«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Os vigaristas da direita estão caindo

Ex-assessor de Trump, Steve Bannon é preso por fraude em Nova York

Redação

Autoridades afirmam que Bannon teria fraudado doações para a construção do muro na fronteira entre Estados Unidos e México
Steve Bannon - EUA
STEVE BANNON
deixando um tribunal federal em Nova York depois de pagar uma fiança de US$ 5 milhões,
cerca de 28,25 milhões de reais

O ex-assessor de campanha de Donald Trump, Steve Bannon, foi preso nesta quinta-feira, 20 de agosto, nos Estados Unidos. O estrategista da Casa Branca está sendo acusado de fraudar doações para a construção de um muro na fronteira do país com o México, uma das promessas de Trump em 2016. Bannon, de 66 anos, foi preso em um iate na manhã desta quinta-feira na costa do Estado americano de Connecticut por agentes federais e libertado no mesmo dia sob fiança.

De acordo com as autoridades americanas, o We Build the Wall - esforço online de arrecadação de fundos para a construção do muro -  levantou mais de US$ 25 milhões (R$ 138,9 milhões).

Bannon e três outros réus “fraudaram centenas de milhares de doadores, capitalizando seus interesses em financiar um muro de fronteira para levantar milhões de dólares, sob a falsa pretensão de que todo esse dinheiro seria gasto em construção”,
disse o Procurador-geral interino de Manhattan, Audrey Strauss.

Ao ser apresentado ao juiz Stewart Aaron, em Nova York, na tarde desta quinta-feira, Bannon alegou inocência. O juiz fixou uma fiança de US$ 5 milhões para sua libertação, além de restrições de viagens e uso de aviões e navios particulares.
Iate "Lady May" no qual Steve Bannon foi preso no porto de Westbrook, no estado de Connecticut,
nos Estados Unidos. Valor estimado deste "brinquedinho" de luxo: R$ 155,4 milhões

Vida de ricaço

De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, os outros mencionados na acusação são Timothy Shea, que foi anunciado como administrador do Drug Enforcement Administration (DEA), agência americana antidrogas, Brian Kolfage, ex-militar, veterano da guerra do Iraque, e Andrew Badolato.

“Enquanto asseguravam repetidamente aos doadores que Brian Kolfage, o fundador e rosto público de 'We Build the Wall', não receberia um centavo, os réus secretamente planejaram passar centenas de milhares de dólares para Kolfage, que ele usou para financiar seu estilo de vida luxuoso”, revelou Strauss.

Os presos foram apresentados hoje a juízes em locais distintos. Bannon foi apresentado no Distrito Sul de Nova York, enquanto os demais seriam conduzidos a juízes na Flórida e no Colorado. O caso dos quatro ficará a cargo da juíza Analisa Torres, do distrito sul de Nova York.

“Como alegado, eles não apenas mentiram para os doadores, mas planejaram ocultar sua apropriação indébita de fundos, criando faturas e contas falsas para lavar doações e encobrir seus crimes, sem respeitar a lei ou a verdade. Este caso deve servir como um alerta para outros fraudadores de que ninguém está acima da lei, nem mesmo um veterano de guerra deficiente ou um estrategista político milionário”, disse Philip R. Bartlett, inspetor responsável pelo caso.
Preso por fraude, Bannon era assessor informal dos Bolsonaro
STEVE BANNON & EDUARDO BOLSONARO
representante de seu "Movimento" na América do Sul, segundo o próprio Bannon

Assessor dos Bolsonaros

Considerado um dos agitadores da onda nacionalista de direita que elegeu Trump, Bannon se tornou uma espécie de assessor informal da família Bolsonaro. O presidente Jair Bolsonaro e seus filhos se reuniram com o ex-assessor de Trump em viagens aos Estados Unidos.

Além da família do presidente, o acusado de fraude também manteve contato com figuras centrais do governo, como o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, com quem discutiu detalhes sobre o discurso que Bolsonaro faria na Assembleia-Geral das Nações Unidas dias depois.

Quem é Steve Bannon

De família católica irlandesa simpática aos democratas, Bannon começou a trabalhar no mercado financeiro após finalizar seus estudos, nos anos 1980, na Goldman Sachs. Em 1990, saiu da Goldman e fundou com colegas da Goldman em 1990 a Bannon & Co, tendo como objetivo “realizar investimentos em mídia”.

