«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Destruindo a educação e a ciência no Brasil

 O desmonte do conhecimento

 Editorial

Jornal «O Estado de S. Paulo» 

Áreas de ensino, ciência e pesquisa não têm prioridade no governo Bolsonaro

Sem investimento pesado em ciência, pesquisa, ensino universitário não há progresso e independência, de fato, de nenhuma nação no mundo!

Se em seus primeiros meses o governo Bolsonaro começou relegando para segundo plano as áreas de ensino, ciência e pesquisa, contingenciando verbas e bloqueando recursos, com o advento da pandemia e da crise econômica por ela deflagrada a situação se agravou ainda mais, tornando-se dramática. 

Quem perde e o quê? 

I. Verbas para pesquisa 

1) No Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a redução do orçamento obrigou o órgão a financiar em 2021 somente 13% das 3.080 bolsas de pós-graduação e pós-doutorado que já haviam sido aprovadas. A informação foi divulgada recentemente pelo próprio órgão, deixando a comunidade científica perplexa.

2) Já a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) perderá neste ano quase um terço do que recebeu em 2019.

3) O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) também sofreu cortes drásticos, segundo levantamento da Academia Brasileira de Ciências, da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif).

4) Essas entidades também lembraram que o orçamento previsto para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), em 2021, equivale a menos de um terço do que foi repassado uma década atrás. 

Até a coleta de lixo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desde 2020 está inviabilizada devido à falta de verbas!

II. Universidades Federais 

No ensino superior, as universidades federais enfrentam graves dificuldades para pagar despesas de custeio, como água, energia e segurança, não dispondo também de recursos para manter pesquisas em andamento.

1) Por causa dos cortes, o orçamento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) voltou ao patamar de 2008, quando tinha 20 mil alunos. Hoje ela conta com mais de 36 mil alunos, dos quais 8,5 mil são apoiados por programas de ações afirmativas.

2) Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o reitor Marcus David informou que as atividades de ciência e tecnologia estão “acabando” na instituição.

3) Já na Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Reitoria anunciou que o orçamento aprovado para 2021 equivale ao do exercício de 2010 e alegou que a redução de recursos orçamentários, conjugada com contingenciamentos, está levando à “destruição” da instituição.

4) A reitora Denise de Carvalho e o vice-reitor Carlos Rocha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicaram artigo no jornal O Globo alertando para o risco de a instituição “fechar as portas” a partir de julho. “A universidade está sendo inviabilizada”, concluíram.

5) Outra instituição importante, a Universidade de Brasília (UnB) distribuiu nota lembrando que “a redução crescente dos recursos, associada a bloqueios e contingenciamentos, prejudica a execução do planejamento da instituição. A política de contínua redução orçamentária trouxe dificuldades e desafios nunca antes vivenciados”.

Por seu lado, o MEC lamenta a redução dos recursos da rede federal de ensino superior e informa que não tem medido esforços no Ministério da Economia para tentar “uma recomposição e/ou mitigação das reduções orçamentárias das instituições federais de ensino superior” e obtido um repasse que, apesar de pequeno, garante a elas algum fôlego financeiro para os próximos meses. 

Independentemente desses esforços, a situação em que as áreas de ensino, ciência e pesquisa se encontram não se deve apenas à crise econômica. Ela trouxe inúmeros problemas, não se pode negar.

Mas a verdade é que as dificuldades enfrentadas por essas três áreas decorrem do fato de elas jamais terem sido consideradas prioritárias desde o início de um governo que não sabe o que é planejamento e não tem noção de futuro.

Determinado por razões políticas e ideológicas no início do governo, o desinvestimento no CNPq, na Capes e nas universidades federais vem, paradoxalmente, ocorrendo no momento em que o Brasil mais necessita de pesquisadores e universidades trabalhando a pleno vapor. Por isso, atribuir a asfixia financeira do ensino, da ciência e da pesquisa às dificuldades econômicas causadas pela pandemia, como as autoridades educacionais vêm fazendo, é mais do que escamotear a verdade.

É um crime praticado contra os cidadãos e as futuras gerações.

Fonte: Estado de S. Paulo – Notas & Informações – Sábado, 15 de maio de 2021 – Pág. A3 – Internet: clique aqui (acesso em: 16/05/2021). 

