível a readmissão eucarística? Não podemos ouvir das Igrejas ortodoxas a sua práxis milenar na qual se busca viver a vocação cristã do matrimônio indissolúvel na economia da misericórdia?

O discurso do cardeal Kasper proferido nestes dias aos cardeais reunidos em consistório é voz não só de um grande teólogo, mas também de um pastor que conhece bem a situação do rebanho, assim como conhece bem a palavra do Senhor: verdade na misericórdia, sempre.

A Igreja não pode esvaziar o Evangelho ou diluí-lo, mas pode buscar novamente e ler mais em profundidade as novas condições em que estão inseridos os fiéis e discernir se há possibilidades de considerar um novo caminho matrimonial como autêntico e coerente com as palavras de Jesus.

Nós, fiéis, somos todos pecadores, e os pecados mudam de uma pessoa para a outra, mas todos os cometemos e somos responsáveis por eles. Certamente, alguns pecados não são íntimos, escondidos, mas sim públicos: por isso, a Igreja quer que, visivelmente, apareça coerência entre a vida pública e as exigências da participação na eucaristia, mas as situações são muito diferentes, e a Igreja deve aprender a discerni-las para acompanhar cada um com misericórdia no caminho da verdade.

Além disso, como já dizia o Concílio de Trento, a eucaristia também é para a remissão dos pecados, é viático para o crente peregrino e penitente. Não nos esqueçamos de que a lei segundo o Evangelho vigora enquanto não ocorre o pecado, mas, consumado o pecado, deve reinar a misericórdia. Nenhum legalismo, então, nenhuma rigidez, mas também nenhuma graça barata. Entre ética dominante e ética cristã não há identificação, mesmo que os cristãos devam ouvir as instâncias provenientes da sociedade.

Mas os discípulos de Cristo também devem ter a coragem da "diferença", do ser sal da terra, capazes de dar sabor à vida humana e de se comprometer pela humanização e pela autêntica liberdade de todos.

Tradução de Moisés Sbardelotto

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014 - Internet: clique aqui.

A questão crucial da crise venezuelana

Luiz Raatz
Enviado especial a Caracas
Manifestações na Venezuela contra o governo Maduro

Mais do que a repressão policial aos protestos de rua, ou as denúncias de autocensura na imprensa privada da Venezuela, existe uma questão crucial para determinar o futuro do chavismo no país. Até que ponto a grave crise econômica, com uma inflação em 12 meses de 56% e escassez de praticamente três em cada dez produtos da cesta básica chegará às classes mais pobres da população, onde o bolivarianismo sempre foi mais forte e desenvolveu ferramentas para mitigar a pobreza e melhorar sua qualidade de vida.
Em Caracas, quase todos os protestos se concentram na parte leste da cidade, tradicional reduto da classe média e média alta. A zona oeste, fortemente chavista, está tranquila. Nesse sentido, o líder opositor Henrique Capriles tem razão quando diz que, se o movimento opositor não conseguir aglutinar o apoio dos bairros mais pobres, não terá sucesso em pressionar o governo por mudanças na política econômica. Por ora, parece um explosão de revolta da classe média, que nunca morreu de amores pela revolução bolivariana.
Uma facção mais radical da oposição pede a renúncia do governo. Maduro, no entanto, ainda mantém o chavismo coeso - pelo menos na aparência - e desfruta do respaldo absoluto do Exército e de outras instituições que detêm o monopólio da força legítima do Estado. Assim, uma ruptura institucional é improvável.
Apesar disso, há uma tendência de esvaziamento popular nos atos pró-governo. No último fim de semana, enquanto a oposição reuniu ao menos 20 mil pessoas em um ato no leste de Caracas, uma passeata chavista no centro da capital não conseguiu chegar a dez mil manifestantes. Com seu mentor, ícone e líder morto há um ano, e com um sucessor sem o mesmo carisma, apesar de tentar emular os gestos e o discurso do padrinho, há uma percepção de que o poder de mobilização já não é o mesmo.
Mesmo militantes chavistas reconhecem que estão sendo duramente golpeados pela falta de alimentos e produtos, ainda que a atribuam à uma suposta guerra econômica da burguesia contra o governo. Resta saber se a cúpula do chavismo conseguirá manter a população mais pobre minimamente abastecida de serviços, bens e alimentos.
O governo conta com uma rede de supermercados estatais, além de feiras ao ar livre com alimentos a preços subsidiados, chamada Mercal. A PDVAL - braço de distribuição de alimentos da PDVSA, a estatal do petróleo -, que abastece essas redes anunciou na segunda-feira, 25, novas restrições ao consumo. Nos próximos meses, os venezuelanos terão direitos apenas a compras semanais nesses mercados.
Diante desse cenário, é crucial saber como a população mais pobre reagirá, principalmente se as reservas em dólar do governo continuarem a cair, o que provavelmente aumentaria a diferença entre o dólar oficial e o câmbio paralelo, acentuando a escassez. Num cenário de crise econômica aguda, a insatisfação popular nos setores mais pobres tende a crescer.
Fonte: ESTADÃO.COM.BR - Internacional - 26 de fevereiro de 2014 - 00h06 - Internet: clique aqui.

INACREDITÁVEL - O SOFRIMENTO NA SÍRIA DEVASTADA!

Islamistas cobram taxa de cristãos em troca de segurança na Síria

Reuters
31 de janeiro 2014: refugiados palestinos na fila para receber alimentos em meio a escombros
no campo de Yarmouk, em Damasco, na Síria

Homens da comunidade cristã de Raqqa são obrigados a pagar 
17 gramas de ouro para grupo ligado à Al-Qaeda

O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Isil) - movimento que combate o ditador sírio, Bashar Assad, com apoio da rede terrorista internacional Al-Qaeda - passou ontem a exigir dos cristãos de Raqqa, cidade controlada pelo grupo fundamentalista, o pagamento de "impostos" em troca de proteção. Além disso, os insurgentes exigem que os integrantes da comunidade cristã local contenham suas expressões de religiosidade. 