Seus investimentos e ligações o levaram a ser convidado para dirigir o conhecido site de notícias Breitbart News, quando ficou famoso mundo afora pela defesa de ideias nacionalistas e pautas conservadoras.

O site, fundado em 2007 por Andrew Breitbart,
é um dos favoritos da direita conservadora e
acusado de veicular notícias falsas e teorias de conspiração,
bem como histórias enganosas.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Quinta-feira, 20 de agosto de 2020 – Publicado às 11h18 – Atualizado em 20 de agosto de 2020 às 21h04 – Internet: clique aqui (acesso em: 21/08/2020).

Bannon contra Papa Francisco:
os ultraconservadores contra um mundo melhor

André Duchiade

Inércia da hierarquia diante de suas políticas,
onda global de populismo nacionalista e até internet
ameaçam reformas do pontífice, de acordo com vaticanistas
Bannon disse a Salvini e Di Maio: 'Non fate i premier'
STEVE BANNON & MATTEO SALVINI
encontro entre o ideólogo norte-americano e o político populista italiano

Desde que foi eleito Papa, há seis anos, Francisco sempre manifestou o desejo de construir uma Igreja que se engaje contra a desigualdade, promova a humildade e acolha os mais vulneráveis — “uma Igreja pobre, para os pobres”, como muitas vezes disse. A modéstia, a abertura da Igreja e o envolvimento em debates políticos contemporâneos produziram uma imagem favorável do Papa não só entre a grande maioria dos católicos, mas também em pessoas de outras fés e sem religião, que perceberam em Francisco uma bem-vinda renovação, com uma ênfase maior na evangelização e no amparo do que nos aspectos morais da doutrina. Causa espanto, assim, que Marco Politi, um dos maiores vaticanistas vivos, tenha chamado seu novo livro, recém-lançado na Itália, de “A solidão de Francisco” (La Solitudine di Francesco, ed. Laterza).

— Há um paradoxo. Francisco conta com um consenso muito grande a seu favor entre pessoas de todas as religiões. Mas, ao mesmo tempo, dentro da Igreja não há tantas pessoas engajadas em apoiá-lo. Ele enfrenta não só adversários, mas uma grande passividade — afirmou Politi em entrevista ao GLOBO. — Algumas pessoas estão com ele, outras estão contra, e outras simplesmente permanecem paradas. [...]
La solitudine di Francesco. Un papa profetico, una Chiesa in ...
Tradução do título e subtítulo do livro:
"A Solidão de Francisco:
um papa profético, uma Igreja em tempestade".
Ainda sem tradução em português.

Guerra subterrânea

De acordo com Politi, nem todos os opositores de Francisco o são abertamente. É verdade, ele ressaltou, que nos últimos anos houve uma “escalada ininterrupta de críticas”, anônimas ou públicas. Ao sinalizar, no documento “Amoris Laetitia” (A alegria do amor), de março de 2016, para a possibilidade de que pessoas divorciadas e que se casaram outra vez recebam a Eucaristia, por exemplo, Francisco se tornou alvo de tradicionalistas que o acusam de violar a doutrina da Igreja. [...]

Segundo Politi, estas críticas são agressivas, mas minoritárias em relação ao todo da Igreja. Ele as vê acompanhadas por uma rede mais vasta e sutil. A resistência conservadora a Francisco, ele disse, se manifesta em episcopados que simplesmente ignoram a sua agenda reformista.

Geopolítica desfavorável

A agenda ambiental e social promovida por Francisco também encontra desafios na geopolítica global, com a onda soberanista, nacionalista e antiecológica em países como Itália, Brasil e Estados Unidos. De acordo com a teóloga argentina Emilce Cuda, que, além de interlocutora de Francisco, é também especialista em populismo, a resistência não é tanto ao Pontífice, mas sim às suas ideias e valores. A Igreja, observa ela, está inserida na sociedade.

Em um momento em que ideias de “egoísmo nacional” se fortalecem,
é previsível que quem se levanta a favor dos imigrantes e dos pobres tenha opositores.

