«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 19 de outubro de 2014

POR QUE O PARTIDO DO GOVERNO ESTÁ NA FRENTE?

Voto de cabresto oficial

João Bosco Rabello

A primeira pauta pós-eleições será necessariamente a Petrobrás, diante da perspectiva da publicidade da delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, cujos vazamentos parciais indicam um escândalo político sem precedentes.

Juntados esses vazamentos, que incluem nomes expressivos do quadro partidário brasileiro, com o depoimento de Costa não submetido ao segredo de justiça, tem-se um duto de recursos públicos desviados para irrigar campanhas e políticos de PT,PMDB e PP, o que pode alcançar as campanhas da presidente Dilma de 2010 e a atual, ainda que à revelia da candidata.

É um quadro que seria avassalador para qualquer governo em campanha pela reeleição, dado que o tempo de mandato do PT [Partido dos Trabalhadores] soma 12 anos, dando-lhe o monopólio dessa gestão marginal em favor do partido e de aliados. Com um tesoureiro cumprindo pena pelo mensalão, o partido já tem o segundo na mira da justiça.

O que diferencia o esquema sob investigação de outros ao longo da história política nacional é a sua característica sistêmica, como pilar de um processo de sustentação política de um projeto de permanência no poder, abrangendo três grandes partidos da base governista.

A recente informação de que a Petrobrás poderá sofrer sanções nos Estados Unidos, onde a legislação prevê consequências mesmo para empresas estrangeiras lá sediadas, estende as investigações ao plano internacional, um sólido sinal de consistência do conteúdo da delação do ex-diretor da estatal no Brasil.

Tal cenário leva a outra questão: como o governo, em condições tão adversas que inclui ainda a economia em recessão técnica e alta rejeição da candidata, pode alcançar índice próximo a 50% na disputa e aponto de torná-la tão acirrada?

Aqui entra o dado essencial: o bolsa família. O programa dá ao PT o conforto de um patamar de largada eleitoral de 34,6% em qualquer eleição. São 13.738.798 famílias beneficiadas, estimando-se 1,6 eleitor por cada uma, e considerando-se que 85% dos beneficiários votam com o governo, tem-se aí 14,9 milhões dos 43,3 milhões de votos obtidos por Dilma no primeiro turno, já subtraídas as abstenções totais.

É o maior voto de cabresto de que se tem notícia e que explica a falsa conotação ideológica no confronto sul-sudeste versus nordeste, que o PT explora como a luta entre ricos e pobres, a partir do monopólio do programa que se tornou arrimo eleitoral do partido.

Por isso, a oposição considera indispensável que já no próximo ano seja feita uma reforma conceitual no programa Bolsa Família, de maneira que ele se torne uma ação de Estado e não de governo, via emenda constitucional.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Domingo, 19 de outubro de 2014 – Pg. A14 – Internet: clique aqui.


UM RICO DEBATE SOBRE A POBREZA

Roldão Arruda

Polêmica simplista sobre fim ou não do Bolsa Família oculta diferentes visões do PT e do PSDB sobre problema

O debate sobre políticas e programas sociais do governo subiu para um patamar mais elevado nesta eleição. Debaixo da poeira da velha polêmica sobre a manutenção ou não do Programa Bolsa Família - tema de compreensível interesse de parcelas mais pobres do eleitorado e que obriga o candidato do PSDB, Aécio Neves, a repetir até quatro vezes em cada confronto na TV que vai mantê-lo -, corre outro debate, mais elaborado. Envolve formas de melhorar e dar sustentabilidade ao que já foi conquistado.

Marcelo Reis Garcia
Assistente Social - Assessor do PSDB
Segundo os tucanos, após retirar milhões de famílias das situações de pobreza e extrema pobreza, o que é elogiável, os governos petistas não teriam elaborado ainda políticas claras para dar sustentabilidade à mobilidade social. Em outras palavras, se a transferência direta de renda acabasse amanhã, as famílias voltariam à extrema pobreza, segundo os assessores de Aécio.

