«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 16 de maio de 2020

Imoralidade social

“É impossível uma sociedade que consiga naturalizar estas mortes como
a brasileira naturaliza”

Morris Kachani
Inconsciente Coletivo – Vozes de nosso tempo

VLADIMIR SAFATLE,
filósofo, escritor e professor de Filosofia da USP
analisa as reações das pessoas diante da pandemia da Covid-19

Medo.
Violência.
Melancolia social difusa.
Desamparo.
Estrutura de afetos políticos.
Solidariedade.
Emancipação.
Desejo.

A partir destas palavras-chave, o filósofo Vladimir Safatle, professor livre-docente da Universidade de São Paulo [USP], desenvolve um olhar próprio sobre como a pandemia evolui no país. Que pode ser resumido em duas palavras: imoralidade social.

Assista ao vídeo com a entrevista,
clicando sobre a imagem abaixo:


“A substância ética de um povo é definida pela maneira como ele se relaciona com a morte. Uma relação com a morte que é marcada:
* pela INDIFERENÇA,
* pela INCAPACIDADE COMPLETA DE RESPEITO com relação a aquele que não conheço,
é de uma imoralidade social sem precedentes. A morte define questões vinculadas à memória, universalidade e respeito. É impossível uma sociedade que consiga naturalizar estas mortes como a brasileira naturaliza”.

“Talvez a experiência social da pandemia mostre, que a proposição “meu corpo, minhas regras” é errada. O corpo não é meu. Ele também é um veículo de contágio que interfere na vida do outro. O que eu decido, afeta a vida do outro. Se é isso, alguma coisa mudou”.

“A função do Estado é não só administrar a vida, como também organizar a morte e o desaparecimento. A gente como sociedade escravocrata sabe o que isso significa. Dividimos em dois estamentos. Tem aqueles que alcançam a condição de pessoa, em que a morte tem luto, tem dolo, tem narrativa, história, tristeza. E tem o outro, que é um número só. A gente conhece essa lógica. Ela funda a sociedade brasileira. Ela foi generalizada agora, só que com um elemento a mais. É a lógica suicidária. As pessoas que fazem carreata na frente de hospitais querem admitir a lógica sacrificial”.

“O Estado brasileiro se coloca como porta-voz deste tipo de afeto, o que deixa marcas na sociedade. Discursos que nunca imaginávamos ouvir, se naturalizam. A situação é cada vez mais calamitosa do ponto de vista de convivência social”.

Nós brasileiros fracassamos na nossa construção como sociedade civil. Não se trata de masoquismo social. Este é um exercício fundamental para que possamos medir o tamanho das tarefas que nos aguardam daqui para frente”.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Brasil / Blogs: Inconsciente Coletivo – Quinta-feira, 14 de maio de 2020 – Publicado às 14h34 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui.

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