Destruição
da Amazônia pode transformá-la em deserto e desencadear pandemias
Rafael Duarte
Entrevista com Carlos Nobre
Climatologista,
atual Presidente do Conselho Diretor do Painel Brasileiro de Mudanças
Climáticas e ex-membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC)
A floresta poderá se
transformar em uma grande savana e
não servir mais ao
nosso país e ao mundo
CARLOS NOBRE |
Com o avanço do desmatamento na Amazônia em 2020 e o início
do período de seca e, consequentemente, das queimadas, a preocupação com o
futuro da maior floresta tropical do mundo é inevitável. Muito antes da
devastação do bioma atingir os patamares atuais, o climatologista brasileiro Carlos
Nobre sugeriu, em 1991, a hipótese da savanização da Amazônia, como
consequência do agravamento da destruição da floresta.
O pesquisador foi um dos membros do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) que, em 2007, ganhou um
Nobel da Paz e é um dos maiores especialistas do país quando o assunto são
mudanças climáticas. Atual presidente do Conselho Diretor do Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas, Carlos Nobre conversou com o jornalista
Rafael Duarte durante o segundo episódio do Podcast Reconecta: “Amazônia
em risco e a crise do clima que precisamos resolver”.
Em parceria com o Podcast Reconecta, ((o))eco
traz para você parte da entrevista feita com Carlos Nobre, que falou sobre a
savanização da Amazônia, as mudanças climáticas e o risco dos desequilíbrios
ecológicos para nossa própria saúde, como vemos na pandemia atual. Para escutar
na íntegra tudo que rolou no podcast, é só dar play no Spotify no final da matéria,
ou acessar o conteúdo por outros agregadores de podcasts.
Eis a entrevista.
Você
levantou essa hipótese da savanização da Amazônia há três décadas. Você pode
explicar melhor esse conceito?
Carlos Nobre: Nós temos levantado essa questão do risco de
savanização da Amazônia, que é um risco que agora se torna cada dia mais
presente, não só a partir de estudos teóricos como os que eu conduzi e
divulgamos e publicamos em 1991, mas nós estamos vendo algumas dessas coisas
acontecerem na Amazônia. Se nós olharmos, a Bacia Amazônica tem a maior
floresta tropical do mundo, são 6 milhões de quilômetros quadrados de
Floresta Amazônica, ao norte dela nós vemos vários tipos de savanas, na
Venezuela, na Colômbia e um pedacinho de Roraima; ao sul, nós vemos 2-3 milhões
de quilômetros quadrados de savana, o que nós chamamos Cerrado. A pergunta é: por
que nós temos uma floresta tropical aí no meio, cercada no norte e no sul de
savanas? O bioma floresta tropical evoluiu em dezenas de milhões de anos,
numa condição de muita chuva.
A estação seca é muito curta, chove o ano todo e as raízes
acessam água o ano todo. Essas condições – temperaturas não muito altas e
nunca muito baixas, chuva o ano inteiro, fotossíntese o ano inteiro –, em
milhões e milhões de anos, foram importantíssimos para gerar máxima
biodiversidade. E porque ela é muito úmida, ela minimizou os riscos de
incêndios. Quando havia uma descarga elétrica na floresta, que poderia dar
início a um incêndio, as árvores, a serrapilheira – aquele material que fica
depositado no chão da floresta – é tudo tão úmido, que aquela chama não
propagava, não tinha combustível. Essa foi uma enorme evolução biológica na
florestas tropicais e é uma diferença enorme das savanas, um bioma que evoluiu
em dezenas de milhões de anos em equilíbrio com uma estação seca muito longa,
são seis meses de estação seca, e o clima é muito sazonal, chuva intensa na estação
chuvosa, e seca intensa. Alguns lugares do Cerrado às vezes ficam 2, 3 até 4
meses com zero chuva. E incêndio, fogo na vegetação, é um fenômeno em que a
vegetação está totalmente ajustada. O Cerrado, a savana tropical, evoluiu
com o fogo. São biomas que evoluíram em dezenas de milhões de anos em
equilíbrio com o clima.
Sem a umidade das chuvas, a floresta morre e, em seu lugar, surgirá uma inóspita SAVANA! |
O que nós estamos vendo na Amazônia?