Composto principalmente por jihadistas estrangeiros, o Isil é considerado o grupo mais radical entre os insurgentes que tentam derrubar o regime sírio e tem travado violentos combates com rebeldes islamistas rivais. 

As ordens aos cristãos de Raqqa - de quem exigem pagamento em ouro, segundo o comunicado publicado ontem na internet - são a mais recente evidência de que a intenção do Isil é estabelecer um Estado com base nos princípios do islamismo radical, perspectiva que causa preocupação em financiadores ocidentais e árabes da insurgência síria. 

Citando o princípio da sharia, a lei islâmica, denominado "dhimma" (proteção, em árabe) - que estabelece as condições em que não muçulmanos devem viver em Estados islâmicos -, o Isil oferece segurança aos cristãos em troca de ouro exige a restrição a suas expressões de fé. 

Os cristãos de Raqqa foram proibidos de fazer reformas em igrejas ou outras edificações consideradas sagradas - e também de exibir símbolos religiosos do lado de fora dos templos, tocar sinos das igrejas ou rezar em público. 

Cada homem cristão está obrigado a pagar a taxa de até 17 gramas de ouro, imposto similar ao pago por não muçulmanos em Estados islâmicos séculos atrás. 

A determinação do Isil ainda proíbe os cristãos de portar armas e de vender carne de porco  ou vinho, assim como beber bebidas alcoólicas em público. 

O conceito da dhimma remonta ao século 7º, à expansão do mundo islâmico da Península Arábica pelo Norte da África e Europa. No entanto, foi amplamente abolido pelas reformas aplicadas pelo Império Otomano nas regiões árabes que dominava, até meados do século 19. 
Campo de Yarmouk, em Damasco, Síria: "devastação inacreditável"

PALESTINOS SOFREM COM ISOLAMENTO 

O representante da ONU para os refugiados palestinos, Filippo Grandi, foi ao campo de Yarmouk, em Damasco, na segunda-feira, e disse que "a devastação é inacreditável". Mais de cem morreram de fome ou de males agravados pela desnutrição no ano passado.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Internacional - Quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014 - Pg. A14 - Edição impressa.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

POLÍTICA: NEM ELA NEM ELES!

Vendendo a alma a Deus por um punhado de votos

José Nêumanne*
Os três candidatos à Presidência da República 2014:
Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos

Entre os entrevistados da última pesquisa do instituto MDA para a Confederação Nacional de Transportes (CNT), divulgada na semana passada, a maior parte dos eleitores questionados sobre o estilo administrativo da atual presidente - 37,2% - disse acreditar que ela precisa "mudar tudo" na forma de governar. Os idiotas da objetividade, definição cruel e exata de Nelson Rodrigues, dirão que a oposição pode botar o bloco na rua uma semana antes do carnaval porque, depois de 12 anos de reinado petelulista, tucanos e socialistas teriam, enfim, sua vez. Certo? Completamente errado: a mesma pesquisa informou que, com 43,7% da preferência do eleitorado, Dilma Rousseff seria reeleita no primeiro turno, superando a soma dos votos dos oponentes.
"Com mil e seiscentos diabos!", exclamaria meu avô Chico Ferreira, alisando o maxilar e espiando o céu de estio à espera de chuva. E maior seria seu susto no domingo quando soubesse de outra pesquisa, do Datafolha, que dava informação ainda mais aziaga aos netos de Tancredo Neves e de Miguel Arraes. Não, não seria tanto o índice maior dela (47% a 43,7%), porque, afinal de contas, como se aprendia antigamente no primário, não se somam (e, portanto, não se comparam) alhos com bugalhos nem laranjas com mamões. Não dá para avaliar somas de pesquisas diferentes - cada coisa é uma coisa. Mas, sim, por um dado mais perturbador para os adversários da aliança governista: a soma de futuros votos nulos, em branco ou dos que não sufragariam agora nenhum dos candidatos de outubro, que já andava seguindo como uma sombra o mineiro, agora o ultrapassa: 18% a 17%. E o pernambucano mal conseguiu entrar no reino dos dois dígitos ao alcançar meros 12%, apesar das notícias de que, enfim, a sustentável Marina Silva está para subir na garupa de sua montaria, que ainda se mostra bem claudicante. Pelo visto, o eleitor não aprecia a gestão de Dilma (conforme mostram outros indicadores da pesquisa MDA-CNT), mas prefere que ela, e não ele próprio, mude tudo.
A pergunta, também da categoria rodriguiana do "óbvio ululante", que não quer calar é: e por que ele o faria? O que de sensato, concreto e inteligente o senador tucano Aécio Neves trouxe de novo em seus três anos de atividade no Congresso? Que projeto espetacular tem seu sobrenome herdado do avô materno? A falta de propostas do PSDB é de tal obviedade ululante que o presidenciável do principal partido da oposição se propõe a "ouvir" o eleitor. A plataforma de sua candidatura é tão pobre que não inclui nem promessa. Se é fato que o cidadão se cansou de políticos que não cumprem promessas, que fique logo claro que ninguém parece disposto a investir em quem nem se dá ao trabalho de prometer.
Se Geraldo Alckmin conseguiu a proeza de ter no segundo turno de 2006 menos votos do que no primeiro e Aécio hoje perde até para ninguém, ingente também é o desafio de Eduardo Campos à química, segundo a qual água e óleo não se misturam, ao compor a chapa com Marina, não é? Como Aécio teve em seu Estado, Campos tem desempenho mais do que satisfatório no governo de Pernambuco. Ambos gozam de muito prestígio entre seus governados, mas se Minas, tido como a síntese do Brasil e com um enorme colégio eleitoral, não basta para eleger seu ex-governador, o que dizer de um pobre Estado nordestino? Apesar de desaforos trocados com os petistas no poder federal, ele não conseguiu apagar de sua imagem de realizador com os benefícios de verbas federais para fazer uma boa administração estadual. Não dá para esquecer que a quase totalidade das verbas do Ministério da Integração, comandado por um cabo eleitoral dele, foi destinada a seus rincões. Tampouco dá para digerir a retórica antioportunista de sua oportuna chapa com Marina Silva. Rebentos dos Neves de São João Del Rey e dos Alencar de Crato liderarem uma "nova política" parece tão falso como uma moeda de R$ 4.
Se tudo isso é verdade, por que, então, a presidente, em vez de surfar na onda positiva, resolveu adotar a estratégia de "fazer o diabo" no pleito deste ano, vendendo a alma logo a Deus? Karl Marx e Friedrich Engels, que decretaram a condição de "ópio do povo" à fé religiosa, devem dar voltas no túmulo ao saberem que sua velha discípula de guerra tem uma imagem de Nossa Senhora Aparecida no gabinete presidencial. E, pior, já beijou a mão do representante de Jesus Cristo na Terra três vezes em menos de um ano. Em março do ano passado foi a Roma para acompanhar a missa de inauguração do papado de Francisco levando uma comitiva de provocar repulsa pelo exagero de dispêndio e ostentação ao padroeiro do bispo de Roma, São Francisco de Assis. Em agosto fez discurso palanqueiro ao receber Sua Santidade no Rio. E agora voltou a Roma para ver o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, ser introduzido no Colégio dos Cardeais. Para dizer o mínimo, que exagero!
Devota do marketing político, Dilma fantasia-se de peregrina de ocasião para conquistar o voto católico em outubro. Mas por que o faz, se entre seus índices de preferência e os de seus adversários há 30 pontos porcentuais e a crescente opção do eleitorado pelo direito de não ter de escolher? A julgar pelo noticiário dos últimos dias, há, de fato, um fantasma que passou a persegui-la: o padim Lula de Caetés. Mais do que os índices das pesquisas que desnudam sua má gestão, assusta-a o fato de companheiros, empresários e outros ex-bajuladores irem a São Bernardo do Campo buscar consolo contra o estilo truculento dela no profeta que só precisou do próprio carisma para fazê-la sucessora. Se nem sequer pode usar o maior peso do poder da República, o chumbo do Diário Oficial (até porque este não é mais impresso a quente), para extinguir a onipresença do patrono no Planalto na pessoa de seu abusado secretário Gilberto Carvalho, ela tem é de rezar e de beijar muito o anel do sucessor de São Pedro para expulsar de seu sono inquieto essa assombração.
*José Nêumanne é jornalista, poeta e escritor. 
Fonte: O Estado de S. Paulo - Espaço aberto - Quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014 - Pg. A2 - Internet: clique aqui.

