«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

É preciso indignar-se

Com algumas Redes de Televisão de
inspiração católica!

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, SVD
Bispo da Prelazia de Itacoatiara – AM
Iser Assessoria
08-06-2020

Imaginemos Jesus entrando naquela reunião e ouvindo
estes “padres” se vendendo ao governo,
fazendo de nossa fé católica um mercado,
pedindo dinheiro e prometendo apoiar o governo

O contexto deste artigo:
TVs católicas oferecem a Bolsonaro apoio em troca de dinheiro público

Dia 06 de junho o jornal O Estado de S. Paulo publicou matéria afirmando que “Por verbas, TVs católicas oferecem a Bolsonaro apoio ao governo”. A notícia repercutiu em muitos outros meios de comunicação. Dom José Ionilton, bispo de Itacoatiara, AM, publicou esta reação.

Para ler a matéria do jornal Estadão, na íntegra,
clique aqui

Vale destacar que das nove TVs católicas, as Redes de Televisão Aparecida, Nazaré, Imaculada, Horizonte não participaram da negociata.

Assista ao vídeo que registrou essa videoconferência de bajulação,
puxa-saquismo e inverdades ditas e repetidas
por vários de seus participantes!
É uma VERGONHA e uma INCOERÊNCIA com aquilo que deve ser um católico!
Eis o vídeo, basta clicar sobre a imagem:



Observação: seria interessante perguntar aos deputados, ditos “católicos”, que organizaram esse encontro e aos padres presentes, o que de “positivo” existe para se destacar de um personagem político como Jair Bolsonaro que, SEMPRE, defendeu:
* a ditadura militar que tanto mal fez ao nosso País;
* a tortura que tirou a vida, a dignidade e a saúde mental de centenas de pessoas;
* o armamento da população como “solução” para a violência e para as desavenças políticas;
* que possui ligações, cada vez mais suspeitas, com milícias e milicianos no Rio de Janeiro;
* que só defendeu e propôs medidas a favor de uma pequena parcela de nossa sociedade: os militares;
* que realiza uma gestão irresponsável, desastrosa e genocida durante esta crise da pandemia do novo coronavírus;
* que, até agora, não sinalizou concretamente como pretende retirar o Brasil e a sua gente da enorme crise econômica, social e cultural que virá em decorrência dos efeitos da pandemia da Covid-19.
Qual Igreja sonhamos para a Amazônia? - Vatican News 
Eis o artigo do bispo

Desde que foi revelado o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, vinha sempre confrontando os pronunciamentos feitos naquela reunião com a Constituição Federal, fazendo-nos refletir como tais pronunciamentos feriam nossa Lei Maior.

Hoje, sinto-me na obrigação de comentar os pronunciamentos de outra reunião com o “presidente” do Brasil, acontecida em 21 de maio. Desta vez, não com ministros do governo, mas com padres diretores das chamadas redes de televisão de inspiração católica, com a participação de deputados federais que se dizem católicos, que foram os idealizadores desta reunião virtual.

Um dos pedidos mais explícitos foi feito pelo padre Welington Silva, da TV Pai Eterno, ligada ao Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO). Disse ele: “estamos precisando mesmo de um apoio maior por parte do governo para que possamos continuar comunicando a boa notícia, levando ao conhecimento da população católica, ampla maioria desse país, aquilo de bom que o governo pode estar realizando e fazendo pelo nosso povo”.

Perguntemo-nos: o que este padre chama de “aquilo de bom que o governo” realiza e faz?

O padre e cantor Reginaldo Manzotti, da Associação Evangelizar é Preciso, com rádios e TV próprias, cobrou agilidade e ampliação das outorgas e destacou o contraponto que os católicos podem fazer para frear o atual desgaste na imagem de Bolsonaro e do governo.

Perguntemo-nos: uma TV de inspiração católica deve se submeter, por dinheiro, a fazer este papel ridículo de “frear o atual desgaste da imagem” do governo?

