«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 18 de abril de 2023

Precisamos deter o TikTok

 Causa declínio da saúde mental por ser viciante

 Fareed Zakaria

Colunista do «Washington Post» 

Adolescentes e jovens são os mais “fisgados” pela rede

Na semana passada, argumentei contra o banimento do TikTok. Ao conversar com as pessoas sobre a plataforma, percebi que a verdadeira preocupação que a maioria tinha não era sobre a propriedade chinesa do TikTok, mas sim o quão assustadoramente viciante ele é — e também grande parte da mídia social. Isso é verdade e profundamente preocupante. Devemos fazer algo a respeito — e logo. 

O TikTok é o aplicativo dominante, em downloads nos Estados Unidos em 2022, e tem cerca de 150 milhões de usuários em todo o país. Drew Harwell, do Washington Post, resume bem os dados: em 2021, o site do TikTok foi visitado com mais frequência do que o Google. Dois terços dos adolescentes americanos o usam, com 1 em cada 6 dizendo que o usam “quase constantemente”. 

Também está arrasando com a concorrência. Harwell cita um relatório da Bernstein Research que descobriu que, entre 2018 e 2021, o tempo que os americanos passaram no aplicativo aumentou 67%, enquanto as horas no Facebook e no YouTube cresceram menos de 10%. 

O que o TikTok faz de tão especial? Ninguém sabe ao certo. “É constrangedor sabermos tão pouco sobre o TikTok e seus efeitos”, disse Philipp Lorenz-Spreen, pesquisador do Instituto Max Planck para o Desenvolvimento Humano em Berlim, ao jornal britânico The Guardian. Em parte, porque o TikTok é relativamente novo e em parte porque seu algoritmo é altamente sofisticado.

Em vez de uma imagem ou uma postagem escolhida por um amigo, o TikTok apresenta um fluxo de vídeos e avalia o que você gosta para oferecer mais, substituindo “o atrito de decidir o que assistir”, explicam os pesquisadores de Bernstein, com uma “explosão sensorial de vídeos pequenos entregando endorfina hit após hit.” 

Dopamina

A maioria dos psicólogos diz que ele também entrega dopamina, a substância química secretada no cérebro quando se espera uma recompensa, como comida, drogas ou sexo. Qualquer coisa que nos conecte aos outros desencadeia essa sensação de prazer, pois é uma resposta evolutiva — sobrevivemos melhor em grupos do que como indivíduos. Os aplicativos de mídia social capitalizam esse mecanismo de sobrevivência para obter lucro. E o TikTok fornece esse golpe de dopamina talvez mais rápido, melhor e mais prazeroso do que outros aplicativos populares. 

A melhor maneira de entender como a mídia social está afetando nossos cérebros é voltar à psicologia para iniciantes. B.F. Skinner, um dos estudiosos fundamentais no campo, demonstrou como o “condicionamento operante” funciona usando um sistema simples de recompensas contínuas para pombos, e os ensinou a voar em círculos, guiar mísseis e até jogar pingue-pongue.

A versão mais simples é assistir a um treinador de cães, que dará ao animal de estimação uma série de pequenas guloseimas para recompensá-lo por seguir as instruções. Os aplicativos de mídia social fornecem esses pequenos golpes de dopamina com a mesma confiabilidade. 

Tradução da frase do renomado psicólogo social JONATHAN HAIDT: "Nós vivemos em uma bolha, onde os algoritmos confirmam o que nós já queremos acreditar".

Jonathan Haidt tornou-se famoso como crítico das redes sociais. Renomado psicólogo social (ele leciona na Universidade de Nova York), Haidt argumenta que a ascensão da mídia social e seu sistema de recompensa está intimamente relacionado com declínios impressionantes na saúde mental dos adolescentes. Por volta de 2012, ele argumenta, você começa a ver todos os tipos de indícios de declínio da saúde mental, desde busca por ajuda psicológica até hospitalizações e tentativas de suicídio. Ele diz que isso aconteceu nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e vários outros países com uso generalizado de mídia social.

O aumento da ansiedade, depressão e tentativas de suicídio entre adolescentes é particularmente assustador. E esses números estão piorando a cada ano.

Início

O momento faz sentido quando você considera que o início dos anos 2010 é quando os adolescentes trocavam seus telefones flip por smartphones carregados com aplicativos de mídia social — e 2009 é quando o Facebook introduziu o “like/curtir” e o Twitter introduziu o recurso “retweet” que imita as guloseimas do treinador de cães. Então, em 2012, ano em que o Facebook comprou o Instagram e sua base de usuários explodiu, um grande número de adolescentes estava “fisgado”

Haidt, que trabalha em um livro sobre este tópico, mantém um banco de dados contínuo de estudos acadêmicos e comentários relacionados em seu Substack, After Babel. Saí totalmente convencido de que ele está certo e precisamos de regras e leis sérias em torno dessa tecnologia

Ele argumenta que a idade em que as empresas de mídia social podem coletar dados infantis sem o consentimento dos pais deve ser aumentada de 13 para 16 anos, protegendo assim os anos mais vulneráveis da puberdade precoce. (O projeto de lei inicial do Senado que definia a idade havia escolhido 16 anos, mas os lobistas das empresas de mídia conseguiram rejeitá-lo.) Pode haver leis federais exigindo mais notificações quando o aplicativo for usado por muito tempo, desligamentos automáticos à noite e muito mais. Para aqueles preocupados com esse tipo de legislação, lembre-se de que as empresas de mídia social são amplamente protegidas contra ações judiciais por um dispositivo generoso, a Seção 230 da Lei de Decência nas Comunicações (que rege a internet nos Estados Unidos). Eles podem ser razoavelmente instados, em troca, a tornar seus produtos mais seguros para as crianças. 

O próximo salto tecnológico é a inteligência artificial generativa. Uma vez que isso esteja totalmente casado com a mídia social, essas empresas terão uma capacidade sobre-humana de criar máquinas de dependência de poder surpreendente que podem nos fisgar permanentemente, talvez até reconectar nossos cérebros com consequências devastadoras. Devemos agir agora, enquanto temos tempo — e atenção. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Sábado, 15 de abril de 2023 – Pág. A22 – Internet: clique aqui (Acesso em: 17/04/2023).

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