«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Ser cristão é ser benevolente


Telmo José Amaral de Figueiredo
Padre, teólogo e biblista
Diocese de Jales – SP
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É quaresma!
Tempo de revisão de vida, tempo de olhar para si, tempo de enxergar os outros e os que sofrem, tempo de conversão, tempo de partilha, tempo de graça!
Neste domingo, dia 14 de abril, a Igreja Católica faz um apelo a todos os homens e mulheres de boa vontade para que colaborem com a Coleta da Campanha da Fraternidade. Neste ano, a Campanha nos convida a refletirmos e agirmos sobre a “Fraternidade e Políticas Públicas”.
Contudo, eu gostaria de conversar com você, especialmente, sobre o sentido dessa coleta da fraternidade. Afinal, não é de hoje que a Igreja nos convida a um gesto concreto de solidariedade, de amor e de compromisso.
No Antigo Testamento da Bíblia, não encontramos uma palavra exata para “coleta”, apenas para “esmola” (tsedaqá = beneficência, esmola). Há, também, o verbo “recolher”, no sentido de “coletar, ajuntar” (cf. 2Rs 22,4 – ’asephû – lê-se: assefû). Interessante observar que a expressão hebraica tsedaqá, quando empregada como esmola (cf.: Eclo/Sir 3,14.30; 7,10; 40,17.24), exprime o sentido de generosidade, de retidão, justiça. Portanto, quando se dá uma ajuda, um auxílio a algo ou alguém, a pessoa livra-se de seus pecados (Eclo 3,30); torna sua oração mais concreta (Eclo 7,10); tem reconhecimento eterno (Eclo 40,17) e contribui para libertar as pessoas (Eclo 40,24). Mais interessante, ainda, é o fato da palavra tsedaqá exprimir não somente uma conduta moral, mas também um estado prazeroso de saúde e bem-estar. Isso revela que, para a Bíblia, o meio e o fim formam uma unidade, ou seja, o fim é todos terem uma vida de alegria, de bem-estar e felicidade, mas o meio para se atingir isso é a justiça, a conduta reta, a honradez e a generosidade (esmola).
No Novo Testamento, encontramos a palavra “coleta” (grego: logueía) apenas em 1Cor 16,1-2: «Quanto à coleta em favor dos santos, segui vós também o que ordenei às igrejas da Galácia. Todo primeiro dia da semana, cada qual separe livremente o que tenha conseguido economizar, de modo que não se espere a minha chegada para, então, fazer as coletas.» Paulo solicita aos coríntios que colaborem com a comunidade de Jerusalém (os santos). As justificativas para o apóstolo solicitar essa coleta foram:
a) a fome na Judeia, região onde estava Jerusalém, durante os anos 40 da era cristã (At 11,27-30);
b) é uma forma das comunidades retribuírem a participação nos bens espirituais dos santos de Jerusalém (o Evangelho que receberam – Rm 15,25-27);
c) é um modo dos perseguidos e pobres colaborarem com outros irmãos e irmãs necessitados (2Cor 8,1-4);
d) finalmente porque, ajudar os pobres, partilhar com os mais necessitados é uma das principais missões de um apóstolo de Cristo (Gl 2,6-10).
Paulo, é preciso observar isso, jamais motivou a coleta empregando palavras como: obrigação, taxa, condição para a salvação etc. Ele utiliza termos como:
* cháris (= graça, dom, oferta – 1Cor 16,3; 2Cor 8,4);
* koinonía (= colaboração, contribuição – Rm 15,26);
* diakonía (= serviço, auxílio – Rm 15,31; 2Cor 8,4; 9,1);
* euloguía (= bênção, oferta – 2Cor 9,5).
Portanto, eu, você, todos nós teremos, nesta quaresma, a oportunidade de participar, também, de uma coleta! No próximo domingo, façamos como propôs Paulo:

«E como transbordais em tudo: 
na fé, na palavra, no conhecimento, em toda solicitude e em vosso amor para conosco, transbordeis também nesta obra de generosidade. 
Não é uma ordem que estou dando, mas... 
dou-vos ocasião de provardes a sinceridade do vosso amor» 
(2Cor 8,7-8).

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