«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 25 de junho de 2023

Um Papa beijado

 O beijo de Lula no Papa Francisco

 Ruth de Aquino

Jornalista 

PAPA FRANCISCO recebe um carinhoso abraço e beijo de LULA durante visita que o Presidente do Brasil realizou ao Papa, no Vaticano, no dia 21 de junho, quarta-feira

“Habemus presidente”. O Brasil é de novo respeitado

O Brasil está grudado no julgamento de um fascista, que se esmerou em destruir tudo, democracia, voto, paz, floresta, indígenas, saúde, e até o caráter nacional. Mas o personagem da semana é outro. Felizmente. Luiz Inácio Lula da Silva, 77 anos, reeleito presidente apesar das violentas tentativas de fraude e golpe de Estado. Lula e o seu belo e afetuoso encontro com Francisco, o sumo pontífice.

Pontífice, segundo reza o consenso geral, vem do Latim pons (ponte) e facere (fazer). Foi um encontro entre dois construtores de pontes.

Vi e revi o momento do beijo de Lula no rosto do papa, o abraço de olhos fechados e o sorriso de companheiros, cúmplices na luta contra a pobreza e na defesa do meio ambiente. Comungam temas que influenciam a vida e o futuro do Brasil e no mundo. Eles podem discordar em temas específicos, como o apoio de Lula ao autocrático Maduro, na Venezuela. E o pendor de Lula por Vladimir Putin, na guerra da Ucrânia, e suas críticas à Europa. Mas, na essência, no respeito à dignidade humana e na luta contra a desigualdade, estão do mesmo lado. Modestamente, eu também estou.

A viagem de Lula à Itália, onde se encontrou com a primeira-ministra de extrema direita e líderes do centro-esquerda, dá orgulho e alívio. Habemus presidente da República. É o pragmatismo em ação, sem abandonar os amigos, como o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, que visitou Lula na prisão em Curitiba. A clara defesa da Amazônia, sem deixar de elogiar a matriz energética do Brasil, dá aquele calor bom na alma.

Encontro de LULA com GIORGIA MELONI, Primeira-Ministra da Itália, na sede do governo italiano, Palácio Chigi, no dia 21 de junho, quarta-feira

Lula nunca reuniria 40 embaixadores para falar mal do país, de nossas leis e nosso sistema eleitoral. É uma questão de inteligência emocional e política. Algo que o ex-presidente, prestes a se tornar inelegível, nunca teve.

Bolsonaro jamais se encontrou ou sequer falou ao telefone com o Papa durante seu mandato. Não poderia. Durante a pandemia, o Papa defendeu “a cultura do cuidado”, o cuidado com o outro, a fraternidade, a floresta. Bolsonaro alfinetou Francisco: “O Papa falou que a Amazônia é dele, do mundo, de todo mundo. O Papa é argentino, mas Deus é brasileiro”, disse, rindo com o esgar [= careta de escárnio] asqueroso. Bolsonaro era presenteado com fuzis, pistolas, joias escondidas.

Ufa, acabou a ostentação do escárnio.

Acabou a ostentação da burrice, das armas, do desmatamento, da violência, do desprezo aos oprimidos, mulheres, homossexuais, negros.

Acabou a deturpação da bandeira. A idolatria a símbolos nazistas. Acabou a lavagem cerebral de iludidos pedindo intervenção das Forças Armadas. Ainda sinto arrepios ao pensar que, mancomunado com as forças mais sinistras, Bolsonaro poderia estar governando o Brasil.

Melhor mesmo é falar do encontro no Vaticano, destinado a conversar sobre um mundo mais justo. Francisco me reconciliou com a fé, eu que sou batizada e crismada, mas não costumo ir à missa. “Ainda estou vivo”, disse o Papa a Lula, lembrando sua cirurgia abdominal recente. “A paz é uma flor frágil”, era a inscrição no presente dado ao brasileiro. Lula retribuiu com uma xilogravura da Sagrada Família, do artista pernambucano J. Borges, cordelista e poeta.

Presentes trocados entre PAPA FRANCISCO e o Presidente LULA e sua esposa, JANJA

O presidente brasileiro também recebeu um livro com uma oração do Papa pelo fim da pandemia, na praça vazia da Basílica em 2020. A primeira-dama, Janja, levou como lembrança uma imagem da padroeira da Amazônia, Nossa Senhora de Nazaré. Presentes são símbolos. Dizem muito.

Lula não é santo, já cometeu erros nesse início de mandato. Mas os acertos falam mais alto. O Brasil é novamente respeitado. Obrigada, Lula e Francisco

Fonte: O Globo – Colunistas – Quinta-feira, 22 de junho de 2023 – Acesso em: 15/06/2023.

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