«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Não se deixe enganar sobre 1964!

“É impossível ir contra fatos estabelecidos”

Entrevista com Boris Fausto
Historiador e Cientista Político – Professor Emérito da USP

Thiago Domenici

“Que há uma tentativa de revisionismo, não há dúvida.
As Forças Armadas nunca reconheceram os aspectos mais negativos
de 1964, nunca fizeram uma análise de um ponto de vista
em que fosse ressaltada as violências, a quebra da ordem democrática,
uma quebra até dos padrões de convivência dentro do país
BORIS FAUSTO
Historiador e Cientista Político - Professor emérito da USP - Membro da Academia Brasileira de Ciências

O historiador e cientista político Boris Fausto, 88 anos, é autor de estudos clássicos sobre a história do Brasil e foi professor titular do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo. Em entrevista à Pública, ele diz que não havia “ameaça imediata de implantação de um regime comunista” nas vésperas do golpe militar que completa 55 anos no próximo domingo. Segundo ele, as afirmações mais recentes de Jair Bolsonaro sobre a ditadura não são uma “reinterpretação”, mas a “negação de fatos” comprovados na historiografia em documentos, testemunhos e reconhecimento do estado brasileiro dos crimes cometidos no período de exceção (1964 a 1985). Fausto, que também é membro da Academia Brasileira de Ciências, vê o cenário futuro com preocupação. “Andei falando antes das eleições que estávamos na corda bamba, na beira do abismo e não vejo muitas razões para mudar essa sensação. É triste”.

Eis a entrevista.

O presidente Jair Bolsonaro disse que as Forças Armadas podem comemorar 1964. O porta-voz da presidência justificou que o presidente não considera que houve um golpe militar, mas uma reação apoiada pela sociedade contra uma alegada ameaça comunista. Qual sua avaliação como historiador?

Boris Fausto: Ele [Bolsonaro] vai contra as evidências. A história comporta sempre muitas interpretações na dependência da época em que se escreve e na dependência da opinião de quem escreve. Agora, é impossível negar os fatos. É impossível ir contra fatos estabelecidos. E, no caso de 1964, houve a interrupção de um mandato de um presidente legítimo, houve cassação de deputados, houve perseguições de toda ordem, houve violências. Então, não se trata de uma reinterpretação, se trata de negar fatos e isso não faz sentido.
JAIR BOLSONARO
Presidente do Brasil, afirmou, no passado: "militares mataram pouco", durante a ditadura!

Mas isso não é preocupante vindo de um presidente da República, negar fatos que, de várias maneiras, levaram pessoas a morrer sob tortura, desaparecimentos?

Boris Fausto: É preocupante embora não seja surpreendente. Conhecendo a carreira, o histórico do presidente eleito, não há nada de surpreendente que ele queira comemorar o golpe de 1964. Ele tem feito coisas nessa linha, tem se pronunciado nessa linha. Não há surpresa, mas é uma pena que isso ocorra.

Muitos argumentos usam a ameaça do comunismo para o golpe naquele período. Até pra gente estabelecer questões históricas, afinal de contas, o Brasil estava à beira do comunismo em 1964?

Boris Fausto: Vamos tentar discriminar essa questão. É preciso considerar essa época de uma forma diferente dos dias de hoje. Nós estávamos em plena Guerra Fria, existia Cuba com a vitória de uma revolução que seguiu para um certo tipo, digamos, de socialismo autoritário. Então, é nesse contexto que a gente pode entender a preocupação de setores militares. Ameaça imediata de implantação de um regime comunista não havia. O que havia era uma situação de divisão do país, de uma radicalização, às vezes, era efetiva, às vezes, era mais verbal do que efetiva. Agora, evitar essa situação por um golpe que durou 20 e tantos anos, aí as coisas pesam de um modo diferente na balança. Se houvesse uma convicção de que era preciso enfrentar, sim, uma situação muito difícil mas preservar de qualquer forma as instituições democráticas a gente não teria chegado ao ponto que chegou, e, enfim, com o fechamento que foi grave em 64 e se tornou gravíssimo em 68 e resultando num período triste, difícil da nossa história.

