«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 31 de agosto de 2013

22º Domingo do Tempo Comum - Ano C - HOMILIA

Evangelho: Lucas 14,1.7-14

14,1 Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 
7 Observando também como os convivas escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes a seguinte parábola: 
8 “Quando fores convidado às bodas, não te sentes no primeiro lugar, pois pode ser que seja convidada outra pessoa de mais consideração do que tu, 
9 e vindo o que te convidou, te diga: ‘Cede o lugar a este’. Terias então a confusão de dever ocupar o último lugar. 
10 Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: ‘Amigo, passa mais para cima’. Então serás honrado na presença de todos os convivas. 
11 Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado”
12 Dizia igualmente ao que o tinha convidado: “Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. 
13 Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. 
14 Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos”. 

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
SEM EXCLUIR

Jesus participa de um banquete convidado por "um dos principais fariseus" da região. É uma refeição especial de sábado, preparada desde a véspera com todo cuidado. Como de costume, os convidados são amigos do anfitrião, fariseus de grande prestígio, doutores da Lei, modelo de vida religiosa para todo o povo.

Ao que parece, Jesus não se sente cômodo. Sente falta de seus amigos pobres. Aquelas pessoas que se encontram mendigando pelos caminhos. Os que nunca são convidados por ninguém. Aqueles que não contam: excluídos da convivência, esquecidos pela religião, desprezados por quase todos. Eles são os que, habitualmente, sentam-se à sua mesa.

Antes de se despedir, Jesus se dirige ao que o convidou. Não é para agradecer-lhe o banquete, mas para sacudir a sua consciência e convidar-lhe a viver com um estilo de vida menos convencional e mais humano: "... não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos".

Mais uma vez, Jesus se esforça por humanizar a vida rompendo, se necessário, esquemas e critérios de atuação que nos podem parecer muito respeitáveis, porém que, no fundo, estão indicando nossa resistência para construir esse mundo mais humano e fraterno, desejado por Deus.

Habitualmente, vivemos instalados num círculo de relações familiares, sociais, políticas ou religiosas com aqueles que nos ajudam mutuamente a cuidar de nossos interesses, deixando fora aqueles que nada nos podem dar. Convidamos para a nossa vida aos que, por sua vez, podem nos convidar. Isso é tudo.

Escravos de relações interessadas, não somos conscientes de que o nosso bem-estar somente se sustenta excluindo aqueles que mais necessitam de nossa solidariedade gratuita, simplesmente, para poderem viver. Devemos escutar os apelos evangélicos do Papa Francisco na pequena ilha de Lampedusa (Itália): 
  • "A cultura do bem-estar nos faz insensíveis aos gritos dos outros"
  • "Caímos na globalização da indiferença"
  • "Perdemos o sentido da responsabilidade".
Nós, os seguidores de Jesus, temos de recordar que abrir caminhos ao Reino de Deus não consiste em construir uma sociedade mais religiosa ou em promover um sistema político alternativo a outros, também, possíveis, mas, antes de mais anda, em gerar e desenvolver relações mais humanas que tornem possíveis condições de vida digna para todos, começando pelos últimos.
SEM ESPERAR NADA EM TROCA

Jesus está comendo, convidado por um dos principais fariseus da região. Lucas nos indica que os fariseus não deixam de espiá-lo.

Jesus, entretanto, sente-se livre para criticar os convidados que procuram os primeiros lugares e, inclusive, para sugerir ao que o convidou quem ele deve convidar daqui em diante.

É esta interpelação ao anfitrião que nos deixa desconcertados. Com palavras simples, Jesus lhe indica como deve atuar: "... não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos". No entanto, há algo mais legítimo e natural que estreitar laços com as pessoas que nos querem bem? Não fez, Jesus, o mesmo com Lázaro, Marta e Maria, seus amigos de Betânia?

Ao mesmo tempo, Jesus lhe indica em quem deve pensar: "convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos". Os pobres não têm meios para corresponder ao convite. Dos aleijados, coxos e cegos nada se pode esperar. Por isso, ninguém os convida. Isso não é algo normal e inevitável?

Jesus não recusa o amor familiar nem as relações amistosas. Aquilo que ele não aceita é que elas sejam, sempre, as relações prioritárias, privilegiadas e exclusivas. Para aqueles que entram na dinâmica do Reino de Deus, buscando um mundo mais humano e fraterno, Jesus lhes recorda que a acolhida aos pobres e desamparados deve ser anterior às relações interessadas e às convenções sociais.

É possível viver de maneira desinteressada? Pode-se amar sem esperar nada em troca? Não devemos nos enganar. O caminho da gratuidade é, quase sempre, difícil. É necessário aprender coisas como estas: 
  • dar sem esperar muito
  • perdoar sem exigir
  • ser paciente com as pessoas pouco agradáveis,
  • ajudar pensando somente no bem do outro.
Sempre é possível cortar, um pouco, os nossos interesses, renunciar, de vez em quando, a pequenas vantagens, pôr alegria na vida daquele que vive necessitado, doar algo de nosso tempo sem reservá-lo sempre para nós, colaborar em pequenos serviços gratuitos.

Jesus se atreve a dizer ao fariseu que o convidou: "Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir". Esta bem-aventurança ficou tão esquecida que muitos cristãos jamais ouviram falar dela. No entanto, contém uma mensagem muito querida para Jesus: "Felizes os que vivem para os outros sem receber recompensa. O Pai do céu os recompensará".

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Segunda-feira, 26 de agosto de 2013 - 19h22 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

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