«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 16 de maio de 2020

6º Domingo de Páscoa – Ano A – Homilia

Evangelho: João 14,15-21

Clique sobre a imagem, abaixo,
para assistir à narração do Evangelho deste Domingo:


 José María Castillo
Teólogo espanhol

SER CÚMPLICE OU DISCÍPULO

Jesus faz, aqui, aos seus discípulos a primeira promessa de que lhes dará um “Defensor” que lhes acompanhará e estará sempre ao lado deles. Esse Defensor é o “Espírito da verdade” ou o “Espírito Santo” (João 14,26). Para falar deste “Defensor”, o texto grego utiliza o termo “paraklétos”, que significa o “chamado” (por alguém para algo).

Daí, que este “paraklétos entende-se, nos escritos de João, como o que é chamado para defender os discípulos. Portanto, interpreta-se como o “advogado de defesa” dos seguidores de Jesus. Por isso, os autores antigos traduziram este termo grego como o “advocatus”, o Advogado (Tertuliano, Agostinho, Cipriano).

Este Defensor – mais concretamente – vem dizer aos cristãos, se são verdadeiramente seguidores de Jesus, pois eles viverão de tal modo que necessitarão de um “advogado de defesa”, o Paráclito, do qual fala de forma insistente o Quarto Evangelho (Jo 14,16s; 14,26; 15,26; 16,7-11; implicitamente também Jo 16,13-15). É o Espírito que estará “com”, “junto a” e “nos” discípulos de Jesus.

Em outras palavras, os seguidores de Jesus viverão de tal maneira que necessitarão constantemente de um “advogado de defesa” junto a eles. Pois bem, aquele que necessita sempre de um advogado para que o defenda, sem dúvida, trata-se de uma pessoa que irá se meter em problemas, que viverá situações conflitivas e necessitará de ajuda constante. Em uma sociedade, na qual impera a desigualdade em dignidade e direitos, permanecer indiferente ou em silêncio é, em definitivo, fazer-se cúmplice do sofrimento dos mais fracos.

Por isso, para ser coerente na vida, necessitamos de uma luz e uma força, que somente nos pode vir do Advogado Consolador, que é o Espírito de Deus. Assim, compreende-se que a vida daquele que toma a sério o Evangelho, será inevitavelmente uma vida sujeita a frequentes situações problemáticas em face aos poderes da “ordem estabelecida”, que não suportam os critérios de vida, os valores e as pautas de conduta ética que negam os valores que regem a presente “des-ordem” em que vivemos.

Isso é, sem dúvida, um desafio que assusta. Porém, é também uma luz de esperança para o futuro da humanidade. Porque somente pessoas de Espírito poderão dar uma reviravolta nova à civilização e à história.
Cristo Aparece aos Apóstolos 

José Antonio Pagola
Biblista e Teólogo espanhol

O ESPÍRITO DA VERDADE

Jesus está se despedindo de seus discípulos. Ele os vê tristes e abatidos. Logo, não mais estarão com ele. Quem poderá preencher seu vazio? Até agora, foi ele quem cuidou deles, defendeu-os dos escribas e fariseus, sustentou a fé fraca e vacilante deles, foi-lhes revelando a verdade de Deus e iniciou-os em seu projeto humanizador.

Jesus lhes fala, apaixonadamente, do Espírito. Não os quer deixar órfãos. Ele, mesmo, pedirá ao Pai que não os abandone que lhes dê “outro defensor” para que “esteja sempre com eles”. Jesus o chama “o Espírito da verdade”. O que se esconde nestas palavras de Jesus?

[1º] Este “Espírito da verdade” não deve ser confundido com uma doutrina. Esta verdade não há de ser buscada nos livros dos teólogos nem nos documentos da hierarquia. É algo muito mais profundo. Jesus diz que “vive conosco e está em nós”. É alento, força, luz, amor... que nos chega do mistério último de Deus. Temos de acolhê-lo com coração simples e confiante.

[2º] Este “Espírito da verdade” não nos converte em “proprietários” da verdade. Não vem para que imponhamos aos outros a nossa fé nem para que controlemos sua ortodoxia. Vem para não nos deixar órfãos de Jesus, e nos convida a abrir-nos à sua verdade, escutando, acolhendo e vivendo seu Evangelho.

[3º] Este “Espírito da verdade” não nos faz, tampouco, “guardiões” da verdade, mas testemunhas. Nosso trabalho não é disputar, combater nem derrotar adversários, mas viver a verdade do Evangelho e “amar Jesus, observando seus mandamentos”.

[4º] Este “Espírito da verdade” está no interior de cada um de nós defendendo-nos de tudo que possa afastar-nos de Jesus. Convida-nos a abrir-nos com simplicidade ao mistério de um Deus, Amigo da vida. Quem busca a este Deus com honestidade e verdade não está distante dele. Jesus disse em certa ocasião: “Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. Está certo.

[5º] Este “Espírito da verdade” convida-nos a viver na verdade de Jesus em meio a uma sociedade aonde, com frequência, a mentira vem chamada de estratégia; a exploração, de negócio; a irresponsabilidade, de tolerância; a injustiça, ordem estabelecida; a arbitrariedade, de liberdade; a falta de respeito, de sinceridade...

Que sentido pode ter a Igreja de Jesus se nós deixarmos que se perca, em nossas comunidades, o “Espírito da verdade”? Quem poderá salvá-la do autoengano, dos desvios e da mediocridade generalizada? Quem anunciará a Boa Notícia de Jesus numa sociedade tão necessitada de alento e esperança? 

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fontes: CASTILLO, José María. La religión de Jesús: comentario al evangelio diario – 2020. Bilbao: Desclée De Brouwer, 2019, páginas 179-180; PAGOLA, José Antonio. La Buena Noticia de Jesús – Ciclo A. Boadilla del Monte (Madrid): PPC, 2016, páginas 117-118.

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