BBB 14 amarga pior audiência do programa

A melhor resposta do público a programas desse tipo
é a indiferença, é a falta de audiência!!!

Cristina Padiglione
Fotos dos participantes do BBB 14 da Rede Globo

Com 22 pontos de saldo no Ibope da Grande São Paulo até aqui - cada ponto equivale a 65 mil domicílios -, o Big Brother Brasil 14 já amarga a pior audiência da história do programa no Brasil.

A edição passada fechou com 24,7 pontos. A 14ª temporada pode até subir até a reta final, mas, a julgar pela tendência da estreia até aqui, nada aponta para um crescimento.

Era de se esperar que o suspense em torno do vencedor e as tantas intrigas armadas dentro da casa fossem despertando o público, mas o BBB 14 teve 25,7 pontos em sua primeira semana e somou apenas 19,4 pontos na semana passada, em movimento de queda livre.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Caderno 2 - Quarta-feira, 28 de fevereiro de 2014 - Pg. C6 - Edição impressa.

Apesar de metas da polícia, violência cresce em SP

Fabio Leite e Laura Maia de Castro
No primeiro mês de vigência do plano de bonificação para policiais com o objetivo de reduzir os principais indicadores de criminalidade em São Paulo, as metas trimestrais traçadas pelo governo ficaram longe de serem atingidas. Os números de roubo e de furto e roubo de veículos, que pela proposta deveriam parar de subir até março, cresceram em janeiro, na capital e no Estado. As mortes violentas - homicídios dolosos e latrocínios -, cuja meta é a redução de 7% no primeiro trimestre, estagnaram.

As estatísticas divulgadas nesta segunda-feira, 24, pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) mostram que só na capital os roubos tiveram alta de 41,8% em janeiro em relação ao mesmo mês de 2013: foram 13.416 casos, contra 9.463 no ano passado. No Estado, o índice cresceu 32,5%, de 20.371 casos em janeiro do ano passado para os atuais 26.987.
Embora já esteja em vigor, o plano que vai pagar até R$ 2 mil de bônus a policiais civis, militares e técnico-científicos que atingirem as metas ainda precisa ser aprovado pela Assembleia Legislativa. O projeto tramita nas comissões em regime de urgência.

O secretário Fernando Grella Vieira reconheceu a preocupação do governo com o aumento dos roubos, mas atribuiu o resultado de janeiro ao aumento das notificações por parte das vítimas. "Esse aumento dos roubos em todo o Estado precisa ser interpretado diante de um fato novo que passamos a viver desde novembro. A possibilidade do registro online de roubos. De lá para cá, esses registros feitos pela internet representam 31% do total de ocorrências."

Entretanto, o número de roubos de veículos, que tem o índice de subnotificação muito baixo, de acordo com o analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Guaracy Minguardi, também aumentou. Na capital, a alta foi de 22,7%, chegando a 4.635 ocorrências no mês passado, ante 3.776 no mesmo período de 2013. No Estado, foram 9.221 registros, 20,8% a mais do que em janeiro do ano passado.

