«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Entenda o que está por detrás da demissão de Sergio Moro

Moro anuncia demissão e acusa Bolsonaro
de interferir na Polícia Federal para ter acesso
a informações sigilosas

Rafael Moraes Moura, Julia Lindner e Paulo Roberto Netto
Jornal «O Estado de S. Paulo»

Para Moro, uma troca no comando da Polícia Federal revelaria uma quebra do compromisso fechado com Bolsonaro.
"Estaria claro que haveria interferência política na Polícia Federal"
Sergio Moro anuncia demissão por interferência política na Polícia ...
Ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública
SERGIO MORO

Primeiramente, assista, na íntegra, as declarações do ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, sobre os motivos de sua demissão do governo de Jair Bolsonaro.
São declarações gravíssimas, seríssimas e que exigirão, sem dúvida,
atitudes das autoridades da república: Congresso Nacional, Procuradoria Geral da República, Supremo Tribunal Federal e Polícia Federal.

Clique sobre a imagem abaixo, para assistir ao vídeo:


 Assista a uma ótima análise de um experiente jornalista
sobre a ingenuidade e falta de sagacidade de
Sergio Moro ao aceitar ser um pretenso
“super” Ministro de Bolsonaro.
Clique sobre a imagem, abaixo, para assistir:




Ao anunciar a saída do cargo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, acusou nesta sexta-feira (24 de abril) o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da Polícia Federal para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência. “O presidente me quer fora do cargo”, disse Moro, ao deixar claro que a saída foi motivada por decisão de Bolsonaro.

Moro falou com a imprensa após Bolsonaro formalizar o desligamento de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal – o ministro frisou que não assinou a exoneração do colega.  Segundo Moro, embora o documento de exoneração conste que Valeixo saiu do cargo “a pedido”, o diretor-geral não queria deixar o cargo. O próprio Moro, que aparece assinando a exoneração, afirmou que foi pego de surpresa pelo ato e negou que o tenha assinado.

“Fiquei sabendo pelo Diário Oficial, não assinei esse decreto”, disse o ministro, que considerou o ato “ofensivo”. Na visão dele, a demissão de Valeixo de forma “precipitada” foi uma sinalização de que Bolsonaro queria a sua saída do governo.

“O presidente me disse que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele,
que ele pudesse colher informações, relatórios de inteligência,
seja diretor, superintendente, e realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações têm de ser preservadas. Imagina se na Lava Jato, um ministro ou então a presidente Dilma ou o ex-presidente (Lula) ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações”, disse Moro, ao comentar as pressões de Bolsonaro para a troca no comando da PF.

Na avaliação de Moro, a interferência política pode levar a “relações impróprias” entre o diretor da Polícia Federal e o presidente da República.

“Não posso concordar. Não tenho como continuar (no ministério) sem condições de trabalho e sem preservar autonomia da Polícia Federal
O presidente me quer fora do cargo”,
acrescentou o ministro.
Bolsonaro discursa para manifestantes em ato contra isolamento e ...
JAIR BOLSONARO
Discursa em manifestação a favor de golpe militar em Brasília (DF),
domingo, 19 de abril de 2020

O que tira o sono de Bolsonaro

De acordo com Moro, Bolsonaro relatou em conversas preocupação com o andamento de inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). Um deles foi aberto no ano passado      para apurar ameaças, ofensas e fake news disparadas contra integrantes da Corte e seus familiares. Conforme informou o Estado, essa investigação sigilosa já identificou a atuação de empresários bolsonaristas contra a Corte.

Na última terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes abriu um outro inquérito para apurar “fatos em tese delituosos” envolvendo a organização de atos antidemocráticos, após Bolsonaro participar de protesto em Brasília convocado nas redes sociais com mensagens contra o STF e o Congresso. Outra apreensão do presidente é a apuração sobre o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) que trata de um esquema de “rachadinha” em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-juiz federal da Lava Jato lembrou que, em novembro de 2018, logo após as eleições presidenciais, Jair Bolsonaro lhe disse que ele teria “carta branca” para comandar a pasta, o que acabou não ocorrendo. “Ele (Moro) vai abrir mão da carreira dele. É um soldado que está indo à guerra sem medo de morrer”, disse o presidente na ocasião.

De acordo com Moro, a partir do segundo semestre do ano passado, “passou a haver uma insistência do presidente com a troca do comando da Polícia Federal”. “O presidente passou a insistir também na troca do diretor-geral. Eu disse ‘Não tenho nenhum problema em trocar o diretor-geral, mas eu preciso de uma causa’. (…) Estaria claro que haveria interferência política na Polícia Federal”. O problema é: por que trocar? Por que alguém entra? As investigações têm de ser preservadas.”

