«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O que ele está fazendo lá, ainda?!

Um país sem heróis

Editorial

O despudor de Eduardo Cunha só é comparável à maneira abusiva com que usa o poder que a Presidência da Câmara dos Deputados lhe confere, na tentativa de livrar-se das sólidas acusações de que é alvo, especialmente a de falta de decoro parlamentar por ter mentido perante a CPI da Petrobrás, quando negou a evidência de que mantém contas bancárias no exterior. Diante do anúncio feito na segunda-feira pelo relator do processo a que responde perante o Conselho de Ética da Câmara, de que já tinha dado parecer favorável ao prosseguimento da ação, Cunha deixou a cargo de seus advogados sustentar o insustentável argumento de que a atitude do relator “representa o cerceamento do direito de defesa”. O argumento – como quase tudo nesse caso – insulta a inteligência de qualquer pessoa que se informe sobre o caso. Baseia-se exclusivamente na suposição marota de que, na falta de outro recurso, o ataque é a melhor defesa. Não é por outra razão que Cunha preferiu transferir para seus advogados o encargo desse papel ridículo.
EDUARDO CUNHA
Deputado Federal pelo PMDB do Rio de Janeiro
Presidente da Câmara dos Deputados - Brasília (DF)

O relatório preliminar do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) limita-se a considerar “apta” a denúncia contra Cunha e a admitir, portanto, o prosseguimento do processo no Conselho de Ética. O relator tomou a precaução de não adiantar nenhum juízo de valor sobre o objeto da investigação. Diante disso, o presidente do Conselho, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), contestou a alegação dos advogados de Cunha explicando que na manifestação preliminar do relator “não tem acusação, então não cabe defesa”. E se não cabe defesa, como esta pode ter sido cerceada?

Esperava-se que Pinato apresentasse seu relatório preliminar apenas amanhã, quinta-feira. A antecipação para segunda-feira – decidida pelo relator em comum acordo com o presidente do Conselho – teve o objetivo de compensar a dilatação dos prazos de tramitação do processo, recurso que os aliados de Cunha já anunciaram que utilizarão fartamente. Tudo considerado, a expectativa é de que, sendo finalmente recomendada pelo Conselho de Ética, a cassação do mandato de Cunha será submetida a voto aberto no plenário da Câmara, na melhor das hipóteses, em abril do próximo ano.

Nos círculos políticos de Brasília é praticamente unânime a convicção de que dificilmente Eduardo Cunha ficará impune neste caso – está envolvido ainda em outras investigações de corrupção –, dada a fragilidade dos argumentos com que pretende contestar a evidência de que mantém contas no exterior. Mesmo que possa alegar que não é o “titular” dos trustes administrados por agências de investimento, ele e sua família são inegavelmente – nem ele próprio o nega – os beneficiários das contas. Assim, considerando a tendência extremamente desfavorável aos políticos que reina no País neste momento de profunda crise, é de imaginar que os parlamentares, seja no âmbito do Conselho de Ética, seja posteriormente no plenário da Câmara, não se exporão ao desgaste de absolver Eduardo Cunha, até porque 2016 é ano eleitoral – e a opinião pública já formou juízo sobre as bandalheiras que envolveram esse caso.

A alternativa que se aponta naqueles círculos é uma negociação in extremis, por meio da qual Eduardo Cunha barganhe a manutenção de seu mandato parlamentar pela renúncia à Presidência da Câmara. Foi o que Renan Calheiros fez quando presidia o Senado em 2007 e foi pilhado num escândalo de corrupção. Isso não o impediu de retornar ao comando do Senado. Para variar, Renan também está sendo investigado no caso do petrolão.

Enquanto isso, Eduardo Cunha se defende como pode, garantindo o apoio encabulado da bancada petista e de outros aliados do governo com a manipulação da pauta de votação das matérias de interesse do Planalto e, principalmente, dos pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na mesma segunda-feira em que se irritou com a atitude do relator de seu processo no Conselho de Ética, Cunha anunciou ter indeferido mais quatro pedidos de impeachment por falta de pré-requisitos técnicos e jurídicos. Mas ainda tem um bom estoque dessas poderosas armas para neutralizar qualquer gesto de hostilidade do Planalto.

Há quem tenha pena de um país que precisa de heróis. O que se dirá de um país cujos próceres protagonizam aviltantes inquéritos policiais e processos criminais?

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Quarta-feira, 18 de novembro de 2015 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.

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