A temperatura hoje na Amazônia é cerca de 1,5 grau mais
quente do que 100 anos atrás, antes das mudanças climáticas globais, isso é em toda a Amazônia. O
aquecimento global está fazendo as secas se tornarem mais intensas, como a
seca de 2005 e 2010, anos que bateram recorde de seca na Bacia toda. E a
floresta com temperatura mais alta e com a degradação que nós humanos estamos
causando, ela se torna mais vulnerável à incêndios. Não tanto os incêndios
gerados por descargas elétricas, que são muito poucos na Amazônia, mas é a ação
humana. Quando a gente coloca tudo isso junto, mudanças climáticas devido ao
aquecimento global e devido ao desmatamento, e a maior vulnerabilidade da
floresta úmida aos incêndios, nós fizemos vários cálculos e chegamos à
conclusão de que nós estamos muito próximos desse ponto de não-retorno, em
que 50-60, até 70% da Amazônia vai virar uma savana degradada. Não é uma
savana com a riquíssima biodiversidade do Cerrado porque essa transição seria
muito rápida, em três a cinco décadas, não daria nem tempo da rica
biodiversidade do Cerrado, já adaptada para um clima mais seco, se propagar
nessa escala de tempo. Talvez as espécies do Cerrado levassem alguns séculos
para cobrir esse ambiente.
E por que a nossa preocupação é muito manifesta hoje?
Porque não é só um cálculo teórico baseado em modelos
matemáticos do sistema terrestre, da Amazônia, da vegetação, das mudanças
climáticas, do desmatamento, do fogo, mas é porque nós estamos vendo isso
acontecer na Amazônia. Vários estudos observacionais estão mostrando que o
sul e sudeste da Amazônia, particularmente no Brasil, mas também na Amazônia
boliviana e peruana, a estação seca está ficando muito mais longa. Nos
últimos 40 anos, ela já está três semanas mais longa em toda essa região. Em
áreas altamente desmatadas, como o norte de Mato Grosso e sul do Pará, já está
quatro semanas. A estação chuvosa está demorando um mês para recomeçar!
Ela começava no início ou meio de setembro e agora elas estão começando no
início e meio de outubro nessas regiões. E as temperaturas estão muito mais
quentes durante a estação seca, dois, três graus mais quentes. Nós estamos
vendo a capacidade imensa de reciclagem da água da floresta diminuir nessas
regiões. São estudos observacionais. E o
mais preocupante de todos: uma análise da taxa de mortalidade das árvores em
toda a Amazônia mostrou que no sul e leste da Amazônia, as árvores
características do clima úmido, são mais de 10 mil espécies de clima úmido,
elas mostram uma taxa de mortalidade maior do que aquelas espécies que têm uma
adaptabilidade maior à climas mais secos. O que nós estamos vendo são
observações do risco da savanização na frente dos nossos olhos.
Pelas
suas projeções, você estima que isso possa acontecer em quanto tempo?
Carlos Nobre: Os nossos cálculos indicaram que se o desmatamento, se
o aquecimento global continuar, se o uso do fogo na Amazônia, tanto para
queimar a área desmatada quanto na agricultura com a renovação de pasto e
culturas, se isso tudo continuar, nós estimamos algo em torno de três a
cinco décadas para esse processo se completar.
Quando que ele se tornará irreversível?
Se o desmatamento passar de 20 a 25% da Amazônia. Hoje ele está em 17% de toda a
Amazônia. Não é só uma projeção teórica, nós estamos vendo no dia a dia da
Amazônia que nós estamos muito próximos disso. E se o desmatamento continuar
nas taxas que nós estamos vendo, como em 2019 e 2020 [governo Bolsonaro],
com taxas crescentes de desmatamento na maior parte da Amazônia, principalmente
na Amazônia brasileira, nós estamos estimando que esse ponto de não-retorno
vai ser cruzado entre 15 e 30 anos.
Por
que você acha que há tanta dificuldade em parcelas da população entenderem como
essas questões climáticas afetam a nossa vida?
Carlos Nobre: O que existe é uma quase falência total do regime
democrático. Todas as pesquisas de opinião no Brasil nas últimas décadas
mostram que 90% da população brasileira é contra o desmatamento da Amazônia.
Pesquisa feita pelo Ibope em agosto de 2019, no pico das queimadas, 96% da
população brasileira acredita que o presidente deve impedir o desmatamento
ilegal na Amazônia. Unanimidade. Na própria Amazônia, 85% da população é
contra. Em uma pesquisa internacional que pergunta a preocupação com as
mudanças climáticas, o Brasil sempre esteve entre os 5 países do mundo com a
população mais preocupada com as mudanças climáticas. E também entre os três
países do mundo concordando que nós tínhamos que mudar nosso comportamento,
nosso estilo de vida e tínhamos que combater as mudanças climáticas. Em 20 anos
de pesquisa, esses números no Brasil são sempre acima de 80%. Até as pesquisas
feitas ano passado, com um governo federal que ouve negacionistas climáticos e
anticiência. Ainda assim, isso não mudou, o número continua, reduziu só 2-3
pontos percentuais.
Essa é uma percepção da população brasileira muito forte. O
problema não é a percepção, mas a falta de eficiência da democracia
representativa e também uma questão de que as pessoas precisam se sentir
mais empoderadas e saber que a vontade delas têm que conduzir o processo
econômico, político e social.
