«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 29 de setembro de 2019

26° Domingo do Tempo Comum – Ano C – Homilia

Evangelho: Lucas 16,19-31
Para ler o Santo Evangelho, clique aqui.

José María Castillo
Teólogo católico espanhol
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Uma parábola muito atual!

Seguramente, nunca a parábola do rico fanfarrão e Lázaro teve tanta atualidade como neste momento. O «rico fanfarrão» é o um porcento dos multimilionários que a cada ano acumulam mais riqueza. O «Lázaro» atual são os oitenta porcento da população mundial que não conseguem chegar ao final do mês com suas contas. Faz-se necessário repensar a atualidade terrível que entranha o pecado por omissão.

Quando fazemos algo mal, a consciência não nos deixa tranquilos. Porém, quando deixamos de fazer coisas que teríamos de fazer, a consciência costuma ficar tranquila. E, no entanto, a omissão do dever não cumprido é a causa de demasiados desastres e sofrimentos. É o caso do rico fanfarrão que esta parábola apresenta.

O rico, na realidade, não fez mal algum ao mendigo Lázaro. Simplesmente o deixou, não mais à porta de sua casa, mas em seu «portal», um cômodo já dentro da mansão do rico. Pecado de omissão foi aquele do sacerdote e do levita na parábola do bom samaritano (Lc 10,31-32). E por pecados de omissão se pronunciará a sentença de perdição, no juízo final, contra aqueles que não deram de comer ao faminto, nem de beber ao sedento, nem visitaram o enfermo... (Mt 25,41-46).

Porém, nesta parábola, há algo muito mais forte. Trata-se da insensibilidade diante do sofrimento. E é capital tomar consciência de que essa insensibilidade é causada pela boa vida, a abundância e o desperdício que desfrutava o rico. Aquilo que descreve a parábola é um fato. E que costuma ser um fato tão frequente e tão patente, que não necessita muita explicação.

Exceto em casos muito raros, todo aquele que vive bem, no desperdício e no consumismo sem freio, torna-se insensível diante da dor alheia, as desgraças dos outros e o sofrimento que invade os maiores setores da população mundial. Trata-se, desse modo, de um caso tão patente, que não há necessidade de apresentar evidências do crime.

Por que se produzem o pecado de omissão e de insensibilidade diante do sofrimento?

São os efeitos inevitáveis da abundância de dinheiro concentrado em poucas mãos. Quem possui dinheiro em abundância, por isso mesmo e só por isso, torna-se insensível perante a maioria das situações de sofrimento. Sente-se tranquilo, ainda que não mova um só dedo em tais circunstâncias. Há pessoas religiosas com dinheiro que até buscam  os «confessores sob medida», que lhes infundem piedades e devoções, porém deixam-lhes a consciência tranquila.

O dinheiro abundante dá bem-estar, dá segurança e tem um poder irresistível para responder ao desejo de satisfação imediata. Enquanto que, as promessas da religião não têm esse poder. Isso está mais do que comprovado. E aí temos as consequências. Na crise atual, a distância entre o que ganham os que mais ganham e a escassez dos que menos têm tornou-se maior que antes da crise.

Como se explica semelhantes barbárie? Temos de pensar sobre isso diante do Senhor e dos milhões de moribundos famintos que há neste momento. 

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: CASTILLO, José María. La religión de Jesús: comentario al Evangelio diario – Ciclo C (2018-2019). Bilbao: Desclée De Brouwer, 2018, páginas 365-366.

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