«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 7 de abril de 2020

Como manipular pessoas

Os robôs do presidente

Editorial
O Estado de S. Paulo

É grave ver Bolsonaro perto de milícias virtuais, que se servem de manobras digitais para atacar o ambiente de liberdade
 GuiGimenes: Fazendo sua Cabeça
Mais da metade das publicações no Twitter favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro, por ocasião das manifestações do dia 15 de março, foi realizada por robôs, revela estudo da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Após analisar mais de 3 milhões de mensagens no Twitter, o levantamento ajuda a dar uma dimensão mais exata do tipo de apoio que o presidente Jair Bolsonaro tem nas redes sociais, bem como a expor os efeitos deletérios da manipulação digital.

Segundo o estudo, a hashtag #bolsonaroday foi a mais compartilhada na plataforma do Twitter no dia 15 de março de 2020, com cerca de 1,2 milhão de menções.

«Os dados apontam uma ação expressiva de perfis não humanos – tanto de robôs, contas automatizadas, como de ciborgues, contas semiautomatizadas – nas publicações do Twitter, chegando a atingir picos de 55% de automatização das postagens 
no dia do evento»,
afirma o estudo.

Em geral, as pessoas que usam o Twitter publicam cerca de três a dez tuítes por dia. Os usuários mais ativos chegam a publicar até 50 tuítes por dia. No dia 15 de março, cada robô favorável ao presidente Jair Bolsonaro publicou, em média, 700 mensagens com a hashtag #bolsonaroday. Houve casos de robôs com mais de 1,2 mil tuítes naquele dia.

O porcentual de 55% de interação por robôs é uma taxa incrivelmente alta, que supera amplamente outros casos recentes de manipulação do debate público por instrumentos digitais. Na eleição do presidente Donald Trump, por exemplo, as contas automatizadas geraram aproximadamente 18% do tráfego do Twitter, segundo o Internet Institute da Universidade de Oxford. No caso do Brexit, dois pesquisadores, Samuel Woolley e Bence Kollanyi, avaliaram que 32% das publicações no Twitter favoráveis à saída da Grã-Bretanha da União Europeia foram realizadas por contas desproporcionalmente ativas, o que indica algum grau de automação.
 
Consequências dessa manipulação

O estudo da FESPSP e da UFRJ relata algumas evidências empíricas sobre o papel desempenhado pelos robôs nas redes sociais. “A disseminação de mensagens e orquestração de campanhas online com o uso de automação e inteligência artificial tem consequências sociais, políticas e culturais relevantes:
(a) sequestram a atenção da rede de usuários e ajudam a manipular os algoritmos das plataformas;
(b) criam cascatas de informação que tendem a influenciar o comportamento de outros usuários por meio de contágio;
(c) contribuem para a distorção e manipulação da opinião pública em constante construção e mutação;
(d) pautam o debate e as conversações online e offline”.
O uso dos robôs não apenas falsifica o tamanho do apoio ao presidente Bolsonaro, como deturpa todo o espaço público de diálogo, debate e informação.

Outro ponto destacado no estudo é o uso da estratégia de “campanha permanente” nas redes sociais pelos bolsonaristas, “com hashtags e mensagens cujo apelo, frequência e quantidade são típicos de períodos de campanha, incluindo alusão às eleições presidenciais de 2022 e 2026”. Entre as ações da campanha permanente está a “ativação constante da militância virtual para se defender e atacar seus adversários e o uso de narrativas de testemunho de diferentes atores sociais para a construção ‘do bem e do mal’”, diz o estudo.

Alvos mais frequentes

Um dos alvos mais frequentes dos bolsonaristas é o Supremo Tribunal Federal (STF). “Ainda que o Congresso tenha ganhado maior destaque mais recentemente, a campanha permanente se nutre do universo lavajatista que vê no STF um obstáculo para a continuidade da operação, além da questão da prisão em segunda instância”, aponta o estudo.

Os robôs bolsonaristas não só apoiam o presidente Bolsonaro, como atacam as instituições. Se é um alívio saber que muito dessa movimentação contra o Estado Democrático de Direito não vem de pessoas reais – é mera atuação de robôs –, é grave ver o presidente Bolsonaro tão próximo dessas milícias virtuais, que se servem de manobras digitais para atacar o ambiente de liberdade e diálogo próprio de uma democracia.

Picos de novos seguidores de Bolsonaro coincidem com crises do governo

Tiago Aguiar

Crises de repercussão na imprensa, como aumento de queimadas na Amazônia, foram revertidos em engajamento e novos seguidores
 Humor Político on Twitter: "Fascismo x Democracia por Bira Dantas ...
Um estudo elaborado pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP) mostra que, no último ano, a base de seguidores do presidente Jair Bolsonaro em todas as redes sociais oficiais cresceu acima da média em momentos de crise.

A pesquisa, que analisou as contas do Facebook, YouTube, Instagram e Twitter do presidente, sugere que, ao longo do último ano de governo, ocorreu uma série de alinhamentos da base pró-Bolsonaro para defendê-lo, pela radicalização e negação da avaliação de especialistas de ações do governo.

Segundo o relatório, crises de repercussão na imprensa, como:
* os atos contra os cortes na Educação,
* o depoimento do porteiro do condomínio Morada do Sol associando a família Bolsonaro ao assassinato da vereadora Marielle Franco e
* o aumento expressivo de queimadas na Amazônia,
foram revertidos em engajamento e ganhos de novos seguidores, com expressão mais notável no Facebook.

O pronunciamento, do último dia 24 [de março], em que Bolsonaro defendeu o isolamento social apenas para pessoas do grupo de risco do novo coronavírus, causou aumento do número de seguidores cerca de dez vezes maior do que a média, o maior aumento desde março do ano passado.

Márcio Moretto Ribeiro, coordenador do Monitor do Debate Político no Meio Digital e autor do estudo, avalia que o levantamento não é contraditório com quedas de aprovação do governo nos mesmos períodos.

Segundo o professor da USP, o fenômeno é possível porque os novos apoiadores são ou se tornam mais radicais e negam especialistas apresentados pela imprensa como premissa. “Como pesquisas indicam queda de aprovação de seu governo no mesmo período, o que fica sugerido é um realinhamento de sua base de apoio que se torna menos numerosa, porém mais radical”.

A reprovação ao governo atingiu 42% em abril, ante 36% em março, de acordo com edição da “Pesquisa XP com a População”, realizada pela instituição em parceria com o instituto Ipespe divulgada nesta sexta-feira [03/março/2020].

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas & Informações – Domingo, 05 de abril de 2020 – Página A3 – Internet: clique aqui; e Política – Sábado, 04 de abril de 2020 – Publicado às 05h00 – Acessado às 20h15 de 06/04/2020 – Internet: clique aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.