— A oposição não é ao Papa Francisco, mas ao que ele representa e torna visível. A oposição é antes de tudo ao discurso de setores descartados socialmente — afirmou Cuda . — O problema do Papa é que as pessoas o escutam.
Papa Francesco: gli idoli chiedono sangue, il denaro ruba la vita
PAPA FRANCISCO
enfrentando uma sociedade sempre mais egoísta e fechada em seus próprios interesses

Conselhos de Bannon

Politi afirma que o apoio que Francisco oferece aos imigrantes é um dos motivos que explicam o fato de sua aprovação na Itália ter caído de 88%, em 2014, para 72%, em 2018, segundo pesquisas de opinião. A oposição a imigrantes é uma das principais bandeiras do vice-premier do país, Matteo Salvini, hoje [na época de redação desta matéria, junho de 2019] o político mais popular da Itália.

Em abril, foi divulgado que o ex-conselheiro da Casa Branca Steve Bannon aconselhou Salvini a tratar Francisco como “um inimigo”, incitando-o a “atacá-lo diretamente”. Bannon, que já se referiu publicamente a Francisco como um “globalista”, foi um dos convidados do jantar promovido em março pelo presidente Jair Bolsonaro em Washington, assim como o ideólogo Olavo de Carvalho, que, em referência a uma carta de Francisco para o ex-presidente Lula em maio, disse que o documento não tinha “autoridade nenhuma” e “era só a opinião de um argentino”.

Não se sabe a quão disseminada pode ser a “resistência silenciosa” denunciada por Politi no Brasil, mas três teólogos e estudiosos do campo religioso no país afirmaram que o apoio a Francisco é amplamente majoritário entre os brasileiros.

Falar em oposição é um pouco exagerado. Embora haja grupos mais conservadores que fazem oposição, eles exprimem setores muito limitados — afirmou o presidente do centro católico Dom Vital, Carlos Frederico Calvet da Silveira, que, contudo, ressalta notar “um crescimento de grupos muito radicais e até defensores de teocracia”.

Fonte: O Globo – Mundo – 16 de junho de 2019 – Publicado às 04h30 – Internet: clique aqui (acesso em: 21/08/2020).

Análise:

Detenção de Bannon expõe a ação de
vigaristas da direita americana

Paul Waldman
The Washington Post

Hoje, a campanha à reeleição de Donald Trump
está cercada por grupos que recebem recursos que os doadores acreditam ser para a eleição, mas, na verdade, servem para comprar
casas de veraneio para um monte de consultores
Steve Bannon
STEVEN (STEPHEN) BANNON
foi assessor de Donald Trump durante sete meses

Se você achou que Stephen Bannon acabaria algemado, certamente não imaginou que fosse por um crime assim tão pequeno. Afinal, Bannon chegou às alturas do conservadorismo americano e tinha ambições de tornar global seu projeto político. O esquema do qual ele foi acusado é como um roubo de galinha.

A prisão de Bannon é também uma história comum. Operadores políticos conservadores, como Bannon, sempre viram a massa de eleitores da direita com desprezo, como pouco mais do que uma coleção de tolos para tirar vantagem. A perspectiva é a do vigarista que olha para os seus alvos e acha que eles são tão burros que seria quase um crime não separá-los de seu dinheiro.

Bannon se imaginava uma figura histórica que moldaria o mundo.

Agora, é acusado de executar um dos golpes mais antigos:
a exploração de uma rede nacional de ativistas conservadores.

Embora haja muitas campanhas de arrecadação de fundos legítimas, o sistema foi inundado por golpistas que pedem doações que nunca são destinadas a ajudar uma causa.

Hoje, a campanha à reeleição de Donald Trump
está cercada por grupos que recebem recursos que
os doadores acreditam ser para a eleição, mas, na verdade,
servem para comprar casas de veraneio para um monte de consultores.

Essa história de golpes atingiu o apogeu quando o Partido Republicano fez de um vigarista seu líder, a pessoa por trás da Trump University, da Trump Network, do Instituto Trump e da Fundação Trump, todos uma farsa.

Talvez Bannon seja inocente e tudo seja um mal-entendido. Mas esse tipo de vigarista vai continuar existindo, mantendo a simbiose entre os operadores antiéticos da direita e as multidões crédulas de conservadores. Em janeiro, o próprio Trump pode voltar ao jogo. Se ele perder a eleição, encontrará algum novo esquema para tentar convencer seus devotos a entregarem suas economias para ele. Eles podem até perceber que são vítimas. Mas eu duvido.

Assista a um ótimo vídeo sobre essa personagem
e as consequências de sua prisão, clicando sobre a imagem abaixo:


Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Sexta-feira, 21 de agosto de 2020 – Pág. A10 – Internet: clique aqui (acesso em: 21/08/2020).

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