"O roubo de veículos é um crime em que quase não há subnotificação. Todo mundo dá queixa porque é um bem de alto valor e por causa do seguro", disse Minguardi.
Ele ressaltou que o programa de metas não traz resultados tão rápidos. "Não acho que dê para mudar de uma hora para outra. Você tem de ter as metas e os meios, que seriam uma mudança estrutural. Mas isso demora cerca de dois anos para se consolidar."

Homicídios

Depois de fechar o ano passado em queda, o número de homicídios dolosos aumentou no Estado. Foram 422 homicídios em janeiro, o que representa alta de 1,2% em relação ao mesmo mês de 2013. Para Grella, a alta de homicídios não representa uma tendência. "É um ponto fora da curva. Nós estávamos, há nove meses, com queda, então vamos aguardar agora o comportamento nos próximos meses", disse.

O número de latrocínios estagnou no Estado. Foram registrados, como em janeiro de 2013, 34 casos. Para o secretário, esse tipo de crime deve diminuir neste ano. "Na semana retrasada, tivemos a regulamentação da lei dos desmanches. Estamos convictos de que começaremos a experimentar uma redução gradual nos crimes de roubos a partir de junho (quando a lei entra em vigor)", disse. 

Fonte: O Estado de S. Paulo - Metrópole - Terça-feira, 25 de fevereiro de 2014 - Pg. A12 - Internet: clique aqui.
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ANÁLISE

IDAS E VINDAS FAVORECEM ALTA

Bruno Paes Manso*
Bruno Paes Manso - cientista político

A repetição mês a mês dos aumentos nas taxas de roubo mostra que a Secretaria da Segurança Pública (SSP) parece não encontrar a estratégia mais adequada para enfrentar a alta permanente desse tipo de crime. A explicação da SSP de que a instalação das delegacias eletrônicas diminuiu a subnotificação deste tipo de crime não cola. Tanto que o roubo de carros, crime com baixíssima subnotificação por causa das exigências das companhias de seguro, aumentou 22,7%.
A inconstância das políticas de segurança parecem ser uma das explicações. Com a mudança de secretário, tudo parece ter recomeçado do zero. A nova gestão passou a dar ênfase ao plano de metas. O combate frente à frente contra o crime organizado, com apoio da Polícia Militar, também diminuiu o ritmo. Por um lado, a medida contribuiu para baixar os casos de resistência seguida de morte e a violência policial. Por outro, as atividades criminais parecem correr ativamente sem grandes percalços.
A falta de projeto consistente e as descontinuidades, postura que promove idas e vindas no combate ao crime, acabam favorecendo as articulações criminais
* É doutor em Ciência Política, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP e blogueiro do ESTADÃO.COM.BR.
Fonte: O Estado de S. Paulo - Metrópole - Terça-feira, 25 de fevereiro de 2014 - Pg. A12 - Internet: clique aqui.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

RESPEITO À DIVERSIDADE OU DITADURA IDEOLÓGICA?

Qual é a diversidade que querem ensinar na escola?

Anna Fusina

Denunciada na Itália a distribuição de livretos que definem os romances heterossexuais como violência e a religiosidade como um valor negativo
Gianluigi Gigli - deputado italiano

Na sessão parlamentar de 19 de fevereiro, os deputados italianos Gianluigi Gigli e Mario Sberna protestaram contra a publicação de três livretos didáticos intitulados "Educar para a diversidade na escola". O material foi editado pelo Instituto Bech e pelo Departamento para a Igualdade de Oportunidades, que depende da presidência do Conselho de Ministros da Itália.

Os dois parlamentares enfatizam que o conteúdo dos livretos, publicados com o selo da "Presidência do Conselho de Ministros - Departamento para a Igualdade de Oportunidades", propõe explicitamente "tornar as escolas mais abertas e receptivas, escolas de igualdade de oportunidades, que permitam e promovam o desenvolvimento saudável de todas as crianças independentemente da sua orientação sexual, além de fornecer aos professores as ferramentas para aprofundar as várias questões relacionadas com a homossexualidade, a fim deles próprios se tornarem educadores contra a homofobia".

Gigli e Sberna denunciam que, para os autores dos três livretos, "a igualdade de oportunidades consiste em ensinar a todos os alunos, do ensino fundamental ao ensino médio, que a família pai-mãe-filhos é apenas um ‘estereótipo da publicidade’; que os dois gêneros, masculino e feminino, são apenas uma abstração; que ler romances em que os protagonistas são heterossexuais é uma violência; que a religiosidade é um valor negativo. Os autores do material chegam ao ridículo de censurar as histórias infantis tradicionais porque elas apresentam, ‘de maneira limitante’, apenas dois sexos em vez de seis gêneros”. Gigli e Sberna observam ainda que os livretos propõem problemas de matemática que se baseiam em novos modelos de famílias homossexuais.

Na opinião dos dois parlamentares, os três livretos denunciados se alinham com iniciativas anteriores de “reeducação”, propostas pelo mesmo departamento, voltadas a profissionais da informação, funcionários de escolas e alunos de todos os níveis, ignorando, deliberadamente, a liberdade e as escolhas educativas das famílias dos estudantes.

Gigli e Sberna destacam que, "em face dos protestos e pedidos de explicações, o Ministério da Educação afirmou não saber nada sobre esta iniciativa nem ter aprovado de forma alguma a produção desse material didático”. Além disso, “o subsecretário do Ministério da Educação, Gabriele Toccafondi, declarou, em 15 de fevereiro, que é muito grave o fato de os livretos terem sido elaborados e distribuídos nas escolas sem a aprovação do Departamento para a Igualdade de Oportunidades e sem que o Ministério da Educação soubesse de nada”.
Mario Sberna - deputado italiano

Toccafondi acrescentou que o responsável pelo material, que agiu autonomamente ao produzi-lo e distribuí-lo em nome do Departamento para a Igualdade de Oportunidades, parece querer impor uma visão cultural unilateral, espalhando preocupação e confusão em todo o sistema de ensino, e que uma questão tão sensível requer atenção especial ao conteúdo e à linguagem utilizada, especialmente ao ser apresentada a crianças e adolescentes de todas as idades.