Ainda desse ponto de vista da historiografia, não é incomum ver declarações que dizem que a história tem sido contada com matiz ideológico socialista. O presidente já falou a respeito, o próprio filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, publicou mensagens em que afirma que a ditadura militar é mal retratada pelos livros didáticos. Também o general da reserva Aléssio Ribeiro Souto já declarou que “os livros de história que não tragam a verdade sobre 64 precisam ser eliminados”. Estamos passando por uma tentativa de revisionismo? Em que medida o revisionismo se torna perigoso para o registro dos acontecimentos históricos?

Boris Fausto: Que há uma tentativa de revisionismo, não há dúvida. As Forças Armadas nunca reconheceram os aspectos mais negativos de 1964, nunca fizeram uma análise de um ponto de vista em que fosse ressaltada as violências, a quebra da ordem democrática, uma quebra até dos padrões de convivência dentro do país. Na medida em que isso ocorre e com a chegada desse governo de direita, sob certos aspectos, de extrema direita, entende-se que essa revisão que vinha forte no meio militar ocorra também, digamos, no setor da direita como um todo. Isso é muito ruim porque transforma um episódio de violência, de ruptura do regime democrático, num episódio que pareceria uma espécie de salvação nacional. Não existe dúvida que há um entendimento de revisão no governo de tudo que ocorreu em 1964 e nos anos seguintes.
MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA LIBERDADE
Milhares de pessoas se reúnem em frente à Catedral da Sé, em São Paulo
19 de março de 1964

Tem gente que chama de golpe, gente que chama de movimento, gente que chama de revolução. Com base na tua pesquisa como historiador como o senhor define o período?

Boris Fausto: Tendo a chamar mais de ditadura. O que não quer dizer que a minha interpretação dos fatos tenha se alterado. É evidente para qualquer pessoa que se disponha a estudar esse período que a ditadura de 1964 não é uma quartelada. Acho que ninguém diz mais isso. Saiu dos quartéis, surpreendeu os civis e eles se instalaram numa situação de absoluta força. O que quero dizer é que, nas condições de divisão da sociedade brasileira, tal como estava e nas condições de insatisfação de determinados setores, não estou falando só de setores da elite, mas também de uma ampla classe média, o golpe contou com uma mobilização importante. Isso legitima. E na medida que os anos se seguiram foram os anos do milagre [econômico promovido pelo ministro Delfim Netto] etc., das altas taxas de crescimento, esse prestígio durou. É importante assinalar esse aspecto. Até para entender a durabilidade do regime que não se deve apenas à força. Agora, quando você vê a supressão das liberdades, a violência, a limpeza no Parlamento, as prisões de toda ordem, a perseguição de dirigentes sindicais, não há dúvida que se trata de um golpe. É um golpe com parte de mobilização popular, mas a natureza de golpe predomina.

Em nota enviada sobre as “comemorações” do 31 de março, o general Azevedo, ministro da Defesa, e os comandantes das Forças Armadas, destacam que a intervenção militar ocorreu com o apoio da população e citam a Marcha por Deus e a Família. O senhor considera que de fato o golpe foi apoiado pela população? Até que ponto a Marcha pode ser vista como representativa do conjunto da sociedade?

Boris Fausto: A Marcha da Família com Deus pela Liberdade mostrou que o golpe tinha um lastro social significativo no meio urbano, em setores da classe média e da classe alta. Mas daí a falar em “movimento representativo do conjunto da sociedade” vai uma enorme distância. A divisão social era evidente, mesmo no seio das Forças Armadas. Basta lembrar o número de expulsões e violências na instituição militar, logo após o golpe.
MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA LIBERDADE
Naqueles tempos, Cuba era usada como fantasma para amedrontar os brasileiros, hoje,
é a Venezuela, põe-se medo no povo, como sempre, usando o fantasma do comunismo!

