«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Pelos frutos se conhece a árvore

Veja estas notícias e tire suas próprias conclusões...

1ª) Mesmo com pandemia, governo planeja cortar orçamento da Saúde para 2021

Mateus Vargas e Adriana Fernandes

Valor pode ficar em R$ 127,75 bilhões, 
R$ 47 bilhões a menos do que o limite de despesas autorizado para este ano; representantes do setor defendem adoção de 
"piso emergencial" para escapar do teto de gastos
Ministério da Saúde
Sede do Ministério da Saúde - Esplanada dos Ministérios - Brasília (DF)

Em plena pandemia da covid-19, o governo Jair Bolsonaro prevê cortar o orçamento do Ministério da Saúde para R$ 127,75 bilhões em 2021. O valor é menor do que o aprovado para o começo deste ano (R$ 134,7 bilhões) e do que o limite atual de gastos da pasta (R$ 174,84 bilhões, alcançado após liberação de créditos para enfrentar a crise sanitária).

Se a proposta for confirmada, o orçamento da Saúde para 2021 pode ser R$ 7 bilhões menor do que o previsto inicialmente pelo governo para este ano, antes da pandemia, ou R$ 47 bilhões inferior ao limite de gastos alcançado durante a covid-19, o que tende a aumentar a pressão por mais espaço no teto de gastos – a regra fiscal que impede o crescimento das despesas acima da inflação. [...]

“É como se o governo achasse que a covid-19 vai simplesmente sumir
no dia 31 de dezembro de 2020”,
afirma a assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc),
Luiza Pinheiro. Para Luiza, o governo desconsidera que parte da estrutura criada para atender a pandemia deve ser preservada, como leitos e respiradores.
“Além disso, ignora os serviços que não foram prestados em 2020
por conta da pandemia (como cirurgias eletivas) e
o aumento da demanda do SUS devido ao alto desemprego,
que faz com que as pessoas percam seus planos de saúde, e da sua família.”

Distribuição

Da verba prevista para 2021 para o Ministério da Saúde, R$ 110,14 bilhões seriam de gastos obrigatórios, como a folha de pagamento de servidores, que não podem ser bloqueados. Outros R$ 16,47 bilhões são valores discricionários, que podem ser remanejados pelo governo, como para contratação de serviços e investimentos. Ou seja, o recurso que a Saúde pode escolher onde aplicar deve ser cerca da metade dos destinados à pasta no começo de 2020 e um quarto do que foi autorizado até agora, depois de reforço por força da pandemia. [...]

Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou. O Ministério da Economia afirma que a proposta de Orçamento para 2021 ainda é discutida internamente e pode ser alterada até 31 de agosto, limite para envio ao Congresso Nacional.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia & Negócios – Terça-feira, 18 de agosto de 2020 – Pág. B1 – Internet: clique aqui (acesso em: 21/08/2020).

2ª) Governo quer cancelar Censo para ampliar os recursos da Defesa

Mateus Vargas e Adriana Fernandes

Orçamento da pesquisa é de R$ 2 bilhões;
levantamento sobre a população brasileira deveria 
ter sido feito neste ano
e já havia sido adiado para 2021 por causa da pandemia

O governo Jair Bolsonaro cogita deixar para 2022 o Censo Demográfico 2020, programado para o ano que vem. Essa possibilidade foi incluída nas discussões da proposta de Orçamento de 2021, que será encaminhada ao Congresso no fim deste mês.

Os recursos para a realização do Censo, uma das principais pesquisas estatísticas do País, seriam remanejados para outras áreas no Orçamento, segundo apurou o Estadão. A ideia é que a verba que seria destinada ao Censo - R$ 2 bilhões - reforce o Orçamento do Ministério da Defesa e outros ministérios.
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Sede do Ministério da Defesa - Esplanada dos Ministérios - Brasília (DF)

Mais dinheiro para a Defesa que para a Educação

Nas discussões sobre a proposta de orçamento, o governo tem privilegiado a ala militar. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o presidente Jair Bolsonaro ordenou em duas ocasiões (segunda-feira, 17, e terça-feira, 18) um acréscimo total de R$ 2,27 bilhões ao limite sugerido de gastos à Defesa.