Em face desta situação, Gianluigi Gigli e Mario Sberna solicitaram que o presidente do Conselho de Ministros da Itália explique:

- como responderá ao alarme educacional gerado em muitas famílias pela iniciativa desautorizada de um departamento dependente da presidência do Conselho de Ministros;

- como garantirá que o mesmo departamento se limite às suas atribuições institucionais e não se arrogue a tarefa de “reeducar” os italianos, especialmente os estudantes, no “politicamente correto” e no “pensamento único das associações LGBT”;

- se irá substituir urgentemente o diretor do departamento responsável pelo abuso de função e pela tentativa de substituir a autoridade política em uma iniciativa que envolve aspectos extremamente importantes da vida social e âmbitos muito sensíveis do processo educativo das novas gerações;

- quem autorizou o uso de fundos europeus para financiar a iniciativa indevida do referido diretor e, caso este tenha agido sem autorização, se irá ressarcir a despesa que provocou injustificadamente;

- se o contrato com o Instituto Bech será rescindido imediatamente por utilizar a sua relação com a administração pública para fins obviamente ideológicos.

Fonte: ZENIT.ORG - Roma, 25 de Fevereiro de 2014 - Internet: clique aqui.
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A ideologia LGBT quer se tornar ditadura
Redação

Ditado em um documento do Departamento Contra a Discriminação Racial do Ministério da Igualdade de Oportunidades na Itália, as condições para limitar a liberdade de imprensa e de expressão dos jornalistas

A intenção ideológica das associações LGBT está se tornando mais e mais invasiva, a ponto de querer prejudicar a liberdade de imprensa e de expressão, obrigando os jornalistas a mudar o significado das definições, dos discursos e dos argumentos.

Conforme relatado pelo site da La Manif pour Tous Itália, UNAR, o Departamento Nacional Contra as discriminações raciais do Ministério da Igualdade de Oportunidades publicou em dezembro do ano passado um documento dirigido aos jornalistas intitulado: "Diretrizes para uma informação respeitosa das pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transexuais".

De acordo com este documento:

I: O sexo é uma característica anatômica, mas cada um escolhe ser homem ou mulher “independentemente do sexo anatômico de nascimento".

II: Diante dos "Coming out" (sair do armário, ndt) , ou seja, das pessoas que revelam suas próprias preferências sexuais, é preciso ressaltar os aspectos positivos como a coragem de quem se faz visível.

III: Considerar o termo "lésbica" um elogio.

IV: Sempre com relação ao “feminino”, se um transexual se sente mulher o jornalista tem que transcrever ‘a trans’ e não ‘o trans’.

V: Em vez de falar de prostitutas ou prostitutos use-se melhor a expressão "profissionais do sexo trans".

VI: Educar os leitores a um parecer benevolente sobre o "casamento homossexual" ou sobre “outra instituição ad hoc para o reconhecimento dos direitos LGBT”. A ideia básica é inculcar que "o casamento não existe in natura, enquanto que a homossexualidade existe in natura”. E ainda “os três conceitos: tradição, natureza, procriação são indícios de homofobia”

VII: É proibido falar de "casamento tradicional", e, em contraste de “matrimônio gay”, traduzindo como “matrimônio entre pessoas do mesmo sexo”.

VIII: Sobre o tema da adoção é proibido argumentar que a criança "precisa de uma figura masculina e de uma feminina como condição fundamental para a integridade do equilíbrio psicológico". É proibido falar de "barriga de aluguel", expressão "pejorativa", que deve ser substituída pela mais elegante "gestação de apoio".

IX: Quando nas transmissões são tratadas estas questões, os que conduzem, não são obrigados ao contraditório porque “Não existe uma espécie de consenso pré-determinado, objetivo, além do qual se torna imprescindível o contraditório”.

X: Os fotógrafos em suas reportagens aos “Gay Pride” (orgulho gay) são convidados a evitar imagens de pessoas “reluzentes e nuas”.

Também sobre o tema do "dever de crônica” que obriga a publicar todas as declarações, mesmo aquelas “de políticos e de representantes das instituições” não totalmente de acordo, que os discursos contrários à ideologia do gênero sejam colocados entre aspas, sublinhados como errados, contrapostos àqueles de representantes das organizações LGBT, que serão prontamente entrevistados. Se recomenta também uma “especial atenção no título”.


Fonte: ZENIT.ORG - Roma, 27 de Fevereiro de 2014 - Internet: clique aqui.

PODEMOS SER MAIS DIGNOS? PODEMOS

LYA LUFT
Sebastião Salgado. Foto da Churchgate Station, Western Railroad Line, Bombay, Índia, 1995
Retrata bem nossas estações em São Paulo...

Dificilmente encontramos alguém, a não ser criança ou adolescente naquela fase de autorreferência compulsiva e natural, que esteja contente com a situação em geral. Que pense ou diga: "Está tudo bem, estamos tranquilos, o país cresce, o povo é razoavelmente bem tratado, nada a reclamar...".

Manifestações se agitam no Brasil. Pelos mais singulares motivos, ora surreais, ora convincentes, saímos às ruas, querendo ordem, progresso e paz, mas admitindo entre nós a violência e o crime, tudo organizado e financiado por alguém. Um partido, uma instituição, um grupo... alguém. Pois nada disso acontece aleatoriamente. Há sincronicidade, combinação, uma teia básica que controla tudo. O que, quem, como, de onde, não sabemos, pelo menos nós, pessoas comuns. Sentimos que algo está no ar, e não é amável, mas perigoso e sombrio.