Ao falar do governo Dilma Rousseff (PT), o ministro observou que “é certo que o governo da época tinha muitos defeitos, mas foi fundamental a autonomia da PF. “Foi garantida a autonomia da Polícia Federal durante os trabalhos. O governo da época tinha inúmeros defeitos, crimes de corrupção, mas foi fundamental a manutenção da autonomia da PF para que fosse realizado o trabalho. Isso permitiu que os resultados fossem alcançados.”

Desde que abandonou 22 anos de magistratura para entrar no governo, Sérgio Moro tem acumulado uma série de derrotas. O pacote anticrime formulado por ele, por exemplo, foi desidratado pelo Congresso. Recentemente, Bolsonaro também tentou esvaziar dividir o Ministério da Justiça, retirando de Moro a parte reservada ao combate à criminalidade, justamente uma das áreas que apresentava melhor resultado até aqui. O plano do presidente era entregar a área que cuida da Polícia Federal para o ex-deputado Alberto Fraga (DEM), amigo pessoal de Bolsonaro.

Segundo Moro, ao aceitar o convite para comandar a Justiça, nunca houve a condição para que ele depois assumisse uma cadeira no Supremo. “O compromisso (ao assumir ministério) era aprofundar combate à corrupção”, afirmou.

“Busquei ao máximo evitar que isso (a minha saída) acontecesse, mas foi inevitável”, disse Moro. “Não foi por minha opção.”

Sucessão

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), já articula para emplacar o secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, no lugar de Moro. Crítico do ex-juiz, Ibaneis disse ao Estado que Torres, que é amigo de Bolsonaro, seria um ministro “100 vezes melhor” que o ex-magistrado.

Assista, clicando sobre a imagem abaixo, ao pronunciamento de Jair Bolsonaro
se defendendo das acusações de seu ex-ministro Sergio Moro:



Bolsonaro pode ser investigado por 7 crimes, avaliam procuradores após fala de Moro

Rafael Moraes Moura

Para subprocuradores e procuradores, a fala do ex-juiz federal da Lava Jato aponta indícios de envolvimento de Bolsonaro nos crimes de responsabilidade, falsidade ideológica, prevaricação, coação, corrupção, advocacia administrativa e até obstrução de Justiça
Bolsonaro x Moro: o que se sabe sobre a tentativa de troca do ...
Presidente Jair Bolsonaro & Ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro

As declarações do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, podem levar o presidente Jair Bolsonaro a ser investigado por sete crimes, avaliam integrantes do Ministério Público Federal (MPF) ouvidos reservadamente pelo Estado/Broadcast. Para subprocuradores e procuradores, a fala do ex-juiz federal da Lava Jato aponta indícios de envolvimento de Bolsonaro nos crimes de:
* responsabilidade, falsidade ideológica, prevaricação, coação, corrupção, advocacia administrativa e até obstrução de Justiça.

Uma das consequências da fala de Moro é aumentar a pressão sobre o procurador-geral da República, Augusto Aras, criticado pelos seus pares por, na visão deles, não agir para frear os excessos do Palácio do Planalto.

Integrantes do Ministério Público Federal (MPF)
veem elementos suficientes para que Aras já acione o 
Supremo Tribunal Federal (STF)
para solicitar a abertura de uma investigação contra o presidente da República.

Cabe ao PGR pedir a abertura de um inquérito contra Bolsonaro na Suprema Corte.

Aras ainda está analisando as declarações de Moro. No momento da coletiva do ex-juiz federal da Lava Jato, o procurador-geral da República cumpria agenda com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Para uma fonte, as declarações de Moro poderiam até mesmo fundamentar neste momento uma denúncia da PGR contra Bolsonaro. Nesse caso, caberia à Câmara dos Deputados decidir dar prosseguimento ou não à acusação, o que poderia levar ao afastamento do presidente da República de suas funções.

Interferência

Um dos pontos mais destacados por membros do MPF foi a interferência política de Bolsonaro sobre a Polícia Federal. De acordo com o ex-juiz federal da Lava Jato, o presidente também demonstrou preocupação com o andamento de inquéritos sigilosos do Supremo Tribunal Federal (STF) que já miraram empresários bolsonaristas e sua militância digital.

O presidente me disse que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse colher informações, relatórios de inteligência, seja diretor, superintendente, e realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações têm de ser preservadas”, disse Moro, ao comentar as pressões de Bolsonaro para a troca no comando da PF.

