«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Morreu Dom Pedro Casaldáliga

“Toda sua vida é um exemplo”,
escreveu o cardeal Sebastián

Fernando Sebastián
Cardeal e religioso Claretiano falecido

Testemunho vibrante, em carta escrita, 
de alguém que conheceu e conviveu,
de perto, com Dom Casaldáliga
Bispo emérito Dom Pedro Casaldáliga morre aos 92 anos em SP
DOM PEDRO CASALDÁLIGA
em sua casa em São Félix do Araguaia - MT
«Encontrei-me com Pedro Casaldáliga pela primeira vez no noviciado, quando eu ingressei na Congregação dos Missionários Claretianos, em julho de 1945. Ele terminava seu noviciado quando eu o começava, assim vivemos juntos todos os anos da carreira eclesiástica.

Ele estava sempre um ano à frente de mim. Fui ordenado em 1953 e ele em 1952, no Congresso Eucarístico de Barcelona. Casaldáliga foi sempre um religioso exemplar, fervoroso, amável, serviçal, requintado no cumprimento das Constituições e de todas suas obrigações. Veio à congregação desde o seminário de Vic com a ideia e o propósito muito claro de ir à missão. Disse-me que pedia cada dia ao Senhor a graça de ser missionário e de ser mártir. O primeiro conseguiu amplamente. O segundo, quase.

Tinha qualidades humanas extraordinárias. Era inteligente, rápido, e teve sempre uma extraordinária facilidade para escrever e compor poesia.

Era um excelente poeta, tanto em catalão como em castelhano.

Em sua vida espiritual distinguia-se por seu espírito de mortificação e sua fervorosa devoção à Virgem Maria. Os primeiros anos do sacerdócio dedicou intensamente ao apostolado com os mais pobres, os abandonados.

Ele estava encarregado do apostolado juvenil, primeiro em Sabadell e depois em Barcelona, no bairro de Gràcia. Suas preferências eram sempre para com os mais vulneráveis. Às vezes os acolhia nas salas destinadas aos jovens e isso causava um certo desgosto na comunidade.

Estando em Barcelona, participou também muito intensamente no Movimento de Cursilhos da Cristandade. Era otimista, fervoroso, sacrificado. Levava uma vida muito ocupada e muito intensa. Consta-me que algumas vezes ficou dormindo na capela de Sabadell e também na de Barcelona por querer rezar o Breviário à última hora da noite.

Ao ser enviado ao Brasil, cumpriu o propósito central de sua vida. Lá entregou sua vida plenamente e esteve a ponto de perdê-la em várias ocasiões. Em uma das minhas visitas à missão, contaram-me como um homem confessou que havia recebido dinheiro para matar o bispo Casaldáliga. Estava arrependido e Pedro se organizou para que um dos missionários que estava com ele, fugisse com o homem pelo rio Araguaia, e o acompanhasse até Goiânia. Temia que aqueles que pagaram para o ver morto agora matassem aquele que não cumpriu sua obrigação.

Sua entrega religiosa e missionária a favor dos pobres o levaram a posturas difíceis de compreender no terreno da política. Eu sempre pensei que suas atitudes e sua comportamento estavam inspirados por sua vontade radical de seguir a Jesus em seu amor aos pobres e na defesa da justiça.

Para compreender sua atuação, é preciso conhecer de perto as situações de injustiça e de exploração que tinha em seu entorno.

Uma vez ele me disse: “Aqui não se pode ser cristão sem defender os direitos dos pobres, aconteça o que acontecer”.

E tinha razão. Mais que razão, tinha o valor de cumprir, arriscando a sua vida continuamente. Toda a sua vida é um exemplo para os missionários, os padres e os cristãos.»

+ Fernando Sebastián, CMF

Traduzido do espanhol por Wagner Fernandes de Azevedo.

Conheça o pensamento e as atitudes de Dom Pedro Casaldáliga,
assistindo ao vídeo que traz a sua participação no programa
“Roda Viva” da TV Cultura, em 1988.
Clique sobre a imagem, abaixo:


Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Segunda-feira, 10 de agosto de 2020 – Internet: clique aqui (acesso em: 10/08/2020).

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