Temos de achar um equilíbrio entre a indignação justa e essencial e o desejo de destruição e violência. A mim me impressionam centenas de pessoas descendo de um trem quebrado e andando pelos trilhos em busca do seu destino ou de uma condução. Às vezes jogam pedras e quebram vidros ou portas do trem, mas a maioria, mesmo reclamando, não demonstra indignação. Muitos, num meio sorriso resignado, dizem: "É ruim, mas é assim, que fazer?". Ou, quando a enchente mais uma vez inundou a casa, matou a criança, destruiu os bens, e ninguém em alguns anos providenciou nada, comentam: "Com a ajuda de Deus, vou mais uma vez começar do zero".

Manadas de seres humanos apinhados nos ônibus e trens, sem o menor conforto, pendurados naquelas alças, esfregados, amassados por tantos corpos humanos suados e exaustos, dia após dia, ano após ano, consumindo diariamente duas, quatro horas de seu tempo, sua saúde, sua vida, vão para o trabalho e voltam, em condição subumana, e fazem suas reclamações, às vezes com palavras duras e justas, mas acrescentam: "O que fazer? Por aqui é assim?". Os indignados, e mesmo os mansos, todos quereriam mudar; iriam mudar, se pudessem. Ou melhor: se soubessem o que fazer. Não há autoridade a quem se queixar, pois o máximo que se recebe é a notícia de mais uma comissão, um projeto, empilhado sobre dezenas de outros que há muitos anos mofam em gavetas ou em pastas.

Podemos melhorar de vida? Podemos não ser caçados por bandidos como coelhos pelas ruas dia e noite, podemos viver em morros sem nos enfiarmos embaixo da cama nos frequentes tiroteios, podemos ter água para beber, cozinhar e tomar banho, e energia elétrica para o chuveiro, o ventilador, a luz da casa? Podemos uma porção de coisas melhores em nossa tumultuada vida? Podemos ser mais dignos e mais altivos? Podemos.

Não sabemos para que lado nos virar, onde procurar, a quem recorrer. Talvez a esperança seja não a destruição de ônibus, quebradeira de lojas, a insensatez desatada, mas o gesto mais simples, breve, pequeno, porém transformador, desde que a gente saiba o que está fazendo, o que dever fazer: o "voto". Porém uma imensa maioria de nós, embora adulta, nem sabe ler. Outra boa parte da população, se sabe ler, não tem energia, interesse, tempo, instrução suficiente para se dedicar a esses assuntos, se informar, debater e descobrir algum nome a quem confiar esse voto.

De modo que, levados pelas corredeiras eleitorais já deslanchadas, provavelmente muitos - que cedo se arrependerão, pois ignoravam a força de seu ato -, por desalento, votem em nomes que não conhecem, que não levam a sério, de que não ouviram falar ou que chegam montados em promessas impossíveis e falações vãs.

Então, por estarmos tão cansados, suados, desanimados ou zangados, mas sem lucidez, eles vão receber, na hora da eleição, o apoio de quem parou um instante no posto da ilusão e digitou um número, um nome, uma sigla, um destino seu, que não acabará significando nada.

Fonte: Revista VEJA - Edição 2362 - Ano 47 - Nº 9 - 26 de fevereiro de 2014 - Pg. 26 - Edição impressa.

Oito páginas do Facebook que podem ajudar nos estudos

O GLOBO
Educação

Que tal transformar a timeline do Facebook numa extensão dos estudos? A rede social está cheia de páginas dedicadas às matérias da escola. Se você curtir estes perfis, entre a foto da galera e aquele meme engraçado, pode aparecer também uma dica de português ou uma curiosidade de biologia. Afinal, conhecimento nunca é demais.

1. Português
Clique aqui. 

Grampio ou grampeio? Como "a vontade" ou "à vontade"? A página “Dicas diárias de português” posta toques gramaticais para tirar dúvidas como estas. Os posts abordam grafia, uso correto de termos e conjugações.






2. Inglês
Clique aqui.

A página “Inglês na ponta da língua” é uma boa pedida para quem quer incorporar o inglês na timeline. São várias atualizações diárias, que abordam significado de palavras, uso correto de expressões e até gírias.









3. Matemática
Clique aqui.

A página “Matemática Rio”, mantida pelo professor Rafael Procópio, traz dicas e ainda garante doses de bom-humor. Em meio ao conteúdo, ele posta uma série de vídeos engraçados para explicar diferentes conceitos dentro da referida área.






4. Física
Clique aqui.

A página atualizada pelo professor Ivys Urquiza é um prato cheio para quem curte Física ou precisa reforçar os estudos. Além de vídeo-aulas e exercícios, ele posta curiosidades e mensagens positivas para ninguém perder o gás durante o ano letivo.




5. Química
Clique aqui.

Que tal conhecer um pouco mais sobre os componentes de tudo que nos cerca? Produzido por cientistas do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Catarina, a página “Fala Química” traz curiosidades, dicas e desafios na área.





6. Biologia
Clique aqui.

O “Diário de Biologia” está cheio de curiosidades sobre a vida na Terra. A página é atualizada pela doutora em zoologia Karlla Patrícia que se dedica a responder perguntas que vão de “como surge o bicho dentro da goiaba?” a “por que ficamos tão viciados em jogar Candy Crush?”.





7. História
Clique aqui.

A página “História Digital” é bem interessante para quem quer mergulhar fundo na disciplina. Por lá, são lembrados fatos importantes e fornecidas várias dicas de leitura em livros e sites. E para deixar o aprendizado ainda mais divertido, a página publica posts como “dez maiores games da História” e “15 fatos históricos recriados em Lego”.