Somando a expansão determinada por Bolsonaro,
a proposta de orçamento da Defesa alcança cerca de R$ 111 bilhões.
O valor é R$ 8,1 bilhões superior ao valor sinalizado para a Educação,
de 102,9 bilhões.

Os valores ainda podem mudar até 31 de agosto, prazo final para envio do projeto de lei orçamentária ao Congresso Nacional.   

O comunicado da ampliação do Orçamento para os militares foi feito pelo secretário de Orçamento do Ministério da Economia, George Soares, em ofícios nos quais afirma que os pedidos foram feitos por Bolsonaro.
IBGE e Prefeitura acertam parceria para o Censo Demográfico 2020 ... 
Desmonte

A pesquisadora do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz) Dalia Romero diz que o “cheiro de desmonte” do Censo já é notado desde as discussões sobre a redução do número de perguntas da pesquisa, feita em 2019. “Estamos vivendo, em várias frentes, medo do apagão estatístico”, disse ela.

“Se não tiver Censo em 2021, mesmo com limitações, vai ser terrível para todos.
Não só para a área social. Para a própria economia será um desastre.”

Romero afirma que o próprio Ministério da Defesa deveria defender a elaboração da pesquisa para ter melhores informações sobre o fluxo migratório na fronteira, por exemplo. “Tomar decisões às cegas é muito ruim ao governo federal”, disse a pesquisadora.

Para Luanda Botelho, coordenadora do sindicato dos servidores do IBGE (Assibge), realizar o censo deveria ser prioridade no período pós-pandemia. Ela lembra que diversas políticas públicas são planejadas e monitoradas a partir dos dados da pesquisa. “Afeta muito os municípios na distribuição do fundo de participação, feita com dados do censo”, afirmou. “É preocupante que IBGE e outras instituições produtoras de ciência estejam sendo preteridas.”

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia & Negócios – Terça-feira, 18 de agosto de 2020 – Publicado às 18h02 – Atualizado em 19 de agosto de 2020 às 08h42 – Internet: clique aqui (acesso em: 21/08/2020).

3ª) “É melhor fazer o censo que comprar armamento”

Adriana Fernandes

Para ex-presidente do IBGE, Roberto Olinto, adiamento do programa é um erro e o País ficará “capenga” em planejamento econômico
Presidente do IBGE fará uma palestra sobre “O acesso e relevância ...
ROBERTO OLINTO

Ex-presidente do IBGE, Roberto Olinto diz que será um “escândalo inaceitável” se o governo decidir em adiar o Censo para 2022 para irrigar recursos ao Ministério da Defesa. Para ele, o risco de fazer a pesquisa em ano de eleição é usá-la para fazer propaganda do governo. “Ter o Censo também é fazer a defesa do País”, diz Olinto, que tem 39 anos de vida dedicados ao IBGE, onde foi coordenador das contas nacionais por 10 anos, diretor de pesquisas de 2014 a 2017 e depois presidente entre 2017 e 2019.  Agora pesquisador associado da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele avisa que o adiamento da pesquisa trará consequências gravíssimas para os municípios e o planejamento do País.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Como o senhor recebeu a informação de que o Censo pode ser adiado para sobrar recursos para o Ministério da Defesa?

Roberto Olinto: Na minha opinião, é um escândalo inaceitável, rompe qualquer protocolo de produção de estatística mundial de qualidade. O adiamento de 2020 para 2021 era necessário e compreensível por causa da pandemia e exigiria contato físico intenso, com entrevistas longas. É muito mais estratégico para a Defesa ter o conhecimento do País com um Censo do que comprar armamento. Ter o Censo também é fazer a defesa do País. É melhorar a capacidade de ter informações militares.  Vai ter o geoprocessamento do País inteiro.