Analisando agora os tempos recentes, há paralelos na história republicana brasileira de algo parecido com esse conjunto de forças que fazem a composição do Governo Bolsonaro?

Boris Fausto: Não vejo. É uma situação absolutamente inusitada e uma situação que produz espanto.

O que produz mais espanto ao senhor?

Boris Fausto: Muitas coisas.

No terreno dos costumes?

Boris Fausto: Iniciativas retrógradas que colocam o Brasil a não sei quantos decênios para trás. Aliás, de uma forma muito tosca, muito retrógrada mesmo, numa sociedade que avançou muito no terreno dos costumes. Mas que também tem um setor ponderável que se firmou muito numa tradição hoje superada, fora até do entendimento histórico. Aliás, isso ficou muito claro desde antes da vitória do Bolsonaro. Aí não tem surpresa nenhuma. Mas é um recuo que é uma coisa bastante triste.

O senhor classificou que é um governo de direita e em certos aspectos de extrema direita. O senhor consegue me dizer qual é essa direita que hoje está no poder?

Boris Fausto: Primeiro, é uma direita com raízes internacionais. Essa direita tem horror a globalização como processo, mas ela própria é uma direita globalizada. E essa direita não é igual em todos os lugares. Em cada região ou até em cada país, há um elemento que é mais característico desse avanço. Se você pegar a Europa, é a xenofobia, fator que potencializa essa direita, que dá um lastro a essa direita. A gente sabe qual é a força da xenofobia, a gente conhece os movimentos totalitários ou autoritários do século XX e sabe que esse é um elemento mobilizador muito forte. Num país como o Brasil, para chegar até nós, a xenofobia não existe com essa força da Europa. Não é esse o elemento central. O elemento central é: a questão dos costumes, de uma sociedade muito dividida nesse ponto. A meu ver:
* a questão de gênero,
* da identidade feminina, que tem nos setores masculinos e não só neles, um impacto muito forte que é preciso considerar. Isso tudo deu muito lastro a uma direita nacional.
* O ódio ao PT, de que “PT nunca mais”, e é preciso entender isso também.
* E o quarto fator é o medo e a impotência da população diante da criminalidade.
São caldos para o avanço dessa direita.

Na sua visão, a questão do feminismo aglutina uma direita contrária ao movimento de mulheres?

Boris Fausto: Sim. A verdade é que há perda do poder, um cisma do poder do macho, seja no interior da família, seja nas relações de trabalho, e essa ideia de que a subordinação da mulher está sendo quebrada – e está sendo quebrada mesmo – tem um impacto muito grande para essa direita. E não é à toa que Bolsonaro saiu na frente bem na faixa masculina da população e levou muito tempo para alcançar uma votação quase equilibrada no setor feminino da sociedade.
Repressão militar, durante a ditadura, na Praça da Sé, em São Paulo

Gostaria que o senhor fizesse uma análise desse perfil militar no governo.

Boris Fausto: Só observação preliminar. É por isso que a revisão pelos militares do que ocorreu em 1964 e nos anos seguintes seria muito importante. Eles não fizeram essa revisão. Ao contrário do que aconteceu na Argentina, Chile etc. Há algumas diferenças que são significativas, como o fato de que esse grupo militar que assumiu o poder, não assumiu sozinho, mas tem um peso muito grande. E esse peso tende a crescer, porque eles não são loucos e eles enfrentam loucos de todo o tipo. Esse grupo não tem, como tinha em 1964, interesse em interromper um processo formal democrático. E nem mesmo, pelo menos até aqui, tem impedido a liberdade de expressão. Os arreganhos a liberdade de expressão tem ocorrido por parte de setores ligados ao presidente, a própria presidência, aos seus filhos, Olavo de Carvalho e companhia bela. Ataques específicos à Folha de S. Paulo e coisas assim… Nesse quadro, acho que há uma diferença grande com 1964 e há, de fato, um setor militar que está disposto a manter o regime democrático e as liberdades. Está disposto, mas não a qualquer preço. Acho que se você tem uma situação de desordem, de um caos muito grande na sociedade essa linha pode mudar, porque creio, de modo geral, que a posição militar é assim: a ordem vem antes da democracia. Democracia tudo bem, mas se a democracia, no entender deles, estiver comprometendo a ordem, eles não impedirão medidas de exceção. Mas esse não é o quadro de hoje, de jeito nenhum. Tem-se que entender isso se não você entra numa posição de estar em bloco contra tudo e isso não leva a nada ou leva a coisas piores.