Também chamou a atenção de membros do MPF a fala de Moro sobre a exoneração de Maurício Valeixo da direção-geral da PF.  Segundo Moro, embora o documento de exoneração conste que Valeixo saiu do cargo “a pedido”, o diretor-geral não queria deixar o cargo. O próprio Moro, que aparece assinando a exoneração, afirmou que foi pego de surpresa pelo ato e negou que o tenha assinado. Para investigadores, isso poderia configurar falsidade ideológica.

Um renomado criminalista, no entanto, observou que seria difícil comprovar a culpa do presidente nesse episódio, ou seja, responsabilizar diretamente Bolsonaro pela publicação da exoneração.

Teria chegado o momento para o
impeachment de Bolsonaro???

Luís Francisco Carvalho Filho*

Fatos revelados por Sergio Moro tecnicamente justificam o
afastamento do presidente

Antes, porém, de ler este artigo, assista atentamente à excelente análise proposta pelo jornalista Rodrigo Vianna, ampliando nossa visão e conhecimento sobre tudo aquilo que está acontecendo no Brasil nesta semana “quente”. 
Clique sobre a imagem, abaixo, e assista:



Bolsonaro não pode mais permanecer no poder. É o mais repugnante chefe de Estado que o Brasil já teve. Pratica crimes em cascata e destrói a imagem e a autoestima do país.

Não faltam motivos para o impeachment. Sergio Moro, depois de se manter em constrangedora atitude de silêncio em relação aos atos suspeitos do presidente da República, sentindo na própria pele a virulência da ação palaciana, decidiu revelar a existência de dois fatos que, tecnicamente, justificam o afastamento.

Em primeiro lugar, há a iniciativa bizarra de falsificar ideologicamente o decreto de exoneração do diretor da Polícia Federal, publicado no Diário Oficial, inserindo no texto duas informações relevantes: a assinatura de Moro e o suposto “pedido” do delegado para deixar o cargo.

O segundo fato é muito mais grave. Sergio Moro afirma que o presidente quer um diretor da Polícia Federal que seja seu amigo e possa lhe transmitir informações e relatórios de inteligência.
Pecado' de Moro foi ter aceitado ser ministro de Bolsonaro, diz ...
LUÍS FRANCISCO CARVALHO FILHO
Autor deste artigo

Há indícios veementes de que Jair Bolsonaro e seus filhos, usurpadores dos poderes adquiridos nas urnas pelo pai, estão envolvidos em picaretagens funcionais e na propagação, na internet, de movimentos contrários às instituições brasileiras.

A quadrilha conspira, dia após dia (contando sempre, pelo menos até agora, com a lamentável omissão de Sergio Moro), contra:
* a Constituição,
* a democracia,
* a separação dos Poderes e
* a liberdade jornalística.
Bolsonaro e seus filhos querem interferir em investigações criminais.

Apesar de isolado politicamente, Bolsonaro se beneficia do isolamento social, necessário para o combate do coronavírus, para criar o caos. A quem se opõe aos seus desmandos, resta só o panelaço.

Nem o chamado mercado, que adora instabilidades, aguenta mais o errático e temerário ocupante da Presidência da República.

Sobra, apenas, o apoio dos militares que soube atrair para a campanha eleitoral e para o gabinete presidencial. Mas, paradoxalmente, Jair Bolsonaro é o protótipo do mau soldado. Não representa as Forças Armadas: ignorante, mentiroso, pilantra e apologista da tortura e das milícias, foi expulso do Exército por mau comportamento.

O processo de impeachment é longo e doloroso, porém necessário. Chegou o momento. O processo pode ser conduzido virtualmente pela Câmara dos Deputados, com prazos e procedimentos mais céleres, sem espaço para chicanas.

Se Jair Bolsonaro tivesse um mínimo de grandeza moral renunciaria pelo bem do Brasil. A economia está em frangalhos e o governo não sabe o que fazer. A pandemia ameaça a vida da população brasileira e o governo não sabe o que fazer.

* Luís Francisco Carvalho Filho, advogado formado pela Faculdade de Direito da USP, é especializado em direito penal, eleitoral e constitucional. Foi diretor da biblioteca Mário de Andrade (de 2005 a 2008) e presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça (entre 2001 e 2004).

Fontes: O Estado de S. Paulo – Política – Sexta-feira, 24 de abril de 2020 – Publicado às 11h45 – Internet: clique aqui; Política – Publicado às 14h19 – Internet: clique aqui; Folha de S. Paulo – Poder – Sexta-feira, 24 de abril de 2020 – Publicado às 14h49 – Internet: clique aqui.

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