«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 25 de abril de 2020

3º Domingo da Páscoa – Ano A – Homilia

Evangelho: Lucas 24,13-35

Clique sobre a imagem, abaixo,
para assistir à cena do Evangelho deste Domingo:


 José Bortolini
Biblista e Teólogo paulino brasileiro

Onde e como experimentar o Cristo vivo

O episódio dos discípulos de Emaús é texto exclusivo de Lucas (Marcos sintetiza a cena, cf. Mc 16,12-13). Pertence aos acontecimentos pós-pascais e responde à pergunta: Onde e como experimentar o Cristo vivo?

De fato, no que Lucas relata antes do texto de hoje (24,1-12) transparece a incredulidade e perplexidade dos discípulos. Num plano mais amplo, o episódio revela as dificuldades de muitos cristãos em aceitar a ressurreição de Jesus, pois o evangelho não quer simplesmente narrar fatos do passado, mas iluminar as dificuldades do presente (lembramos que o evangelho de Lucas se destinava a cristãos de cultura grega, para os quais a ressurreição da matéria era um absurdo).

Antes de entrarmos no texto de hoje, algumas observações de conjunto nos permitirão entende-lo melhor. Em primeiro lugar, há nítido contraste entre Jerusalém e Emaús. Jerusalém foi o lugar do testemunho de Jesus (morte na cruz). De lá, animados pelo Espírito do Ressuscitado, os discípulos sairão para o testemunho. Sair de Jerusalém sem crer que lá é o lugar da vitória do Senhor é caminhar sem rumo e sem sentido. Por isso, Emaús é sinônimo da cegueira, da não-compreensão do evento da Páscoa.

Em segundo lugar, há contraste entre o não-reconhecimento de Jesus por parte dos discípulos (versículo 16) e o pleno reconhecimento (vers. 31).

Em terceiro lugar, o contraste está no fato de Jesus se aproximar e conversar com os discípulos (vers. 15) e desaparecer da frente deles (vers. 31).

Finalmente, há grande contraste entre os conteúdos da conversa dos discípulos antes de Jesus caminhar com eles (vers. 14) e depois que reconheceram Jesus (vers. 32).

A gente, então, se pergunta: o que foi que causou – e continua causando – essa reviravolta na vida desses discípulos e na vida dos cristãos?
 Discípulos de Emaus! Fica conosco, Senhor! - YouTube
José María Castillo
Teólogo espanhol

Partilhar a mesa e o pão faz abrir os olhos

Neste relato, além da afirmação de que Jesus havia ressuscitado, destacam-se dois temas fundamentais:
1) O fato de reconhecer Jesus vivo e presente na atualidade. Há pessoas que estão como que cegas para darem-se conta de que Jesus vive e segue presente na vida. Por quê?
2) A importância que tem a EUCARISTIA para poder reconhecer Jesus. Muitos cristãos vão à missa e saem dela como entraram: tão cegos para ver Jesus e como é Jesus.

O relato diz que, quando Jesus aproximou-se dos dois discípulos, «seus olhos não eram capazes de reconhecê-lo» (Lc 24,16). O texto utiliza o verbo «epignôskô», que aqui significa não somente «reconhecer», mas também «ver» ou «dar-se conta». Porém, o evangelho diz que os olhos daqueles dois homens estavam «retidos» ou «enfeitiçados» (ekratoûnto), como em Atos 2,24, de modo que não se davam conta de que era Jesus quem estava junto deles. 

Porque haviam perdido a ilusão e a esperança. Não suportaram o fracasso de Jesus. E deles com Jesus: «Nós esperávamos...» (Lc 24,21). Agora, não esperam mais nada. Desse modo, não podiam ver Jesus. Quando se perde a esperança, perde-se igualmente a visão da realidade que está junto a nós e em nós.

Como seus olhos foram abertos e deram-se conta que Jesus estava com eles?
Ao compartilhar a mesa, no partir e partilhar do pão. No fato tão profundamente humano da «ceia que recria e apaixona» (São João da Cruz). No ato da comensalidade. Eles haviam buscado em Jesus o profeta poderoso (Lc 24,19): criam no poder. E encontraram Jesus no ser humano que partilhou o pão com eles.

A religião do poder e da pompa permanece cega, quando se trata de ver Jesus. A experiência humana da mesa compartilhada abre os olhos para descobrir Jesus.

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fontes: BORTOLINI, Pe. José. Roteiros homiléticos: anos A, B, C Festas e Solenidades. São Paulo: Paulus, 2006, página 99; e CASTILLO, José María. La religión de Jesús: comentario al evangelio diario – 2020. Bilbao: Desclée De Brouwer, 2019, páginas 155-156.

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