«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Um crime contra todos nós!

 Propor vacinação só em março e alcançar no máximo 1/3 da população em 2021 é um crime

 Gonzalo Vecina

Médico, fundador e ex-presidente da ANVISA. Ex-secretário municipal da saúde de São Paulo e professor do mestrado profissional da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EAESP/FGV) e da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) 

Nossos governantes não querem assumir o papel para o qual foram escolhidos

Foto: Alex Silva / Estadão

Nessas idas e vindas da pandemia, às vezes parece que se está em Macondo*. Onde estão as ondas? Onde estão os governantes? Onde está a população? E as vacinas? E os mortos? Sim, infelizmente os mortos estão mortos e enterrados. E nem foram adequadamente chorados. É proibido chorá-los. Pode haver disseminação da doença. Do vírus. Desses seres invisíveis que vieram para aumentar o número de mortos. Que ninguém sabe explicar como surgiram e quando vão embora. Mas sabemos que estamos cansados deles e parece que depois da terceira onda eles irão embora e, por isso, queremos sair logo da primeira e viver a segunda, para que chegue a terceira e tudo acabe e Macondo possa voltar à sua...normalidade? 

Tempos de realismo fantástico. Estamos vivendo uma pandemia provocada por um vírus letal que veio da destruição ambiental provocada pelo homem na Ásia. Uma parte das pessoas que se infectam morre. 

A mentira oficial 

Não há remédios para tratar a doença. Apesar de o Secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde ter declarado que deve ser iniciado o tratamento o mais precocemente possível. Com os medicamentos que todos sabemos quais são. E que está CIENTIFICAMENTE comprovado que o isolamento social não funciona. Faltou declarar que, de acordo com seu chefe, as máscaras devem ser evitadas, pois os vírus gostam de pessoas mascaradas. 

Não interessa se é uma nova onda ou não, estamos vivendo um recrudescimento da epidemia. O número de casos está aumentando no País. Hospitais estão ficando cheios e, em algumas cidades, é preciso escolher quem vai viver, quem não será atendido...E por quê? Porque estamos na rua e nos encontramos com o vírus. Porque nossos governantes não querem assumir o papel para o qual foram escolhidos: governar, liderar, propor alternativas. Porque não queriam ter prejuízos eleitorais e não quiseram voltar atrás em flexibilizações irresponsáveis.

E um dia após as eleições propuseram o que já deveriam ter feito há quinze dias! 

O que está ocorrendo não é surpresa. Não é fruto dos cientistas mal intencionados. A epidemia se alimenta de encontros e enquanto o vírus circular e existir pessoas que não tiveram a doença ou não foram vacinadas, teremos casos e mortes.

Os casos e as mortes poderiam ser evitados pela ação dos governantes que estão falhando e, em uma democracia, quando governos falham, devem ser chamados à responsabilidade e cobrados.

Isso ainda não ocorreu. A justiça não seguiu seu curso na identificação dos responsáveis pelas mortes e pelo sofrimento.

 

O plano proposto de vacinação que parte da existência de uma única vacina e da ficção do Covax Facility [Acesso Global de Vacinas COVID-19] é de um cartorialismo criminoso. Ignorar que somente no País tivemos quatro vacinas em testes e provavelmente exitosas e que deveriam ter merecido um esforço de negociação do governo é inaceitável.

Propor que iniciemos a vacinação em março e que no máximo alcancemos um terço da população em 2021 significa não realizar nenhum mínimo esforço de tentar oferecer alternativas à população. É uma pública capitulação. É um crime.

Mesmo em Macondo. Cadê as luzes? 

Nota:

* MACONDO é uma aldeia fictícia de vinte casas de barro e taquara onde se passa toda a história da família Buendía, narrada no livro Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez. Longe de ser pacífica, a vila é um efervescente lugar de conflitos sociais, guerras, greves e rebeliões. Ainda assim, a mágica do local, a hospitalidade do povo, as festas na casa da família Buendía podem levar o leitor à sensação de que o vilarejo é pacífico. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Saúde – Quinta-feira, 3 de dezembro de 2020 – Pág. A12 – Internet: clique aqui (acesso em: 03/12/2020).

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