A sensação é que de 2013 para cá as questões políticas e sociais se agudizaram muito. O que o senhor acha?

Boris Fausto: Sim, acho que as coisas se enrolaram cada vez mais. Para alguém que tenha frieza e não viva no Brasil e está meio distanciado, o que acontece aqui é inusitado, causa muito espanto. Agora, nós estamos vivendo desde 2013 anos inteiramente alucinantes.

Historiador gosta mais do passado, mas o cenário futuro o senhor vê com que perspectiva?

Boris Fausto: Com bastante preocupação. Com preocupação do mundo, eu diria. E olha que, em geral, sou otimista. Andei falando antes das eleições que estávamos na corda bamba, na beira do abismo e não vejo muitas razões para mudar essa sensação. É triste. Eu já falei várias vezes essa palavra triste e não por acaso, mas porque até para a vida cotidiana você ver problemas muito grandes dentro de nós não é bom, em todos os sentidos. Mas vamos lá, tem-se que viver.

Fonte: Agência Pública – Especial: Ditadura Militar – Sexta-feira, 29 de março de 2019 – Internet: clique aqui.

O que ler para compreender, em profundidade,
o golpe militar de 1964 e a ditadura brasileira

Mariana Oliveira

A pedido do Portal G1, pesquisadores listaram obras essenciais
sobre o período
ELIO GASPARI
Jornalista que publicou uma das maiores e mais bem documentada obra sobre
a Ditadura Militar no Brasil

Historiadores, cientistas políticos e pesquisadores de várias universidades listaram, a pedido do G1, livros que consideram importantes para se entender o golpe militar de 1964. O golpe, que completa 50 anos [hoje, são 55 anos do golpe – esta matéria é de 2014], depôs o então presidente João Goulart e marcou o início da ditadura militar que perdurou até 1985.

A renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, desencadeou uma série de fatos que culminaram em um golpe de estado em 31 de março de 1964. O sucessor, João Goulart, foi deposto pelos militares com apoio de setores da sociedade, que temiam que ele desse um golpe de esquerda, coisa que seus partidários negam até hoje. O ambiente político se radicalizou, porque Jango prometia fazer as chamadas reformas de base na "lei ou na marra", com ajuda de sindicatos e de membros das Forças Armadas. Os militares prometiam entregar logo o poder aos civis, mas o país viveu uma ditadura que durou 21 anos, terminando em 1985.

Entre as obras mais mencionadas pelos especialistas estão os clássicos "1964: A Conquista do Estado", do cientista político uruguaio René Dreifuss, "De Getúlio a Castelo",  do historiador norte-americano Thomas Skidmore, e os quatro volumes sobre o período militar do jornalista Elio Gaspari ("A Ditadura Envergonhada", "A Ditadura Escancarada", "A Ditadura Derrotada", "A Ditadura Encurralada").

Confira abaixo as obras recomendadas:

1964: A CONQUISTA DO ESTADO
René Armand Dreifuss
Editora Vozes (Petrópolis, RJ) – 2ª edição – 2006

"Mostra os momentos antecedentes ao golpe, quando foi gestado por grupos de direita. Sobretudo, mostra os grupos financiados por militares, por empresários, mostrando que houve a atuação de empresários, intelectuais, grupos de direita." (Francisco Fonseca, doutor em história social e professor da Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo)

"É o livro mais completo sobre o golpe de 64." (Vera Chaia, doutora em ciência política e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)

