Mais maconha, menos álcool
Jairo Bouer
Psiquiatra
Estudo mostra que jovens americanos estão trocando
a bebida pela maconha
Novo
mapa do comportamento do adolescente americano em relação às drogas mostra que boa parte dos estudantes do ensino médio
está trocando os excessos com bebida pelo maior consumo de maconha. Em
contraste, os jovens europeus ainda
bebem muito mais do que fumam maconha.
O
estudo, produzido pelo Project Know,
traz novas informações para o debate sobre a legalização da maconha.
Curiosamente, vai contra um relatório recente do Departamento de Saúde, que
revelou uma queda de consumo de álcool e maconha entre os adolescentes
americanos, mesmo nos Estados que legalizaram o consumo da droga.
No
geral, cerca de 20% dos adolescentes
americanos consumiram maconha no mês anterior à pesquisa, taxa superior às dos
países europeus (10%, em média), exceções feitas à Espanha (20%) e à França
(24%). Os dados foram publicados pelo Daily
Mail.
A capital americana teve a
taxa mais alta de consumo de maconha e a mais baixa de “binge drinking” (beber cinco ou mais doses
em menos de duas horas). Washington legalizou recentemente a maconha, mas os
dados da pesquisa são anteriores a esse processo. O relatório também revela que
o consumo de cocaína é incomum entre os
estudantes (droga mais cara), já os
remédios para aliviar dor (do tipo opioides) e para ansiedade (benzodiazepínicos) tiveram uma tendência de aumento. [Isso é
preocupante! Os jovens não querem se incomodar e serem incomodados por nada!
Melhor tomar algo para “resolver”...]
Casas familiares com fartura de oferta de bebidas alcoólicas e uso constante por parte dos adultos estimula o consumo cada vez maior e mais precoce de álcool pelos(as) adolescentes e jovens |
Casa,
marketing e sexo
Dois
outros estudos, também divulgados na última semana, ajudam a entender melhor
alguns fatores que poderiam ajudar a
regular o consumo de drogas pelos mais jovens.
O
primeiro trabalho, da Universidade do
Estado de Michigan, nos EUA, mostra que adolescentes com fácil acesso a álcool e drogas em casa são mais
propensos a beber e a usar essas substâncias aos 20 anos. Foram analisados
dados de uma pesquisa nacional com mais de 15 mil pessoas sobre saúde
adolescente, com entrevistas feitas aos 16, 22 e 29 anos. Os meninos foram, de maneira geral,
mais expostos às drogas em casa do que as garotas e, também, tiveram mais
contato com elas no início da vida adulta.
O
segundo estudo, publicado pelo jornal médico Addiction e divulgado pelo site Medical
News Today, mostra que a exposição a
diferentes ações de marketing de bebida está associada a maior frequência e
quantidade de álcool ingerido pelos adolescentes na Europa, considerada a área do mundo com
consumo mais elevado de bebida.
O
trabalho, do Centro Europeu de
Monitoramento de Marketing do Álcool, envolveu mais de 9 mil jovens em
Alemanha, Itália, Holanda e Polônia, que foram expostos a anúncios online e na
TV, a patrocínio de bebida em eventos e a promoções, como distribuição de
brindes e amostras grátis. Todas as ações influenciaram o maior consumo dos
jovens.
Os
dois estudos reforçam a necessidade de trabalhar a questão do álcool e das
drogas tanto na sala de aula como em casa, dificultar
o acesso à bebida e às diversas substâncias no ambiente doméstico, além de
restringir as ações de marketing – e não apenas os anúncios de TV, como
ainda se faz de forma muito modesta, por exemplo, aqui no Brasil.
Para
completar as estratégias para tentar reduzir o consumo de álcool e maconha
pelos mais novos, é bom citar o resultado de outra pesquisa recente, da Universidade de Nova York (NYU) e
publicada pelo Daily Mail. Embora a
bebida esteja mais relacionada ao arrependimento de ter feito sexo com alguém
desconhecido, as duas drogas pioram o
desempenho sexual, com álcool atrapalhando a ereção e a maconha causando
ressecamento vaginal. Achou pouco? As duas, também, aumentam a chance de fazer
sexo sem proteção. Quem sabe falar de sexo não faça o jovem pensar melhor
antes de beber ou fumar maconha?
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