«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

É o cúmulo do cúmulo!

O bolsominion é tão burro e otário que
acredita na própria mentira

Marcelo Coelho
Sociólogo e Escritor

Sem coerência e sem neurônios, a extrema direita esquece
o que disse e o que fez

Primeiramente, assista a este vídeo!
E tire as suas próprias conclusões!
Clique sobre a imagem, abaixo, para assistir:


Está ainda para ser escrito um estudo sobre o papel da burrice na política brasileira. Comentaristas e historiadores sempre supõem que um homem de Estado se move por estratégia e cálculo.

Os melhores instrumentos de análise podem se quebrar, entretanto, quando confrontados com os atos de um verdadeiro energúmeno.

O presidente Bolsonaro nem precisaria ter feito aquele discurso. Só a foto dele [veja abaixo], com todos os ministros enfileirados, já vale por um atestado clínico.

Qual o sentido de chamar todo o gabinete para ouvir, com cara de pastel, aquelas explicações sobre a demissão de Moro? Só se reconhecia, com isso, o tamanho da crise.
Discurso de Bolsonaro é considerado "patético" e oposição pede ...
JAIR BOLSONARO
Discursa em resposta às acusações de Sergio Moro de ingerência política na Polícia Federal
Sexta-feira, 24 de abril de 2020

O presidente juntou Damares, Weintraub, Araújo, Mourão, Guedes e companhia, como se estivesse anunciando um grande plano para o Brasil. O que apresentou foi um discurso disperso, patético, mentiroso e oco, incapaz de responder à única pergunta que importava no momento.

Por que trocar o chefe da Polícia Federal?

Pela versão de Bolsonaro, tratava-se apenas de atender a um pedido do próprio demitido. E, confessadamente, de pôr alguém na Polícia Federal com quem ele pudesse se entender, sem interferências de Moro.

Reduzido ao seu ponto básico, o discurso de Bolsonaro é um escândalo.

Mas o presidente é tão falto de inteligência que nem mesmo percebe o que está dizendo.

Há burrices e burrices. Uma das que predominam, hoje em dia, talvez seja efeito do Facebook e das geringonças digitais.

As imagens, as piadinhas e memes se sucedem com tanta rapidez, que o sujeito perde a memória.

Presidentes como Trump ou Bolsonaro escrevem qualquer coisa no Twitter, e no dia seguinte já não se lembram mais.

Abre o comércio, fecha o STF, usa a máscara, tira a máscara, tanto faz. As falas de Bolsonaro se sucedem como disparos num estande de tiro esportivo.

Pá, pá, pá. Aí o instrutor pega aquele cartaz com uma silhueta humana para ver quantas balas chegaram ao alvo. Nosso herói nem mesmo se interessa pela pontuação que obteve. “Acertei tudo, claro, está OK?”

No “está OK?” se esconde uma insegurança. Mas a insegurança não se confunde com autocrítica. Estimula, apenas, uma nova rodada de disparos.

Junto com a falta de memória, surge a incapacidade de distinguir entre o anedótico e o essencial. O discurso do presidente sobre a demissão de Moro se perdeu, como é notório, em considerações sobre o aquecimento da piscina, os feitos do “número quatro”, a certidão de nascimento da sogra.

É claro, aquilo fazia sentido em sua argumentação — ele queria dizer que foi investigado com base em suposições infundadas. Um advogado talentoso organizaria o discurso nesse rumo, como quem demonstra um teorema.

Bolsonaro é incapaz disso; vai pulando de fato em fato, de caso em caso, de anedota em anedota, como quem clica nas histórias do Instagram ou vagueia num game tipo “GTA”.

A CABEÇA DOS BOLSOMINIONS/ANÁLISE DO DISCURSO ALIENADO/ PSL - YouTube 

É esse o comportamento mental do bolsominion típico:

1) Primeiro, ignora o sentido mais amplo de um fenômeno para se aferrar a um detalhe de fácil compreensão.

Aparece um livro sobre educação sexual, por exemplo. O bolsominion não leu, mas fica sabendo que ali tem uma ilustração meio estranha. Será o pretexto para gritar, espernear, denunciar o diabo a quatro.

Mas ninguém vive sem entender as coisas num contexto. Depois de tirar um fato de seu contexto, o bolsominion terá de achar outro.

2) Aí entra o papel de alguma grande conspiração internacional, que de tão “evidente” não tem como ser contestada.

3) Se alguém contestar, entra a terceira fase do processo. Trata-se de rotular o inimigo: comunista, petralha etc. Os nazistas preferiam falar em judeus. O tiro sempre “acerta”, porque o atirador é completamente míope e confunde tudo.

4) Segue-se a fase autocongratulatória. Moro abandona o barco? Não faz mal. Ele era falso; e nós estamos lutando “o bom combate”, como diz Bolsonaro.

5) Se, apesar de tudo, vier o desmentido, o desastre, o vexame, nenhum problema. Basta se esquecer do que foi dito e do que foi feito. “Torturador? Eu?” Como assim?

Os próprios eleitores de Bolsonaro já se esquecem que votaram nele. “Bolsonarista? Eu? Votei no Amoêdo.”

O bolsominion mente. Mas não tem a inteligência do mentiroso comum. É tão burro que acredita na própria mentira; é otário até quando se arrepende.