O governo, por seu lado, sustenta que a transferência de renda por meio de programas como o Bolsa Família é apenas parte de uma política social muito mais ampla, que já garante a sustentabilidade das mudanças ocorridas. Essa política, segundo o governo, vai do esforço de valorização do salário mínimo a programas de qualificação profissional voltados especificamente para famílias mais vulneráveis.

Em entrevista ao [jornal] Estado, um dos principais assessores da campanha de Aécio na questão dos programas sociais, o assistente social Marcelo Reis Garcia, disse que o principal erro do governo é basear suas ações sobretudo na ausência de renda das famílias. Isso o levaria a privilegiar os programas de transferência de renda. Ainda segundo o técnico, que chefiou a Secretaria Nacional de Assistência Social no governo de Fernando Henrique Cardoso e assessorou Aécio no governo de Minas, seria melhor se fosse adotado o conceito de pobreza multidimensional, que, além da renda, leva em conta fatores como educação e saúde.

"Propomos que a discussão sobre a pobreza saia da simplificação monetária e passe a considerar um conjunto de privações. Seriam incluídos na análise qualidade da casa, escolaridade, saúde, capacidade para trabalhar e renda", disse Garcia. "A gestão da pobreza apenas pela renda não tem sustentabilidade. O que aconteceria se, por acaso, a transferência de renda para as 36 milhões de famílias que saíram da extrema miséria acabasse hoje? Elas voltariam para a extrema pobreza? Provavelmente sim. Para evitar isso é preciso levar em conta outras privações que as famílias precisam superar."

Ensino

Tereza Campello - Ministra do Desenvolvimento Social
Outro argumento apontado por Garcia para a revisão do atual modelo é a existência de 11 milhões de brasileiros na faixa de 18 a 29 anos que não concluíram o ensino fundamental e outros 9 milhões sem o ensino médio. "São 20 milhões de brasileiros que sempre terão dificuldade para conseguir emprego. O que eu vou fazer com essas pessoas? Aposentá-las aos 20 anos? Mantê-las como beneficiárias dos programas de transferência de renda até a morte? O que estamos propondo é uma metodologia que permita acompanhar cada família, isoladamente, para que superem suas dificuldades."

Critérios de análise multidimensional da pobreza já são utilizados por instituições como o Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo Garcia, o que se propõe para o Brasil é algo semelhante ao usado pela ONU na elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, diz que a crítica contida no programa de Aécio é falha, porque tem foco apenas nos programas de transferência e ignora que foram combinados com outras políticas de curto e de longo prazo, destinados a dar sustentabilidade à superação da pobreza. "Não entendo por que insistem em localizar a discussão no Bolsa Família", disse ela ao Estado. "Já se sabe que o Bolsa Família teve até agora um peso de 30% na redução da pobreza no País. Outros fatores, entre eles a valorização do salário mínimo, a redução da informalidade no trabalho, o acesso a crédito e à assistência técnica rural, o acesso a bens, a expansão da rede de creches, os cursos de qualificação profissional, são responsáveis pelos outros 70%."

A ministra também lembrou estudos recentes do Banco Mundial e da ONU, que, ao analisar a questão da pobreza no País do ponto de vista multidimensional, apontaram avanços significativos. O Banco Mundial, que trabalha com sete fatores, além da renda, considerados estratégicos para definir mobilidade das famílias, apontando sua capacidade para superar a pobreza e os riscos de voltar a estágios anteriores, apontou avanço em todos os grupos observados - dos que vivem em estado de pobreza crônica aos que são pobres transitórios. Entre 1999 e 2011, a porcentagem de pobres na população brasileira passou de 35% para 17%, segundo a instituição.

"De lá para cá os resultados melhoraram ainda mais. Se considerarmos apenas as famílias que vivem em estado de pobreza crônica, no núcleo duro da pobreza, onde a chance de evoluir é menor, entre 2003 e 2013 houve uma redução de 8% para 1%, segundo informações obtidas da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, do IBGE)", afirmou.

No fundo, o que se observa é que a discussão tende a superar o Fla-Flu entre os que são a favor e contra o Bolsa Família.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política/Eleições 2014 – Segunda-feira, 20 de outubro de 2014 – Pg. A9 – Internet: clique aqui.

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