«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Escandaloso!

A insensatez dos planos de saúde

Mário Scheffer
Professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP

Nem o coronavírus detém a sanha dos PLANOS DE SAÚDE de
tirar proveito das circunstâncias

Num esforço solidário sem precedentes, boa parte dos brasileiros acatou o afastamento social para frear o coronavírus e tentar evitar o colapso dos nossos hospitais. Ao custo humano do isolamento somam-se escolas fechadas, empregos perdidos e salários cortados, além da corrida do Sistema Único de Saúde (SUS) para readequar serviços, sabidamente precários e insuficientes, e coordenar a vigilância epidemiológica, as instituições de pesquisa e a produção de insumos.

Enquanto o sacrifício aflige amplos setores da vida nacional, é insensata a movimentação dos planos de saúde, que ganharam do governo Bolsonaro pacote de recursos no valor de aproximadamente R$ 15 bilhões.

O segmento de saúde suplementar, que em 2019 faturou R$ 213,5 bilhões, ainda não expôs ao país o que planeja para enfrentar a Covid-19.

Muitos dos 47 milhões de seus consumidores, dentre os quais 6,5 milhões com mais de 60 anos, estarão infectados. Calcula-se que até 15% dos diagnosticados possam demandar internação e, desses, cerca de 5%, irão precisar de terapia intensiva.

Como sempre foi, muita gente que tem plano privado será atendida em hospital público. Isso porque há planos com restrições de coberturas e serviços de má qualidade perto do que é oferecido pelo SUS, ao qual todos os brasileiros podem recorrer — e que vem se organizando diante do avanço da pandemia, investindo em hospitais de campanha e ampliação de leitos, inclusive de UTI.

Como é bom ser empresa privada no Brasil:

Mesmo assim, os planos de saúde foram:
a) autorizados a mobilizar R$ 10,5 bilhões do fundo garantidor, composto por ativos próprios, antes intactos para proteger usuários, hospitais e médicos diante da insolvência de operadoras.
b) Também foram desobrigados de compor reservas e garantias, entre elas recursos para assegurar o ressarcimento ao SUS, quando seus clientes são atendidos na rede pública.

Para liberar os saques, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) exige contrapartidas genéricas e extemporâneas: os planos devem “pagar regularmente os prestadores” e “oferecer renegociações de contratos” até o dia 30 de junho, data burocrática sem sincronia com a situação sanitária. Ao não vincular as retiradas à ampliação da assistência, e sem definir como se dará a reposição ao fundo, as medidas da ANS soam como cheque em branco.

Agora, ajudar quem necessita nem pensar:

Recomendações para proteger indivíduos, famílias e empregadores com mensalidades em atraso foram desconsideradas. Já se ouve de porta-vozes do setor que os reajustes serão maiores nos próximos aniversários dos contratos.

Além de aliviar o caixa das operadoras, a ANS decidiu adiar consultas, exames e internações não urgentes. Postergar prazos de atendimento pode piorar o estado de doentes que necessitam programar e realizar tratamentos e cirurgias. Sem acesso a consultas médicas agendadas, pacientes tendem a buscar emergências de hospitais, nas quais o risco de contaminação é elevado.

As flexibilidades não param por aí. Em linhas de crédito, o BNDES liberou R$ 2 bilhões para empresas da saúde, enquanto a Caixa Econômica Federal repassará R$ 5 bilhões a hospitais filantrópicos, que também atendem convênios médicos.
DR. MÁRIO SCHEFFER

Não é de acreditar:

Escandalosamente, o volume de recursos adicionais à disposição da saúde privada já é muito superior ao total destinado ao Ministério da Saúde para combater a nova doença. [Como se vê, a quem este governo federal serve??? Ao pobre, ao paciente do SUS??? Tá!!!]

Vários países determinaram, enquanto dura a pandemia, o uso comum de recursos assistenciais, subordinando o setor privado ao comando único público. No Brasil, o acesso de quem tem plano privado a serviços de saúde não tem como critério a gravidade dos casos. E clientes de planos mais baratos são atendidos em hospitais menos prestigiosos. A emergência sanitária não rompeu barreiras prejudiciais ao melhor atendimento.

A liberação de tanto dinheiro para ajudar empresários não têm como perspectiva uma rede integrada de assistência com escala adequada para salvar vidas de todos. Por aqui, nem o coronavírus detém a sanha dos planos de saúde de tirar proveito das circunstâncias.

Fonte: Folha de S. Paulo – Opinião – Domingo, 12 de abril de 2020 – Página A3 – Internet: clique aqui.

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