«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 9 de setembro de 2017

Como lidar com a secura emocional?

Morto por dentro

Anselm Grün
Teólogo, Psicólogo e Escritor alemão
Monge Beneditino – Abadia de Münsterschwarzach

Há pessoas que secaram internamente. Elas não conseguem sentir mais nada. São incapazes de se entusiasmar por alguma coisa. Todos os sentimentos estão ressequidos. Tais pessoas percebemos como mortas internamente. Sem emoções, o ser humano parece morto. Sentimentos conferem vigor o homem. Eles permitem que a vida lhe pareça plena de sentido. Através das emoções, ele percebe a si mesmo. Mas se as emoções secam e murcham, o homem não se sente vivo. Ele se atrofia internamente.

Em aconselhamento espiritual, sempre vejo pessoas que sofrem por sua secura emocional. Elas adorariam sentir. Mas não sentem nada. Não conseguem se alegrar por coisa alguma. Mesmo o luto não é capaz de tocá-las realmente. Às vezes essa insensibilidade emocional é sinal de depressão. Na depressão, a vida afetiva se paralisa. Mas também há secura emocional fora da depressão. Trata-se simplesmente de se estar desconectado das emoções. Os sentimentos são como uma fonte que emana vivacidade. Porém, para algumas pessoas, essa fonte está seca.

Pessoas que sofrem de secura emocional seguem simplesmente levando a vida. Suas vidas não têm altos e baixos, tudo é igual. A vida segue por uma via árida. Também a paisagem é seca. Ali não há nenhum verde pelo qual se alegrar. Tais pessoas invejam as que conseguem se entusiasmar e se alegrar.

No que tange ao outro, são insensíveis. Quando instadas sobre o que sentiram ao se encontrarem com essa ou aquela pessoa, respondem: Nada. São incapazes de sentir como o outro está realmente. Elas apenas ouvem as palavras, mas sequer notam os sentimentos do outro. Isso geralmente leva a conversas que magoam. Elas não querem ferir, mas, do momento que se esquivam, subestimam os sentimentos alheios e a eles reagem laconicamente, por certo que o outro fica ofendido. Ele não sente que é levado a sério com seus sentimentos, simplesmente passaram por cima deles.

Alguns sofrem de secura emocional e se sentem inferiores às outras pessoas. Em contrapartida, outros não querem aceitar sua secura emocional e preferem ferir seus semelhantes. Eles acusam as pessoas de agirem por sentimentalismo barato ou por excitação emocional; chamam o outro de sentimentaloide ou falam depreciativamente sobre tipos emotivos com os quais não se pode conversar razoavelmente. Mas, com isso, elas apenas se desviam da miséria particular em que se encontram devido à sua insensibilidade e secura emocional.

Durante discussões, pessoas insensíveis sequer percebem as emoções que movem os outros. À medida que argumentam unicamente com imparcialidade, suscitam raiva e incompreensão no outro. Junto a tais pessoas, os outros não encontram ouvidos para seus sentimentos, anseios e desejos. Para o mundo exterior, na maioria das vezes, essas pessoas secas e insensíveis aparentam ser fortes. Elas não dão valor às suas emoções.

Porém, na realidade, elas, de fato, assemelham-se a androides sem alma. Ninguém procura sua companhia. E, assim, elas caem em isolamento. De vez em quando, as pessoas insensíveis sentem sua solidão. Então, eu procuro chamar-lhes a atenção para esse sentir; elas devem investigar em si mesmas esse sentimento de solidão. Desse modo, elas então ao menos vivenciam um sentimento. Ou eu deixo que percebam dentro de seu corpo: Como parece a secura emocional? Ela também é um sentimento; também posso reconhecer e sentir a insensibilidade.

Quando alguém sofre por causa de sua secura emocional, ele sente alguma coisa. Eu procuro, então, aproximá-lo desse sentimento. Em seguida, ele reconhece que não existe ninguém que não tenha sentimentos; eles talvez estejam apenas embotados, sem viço, mas, ainda assim, capazes de serem encontrados por debaixo da superfície árida.

É necessário atenção e cautela para se descobrir os sentimentos velados sob a pétrea camada de sentimentos reprimidos. Os sentimentos querem ser desvelados. Eu procuro sentir-me em meu íntimo, ao mesmo tempo que abro passagem nessa camada dura, a fim de atravessá-la, para, enfim, tocar os sentimentos que jazem sob ela. Desse modo, eles podem aflorar vagarosamente. E, em meio a um campo seco, começarão então a desabrochar vigorosamente os primeiros botões dos sentimentos e, novamente, eles me restituirão a vida.

Fonte: GRÜN, Anselm. Pequena Escola das Emoções: como os sentimentos nos orientam e o que anima nossa vida. Tradução de Bianca Wandt. Petrópolis (RJ): Editora Vozes, 2016, páginas 190-193.

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