"Combinando uma consistente orientação teórica com uma vasta e rica base informativa, revela o caráter empresarial-militar do golpe e da ditadura." (Renato Lemos, doutor em história, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Laboratório de Estudos sobre os Militares na Política da UFRJ)

BRASIL: DE GETÚLIO A CASTELO

Thomas Skidmore
Companhia das Letras (São Paulo, SP) – 2010

"É um clássico e original porque foi o primeiro a tratar o golpe com o foco na ciência política, com as razões que levaram ao golpe." (Ricardo Caldas, mestre em ciência política e professor da Universidade de Brasília - UnB)

"Se fundamenta muito bem em fontes. Tem a credibilidade das fontes. Sempre usei para dar aulas sobre política no Brasil." (Aldo Fornazieri, doutor em ciência política e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo)



Volume 1: A DITADURA ENVERGONHADA;
Volume 2: A DITADURA ESCANCARADA;
Volume 3: A DITADURA DERROTADA;
Volume 4: A DITADURA ENCURRALADA;
Volume 5: A DITADURA ACABADA.
Elio Gaspari
Intrínseca Editora (Rio de Janeiro, RJ) – 2ª edição de 2014 a 2016

"Principalmente o primeiro volume, traz uma análise muito interessante do golpe e da ditadura. Teve documentos e correspondências, inclusive do Golbery, um dos cabeças da conspiração." (David Fleisher, doutor em ciência política e professor da Universidade de Brasília - UnB)

"Trata-se, efetivamente, do mais fiel relato sobre todo o período ditatorial, baseado em fontes nacionais e estrangeiras e de um autor que, como jornalista, acompanhou o dia-a-dia do regime." (Charles Pessanha, doutor em ciência política e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro)

"Poderia indicar livros teóricos, mas acho particularmente que a série do Élio Gaspari para mim é o mais completo retrato. Baseado em fontes, entrevistas e interpretação de quem viveu as coisas por trás dos bastidores." (Muniz Sodré, jornalista, doutor em letras e professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro)

1964: O GOLPE QUE DERRUBOU UM PRESIDENTE, PÔS FIM AO
REGIME DEMOCRÁTICO E INSTITUIU A DITADURA NO BRASIL
Jorge Ferreira e Angela de Castro Gomes
Civilização Brasileira (Rio de Janeiro, RJ) -

"A análise se inicia com a chegada de Jango ao poder, após a renúncia de Jânio Quadros, e continua com a resistência dos militares à sua posse, a solução parlamentarista, o plebiscito e a volta ao presidencialismo, as tentativas de estabilização econômica, as reformas de base, a radicalização e o golpe. O trabalho possui ainda uma virtude adicional. Não é um trabalho de acadêmicos de renome para a academia. O livro é bem escrito, dispõe de excelente material iconográfico e certamente dará a oportunidade de a todos que se interessam pela história do Brasil recente." (Charles Pessanha, doutor em ciência política e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ)

A REVOLUÇÃO BURGUESA NO BRASIL
Florestan Fernandes
Biblioteca Azul (Editora Globo) (Rio de Janeiro, RJ) – 2006

"É quem melhor insere o golpe e o regime ditatorial no processo de modernização capitalista dependente que singulariza a história do Brasil." (Renato Lemos, doutor em história, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Laboratório de Estudos sobre os Militares na Política da UFRJ)









COMBATE NAS TREVAS
Jacob Gorender
Expressão Popular (São Paulo, SP) – 5ª edição – 2014

"Livro escrito por militante do PCB que diz que as organizações de esquerda foram derrotadas porque avaliaram mal a conjuntura política que antecedeu o golpe. Que o partido avaliou mal a conjuntura. Avançou na marra sobre o governo João Goulart quando não tinha força." (Hugo Studart, jornalista, doutor em história e professor da Universidade Católica de Brasília)






O ATO E O FATO
Carlos Heitor Cony
Editora Nova Fronteira (Rio de Janeiro, RJ) – 9ª edição – 2014