Por exemplo, nós não temos no Brasil certificação de
origem da carne. 90% dos brasileiros são contra o desmatamento na Amazônia,
e o maior vetor de desmatamento na Amazônia é a expansão da pecuária.
70% da área desmatada na Amazônia foi para pecuária inicialmente. Hoje, 63% da
área está em pecuária e uma parte considerável já foi abandonada e a floresta
está recrescendo. Se as pessoas exigissem certificado de origem, isso seria
um vetor de redução de desmatamento gigantesco. Gigantesco porque a
produtividade da pecuária é muito baixa na Amazônia: 1 cabeça de gado por
hectare, quando podia ser 2 ou 3.
A dinâmica de expansão do desmatamento da Amazônia é muito
mais ligada à posse da terra ao roubo de terra pública, à pequena valorização
instantânea que uma área tem para venda. É uma dinâmica que tem muito pouco
a ver com atendimento de mercado de carne ou de mercado de grãos, é de uma dinâmica social ainda muito ligada com o crime.
Então o consumidor teria um enorme papel e poder. Vai comprar um material de
madeira para construção, qual a origem? Hoje já tem madeira que é certificada.
Nós brasileiros temos muito mais poder que nós não utilizamos.
Mas a questão mais importante é a falha da democracia
representativa no Brasil. 90% dos brasileiros é contra o desmatamento na
Amazônia. Qualquer votação que o Congresso coloca sobre políticas que
vão aumentar o desmatamento na Amazônia, 60-65% dos deputados votam a favor.
Ou seja, tem uma desconexão completa entre quem nós elegemos, os brasileiros
como um todo, e como eles nos representam no Congresso. Estou falando aqui na
lógica federal, mas isso é verdade também em âmbito estadual e municipal. Nós
precisamos aprender a ser mais rigorosos em fazer com que aqueles que nos
representam, de fato, nos representem. Essa história de que dois, três
meses antes das eleições eles prometem e falam o que a gente quer ouvir, e no
dia seguinte de tomar posse, começam a entrar numa agenda muito pequena, muito
ligada com lobbies e interesses escusos. A grande maioria que tem
votado essas leis “anti-Amazônia” vota de acordo com os interesses do lobby
da expansão da pecuária, da expansão de todo esse modelo que não está dando
certo na Amazônia.
Em Mato Grosso, o gado invade área que, antes, era floresta, mas que foi destruída e queimada! |
Pesquisas
internacionais alertam que se as mudanças climáticas continuarem no atual
ritmo, cerca de 30 vírus novos que o ser humano nunca teve contato poderiam vir
à tona, a questão climática é também uma emergência médica?
Carlos Nobre: Mudança climática já é praticamente uma emergência
médica. A origem do primeiro coronavírus, que criou a epidemia de SARS, e
possivelmente desse novo coronavírus também, migrou do morcego, de áreas
naturais onde viviam os morcegos na Ásia, na China. Ele migrou do morcego
para o ser humano naqueles mercados de carne, porque lá eles comem carne de
animais silvestres. Lá eles ainda levam os animais vivos, matam o animal
ali na frente do consumidor e vendem. Nós estamos vendo a emergência muito
frequente de epidemias que vêm de microrganismos do ambiente natural, que
convivem com os ecossistemas, com as plantas e os animais. Mas quando eles são
retirados de uma forma violenta daquele ambiente que está em equilíbrio, podem
ser vírus, bactérias ou protozoários como a malária e a doença de chagas, eles
acabam saindo daquele equilíbrio, encontram o corpo humano, que não está em
equilíbrio com esses microrganismos e eles viram doença.
Esse desequilíbrio ecológico, que tem muito a ver com a ação
humana, faz com que vírus, bactérias, protozoários cheguem próximo aos seres
humanos. Isso já
existe há milhares de anos, mas agora com a era moderna da comunicação entre
humanos com muita rapidez, uma pandemia se projeta em semanas.
Há mais de 200 coronavírus já mapeados da biodiversidade da
Amazônia e inúmeros morcegos amazônicos carregam esses coronavírus. Quando a gente olha a perturbação
que nós estamos fazendo na Amazônia, o único elemento que não tem é, talvez, um
enorme consumo de carne desses animais, porque as populações amazônicas são
pequenas. Há caça e consumo desses animais, há mercados ilegais, porque as leis
brasileiras e dos países amazônicas proíbem de fato a comercialização de animais
selvagens. A caça de animais selvagens só é permitida por populações indígenas
[e tradicionais], que mantém um enorme equilíbrio nos seus territórios. Quer
dizer, esse veículo que vem através do consumo da carne dos animais selvagens é
em menor escala na Amazônia, mas todo o resto ocorre: garimpo ilegal, roubo de
madeira, fogo. Todos esses humanos chegando muito próximos desse ambiente
perturbado, tudo isso cria uma enorme oportunidade para esses micro-organismos
migrarem dos seus hospedeiros da biodiversidade amazônica para humanos. E a
Amazônia tem o maior número de micro-organismos do mundo. É pura “sorte” que
nós não tivemos ainda uma grande epidemia que iniciou na Amazônia. Na Amazônia
nós temos leishmaniose, que é originária da Amazônia, mas a maior parte das
zoonoses vieram de fora.
