«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Como salvar a Igreja?

Bispo alemão afirma que somente uma nova teologia pode salvar a Igreja

Christa Pongratz-Lippit
La Croix International
25-06-2019

O abuso de poder clerical está destruindo o catolicismo
Dom Heiner Wilmer

Heiner Wilmer é bispo da diocese de Hildesheim, Alemanha.

Um dos mais recentes bispos nomeados da Alemanha levantou as sobrancelhas chamando por uma “nova teologia” como uma resposta urgente às revelações de abuso de poder por parte do clero.

“Nós ainda não percebemos plenamente que a crise de confiança está pesando sobre a estrutura da Igreja com uma força absoluta”, alertou o bispo Heiner Wilmer, SCI, em uma recente entrevista no jornal alemão Süddeutsche Zeitung.

Aos 58 anos, lidera a diocese de Hildesheim, no nordeste da Alemanha, apenas desde setembro, mas essa não é a primeira vez que ele se torna manchete com suas declarações sinceras.

Wilmer, que foi superior geral e professor de uma ordem missionária mundial, conhecida como os Dehonianos (Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus) antes de se tornar bispo, recebeu críticas com apenas três meses no seu novo emprego quando ele disse à Kölner Stadt Anzeiger que o abuso de poder estava no DNA da Igreja.

“Eu contava com as críticas, mas não que muitas pessoas ficariam estressadas”, admitiu na sua última entrevista no Süddeutsche Zeitung, publicada em 12-06-2019.

“Minha declaração (que foi em dezembro de 2018) acertou um nervo, causando mais dores que eu imaginava. Mas eu mantenho o que disse”, disse o bispo.
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"Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles e disse:
'Em verdade vos digo, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, não
entrareis no Reino dos Céus. Quem se faz pequeno como esta criança,
esse é o maior no Reino dos Céus".

(Mateus 18,2-4)

Abuso de poder, tão antigo como o Evangelho, precisa ser tratado teologicamente

Ele argumenta que a Igreja esqueceu que os abusos de poder são tão antigos quanto o Evangelho, apontando muitos exemplos no Novo Testamento, incluindo como os discípulos brigavam sobre quem seria o primeiro dentre eles.

Wilmer notou que a reação da Igreja à crise de abusos até agora foi aplicar disciplina e o direito canônico, aumentando a prevenção, a comunicação e trabalhando juntos com o judiciário e autoridades estatais.

“Isso tudo é bom e correto, mas nós ainda não alcançamos o enfrentamento fundamental do problema”, disse.

Na sua visão, isso requer que a Igreja pergunte a si mesmo o que a crise de abuso de poder significa na “forma como falamos sobre Deus, a Igreja e na forma como proclamamos o Evangelho”.

Ele alegou que silenciar os abusos sexuais por parte do clero foi consequência de uma excessiva exaltação da sacralidade da Igreja. Assim a violência sexual foi vista como algo que suja a santidade da Igreja e foi acobertada.

“Nós devemos descer para ver a Igreja pecadora, mas também enfrentarmos o problema teologicamente”, disse ele.
"Ele levantou-se e disse: 'Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?'
Ela respondeu: 'Ninguém, Senhor!' Jesus, então, lhe disse: 'Eu também não te condeno.
Vai, e de agora em diante não peques mais'."

(João 8,10-11)

A Igreja deve sair da moralização para libertar as pessoas

O bispo Wilmer, que estudou na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma e tem doutorado em Teologia na Universidade de Freiburg, na sua nativa Alemanha, argumentou que uma imagem excessivamente exaltada da Igreja foi uma das razões que levaram à terrível extensão da violência sexualizada, que agora vem à tona.

“Nós estamos muito longe, interessados em polir a imagem da Igreja e falhamos em ver o ser humano. Eu acho uma terrível verdade!”, ele disse.

O bispo lamentou que no último século a Igreja “resvalou” na forma de proclamar o Evangelho, levando as pessoas a ver simplesmente uma instituição centrada na moralidade sexual.

“Nós permitimos que a Igreja se deteriorasse em uma instituição moral focada no que pode ou não acontecer debaixo dos lençóis”, disse ele, ao mesmo tempo em que enfatiza que o sexto mandamento não é o único mandamento.

Wilmer disse que a mensagem de Jesus Cristo “não foi primordialmente moral”, mas objetivava libertar e redimir os seres humanos.

“No Evangelho de São Mateus ele não fala ‘se vocês se juntarem, serão a luz do mundo’ ou ‘se estiverem conforme as normas sexuais, vocês serão o sal da Terra’. Ele usou o [modo verbal no] indicativo e não o condicional ou imperativo, e disse ‘Vocês são o sal da Terra e a luz do Mundo como vocês são’”, disse o bispo.

Ele destacou que Jesus tinha um incrível senso de beleza.

“Ele viu a fantástica beleza em um aleijado e faz ele sentir essa beleza e levantar sua cabeça”.
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PAPA FRANCISCO
Entusiasmado em uma de suas pregações ao povo

Da mera sobrevivência ao despertar fascínio pelo Evangelho

Dom Wilmer disse que isso é crucial para a Igreja se tornar uma comunidade que levanta as pessoas. E ele disse que, mais decisivamente para ele, que o Evangelho deve ser proclamado de uma forma que fascine as pessoas.

“Nós precisamos achar as brasas sob as cinzas para brilhar novamente, e começar com os anseios das pessoas por segurança e paz. Nós devemos dar-lhes espaço para crescer, espaço para desenvolver e espaço suficiente para respirar”, disse ele.

Ele alertou que quem está somente interessado na sobrevivência da Igreja “já está perdido”.

O mais recente bispo da Alemanha também disse, esperançosamente, que o procedimento sinodal da conferência nacional dos bispos começou.

Ele disse que engajar os leigos nas discussões sobre:
* poder clerical,
* moralidade sexual da Igreja e
* estilo de vida dos padres não seria fácil.
Mas ele disse estar convencido que isso seria bem-sucedido.
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A coragem para ouvir e mudar

No entanto, ele disse que será preciso muita coragem por parte dos bispos para poder “caminhar ombro a ombro” com os leigos e discutir questões como a ordenação sacerdotal, o celibato e o lugar das mulheres na Igreja.

Wilmer, que é padre há 32 anos, disse estar “apaixonadamente” comprometido com o celibato. Mas ele disse: “deve ser feito para brilhar mais radiantemente”. A melhor maneira de fazer isso, ele argumentou, seria torná-lo voluntário, em vez de obrigatório, como é hoje.

Ao mesmo tempo, o bispo disse que é crucial que as mulheres 
sejam colocadas em posições de liderança na Igreja e 
recebam maiores responsabilidades.

“Não podemos mais simplesmente dizer que a questão da ordenação de mulheres foi decidida de uma vez por todas, e ponto final”, disse o bispo Wilmer.

Ele concluiu advertindo que, se a Igreja não encontrar uma maneira de colocar essas reformas em prática, ela se tornará marginal.

Traduzido do inglês por Wagner Fernandes de Azevedo e reeditado por Telmo José Amaral de Figueiredo. Acesse a versão original, clicando aqui.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quinta-feira, 27 de junho de 2019 – Internet: clique aqui

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