8. Geografia
Clique aqui.

Fechando a lista, a página “Mundo Geografia” traz videoaulas com o professor Giba, além de links para matérias e curiosidades que podem ser bastante úteis. Também há dicas com técnicas para você se sair bem na provas.




Fonte: O GLOBO - Educação - Publicado: 20/02/14 - 08h00 - Atualizado: 24/02/14 - 10h02 - Internet: clique aqui.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

INVESTIMENTO E EDUCAÇÃO DEVEM PUXAR CRESCIMENTO

Entrevista com Eduardo Giannetti

Alexa Salomão e Ricardo Grinbaum

Economista ligado a Marina defende a volta do tripé macroeconômico
e prioriza educação e meio ambiente
Eduardo Giannetti - economista e cientista social

Eduardo Giannetti é um dos poucos economistas do Brasil que apoia abertamente um candidato à presidência. Desde 2010, atua como conselheiro de Marina Silva e está engajado no lançamento de sua campanha. Crítico do atual governo, Giannetti apoia a volta do tripé na condução da macroeconomia e defende a criação de um novo modelo de crescimento que priorize a educação e o meio ambiente. "O novo ciclo de desenvolvimento do Brasil será liderado pelo investimento em capital humano e em capital físico", disse ao Estado. Seguem os principais pontos da entrevista:


