«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 24 de agosto de 2013

21º Domingo do Tempo Comum - Ano C - Homilia

Evangelho: Lucas 13,22-30

13,22 Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava. 
23 Alguém lhe perguntou: “Senhor, são poucos os homens que se salvam?” Ele respondeu: 
24 “Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão. 
25 Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater à porta, dizendo: ‘Senhor, Senhor, abre-nos’, ele responderá: ‘Digo-vos que não sei de onde sois’. 
26 Direis então: ‘Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças’. 
27 Ele, porém, vos dirá: ‘Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores’. 
28 Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora. 
29 Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus. 
30 Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos”. 

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
CONFIANÇA SIM, FRIVOLIDADE NÃO!

A sociedade moderna vai impondo, cada vez com mais força, um estilo de vida marcado pelo pragmatismo do imediato. Quase não mais interessam as grandes questões da existência. Não temos mais  certezas firmes nem convicções profundas. Pouco a pouco, vamos nos convertendo em seres triviais, carregados de lugares-comuns, sem consistência interior nem ideais que alimentam o nosso viver diário, para além do bem-estar e da segurança de momento.

É muito significativo observar a atitude generalizada de não poucos cristãos diante da questão da "salvação eterna" que tanto preocupava há apenas poucos anos: muitos a apagaram, sem mais, de sua consciência; alguns, não se sabe bem o porquê, se sentem no direito a um "final feliz"; outros não querem recordar experiências religiosas que lhes fizeram muito mal.

De acordo com o relato de Lucas, um desconhecido faz a Jesus uma pergunta frequente naquela sociedade religiosa: "São poucos os que se salvam?" Jesus não responde diretamente à sua pergunta. Não lhe interessa especular sobre esse tipo de questões estéreis, tão ao gosto de alguns mestres da época. Vai diretamente ao essencial e decisivo: como devemos atuar para não ficarmos excluídos da salvação que Deus oferece a todos?

"Esforçai-vos por entrar pela porta estreita". Estas são suas primeiras palavras. Deus abre a todos a porta da vida eterna, porém devemos nos esforçar e trabalhar para entrar por ela. Esta é a atitude sadia. Confiança em Deus, sim; frivolidade, despreocupação e falsas seguranças, não.

Jesus insiste, sobretudo, em não nos enganarmos com falsas seguranças. Não basta pertencer ao povo de Israel; não é suficiente ter conhecido, pessoalmente, Jesus pelos caminhos da Galileia. O decisivo é entrar, desde agora, no reino de Deus e sua justiça. De fato, os que ficam fora do banquete final são, literalmente, "os que praticam a injustiça". Jesus convida à confiança e à responsabilidade. No banquete final do reino de Deus não se sentarão somente os patriarcas e profetas de Israel. Estarão, também, pagãos vindos de todos os rincões do mundo. Estar dentro ou estar fora depende de como cada um responde à salvação que Deus oferece a todos.

Jesus conclui com um provérbio que resume sua mensagem. Em relação ao reino de Deus, "há últimos que serão os primeiros, e primeiros que serão os últimos". Sua advertência é clara. Alguns que se sentem seguros de ser admitidos podem ficar de fora! Outros que parecem excluídos, com antecedência, podem estar dentro.

Jesus está caminhando para Jerusalém. Sua marcha não é a de um peregrino que sobe ao Templo para cumprir suas obrigações religiosas. Segundo Lucas, Jesus percorre cidades e aldeias "ensinando". Há algo que ele precisa comunicar àquelas pessoas: Deus é um Pai bom que oferece a todos a sua salvação. Todos estão convidados a acolher o seu perdão.

Os pecadores se enchem de alegria ao ouvi-lo falar da bondade insondável de Deus: também eles podem esperar a salvação. Os setores farisaicos, entretanto, criticam a sua mensagem e também a sua acolhida a arrecadadores de impostos, prostitutas e pecadores: Jesus não estaria abrindo caminho para um relaxamento religioso e moral inaceitável?

NEM TUDO DÁ NA MESMA

Segundo Lucas, um desconhecido interrompe a caminhada de Jesus e lhe pergunta pelo número dos que se salvarão: serão muitos?, serão poucos?, todos se salvarão?, somente os justos? Jesus não responde diretamente à sua pergunta. O importante não é saber quantos se salvarão. O principal é viver com atitude lúcida e responsável para acolher a salvação desse Deus bom. Jesus recorda a todos: "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita".

Desse modo, corta pela raiz a reação daqueles que entendem a sua mensagem como um convite ao laxismo. Seria zombar do Pai. A salvação não é algo que se recebe de maneira irresponsável por parte de um Deus permissivo. Não é, tampouco, um privilégio de alguns eleitos. Não basta ser filhos de Abraão. Não é suficiente ter conhecido o Messias.

Para acolher a salvação de Deus é necessário esforçar-nos, lutar, imitar o Pai, confiar em seu perdão. Jesus não rebaixa suas exigências: 
  • "Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso";
  •  "Não julgueis e não sereis julgados";
  •  "Perdoai setenta vezes sete", como vosso Pai;
  •  "Buscai o reino de Deus e a sua justiça".
Para entender, corretamente, o seu convite a "entrar pela porta estreita" devemos recordar das palavras de Jesus que podemos ler no evangelho de João: "Eu sou a porta; se alguém entra por mim será salvo" (Jo 10,9). Entrar pela porta estreita significa "seguir Jesus"; aprender a viver como Ele; tomar sua cruz e confiar no Pai, que o ressuscitou.

Neste seguimento de Jesus nem tudo vale, nem tudo dá no mesmo: temos de responder ao amor do Pai com fidelidade. O que Jesus pede não é o rigorismo legalista, mas o amor radical a Deus e ao irmão.

Por isso o seu chamado é fonte de exigência, porém não de angústia. Jesus é uma porta sempre aberta. Ninguém pode fechá-la. Somente nós, se nos fecharmos ao seu perdão.

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Terça-feira, 20 de agosto de 2013 - 10h27 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

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