Vamos celebrar os pais!
Uma oportuna reflexão para este próximo
“Dia dos Pais”
Rosely Sayão
Psicóloga
e Consultora em Educação
Precisamos celebrar os pais que ousaram iniciar a
inovação que vemos
hoje no exercício da paternidade
Dia dos pais, das mães, dos
avós são datas comerciais porque a questão em jogo é presentear a pessoa
homenageada.
Essas datas, porém, podem ser pretexto para celebrar e problematizar esses
papeis sociais. Como o próximo domingo é dedicado aos pais, vamos celebrar e
refletir sobre esse papel, que vem mudando há cerca de 30 anos.
Precisamos
celebrar os pais que ousaram começar a inovação que vemos ocorrer no exercício
da paternidade, ainda que não de modo homogêneo em nossa sociedade.
O pai, no modelo clássico
familiar, era responsável quase que exclusivamente pelo sustento da família e isso oferecia aos homens
um lugar confortável como integrante chefe do grupo. É que, nesse modelo de
funcionamento, o pai permanecia seguro e
protegido de quase todos os conflitos familiares e
afetivos que sempre ocorrem, principalmente entre pais e filhos.
Vamos
convir: conflitar é sempre arriscado porque não há garantia alguma de que todos
os envolvidos sairão sãos e salvos da crise. Mas, ao mesmo tempo, é também pelo conflito que os vínculos se
consolidam, se mantêm.
Quem
é pai sabe como é fácil sentir-se fragilizado quando nasce um filho. Ainda
assim, os pais pioneiros e inovadores
foram corajosos o suficiente para enfrentar essa fragilidade e a falta de
tradição para inaugurar um novo tipo de
relacionamento familiar.
Eles compartilham com a mãe todas as responsabilidades (compartilhar não é
ajudar), enfrentam os conflitos e
relacionam-se com os filhos, crianças e adolescentes, com intimidade. Vamos
comemorar com esses pais o surgimento de um papel renovado e mais humanizado!
Vamos celebrar também os que
lutam bravamente e sem descanso pelo direito de conviver com os filhos do seu
jeito. E
não me refiro somente aos pais separados que são tratados como
"visita" dos filhos, quando não "persona non grata".
Lembro
também dos que pouco conseguem agir com seus filhos porque, pela tradição
grudada em nossa carne, são as mães as detentoras da sabedoria necessária para
cuidar e educar e, por isso, elas resistem, muitas vezes sem perceber, em
aceitar um jeito diferente do seu. Elas
criam uma cumplicidade com os filhos que, não raras vezes, coloca o pai fora
desse relacionamento.
E o
que dizer dos pais que fazem tanto pelos
filhos que provocam estranhamento na sociedade e sofrem constrangimentos por
conta disso? Acontece em grande escala nas escolas – na hora de deixar o
filho ou de buscá-lo e em reuniões de pais (mães, na verdade) –, em
consultórios médicos, em banheiros públicos, trocadores, etc. Esses merecem o maior respeito!
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Mas há pais que priorizam
mais seu próprio estilo de vida do que a paternidade:
* pensam que as férias com os
filhos compensam sua ausência no cotidiano,
* que não se desligam do
trabalho nunca,
* que se separam dos filhos
quando se divorciam, etc.
Esses
precisam ser lembrados que seus filhos não pediram para nascer e nem desejaram
a vida: foram os pais que os desejaram
e, por isso, eles precisam honrar esse compromisso a vida toda.
Nossa
sociedade deveria celebrar e se adaptar à chegada dos novos pais, e não lutar
contra essa inovação. A esses pais, minhas boas-vindas! Coragem e saúde a todos
eles é o que desejo.
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