«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Divórcio e Igreja: as razões do cardeal Marx para a publicação do texto de Kasper

Matteo Matzuzzi
Il Foglio
01-03-2014
Cardeal Reinhard Marx - Munique (Alemanha)

Para o bispo de Munique e Freising, na Alemanha, há uma "prudência incompreensível" com relação à palestra que o jornal Il Foglio divulgou nesse sábado.

"O fundamento teológico da palestra do cardeal Walter Kasper na abertura do consistório extraordinário sobre a família não pode ser contestado". A afirmação é do arcebispo de Munique e Freising, o cardeal Reinhard Marx, que há poucos dias voltou novamente para a Baviera depois dos intensos eventos romanos que concluíram com a entrega das púrpuras aos 19 novos cardeais.

O purpurado progressista que se senta na cátedra que foi também de Joseph Ratzinger nos anos 1970 se diz estupefato pelo fato de que os cardeais decidiram manter em segredo o texto do discurso de Kasper. Prudência incompreensível, acrescenta, em virtude do fato de que não foi o papa que decidiu pôr sob chaves a longa palestra lida pelo presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Se, oficialmente, o clima do debate foi sereno e fraterno – como foi destacado pela Sala de Imprensa e por vários purpurados presentes nas reuniões –, também é verdade que alguns (principalmente no início da discussão, na quinta-feira, 20 de fevereiro) tinham muito a dizer sobre as palavras de Kasper, acrescenta Marx, que esclarece que no centro do debate estava a questão dos divorciados em segunda união. Não a maternidade de aluguel ou a questão de gênero, embora no dia seguinte a gama de intervenções tenha sido muito mais ampla.

É sobre o tema da aproximação à comunhão os divorciados em segunda união – questão dilacerante em torno da qual eminentes purpurados já fizeram ouvir a sua voz (e nem sempre com tons próprios da diplomacia) – que os dois dias de consistório se desenvolveram. De Kasper, não veio nenhuma resposta a esse respeito, até porque Francisco lhe pedira para fazer perguntas, para manter uma espécie de abertura em vista do Sínodo de outubro.
Cardeal Walter Kasper - teólogo alemão

Mas debater perspectivas pastorais para os divorciados é algo que tem "uma importância fundamental", observa o arcebispo de Munique, e seria oportuno que "outros teólogos também participassem da discussão". A esperança, portanto, é a de mudar de método, de abrir as portas e de abordar publicamente as questões que têm a ver com a pastoral familiar.

Não é por acaso, portanto, que, depois da "oposição" às palavras de Kasper mostrada por diversos cardeais na Aula Nova do Sínodo, o papa quis intervir pessoalmente para agradecer o purpurado alemão pelo conteúdo da palestra, exemplo do que se chama de "fazer teologia de joelhos", disse Francisco, que voltou ao tema também nessa sexta-feira, em Santa Marta.

"Quando Paulo precisa explicar o mistério de Cristo, ele o faz também em relação à sua esposa. Porque Cristo é casado com a Igreja. Essa é a história do amor. E, diante desse percurso de amor, a casuística cai e se torna dor", destacou o pontífice durante a homilia proferida de manhã de sexta-feira na pequena capela da residência em que ele escolheu para morar depois da eleição.

Bergoglio acrescentou que, "quando esse amor fracassa – porque muitas vezes fracassa – devemos sentir a dor do fracasso, acompanhar essas pessoas que tiveram esse fracasso no próprio amor. Não condenar! Caminhar com eles! E não fazer casuística com a sua situação".

Alguns cardeais, explicou ainda Marx, não entenderam por que o papa não só permitiu, mas "também promoveu" um debate sobre o tema dos divorciados em segunda união, enquanto outros prefeririam evitar as demoras e ir diretamente a uma decisão a respeito, sem ter que esperar pelo desenvolvimento do Sínodo de outubro e o ordinário de 2015.

Em todo caso – observou o arcebispo de Munique – nada é óbvio sobre o resultado da cúpula sinodal: "A discussão está em aberto", e as posições são as mais diversas entre si. Se o coordenador da consulta chamada para reformar a Cúria Romana, o cardeal Oscar Maradiaga, convidava a olhar com atenção para as "questões inéditas" não abordadas pela exortação Familiaris consortio do Papa João Paulo II, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Gerhard Ludwig Müller, está no fronte oposto.

Apenas alguns dias atrás, interpelado sobre a questão, ele reiterou que "está em jogo o matrimônio como instituição divina" e que, "se o matrimônio é indissolúvel, não pode ser dissolvido". Sobre isso, acrescentava, "a doutrina católica é clara". O problema, no máximo, é outro, explicava ele: para muitos fiéis, "o matrimônio nada mais é do que uma bela festa a ser celebrada na Igreja", o que leva a diminuir o porte sacramental.

Certamente, explica Marx – que já tinha polemizado com Müller sobre as questões do Sínodo –, "mas os sacramentos não deveriam ser mal entendidos, fazendo-os se tornar uma espécie de instrumento disciplinar". Quando falamos de sacramentos, acrescentou o arcebispo de Munique, é preciso sempre ter em mente que eles são "meios de cura".

LEIA A ÍNTEGRA DA CONFERÊNCIA PROFERIDA 
PELO CARDEAL KASPER SOBRE A FAMÍLIA,
CLICANDO AQUI.

Tradução do italiano por Moisés Sbardelotto.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Segunda-feira, 3 de março de 2014 - Internet: clique aqui.

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