O empresário João Monteiro de Barros Neto, da Rede Vida, afirmou que “Bolsonaro é uma grande esperança”.

Perguntemo-nos: esperança de que João Monteiro?

No Brasil, há nove emissoras de inspiração católica de TV, geradoras de conteúdo: Aparecida, Nazaré, Imaculada, Horizonte, Pai Eterno, Rede Vida, Canção Nova, Século 21 e Evangelizar – as três últimas ligadas ao movimento da Renovação Carismática Católica.

As Redes de Televisão Aparecida, Nazaré, Imaculada, Horizonte não participaram da videoconferência. Parabéns a estas TVs de inspiração católica que não aceitaram ser subornadas.

As TVs Pai Eterno, Rede Vida, Canção Nova, Século 21 e Evangelizar participaram da negociata, do toma lá, dá cá.

Vou escrever aqui em letras maiúsculas a minha primeira reação ao receber a informação do que estava sendo publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo “Por verbas, TVs católicas oferecem a Bolsonaro apoio ao governo”: VERGONHOSO! MERCENÁRIOS!

Lembrei-me das palavras de Jesus no discurso sobre o Bom Pastor. Disse Jesus que o Bom Pastor vem para que todos tenham vida (cf. Jo 10,10b) e o Mal Pastor, o Mercenário vem para roubar, matar e destruir (cf. Jo 10,10a).

Outra cena do evangelho que me veio imediatamente à mente foi a passagem de Jesus no Templo de Jerusalém. João relata que no templo Jesus encontrou os que vendiam bois, ovelhas e pombas e os cambistas em suas bancas. João diz ainda que Jesus fez um chicote com cordas e expulsou todos do templo e disse: “Não façais da Casa de meu Pai um mercado” (cf. Jo 2,13-22). Imaginemos Jesus entrando naquela reunião e ouvindo estes “padres” se vendendo ao governo, fazendo de nossa fé católica um mercado, pedindo dinheiro e prometendo apoiar o governo.

Em Nota de Esclarecimento (leia esta nota, clicando aqui), emitida na noite do sábado, 06 de junho, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, juntamente com a SIGNIS Brasil e a Rede Católica de Rádio (RCR), associações de caráter nacional que reúnem as TVs e rádios de inspiração católica do Brasil, informam que “não organizaram e não tiveram qualquer envolvimento com a reunião entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, representantes de algumas emissoras de TV de inspiração católica e alguns parlamentares”.

Diz, também a Nota da CNBB: “Recebemos com estranheza e indignação a notícia sobre a oferta de apoio ao governo por parte de emissoras de TV em troca de verbas e solução de problemas afeitos à comunicação. A Igreja Católica não faz barganhas. Ela estabelece relações institucionais com agentes públicos e os poderes constituídos pautada pelos valores do Evangelho e nos valores democráticos, republicanos, éticos e morais”.

Como bispo da Prelazia de Itacoatiara – Amazonas, venho solidarizar-me com a Comissão Episcopal para a Comunicação e com a Presidência da CNBB.

Os Redentoristas (leia a nota, clicando aqui) e os Jesuítas (leia a nota, clicando aqui), também, emitiram notas, dizendo que os seus Religiosos presentes naquela reunião, não foram enviados pelas Congregações. Os Redentoristas são ligados à TV do Pai Eterno e os Jesuítas são ligados à TV Século XXI.

Espero que os Padres “desobedientes”, sejam religiosamente corrigidos, se retratem ou se tomem outras providências. O Cânon 823 diz que “para garantir a integridade das verdades da fé e dos costumes é dever e direito dos pastores da Igreja vigiar para que os escritos ou uso dos meios de comunicação social não tragam prejuízo à fé e à moral dos fiéis”.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 9 de junho de 2020 – Acesse às 15h20 (15/06/2020) – Internet: clique aqui.

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