Evangélicos esperam se beneficiar de nova lei eleitoral

Thais Bilenky

A redução da campanha para 45 dias, a restrição de plataformas de propaganda e a proibição de doações de empresas tendem a favorecer segmentos com base eleitoral formada, como igrejas.
PALÁCIO ANCHIETA
Sede da Câmara Municipal de São Paulo - capital

Potenciais beneficiárias da nova legislação eleitoral, igrejas evangélicas articulam candidaturas próprias para ampliar a bancada na Câmara Municipal de São Paulo. [O mesmo deve se dar em todo o Brasil!]

As denominações pretendem usar a influência de líderes religiosos e a presença de candidatos em atividades internas para eleger ao menos cinco vereadores, além dos dez que tentam renovar o mandato.

Na disputa pela prefeitura, a possibilidade de Celso Russomanno (PRB) ter a candidatura barrada pela Justiça favoreceu João Doria (PSDB), que obteve gestos de simpatia de lideranças como o bispo Robson Rodovalho, da Sara Nossa Terra, e o pastor Silas Malafaia. [Nossa, o candidato tucano está em “ótima” companhia!]

A redução da campanha para 45 dias, a restrição de plataformas de propaganda e a proibição de doações de empresas tendem a favorecer segmentos com base eleitoral formada, como igrejas.

De olho nisso, denominações lançam candidaturas próprias como as de João Jorge (PSDB) e Gilberto Nascimento Jr. (PSC) pela Assembleia de Deus - Ministério Madureira, que se empenha também na reeleição das vereadoras Noemi Nonato (PR) e Sandra Tadeu (DEM).

A Assembleia de Deus do Belém, sem vereador na atual legislatura, lançará Rute Costa (PSD). Filha de seu presidente, José Wellington Bezerra da Costa, sua eleição é dada como certa no setor.

A igreja do Evangelho Quadrangular lançou o pastor Rinaldi Digiglio (PRB) e a Plenitude do Trono de Deus, a irmã Anita (PRB).
JOÃO DORIA - PSDB ("TUCANO") - Candidato a Prefeito
é o predileto de vários pastores e igrejas evangélicas de São Paulo, capital.
Bispo Rodovalho da igreja "Sara Nossa Terra" alega que com ele há "uma reciprocidade rápida"!


Algumas campanhas devem esbarrar, contudo, no veto à presença de candidatos no púlpito. A prática é comum e pouco fiscalizada, embora vetada desde 1997, observou o advogado especializado em eleição Ricardo Penteado, que atuará na campanha de Marta Suplicy (PMDB).

Para ele, a minirreforma eleitoral trará "desequilíbrios" e "algumas forças podem ser utilizadas indevidamente como os cultos".

O pastor Wilton Acosta, articulador político do PRB para igrejas evangélicas, afirmou que "a falta de conhecimento da legislação pode fazer com que a gente cometa uma série de equívocos". [Isso é no mínimo estranho! Esse pastor, com antecedência, já admite que não conhece a legislação! Por que não a estuda para poder obedecê-la?]

"A participação de candidatos nas atividades internas, sua presença com a turma da igreja em uma reunião de bairro, isso pode ser caracterizado como trabalho eleitoral e, para nós, é voluntário. Traz bastante temor", disse.

Expansão

Malafaia, pastor no Rio de Janeiro, disse que vai ajudar de "50 a 60 candidatos" pelo país – em São Paulo, será Gilberto Nascimento Jr.

"As bancadas vão aumentar, porque, quando você tem uma demanda ideológica, cresce o voto nos representantes", disse o pastor.
SILAS MALAFAIA
Pastor e líder da igreja "Ministério Vitória em Cristo" - ligado à Assembleia de Deus
Fará campanha aberta por mais de 50 candidatos Brasil afora!

Ele citou o que evangélicos chamam de "ideologia do gênero" –a concepção combatida pelo programa da Escola sem Partido segundo a qual crianças desenvolvem a orientação sexual no decorrer de sua formação.

"Querem botar na goela da sociedade o que foi rejeitado pela Câmara e o Senado. Isso provoca a necessidade de manifestar a nossa cidadania." [Até parece que seja esta, de fato, a preocupação quando lançam tantos candidatos! No fundo, é a busca pelo poder e pela influência na sociedade!]

Segundo Malafaia, a mobilização de fiéis se dará por meio de santinhos distribuídos em portas de igrejas e, especialmente, pelas redes sociais. "Nós temos uma vantagem: está provado que ninguém usa rede social mais que as igrejas evangélicas, porque somos comunidades. Isso é muito poderoso".

Malafaia disse que Doria "faria bonito" se eleito, assim como Russomanno, "se não for cassado".

O tucano "é simpático e preparado para esse tempo de crise e dificuldade", disse.

Bispo Rodovalho, da Sara Nossa Terra, disse que com os dois há "mais abertura de diálogo" e "reciprocidade rápida". Ele afirmou que Russomanno, "ao nosso ver, tem muito pouca chance de manter candidatura".

O deputado Missionário José Olimpo (DEM-SP), da Igreja Mundial do Poder de Deus, disse crer que a bancada evangélica passará a representar 30% dos vereadores paulistanos. "A tendência é sempre aumentar, porque o crescimento do povo evangélico é grande no país."

Olimpo lembrou o crescimento de 15% da bancada evangélica na Câmara dos Deputados em 2014.

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Fonte: Folha de S. Paulo – Poder – Sexta-feira, 5 de agosto de 2016 – 02h00 – Internet: clique aqui.

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