Fanatismo dos bolsonaristas já supera qualquer cálculo ou interesse racional

Marcelo Coelho
Sociólogo e Escritor


Viva o Bozo, viva o vírus, viva a morte

Convicções desnatadas” – Marcelo Coelho – Alexandre Mourão
MARCELO COELHO

Em São Paulo, eles buzinam e põem o carro de som bem debaixo de um hospital. Em Brasília, reúnem-se diante de um quartel para pedir o fechamento do STF e do Congresso.

O interessante é que muitos deles usam máscara para se proteger do vírus. Aparentemente, essa turma não segue por completo a ideia de que a Covid-19 na maioria dos casos teria apenas o efeito de uma “gripezinha”.

Não. Esses fanáticos acham, sem dúvida, que o vírus mata mesmo. São contra a quarentena mesmo assim.

Carreatas contra isolamento social em SP, Rio e Brasília têm ...
Carreata a favor do presidente Jair Bolsonaro e contra o governador Doria, em São Paulo (SP)

Imagino várias razões para essa atitude:

1) A primeira é que, protegidos por algum plano de saúde privado, eles querem simplesmente sair de casa e continuar tocando suas empresas.

O isolamento busca evitar o colapso na saúde pública? Que se dane a saúde pública. Meu quarto no Einstein ou no Sírio-Libanês — caso o pior aconteça — está garantido de qualquer jeito.

2) Querer o fim da quarentena tem pouco a ver com algum tipo de solidariedade com o pessoal realmente pobre.

Sei que o desempregado, o diarista, o catador de lata, todos precisam sobreviver; o contaminado que mora num quartinho com quatro filhos não conhece os prazeres e confortos do meu isolamento movido a Amazon, Spotify e Netflix.

É claro que a ajuda financeira aos mais prejudicados, votada rapidamente pelo Congresso (ah, o Congresso!) e reforçada pelo próprio Bolsonaro, poderia ser estendida. Imagino que ainda haja milhares de problemas específicos, casos particulares e dramas pessoais por resolver.

Quem prega o fim da quarentena pode dizer, como Bolsonaro, que se preocupa com essa gente.

Desconfio que seja o contrário. Preocupa-se, isto sim, com o fato de o Estado ajudar — mesmo que de forma provisória — toda essa ralé.

Os bolsonaristas já não eram contra o Bolsa Família? Já não diziam que “nossos impostos” sustentam a vagabundagem no Nordeste? Já não eram a favor da “meritocracia”?

Querem o fim da quarentena para que a vida “volte ao normal”. Ou seja, com o catador de lata voltando a ganhar o que merece, e com a empregada fazendo faxina.

Claro que eles também lutam pelo futuro das próprias atividades — a loja de bijuterias, a butique pet, a consultoria de moda, a assessoria de eventos, a decoração de interiores para festas de noivado, o recolhimento do dízimo.

JOTA CAMELO 

A propriedade é o valor supremo!

O jornalista Eugênio Bucci observou certa vez que o pensamento da direita se resume a um princípio simples. Trata-se, dizia ele, de pôr o direito à propriedade acima de qualquer outro direito.

A sobrevivência do planeta, a terra dos índios, a educação gratuita, o acesso à saúde tudo para a direita pode ser posto em segundo plano. A liberdade, para a direita, tampouco tem valor.

Registro, de passagem, minha repugnância diante do velho ramerrão de Norberto Bobbio, que num livro de muito sucesso identificou a esquerda com a defesa da igualdade e a direita, com a defesa da liberdade.

Santo equilíbrio! Esqueceu-se da América Latina, da Grécia, da Espanha, de Portugal, da Alemanha e da própria Itália — para falar só nas ditaduras do século 20.

Em nome da “liberdade”, os bolsonaristas defendem o fechamento do Congresso. É o direitismo clássico, sem novidade.

Mas quem buzina em frente ao hospital e chama Doria de comunista já foi muito além.

O mundo fanático — no islã de Osama Bin Laden, no Camboja de Pol Pot, na Alemanha de Hitler e no Brasil de Bolsonaro — ignora qualquer cálculo racional.

A caveira nos quepes da SS e nas insígnias do Bope simboliza o que constitui um verdadeiro culto da morte, do genocídio e (por que não?) do autosacrifício até.

Tirem as máscaras, seus dementes.

Um dos mais fanáticos seguidores do direitismo franquista, o general espanhol Millan Astray, celebrizou-se por um discurso feito em 1936, na Universidade de Salamanca.

“Morra a inteligência”, disse ele, um mutilado de guerra. “Viva a morte!”

“Viva la muerte!” Na foto, Bolsonaro e seus filhos comem espigas de milho; uma metralhadora está pendurada na parede.

Os fanáticos gritam na frente do quartel; querem prisões, sangue, tortura e violência.

Buzinam na frente dos hospitais: querem a contaminação, querem os cadáveres dos pobres empilhados no meio da rua, querem a solução final para a miséria brasileira.

Viva Bolsonaro, viva o vírus, viva la muerte.

Fonte: Folha de S. Paulo – Colunas e Blogs – Quarta-feira, 29 de abril de 2020 – Página B-15 – Internet: clique aqui; Quarta-feira, 22 de abril de 2020 – Publicado à 01h00 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui.

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