«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Como passar para 2021?

 Para fazer essa limonada

 Vera Iaconelli

Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), diretora do «Instituto Gerar», autora de «O Mal-estar na Maternidade» e «Criar Filhos no Século XXI» 

Como encarar a virada de um ano que parece nem ter começado

SHOW PIROTÉCNICO DA VIRADA - Santos (SP) - anos atrás

O bicho humano, desde que adquiriu a capacidade de refletir, está condenado a administrar o tempo. A forma como lidamos com o antes, o durante e o depois é arte que levamos a vida tentando aprender. 

O sujeito preso no passado terá a melancolia como companheira, acreditando que antes tudo era melhor, incapaz de viver o momento presente ou de projetar algo de bom no futuro. 

Já o fissurado no agora não aproveitará o legado da experiência e será sempre pego de surpresa pelo que vem.Quem, por outro lado, opta por viver no futuro, tentando prevê-lo, torna-se um poço de ansiedade. 

É fácil observar como as crianças são mais propensas a estar no presente, jovens mal conseguem esperar o amanhã e velhos buscam sentidos e respostas em suas memórias. 

Nossa cultura não é boa conselheira na administração do tempo: amaldiçoamos a passagem dos anos, buscamos um platô de felicidade no futuro que nunca chega e somos quase incapazes de estar no presente — quem medita que o diga. 

O Ano-Novo é a comemoração coletiva mais emblemática da nossa relação com o tempo. Ele nos convida a fazer uma retrospectiva, a projetar metas, enquanto nos impele a curtir a festa ao máximo, pois o prazer — sempre episódico — só se dá no aqui e agora. Espécie de ritual no qual os tempos do homem dialogam, essa data costuma ser mais palatável do que o Natal. 

Na passagem de 2019 para 2020, tive um dos meus fins de ano mais memoráveis. Em outro país, na companhia desejada, brindei a virada do ano dentro de um táxi, enquanto tentávamos chegar ao destino combinado. Momento epifânico, fruto da graça diante do imprevisto e da aposta renovada em enfrentar os desafios de 2020. 

Estávamos antes das 200 mil mortes por Covid-19. Não tínhamos como adivinhar a pandemia, nem sua calamitosa administração.

Passados dez meses, traumatizados e exaustos, prevemos a continuidade da experiência de isolamento e a posição de lanterninhas mundiais na administração da vacina.

Mas é aqui que o imponderável pode nos ajudar. Por mais que desconfiemos do que nos espera, de fato nada sabemos. Não saber o que acontecerá abre espaço para o risco de termos surpresas positivas. Como os memoráveis encontros que este ano nos obrigou a promover, criando laços inéditos.

Se não sabemos o que virá, devemos refletir sobre o que aconteceu neste fatídico ano.

Aqui o acerto de contas tem vários níveis. Em termos coletivos fracassamos, lutando mais entre nós do que contra a ameaça comum. 

Aqueles que tiveram um ano particularmente bom, contrariando as expectativas, nem por isso se sentiram leves cientes do horror a sua volta.

Quem não sofre vivendo em um país desgovernado só pode estar levando alguma vantagem com o sofrimento alheio.

Mais do que nunca, devemos lembrar do esforço hercúleo dos que se posicionaram contra o negacionismo, a violência e a injustiça ao mesmo tempo em que cuidavam de suas vidas e da vida dos seus. Não todos, mas aqueles que merecem passar essa noite em nossos pensamentos foram corajosos, magnânimos e incansáveis. 

O que nos espera em 2021 é uma mistura do que estamos passando, com o imponderável que está por vir e a nossa decisão particular de lidar com tudo isso.

No ano em que todo dia foi “dia da marmota”, datas que servem para refletirmos sobre o que fazemos com o nosso tempo são absolutamente necessárias. A aposta em 2021 é o posicionamento político mais promissor do momento. 

Fonte: Folha de S. Paulo – Saúde / Colunas e Blogs – Terça-feira, 29 de dezembro de 2020 – Pág. B5 – Internet: clique aqui (acesso em: 30/12/2020).

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