É pura “sorte” que o lugar com maior número de microrganismos
do mundo e que está sendo violentamente perturbado nas últimas décadas, não ter
gerado uma pandemia, mas nós não podemos contar com a sorte.
Se nós não mudarmos a maneira de enxergar
a Amazônia,
se nós não pararmos com o desmatamento,
com as queimadas,
com a invasão, com o roubo de madeira,
com o garimpo ilegal,
nós vamos criar uma grande oportunidade
para esses
microrganismos passarem para nós como
zoonoses e aí sim,
nós vamos ter muito mais pandemias.
Em
que pé a gente está hoje com o Acordo de Paris, estamos no trilho certo?
Carlos Nobre: Se nós fossemos respeitar o Acordo de Paris na sua
pauta mais cuidadosa e mais desafiadora, que é 1,5 grau máximo – nós já estamos
1,1 graus -, nós temos que zerar as emissões até 2050, emissões líquidas, de
todos os gases de efeito estufa e na segunda metade deste século, retirar gás
carbônico da atmosfera. Retirar gás carbônico é um papel excelente para as
florestas. Nós podemos imaginar uma agricultura regenerativa muito avançada do
século XXI, que diminui demais a demanda por área.
Nós podemos manter segurança alimentar de
8, 9, 10 bilhões de pessoas
com metade da área agrícola existente com
uma agricultura regenerativa avançada.
Portanto, nós podemos liberar uma enorme
área,
5, 6, 8 milhões de quilômetros quadrados
no globo todo, uma área do tamanho do
Brasil,
se nós fizéssemos isso e deixássemos a
floresta crescendo,
principalmente na segunda metade deste
século.
Assim nós vamos retirando gás carbônico da atmosfera e nós
garantiríamos a manutenção de 1 grau e meio. Nós estamos nessa trajetória?
Não. Essa trajetória exigiria que nós reduzíssemos em 6 a 8% por ano as
emissões de gases de efeito estufa.
A Covid-19 traz uma luz, no sentido de que 2020, pelas
projeções científicas publicadas nos últimos dias em função de quando a Covid
vai passar no mundo, quando que a economia vai retomar e quando que as emissões
vão voltar, indicam que nós ficaremos nessa faixa de 6 a 8%. Então 2020 seria o
exemplo, mas em 2021, nós precisamos não voltar a subir, precisamos cair
mais 6 a 8% e assim até 2050, quando, se continuássemos nessa trajetória, nós
teríamos atingido zero de emissões líquidas. E com um papel importante
também de restauração florestal para retirar gás carbônico da atmosfera.
Talvez o único aspecto de nos iluminar dessa crise, em função da tragédia que é
em termos humanos e de mortes, é mostrar onde nós deveríamos estar. O ano de
2020, em todas as projeções do Acordo de Paris, era o ano em que nós já
deveríamos estar reduzindo. O máximo de emissões não poderia passar de 2020. Se
não fosse a Covid, 2020 teria emissões maiores que 2019. A Covid nos chama
atenção. E a saída da crise teria que ser uma trajetória verde, como
os países europeus estão discutindo.
Um relatório, publicado pelo Observatório do Clima em
maio, fez uma análise dos primeiros quatro meses deste ano das emissões
brasileiras, e, infelizmente, nós estamos vendo uma tendência de as
emissões aumentarem. Tanto na agropecuária, até por uma razão difícil de
prever, que a diminuição de consumo e das exportações de carne, fez com que a
pecuária mantivesse o gado no pasto e o gado emite metano, que é a mais
importante fonte de emissão da agropecuária brasileira e fez as emissões de
metano aumentarem. Mas o mais preocupante é que as emissões do desmatamento
da Amazônia estão crescendo. Estavam crescendo ano passado, continuaram
crescendo esse ano. De janeiro a abril estavam 55% acima do período anterior.
Mesmo com a redução de queima de combustíveis fósseis com o confinamento, menos
uso de veículos, menos consumo de energia elétrica, que diminuíram sem dúvida
as emissões e o Brasil nesse sentido estava parecido com os outros países do
mundo. Mas as projeções do Observatório do Clima são terríveis de que, em
2020, nós teremos uma emissão maior do que 2019, totalmente na contramão do que
vai acontecer globalmente.
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