Quais seriam as missões urgentes do novo governo ao assumir em janeiro de 2015? 
EDUARDO GIANETTI - Na minha opinião, há duas diretrizes para a política econômica. A primeira é voltar ao que estava funcionando bem no governo de Fernando Henrique e no primeiro mandato de Lula - recuperar a credibilidade e a consistência do tripé macroeconômico, com superávit primário, câmbio flutuante e autonomia do Banco Central. O Brasil vai precisar disso, porque houve um descuido grave com a inflação e há um colapso de confiança em relação à macroeconomia. As três pernas do tripé ficaram muito capengas. Na política microeconômica, vamos precisar de uma agenda de reformas para termos regras mais adequadas ao investimento do setor privado na infraestrutura.
Como o senhor vê essa autonomia do Banco Central? Nos últimos tempos ela foi muito informal... 
EDUARDO GIANETTI - O Banco Central [BC] tem mandato para cumprir o centro da meta da inflação e vai usar seus instrumentos para isso, mas precisa ter a Fazenda como um aliado, não um inimigo desse objetivo. Não cabe a membros da equipe econômica ou do Executivo se pronunciarem ou darem palpite sobre o que deve ser a política monetária. Isso gera muito ruído. O BC deve ter uma equipe técnica, com pessoas de voo próprio, reputação irretocável, tecnicamente muito competentes, como foi no segundo mandato do Fernando Henrique com o Armínio Fraga, e depois como foi com o Henrique Meirelles nos dois mandatos de Lula. Meirelles durante a sua gestão pode ter errado na dosagem e feito mais do que era estritamente necessário, mas em nenhum momento ele errou no sinal - apertou quando tinha de apertar e reduziu quando tinha de reduzir. O voluntarismo do governo Dilma se mostrou insustentável. Ela tentou forçar uma queda de juros precipitada. Deu a entender que uma inflação perto do teto estaria de bom tamanho. Isso é um erro grave de condução de política em um sistema de metas, em que a ancoragem das expectativas é fundamental. No sistema de metas deve haver uma crença compartilhada e crível de que o centro é para valer. Mas houve uma acomodação no teto da meta. E pior - o que realmente me causa muita apreensão, porque não esperava voltar a ver isso na minha vida profissional - o governo recorre ao controle de preços administrados para obter resultados de inflação no curto prazo. Eu acho um caminho perigosíssimo, um retrocesso que cria um enorme artificialismo. A inflação dos preços livres está acima da meta, em torno de 7%, 7,7% no acumulado, enquanto a inflação dos preços administrados está muito represada. Em algum momento isso vai ser corrigido, tanto no caso dos derivados de petróleo, como no da energia elétrica e do transporte coletivo. Eu francamente não esperava voltar a assistir a esse filme no Brasil.
Ainda sobre a questão macroeconômica, o senhor defende apenas a volta do tripé ou faria algo diferente? 
EDUARDO GIANETTI - Na política econômica strictus sensus é a volta do tripé na macroeconomia e uma nova agenda de reformas na microeconomia. O princípio dessa agenda é a horizontalidade. Não vão ser desonerações caso a caso, incentivos fiscais caso a caso, medidas protecionistas caso a caso. O governo Dilma virou um balcão de demanda de grupos de interesse - inclusive dentro dos ministérios. Para muitos empresários faz mais sentido ter tido uma boa negociação no ministério do que buscar produtividade e a eficiência. Eles criaram tamanha incerteza quanto às regras de funcionamento da economia que os empresários se retraem. O cálculo de retorno do investimento fica fragilizado, incerto, em um ambiente desse tipo. A todo momento estão mexendo em regras fundamentais de previsibilidade que são essenciais para o cálculo econômico. Nós vamos ter que ter uma outra filosofia de ação microeconômica. Ações microeconômicas são as ações do governo que interferem no funcionamento dos mercados. Dizem respeito ao sistema tributário, tarifa de proteção, subsídio, crédito. O que começou no segundo mandato do Lula e prevaleceu no de Dilma foi o microgerenciamento na linha do Geisel (General Ernesto Geisel, presidente nos anos 70). Essa filosofia gera problemas terríveis - inclusive deprime o nível de investimento. Não é à toa que caiu. Mas acho que a grande mudança que o Brasil precisa, numa visão de estadista, é trazer dois componentes da ação pública para o centro da agenda. Um deles é a questão do capital humano - educação. O outro componente é o meio ambiente. Não dá para ter crescimento saudável sem que educação e meio ambiente tenham uma centralidade que nunca tiveram nas políticas públicas.
Como se faz isso na prática?
EDUARDO GIANETTI - Em educação, acho que precisamos fazer uma verdadeira revolução. Para colocar de uma forma mais simples - o Brasil precisa de um Juscelino (Juscelino Kubitschek, presidente nos anos 50) do capital humano. Assim como Juscelino incendiou a imaginação brasileira com o valor da industrialização, da urbanização, da modernidade, do capital físico, o que está faltando agora é alguém que faça uma liderança em torno do valor do conhecimento, da pesquisa, da formação humana. Em meio ambiente, o Brasil tem uma responsabilidade planetária, porque a natureza nos dotou com biodiversidade, com recursos hídricos, com incidência de sol, com terras cultiváveis, minérios, fontes de energia, e o Brasil precisa ter muita maturidade, sabedoria, para fazer um uso consistente, sustentável e benéfico desses recursos. Em relação ao pré-sal, por exemplo, acho fundamental ficar estabelecido de uma vez por todas que os recursos arrecadados com a exploração do petróleo vão constituir um fundo soberano fora do alcance dos políticos. Eles não vão poder usar esse patrimônio que é da nação brasileira e das gerações futuras. O que vai estar disponível para gasto é a receita do fundo, mas o patrimônio do recurso vai estar em um fundo soberano selado, blindado do avanço dos políticos. O pior cenário que eu vejo para o Brasil, olhando para a frente, é a receita do pré-sal na mão de um governo populista. Vira Venezuela. É uma maldição que vai nos jogar um século para atrás. Isso precisa ficar bem claro. Mas desapareceu do debate brasileiro a ideia do fundo soberano. Nós queremos o modelo norueguês ou o modelo venezuelano?
Como se equilibra desenvolvimento com sustentabilidade? 
EDUARDO GIANETTI - Nós precisamos separar no Brasil duas questões que estão misturadas. Uma coisa é o nível de exigência que o Brasil precisa ter no que se refere ao meio ambiente no século 21. Isso é a altura da régua. Outra coisa é processo de licenciamento. O nível de exigência precisa ser alto, rigoroso e não é para negociar. Mas isso não implica em ter de gastar um tempo enorme para licenciar, ser obrigado a conviver com uma enorme insegurança jurídica, porque está tudo sujeito a revisões. Não significa ter de conviver com órgãos públicos que têm medo de tomar uma decisão e sofrer alguma punição. O processo de licenciamento precisa avançar para ser mais célere e confiável.
Qual seria, então, o novo motor de crescimento do Brasil? 
EDUARDO GIANETTI - O novo ciclo de desenvolvimento do Brasil será liderado pelo investimento. Investimento em capital humano e em capital físico. Mas não cabe ao Estado eleger as empresas, grupos ou setores que vão merecer algum tipo de estímulo para fazer o investimento. O que o Estado pode fazer é dar condições gerais para que o mercado faça, já que ele faz melhor do que o Estado e o burocrata. O que o Estado pode fazer de relevante é financiar o desenvolvimento tecnológico, a pesquisa de tecnologias que são relevantes para as condições brasileiras.
Qual o nível da conversa para a formação de uma eventual chapa?
EDUARDO GIANETTI - Está caminhando. Acho que já há uma afinidade consistente, embora algumas coisas ainda não estejam muito claras. O problema é que dentro do PSB há grupos com ideias diferentes das que prevalecem na Rede. Nesse ponto, há um trabalho a ser feito. Mas acho bom a divergência e a conversa. É uma troca. Mas a Rede vem de uma trajetória diferente das bases do PSB em relação a questões como dívida pública, do financiamento e do tamanho do Estado. Ainda há um caminho a percorrer.
Para o eleitor há dúvida se a Marina consegue separar as crenças pessoais da gestão pública.
EDUARDO GIANETTI - Eu tenho absoluta certeza que sim. A Marina não mistura a convicção religiosa dela com questões da vida pública. Eu vi testes de fogo em questões espinhosas. Casamento homossexual, por exemplo. A postura dela é irretocável. Em relação ao casamento civil, não há a menor dúvida. Se as pessoas vivem juntas e adquiriram obrigações e direitos, o Estado deve reconhecer e sancionar. Casamento é outra coisa. Cada religião decide o que faz.
E na esfera econômica, como tende a ser, por exemplo, a reação diante de projetos de usinas hidrelétrica que estão próximas a aldeias indígenas?
EDUARDO GIANETTI - Essa é uma questão a ser discutida. Por que o critério econômico deve dominar todas as decisões? Se grupos indígenas vão ser prejudicados é preciso repensar. O Estado de direito existe para defender as minorias. Caso contrário, é como na China, onde o governo decide e faz. Um estudo descobriu que a poluição ao Norte da China está reduzindo a expectativa de vida em cinco anos. Qual é o sentido de crescer 10% ao ano se você perde cinco anos de vida? O critério do crescimento de renda monetária é parcial e míope em relação à vida humana. Como você contabiliza as 5 horas que um brasileiro passa no inferno do transporte coletivo? É uma perda tangível de bem-estar e de qualidade de vida que não entra nas contas nacionais. Se você elucida melhor o que está em jogo e começa a medir o que é avanço e o que é retrocesso, as pessoas acabam percebendo que não é uma crença baseada em dogma ou tabu, mas no entendimento mais completo do que está em jogo.
Os desafios do próximo governo, segundo Eduardo Giannetti
1. RECUPERAR A CONFIANÇA
Fortalecer os marcos regulatórios
2. RESTABELECER O TRIPÉ
Meta de inflação, superávit primário e câmbio flutuante devem ser a base da economia
3. RETOMAR AS REFORMAS
Ações pontuais que modernizem o arcabouço legal são urgentes
Fonte: O Estado de S. Paulo - Economia - Domingo, 23 de fevereiro de 2014 - Pg. B4 - Internet: clique aqui.