«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

ENQUANTO ISSO... NA CHINA, A EDUCAÇÃO...

Professor chinês
ganha mais que uma maçã

ECONOMIST.COM

Pais de alunos dão presentes extravagantes, mas isso não é sinal de valorização do ensino e sim reflexo da competição na China
Sala de aula na China

Na China, 10 de setembro é Dia do Professor. A comemoração anual, instaurada em 1985, celebra a contribuição dos educadores para a sociedade chinesa, e costumava ser o momento dos estudantes expressarem sua gratidão por meio de cartões e flores. Mais recentemente, porém, a data ganhou novos contornos e tornou-se comum os pais comprarem presentes extravagantes para os mestres de seus filhos, como iPads, cosméticos de luxo, bolsas de design e vale-compras opulentos.

Esses itens raramente refletem a sincera gratidão dos estudantes. Contrariamente, fazem parte da grande competição que se tornou a educação na China. E ser o preferido do professor é uma das facetas desse jogo.

Alguns pais com carteiras recheadas acreditam que um bom presente pode ajudar seus pequenos a obterem sucesso escolar - o que pode ser caracterizado como propina. Essas gratificações também perpetuam a desigualdade: nem todos os pais podem arcar com presentes desse porte, e um sistema que recompensa a riqueza com mais oportunidade é profundamente problemático.

A gratificação escusa de professores, contudo, está com os dias contados. Em 2012, o presidente condenou essa prática nas escolas durante uma campanha anticorrupção - durante a qual também recriminou outras atitudes como a realização de banquetes, a fabricação de tortas da lua (típico doce chinês) em ouro maciço e o consumo de bebidas alcoólicas caras. No ano passado, o governo de Xi Jinping elaborou um projeto de lei que propõe a mudança da comemoração do Dia do Professor para 28 de setembro, considerado o aniversário de Confúcio.

Há alguns dias, o Ministro da Educação aproveitou a proximidade do 10 de setembro e proibiu as gratificações extravagantes em todas as instituições educacionais do país. Nos anos anteriores, diversos sites vendiam vale-compras para o Dia do Professor de até mil yuans (US$ 160). Este ano, os presentes ofertados online são menores e mais baratos, como marcadores de livros e porta-canetas.

Os estudantes de uma escola de ensino fundamental com quem conversei na semana passada pretendiam homenagear seus professores com presentes simples; um deles planejava até fazer ele mesmo uma lembrança, pois "o esforço pessoal é o que conta". Outros falaram em cartões e flores, ou ainda em dizer um sonoro "feliz Dia do Professor" quando se curvassem ao mestre no início da aula (na China, as crianças inclinam-se para saudar o professor no início de todas as aulas).

Uma professora de inglês que trabalha há dez anos nessa mesma escola disse que guarda centenas de lembranças dos estudantes em casa, "todas pequenas e singelas". A coisa mais estranha que recebeu nesse período foi uma calcinha rosa, conta ela, sorrindo.

Segundo o jornal China Daily, o próprio Xi [presidente chinês] aceitou um presente de um estudante às vésperas do Dia do Professor, quando visitava a Universidade de Pequim: um chapéu uigur. Mas o verdadeiro presente de Xi é muito maior: apesar de muitos pais terem perdido a oportunidade de influenciar o desempenho escolar dos filhos, sua campanha anticorrupção ganhou popularidade entre muitos chineses.

Traduzido do inglês por Livia Almendary.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Domingo, 14 de setembro de 2014 – Pg. A29 – Internet: clique aqui.


MAS... AQUI NO BRASIL,
A EDUCAÇÃO...

Ruth de Aquino

Entrevista com Cristovam Buarque
Ex-Ministro da Educação
Cristovam Buarque - Senador (PDT - DF)

De repente, não mais que de repente, fez-se de inteligente o ignorante, fez-se de próximo o distante, fez-se da educação uma aventura edificante. De repente, todos os candidatos à Presidência só falam naquilo: educação. O primeiro ministro da Educação da era petista, Cristovam Buarque, pressionou Lula a fazer a revolução que, hoje, todos prometem. Caiu por isso. A seguir, uma conversa com ele, hoje senador. Para quem tem memória curta.