O pastor pede pelo MEC

 Renata Cafardo

Repórter especial do jornal O Estado de S. Paulo e fundadora da Associação de Jornalistas de Educação (JEDUCA) 

Não há verba na pasta para quem quer entrar na faculdade ou para quem já está nela

MILTON RIBEIRO é o atual Ministro da Educação, mais um pastor evangélico no poder!

Tragédia, destruição, fechamento de portas. Assim definiram diversos reitores a situação das universidades federais na semana que passou. E até o ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, pediu ajuda – não às claras, mas em ofício ao colega Paulo Guedes, obtido pela repórter Júlia Marques, do Estadão.

Avisou que os cortes de verbas inviabilizam “a realização de diversas políticas estratégicas para a melhoria da educação no País”.

Incrível, o próprio MEC insiste em negar oficialmente, mas o documento mostra que não há dinheiro para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste ano. A prova é a mais importante do País e esperada por cerca de 6 milhões de jovens em busca de um lugar na faculdade. 

Também não há para bolsas de pesquisa ou auxílio estudantil para quem já conseguiu um lugar no ensino superior. O ofício diz ainda que...

... o “funcionamento geral” das universidades federais vai ficar comprometido se as verbas não forem desbloqueadas.

 Bobagens ditas por Paulo Guedes 

Há poucas esperanças de uma resposta animadora. O destinatário da carta, há cerca de 15 dias, insistiu em atacar de forma grotesca essas instituições e as pessoas que lá trabalham ou estudam. Em uma reunião em que defendia a educação privada, Guedes disse que as federais estão em estado “caótico”, “ensinando sexo para criança de 5 anos, com maconha, bebida, droga”. Citou ainda o educador Paulo Freire, alvo predileto quando bolsonaristas falam de ensino, aclamado no mundo por defender a educação democrática e focada no cidadão. 

Quem tem o mínimo de sensatez se pergunta o que crianças de 5 anos estariam fazendo numa universidade. Ou o que Freire tem a ver com as centenas de laboratórios que pesquisam vacinas e tratamento para a covid nas federais. E ainda qual relação teria essa bobagem dita por Guedes com os hospitais universitários, referências em suas regiões, que atendem vítimas da pandemia. 

PAULO GUEDES, Ministro da Economia, não esconde sua aversão às Universidades Federais, a sua falta de visão de futuro por não priorizar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico

O MEC sofre este ano uma redução de recursos sem precedentes. O pastor Ribeiro clama a Guedes desbloqueio de R$ 2,7 bilhões e mais R$ 2,6 bilhões. O orçamento das federais, por exemplo, foi aprovado por Bolsonaro com corte de R$ 1 bilhão e houve ainda mais dois bloqueios de verbas. 

Hoje, o valor livre que pode ser usado pelas 69 instituições [Universidades Federais] é equivalente ao que havia em 2004. Naquela época, só existiam 51 federais.

E não há exagero, muitos espaços nas instituições podem ficar sem funcionar por falta de energia, limpeza, materiais básicos, que é para onde vai esse dinheiro. Só na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), há cerca de 200 projetos de pesquisa relacionados à covid. Um deles, de uma vacina feita com o Incor, precisa de R$ 400 milhões para avançar para a fase clínica. E dinheiro para se armazenar sangue, fazer experimentos, comprar EPIs para os pesquisadores. 

Uma universidade não é só aula. O ensino de disciplinas teóricas está sendo feito online, mas isso não é desculpa para redução drástica no orçamento. Nos últimos anos, as federais dobraram de tamanho, com um investimento recorde durante os governos do PT, também criticado por Guedes e sua turma. Aumentaram em estrutura e em alunos, abrindo espaço para estudantes mais pobres, que precisam de ajuda para se manterem na graduação – casa, alimentação, materiais. Atualmente, 25% dos alunos são de famílias com renda inferior a um salário mínimo. E outros 50%, de um salário e meio. 

Depois de 2015, o dinheiro para as universidades já começou a diminuir, mas nada como se viu durante o governo Bolsonaro – que traz junto ataques ideológicos e políticos. E, pior, no ano da pandemia, quando o Brasil mais precisa de educação e ciência. Os efeitos no curto prazo são claros. No médio e longo prazos, é o desenvolvimento de um país que vai escorrendo pelo ralo. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Educação / Colunista – domingo, 16 de maio de 2021 – Pág. A15 – Internet: clique aqui (acesso em: 16/05/2021).

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