Qual o maior problema?

Roberto Olinto: Há dois problemas sérios. O primeiro é que o IBGE não teve orçamento para fazer a contagem da população que deveria ter sido feita em 2015. Agrava muito a situação. Quando eu era presidente, lutamos muito para essa questão do Censo porque já estávamos com problemas das estimativas populacionais. Tanto que, hoje, a distribuição do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) está congelada esperando o Censo de 2020. Houve um acordo para evitar exatamente problemas de distorções do FPM por causa da população dos municípios se congelou sem perdas. Isso foi feito no último ano do meu mandato como presidente. E esperaria o resultado de Censo 2020 para recalcular os indicadores dos municípios. Isso é muito grave porque o Censo de 2022 só vai ter resultado em 2023. Vai ter 13 anos sem nenhuma informação demográfica. Os modelos vão perder aderência, coerência.

Os municípios e os Estados serão afetados?

Roberto Olinto: Os municípios perdem mais. Tudo que depende de população tem um problema sério. Os municípios são afetados se tem a diferença de uma pessoa. Pode perder ou ganhar participação do FPM. É muito sensível. Tem um segundo problema. Não se faz Censo em ano eleitoral. É muito sério fazer um Censo que vai a campo em agosto, setembro e outubro e ter eleições em outubro.

Por quê?

Roberto Olinto: O risco é usar o Censo para fazer propaganda do governo. Vai ter a propaganda do Censo. Ele necessita uma propaganda muito forte para as pessoas abrirem a casa. Ainda mais agora com a covid. Isso pode ter uma contaminação com a propaganda política do governo. Como vai escrever isso no colete dos recenseadores? Como controla? Os recenseadores podem ser pressionados por prefeitos. E já são normalmente para contar mais gente. Não se deve fazer quando se tem uma eleição. Não tem como controlar. Não adianta o IBGE dizer que não vai ter problema porque vai ter.

Mas houve censo em 2010, ano de eleições...

Roberto Olinto: Os censos demográficos são coordenados mundialmente pela divisão de estatística da Nações Unidas. Todos os países participam de uma assembleia para que o mundo inteiro tenha informações, o que definem a ronda do censo. Tradicionalmente se faz em ano terminado em zero, com alguns países um ano antes ou depois. Essa é a ordem. A recomendação geral é que se deve evitar fazer pesquisas em ano eleitoral. No caso de 2010, era inevitável porque tinha uma eleição. Não mudou uma rotina e o padrão mundial.  O que está acontecendo agora é que não precisa mudar. Não tem argumentos sólidos.

Quando foi último adiamento?

Roberto Olinto: Em 1990, teve adiamento de um ano por causa do governo Collor. Foi feito em 91.

Mas não tem como blindar o IBGE dessa questão política?

Roberto Olinto: Apesar da atual direção, o IBGE tem um corpo técnico extremamente competente. Volta e meia se cria problemas porque o corpo técnico não aceita interferência, como qualquer instituto de estatística do mundo. Não há como fazer algum tipo de manipulação dos dados sem que se torne um grande escândalo. A respeitabilidade do IBGE é incontestável.

Qual a importância do Censo para a definição de políticas públicas?

Roberto Olinto: O adiamento é um erro. Dois anos de atraso têm impacto fortíssimo. O Brasil está passando por uma crise por causa da covid, mas está também há alguns anos com problemas de planejamento econômico que o censo é fundamental de como estão as coisas. Sem o censo o planejamento fica capenga

Afeta até o desenho dos programas de transferências de renda?

Roberto Olinto: Fazer um Bolsa Família ou qualquer programa de transferência de renda necessita de informações do Censo. É um apagão. Não consigo compreender o que seria estratégico dentro do Ministério da Defesa do que ter um censo demográfico. Não faz o menor sentido. Falando linguagem de estrategista.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia & Negócios – Quinta-feira, 20 de agosto de 2020 – Pág. B10 – Internet: clique aqui (acesso em: 21/08/2020).

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