Educação virou “prioridade” no horário eleitoral. Por que a súbita obsessão retórica?

Cristovam Buarque – A realidade mostrou que educação é fundamental não só para cada indivíduo, mas para o desenvolvimento científico e tecnológico do país. Sem isso, a economia fica para trás, produzindo bens primários e importando bens de alta tecnologia.

O que deu certo e errado nos 12 anos de governo do PT?

Cristovam – Deu certo o lento avanço na universalização, não deu certo o salto necessário para a qualidade. A escola, ampliada, ficou para trás. Três brechas se aprofundam: entre a educação no Brasil e noutros países, entre a educação dos ricos e dos pobres, entre as necessidades de educação e o que a escola oferece.

Por que o senhor saiu do governo?

Cristovam – O presidente Lula cansou de algumas falas minhas. No último encontro, eu lhe disse que não fazíamos o dever de casa para mudar a economia. O desinteresse político de Lula pelo longo prazo o levou a gestos imediatos no ensino superior, sem dar atenção à educação de base. O resultado foi aumento no ensino superior, com qualidade desastrosa. Lula temia minha reação à mudança da Bolsa Escola para Bolsa Família, que perderia a conotação educacional, ao sair do MEC para o Ministério do Desenvolvimento Social. Lula usa espertamente a ideia de que é possível saltar para a universidade, sem passar pela educação de base. E esse discurso, mesmo que demagógico, dá votos, como se comprova.

Quais foram suas maiores frustrações como ministro?

Cristovam – Primeiro, a suspensão do programa para a erradicação do analfabetismo, logo depois que saí. Também a paralisação do programa Escola Ideal, embrião da Federalização da Educação de Base. E os projetos que ficaram na gaveta da Casa Civil, entre eles o Programa de Apoio ao Estudante, que depois virou Prouni.

Que nota daria ao PT, com base em nossos indicadores educacionais?

Cristovam – É fácil: a mesma nota do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica]. Menos de 5: reprovado. Se tivéssemos levado adiante a proposta de adotar as escolas de cidades pelo governo federal, hoje já teríamos 3 mil cidades com educação de alta qualidade.

O que acha da aprovação automática?

Cristovam – Uma medida errada. É como dar alta ao doente, porque ele ficou um tempo determinado no hospital, sem ao menos tomar a pressão dele. Serve apenas para mostrar diminuição no número de doentes.

O que acha das cotas raciais?

Cristovam – Sou a favor, como medida paliativa, necessária para mudar a cor da cara da elite brasileira, enquanto se faz o certo e definitivo: negros e brancos, pobres e ricos em escolas com a mesma qualidade.

Algum modelo estrangeiro é inspiração para uma revolução na educação?

Cristovam – Os melhores exemplos de países que partiram de níveis parecidos são Coreia do Sul e Irlanda. Para acabar com a vergonha em todas as escolas de uma cidade, bastam poucos anos. Para fazer a mudança em todas, mais de 20.

Que metas devem ser perseguidas?

Cristovam – O governo federal deveria escolher e adotar escolas de cidades e implantar um novo sistema para substituir o atual. As escolas federais, melhoradas, podem ser um padrão a espalhar. Uma revolução na educação de base custaria 6,4% do PIB. Um grande programa para a população adulta, entre 9% e 10%. Espero um presidente que diga: “Só descansarei quando nenhuma família precisar de Bolsa Escola”.

O senhor diz que a violência na escola é produto da desvalorização do magistério. Como valorizar o professor?

Cristovam – Criando uma Carreira Nacional dos Professores, com salário capaz de atrair para o magistério os jovens mais brilhantes do ensino superior. Para isso, precisamos pagar R$ 9.500 por mês. Escolher esses professores de maneira rigorosa, exigir dedicação exclusiva e submetê-los a avaliações para substituir quem não tiver o desempenho desejado. Fazer escolas bonitas e confortáveis, equipadas com a mais moderna tecnologia. Todas em horário integral.

Fonte: Revista ÉPOCA – Coluna de Ruth de Aquino – 15 de setembro de 2014 – Edição nº 850 – Pg. 106 – Internet: clique aqui.

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