«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Cego guiando outro cego!

O “guru” do presidente

Editorial
O Estado de S. Paulo

Em visita aos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro
prestou efusiva homenagem a Olavo de Carvalho, escritor e professor
de um curso de filosofia online
Da direita para a esquerda:
JAIR BOLSONARO - Presidente da República do Brasil e o seu "guru"
OLAVO DE CARVALHO (em terno bege)

No primeiro evento de sua visita aos Estados Unidos, um jantar para alguns expoentes do pensamento conservador norte-americano em Washington, o presidente Jair Bolsonaro, acompanhado da nata de seu governo, prestou efusiva homenagem a Olavo de Carvalho, escritor e professor de um curso de filosofia online, alçado nas redes sociais à categoria de “guru” do bolsonarismo.

Depois de dizer que Olavo de Carvalho “inspirou muitos jovens no Brasil”, o presidente Bolsonaro disse que “em grande parte devemos a ele a revolução que estamos vivendo”. Na ocasião, segundo o jornal Valor, o principal ministro do governo, Paulo Guedes, da Economia, referiu-se a Olavo de Carvalho em termos semelhantes: “Você é o líder da revolução”. Tudo isso horas depois de Olavo de Carvalho, que se faz notar por reiteradas ofensas públicas a integrantes do governo Bolsonaro, ter chamado o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, de “idiota”.

Nada disso parece abalar a profunda admiração do presidente pelo professor de filosofia online – que disse pretender “formar uma geração de intelectuais sérios que vão formar outros intelectuais sérios”, pois sua intenção, nada mais, nada menos, é “mudar o destino da cultura brasileira por décadas ou séculos à frente”. Diante da deferência presidencial a essa figura – Olavo de Carvalho sentou-se à direita de Bolsonaro durante o banquete –, torna-se obrigatório conhecer o pensamento de tão influente personagem e saber do que se trata, afinal, essa “revolução” à qual o presidente e seu ministro da Economia se referiram. Mas não é preciso grande esforço intelectual para resumir essa doutrina:
* para o guia do presidente, é “comunista” todo aquele que não for um apaixonado bolsonarista.
* E a tal “revolução” nada mais é do que o combate sem tréguas a esse “comunismo”, que estaria impregnado em todas as instâncias da vida nacional.

Não à toa, os dois ministros cuja indicação é atribuída a Olavo de Carvalho – o chanceler Ernesto Araújo e o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez – são os mais estridentes porta-vozes dessa luta contra o “comunismo”. Parece ser justamente essa obsessão que une Olavo de Carvalho e Jair Bolsonaro. No banquete em Washington, o presidente declarou que sempre sonhou “em libertar o Brasil dessa ideologia nefasta” e “quis a vontade de Deus” que fosse ele, Bolsonaro, a desempenhar essa “missão”.
Estes senhores acham-se imbuídos de uma "missão", são como que "cruzados"
lutando contra o "comunismo", o "esquerdismo" e outros "ismos" ao gosto da miopia deles.
Da esquerda para a direita temos:
DAMARES ALVES - Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos;
FILIPE MARTINS - Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais;
ERNESTO ARAÚJO - Ministro das Relações Exteriores e
RICARDO VÉLEZ RODRÍGUEZ - Ministro da Educação.
Todos se inspiram em Olavo de Carvalho, o "guru"!

Foi então que o presidente chegou ao ponto essencial de seu discurso de pouco mais de quatro minutos: Bolsonaro disse que não é o momento de “construir coisas para o nosso povo”, e sim de “desconstruir muita coisa”. Segundo Bolsonaro, “o nosso Brasil caminhava para o socialismo, para o comunismo”, e seu governo será “um ponto de inflexão”.

[Comentário pessoal: infelizmente há muita gente ignorante ou idiota – no verdadeiro sentido dessa palavra – que acredita nessa falácia do Brasil correndo o risco de tornar-se um país “comunista”! Em nome dessa mentira, muitos optaram pela aventura e risco de colocar na Presidência do Brasil uma personagem tão despreparada e errática como Jair Bolsonaro.]

Trata-se de um pronunciamento esclarecedor.
A partir dele é possível concluir que
Jair Bolsonaro foi eleito sem um plano de governo claro
porque seu objetivo não é nem nunca foi construir nada,
e sim destruir.

Compreende-se assim o caráter errático de sua administração e de sua atuação política. Bolsonaro atua com o único propósito de expurgar o País dos “comunistas” – que é como ele e seus militantes se referem aos petistas e, agora, a todos os que ousam apontar a falta de rumo do governo.

Em nome dessa “missão”, Bolsonaro não se constrange em oferecer aos Estados Unidos uma relação privilegiada mesmo sem ter garantias de que haverá reciprocidade norte-americana. Ou seja, em nome da luta contra o “comunismo”, o Brasil de Bolsonaro se coloca deliberadamente como subalterno na sua relação com os Estados Unidos, enquanto hostiliza parceiros comerciais de peso como a China comunista – não por acaso, alvo de duras críticas de Olavo de Carvalho. A “dependência” brasileira da China, aliás, foi criticada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no banquete em que o professor de filosofia online foi homenageado pelo presidente Bolsonaro.

Em outras circunstâncias, os devaneios filosóficos do presidente e de seu “guru” não passariam de chistes no anedotário político nacional; mas, no momento em que o Brasil precisa de seriedade e bom governo para se levantar depois da aventura lulopetista, essas piadas não têm graça nenhuma.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas & Informações – Terça-feira, 19 de março de 2019 – Pág. A3 – Internet: clique aqui

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