"Acho importante porque é um documento relevante do próprio momento do golpe e traz um retrato jornalístico do que estava acontecendo. São crônicas publicadas que falam da passagem do golpe, da psicologia dos militares, o modo como organizaram a ditadura." (Roberto Romano, doutor em filosofia e professor da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp)







ESTADO E OPOSIÇÃO NO BRASIL (1964-1984)
Maria Helena Moreira Alves
Editora da Universidade Sagrado Coração – EDUSC (Bauru, SP) – 2005

"Explica a fundamental conexão entre o golpe e o regime ditatorial e a Doutrina de Segurança Nacional nos marcos do capitalismo dependente brasileiro." (Renato Lemos, doutor em história, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Laboratório de Estudos sobre os Militares na Política da UFRJ)








A REVOLUÇÃO QUE FALTOU AO ENCONTRO
Daniel Aarão Reis
Brasiliense (São Paulo, SP) – 1990

"A tese é de que o projeto de luta revolucionária era anterior à ditadura e não é resultante da resistência. O golpe seria um contragolpe porque o projeto de luta armada é anterior a 64. Mostra que os comunistas enviaram pessoas para treinar na China antes do golpe. Para o autor, os militares é que teriam reagido à luta armada." (Hugo Studart, jornalista, doutor em história e professor da Universidade Católica de Brasília)







A REVOLUÇÃO IMPOSSÍVEL
Luís Mir
Editora Best Seller (Rio de Janeiro, RJ) – 1994

"Mostra a revolução dentro do contexto do movimento comunista internacional, anterior a 64, e que o Brasil seria apenas um apêndice, não teria importância nesse contexto. E que o grande equívoco dos comunistas foi superestimar as forças do Partido Comunista." (Hugo Studart, jornalista, doutor em história e professor da Universidade Católica de Brasília)





DESARQUIVANDO A DITADURA. MEMÓRIA E JUSTIÇA NO BRASIL - 2 VOLUMES
Cecilia MacDowell Santos; Edson Teles; Janaína de Almeida Teles (Organizadores)
Editora Hucitec (São Paulo, SP) – 2009

Aborda de maneira crítica e multidisciplinar a constituição da memória política e os diferentes aspectos de justiça relacionados com as violações de direitos humanos cometidos durante a ditadura. O livro reúne artigos e ensaios inéditos de historiadores, cientistas sociais, filósofos, críticos literários, jornalistas, juristas e profissionais do direito. Qual o papel hoje desempenhado pela memória dos anos de ditadura e pela justiça? É possível esquecermos as violações de direitos humanos? Ou o inesquecível da tortura continuará a habitar as cenas públicas e privadas da vida social? Qual a contribuição da justiça para a compreensão da memória e da reparação das atrocidades cometidas no passado? O processo de indenizações às vítimas da repressão é suficiente para garantir a reconciliação do país? O legado autoritário do regime ditatorial restringe-se ao sofrimento das vítimas sem vinculação com a ação política no presente?

BRASIL: NUNCA MAIS

Prefácio: Dom Paulo Evaristo Arns
Editora Vozes (Petrópolis, RJ) – 41ª edição – 2011

Um grupo de especialistas dedicou-se durante 8 anos a reunir cópias de mais de 700 processos políticos que tramitaram pela Justiça Militar, entre abril de 64 e março de 79. O resumo desta pesquisa está neste livro. Um relato doloroso da repressão e tortura que se abateram sobre o Brasil.”

Observação: eu atualizei vários dados bibliográficos da matéria original, procurando colocar as últimas edições das obras publicadas no Brasil. Os dois últimos títulos foram acrescentados por mim, porque trazem uma importante documentação sobre o abuso dos direitos humanos no período ditatorial, bem como, uma discussão a partir do direito. Boa parte dessas obras citadas, acima, encontra-se esgotada. Contudo, ainda é possível achar vários títulos na: amazon.com.br; estantevirtual.com.br; e outros sites e sebos. Boa leitura! Bom estudo!

Fonte: Portal G1 – Política: 50 anos do golpe militar – 30 de março de 2014 – 16h45 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui.

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