Diaconato feminino vem aí?

Papa cria comissão que irá estudar função
de diácono para mulheres

Agências de Notícias 
PAPA FRANCISCO
dá um passo histórico: constitui uma comissão para estudar a possibilidade do diaconato feminino!

O papa Francisco criou nesta terça-feira, 2 de agosto, uma comissão para estudar a possibilidade de permitir que as mulheres sejam diaconisas, uma questão que divide a Igreja Católica e que representaria uma mudança histórica para a instituição.

Na hierarquia católica, os diáconos ocupam o primeiro degrau. Acima, estão padres e bispos.

Embora tenham autorização para pronunciar sermões durante a missa e oficiar batizados, casamentos e funerais, os diáconos não estão autorizados a celebrar a eucaristia, ouvir a confissão dos fiéis ou realizar a unção dos enfermos (antiga extrema-unção).

Os defensores da medida argumentam que as mulheres estão sub-representadas dentro da instituição e que não existe nenhum obstáculo teológico para que voltem a exercer uma função que tiveram nas origens do cristianismo.

Em maio deste ano, papa Francisco abordou a questão durante uma conversa com mulheres de várias ordens religiosas e disse que "seria bom" que a Igreja esclarecesse o ponto. Ao mesmo tempo reafirmou não acreditar que as mulheres possam ser padres, ideia que já havia sido rejeitada de maneira categórica por alguns de seus antecessores.

O Vaticano não informou quando a comissão iniciará os trabalhos nem quando apresentará as conclusões.
DOM LUIS FRANCISCO LADARIA FERRER
Jesuíta Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da
Comissão de Estudo sobre o Diaconato das Mulheres

COMPOSIÇÃO

Presidida por D. Luis Francisco Ladaria Ferrer, jesuíta espanhol secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, a comissão é composta por 13 pessoas e reúne sacerdotes, religiosos e especialistas acadêmicos.

Eis os membros da comissão:

Ir. Nuria Calduch-Benages, M.H.S.F.N., Membro da Pontifícia Comissão Bíblica;

Profa. Francesca Cocchini, Docente da Universidade «La Sapienza» e do Instituto Patrístico «Augustinianum», ambos em Roma;

Mons. Piero Coda, Diretor do Instituto Universitário «Sophia», Loppiano (Itália), e Membro da Comissão Teológica Internacional;

Pe. Robert Dodaro, O.S.A., Diretor do Instituto Patrístico «Augustinianum», Roma, e Docente de Patrologia;

Pe. Santiago Madrigal Terrazas, S.I., Docente de Eclesiologia da Universidade Pontifícia «Comillas», Madrid;

Ir. Mary Melone, S.F.A., Reitora Magnífica da Pontifícia Universidade «Antonianum», Roma;

Rev.do Karl-Heinz Menke, Docente emérito de Teologia Dogmática da Universidade de Bonn (Alemanha) e Membro da Comissão Teológica Internacional;

Rev.do Aimable Musoni, S.D.B., Docente de Eclesiologia na Pontifícia Universidade Salesiana, Roma;

Pe. Bernard Pottier, S.I., Docente do «Institut d'Etudes Théologiques», Bruxelles (Bélgica), e Membro da Comissão Teológica Internacional;

Profa. Marianne Schlosser, Docente de Teologia Espiritual na Universidade de Vienna (Áustria) e Membro da Comissão Teológica Internacional;

Profa. Michelina Tenace, Docente de Teologia Fundamental na Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma;

Profa. Phyllis Zagano, Docente na «Hofstra University», Hempstead, New York (Estados Unidos).

A maioria são europeus ou americanos, mas há um padre de Ruanda.
LUCETTA SCARAFFIA
Historiadora italiana

"É uma comissão ótima, muito equilibrada, com perfis variados, mulheres muito preparadas e de inclinações diferentes, ao mesmo tempo progressista e conservadora", afirmou a historiadora Lucetta Scaraffia à agência de notícias AFP.

O diaconato era uma etapa para o sacerdócio, mas o Concílio Vaticano 2º (1962-1965) restabeleceu o diaconato permanente, acessível a homens casados, que muitas vezes compensam a falta de sacerdotes ou os auxiliam.

Em 2014, de acordo com as últimas estatísticas disponíveis, a Igreja Católica contava com 44.500 diáconos permanentes (para 415.000 padres), principalmente na América do Norte e Europa.

Muitas pesquisas históricas revelaram que as mulheres podiam ser diaconisas nos primeiros séculos do cristianismo. Mas seu papel seria semelhante ao realizado hoje pelas freiras nas paróquias.

DESIGUALDADE

O papa Francisco já evocou várias vezes o desejo de remediar a desigualdade entre homens e mulheres no exercício das responsabilidades dentro da Igreja Católica, reafirmando, no entanto, a oposição da instituição à ordenação das mulheres.

Ele tem procurado incentivar a influência teológica das mulheres e já afirmou que uma mulher poderá em breve dirigir um dicastério (ministério) da Cúria.

"As mulheres são como os morangos em um bolo, é preciso sempre mais", brincou durante uma reunião com teólogos em dezembro de 2014.

Com cerca de 700 mil religiosas e leigas, as mulheres são maioria entre aqueles que trabalham na vida cotidiana das paróquias, mas estão sujeitas a um membro masculino do clero.

Fontes: Folha de S. Paulo – Mundo – Terça-feira, 2 de agosto de 2016 – 10h48 – Internet: clique aqui; e Bolletino Sala Stampa della Santa Sede – 02/08/2016 – BO569 – Internet: clique aqui.

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