Os principais culpados pelo desmatamento no mundo
Soja, gado, madeira e palma respondem por
um terço do desmatamento mundial
Sandro Silva
Os quatro maiores produtos agrícolas – óleo de palma, madeira,
soja e gado – são responsáveis por mais de 3,83 milhões de hectares de
desmatamento tropical a cada ano – mais de um terço dos 9,9 milhões de hectares
de florestas tropicais que são perdidos globalmente por ano.
PASTAGEM NA AMAZÔNIA BRASILEIRA os pastos para criação extensiva de gado correspondem a 83% do desmatamento da Amazônia! |
“Desmatamento
é um tema que tem tido grande repercussão em todo o mundo e afetado diretamente
as grandes cadeias produtivas. O relatório “Supply
Change: Tracking Corporate Commitments to Deforestation-free Supply Chains,
2016”, que usa dados do CDP (Carbon
Disclosure Project) e WWF (World
Wide Found for Nature) nos mostra um sensível avanço de grandes players do
mercado buscando soluções e efetivamente tomando iniciativas para reduzir e
garantir que sua matéria prima não venha de áreas desmatadas. Apesar das
iniciativas citadas no estudo, ainda há
muito que ser feito para alcançar as metas de desmatamento zero planejadas
pelas empresas. Outro ponto que chama atenção é a inercia de alguns setores que não tem iniciativas nesse sentido.
Acredito que ainda tem que ser feito um grande trabalho de engajamento, tanto
com fornecedores quanto com os clientes, para que eles entendam a importância
desse trabalho”, afirma Lauro Marins, gerente do programa CDP Supply Chain na
América Latina.
No
Brasil
Além
disso, o reporte destaca projetos regionais que contribuem para a redução do
desmatamento no Brasil. Na Amazônia, por
exemplo, existem duas iniciativas para reduzir os impactos ambientais
provocados pelo desmatamento – a Moratória da Soja
e do Acordo de compra de gado. Esses
acordos garantem que soja proveniente de áreas desmatadas não será
comercializada. Outro exemplo é a JBS,
maior produtora de proteína animal do mundo, que desenvolveu um sistema de
monitoramento por satélite que supervisiona a gestão sustentável da compra de
gado de fornecedores da companhia, para atingir o compromisso de desmatamento
zero.
Panorama
Global
O
levantamento feito pelo projeto Forest
Trends’ Supply Change acompanha o progresso de 579 compromissos públicos
firmados por 566 empresas que representam, pelo menos, US$ 7,3 trilhões em
capitalização de mercado e que foram identificadas como tendo riscos de
desmatamento vinculados a esses quatro commodities dentro de suas cadeias de
suprimentos. Destas empresas, 366 firmaram compromissos para mudar para fontes
sustentáveis e livres de desmatamento.
O
relatório apontou que as empresas são
mais propensas a assumirem compromissos relacionados à palma, madeira e
celulose. Das empresas ativas na palma, 61% adotaram compromissos, em
comparação com apenas 15% e 19% dessas
empresas ativas no gado e na soja, respectivamente. A diferença é
alarmante, pois se estima que a produção
de gado cause dez vezes mais desmatamento do que a palma. Em relação às
grandes empresas públicas, nota-se que elas assumem mais compromissos do que
companhias menores e privadas. Muitas dessas grandes empresas são entidades
voltadas ao consumidor com sede na América do Norte e Europa, longe do dano
ambiental causado pela agricultura de commodities.
PALMAS SÃO UTILIZADAS PARA A PRODUÇÃO DE ÓLEO |
O
relatório também mostrou:
a)
Empresas que operam upstream
(produtores, processadores e comerciantes) tendem a assumirem mais compromissos
do que suas parceiras downstream
(fabricantes e varejistas) – e suas promessas são potencialmente mais
impactantes.
b)
Os atores upstream representam apenas
26% das empresas controladas, mas 80% têm feito um compromisso, em comparação
com 62% das empresas downstream.
c)
A divulgação atual é insuficiente, uma vez que as empresas só têm relatado
progresso quantificável em um de cada três compromissos. Mesmo entre
compromissos cujas datas-chave já passaram, as empresas têm revelado progressos
em menos da metade.
O
Sumário Executivo do “Supply Change: Tracking Corporate Commitments to
Deforestation-free Supply Chains, 2016” pode ser acessado,
clicando aqui
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