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Mostrando postagens de agosto, 2024

22º Domingo do Tempo Comum – Ano B – Homilia

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  Evangelho: Marcos 7,1-8.14-15.21-23   Frei Alberto Maggi * Padre e biblista italiano dos Servos de Maria (Servitas)   A impureza surge de relacionamentos ruins com outros seres humanos Toda vez que Jesus comunica a vida, aparecem os inimigos da vida que, no Evangelho, são as autoridades religiosas. É isso que o evangelista Marcos nos escreve no capítulo 7 de seu evangelho.  Marcos 7,1: ** «Naquele tempo, os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus.» O evangelista, para o verbo “reunir”, utilizou o verbo grego “ synago ”, do qual vem o termo “sinagoga”, com isso, deixa claro que o que se segue é o fruto do ensino feito na sinagoga. “Os fariseus” se reúnem em torno dele, o artigo definido parece indicar a todos ; “fariseus” significa separados. São leigos que observavam todos os 613 preceitos extrapolados da lei de Moisés e por isso se separaram do resto do povo, e alguns dos escribas, ou seja, os teólogos oficiais, vindos, n

Memória do Martírio de São João Batista

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  Evangelho: Marcos 6,17-29   Telmo José Amaral de Figueiredo Padre da Diocese de Jales (SP), biblista e pesquisador   De nada serve calar a voz dos profetas A memória do martírio de São João Batista é acompanhada pela solenidade do seu natalício, celebrada no dia 24 de junho. João é primo de Jesus, concebido tardiamente por Zacarias e Isabel, ambos descendentes de famílias sacerdotais: o seu nascimento situa-se cerca de seis meses antes do de Cristo, em coerência com o episódio evangélico da Visitação de Maria a Isabel. A data da sua morte, porém, ocorrida entre os anos 31 e 32, remonta à dedicação de uma pequena basílica do século V no local do seu túmulo, Sebaste de Samaria: nesse dia, de fato, parece ter sido encontrada a sua cabeça, a qual o Papa Inocêncio II faz transladar para Roma na igreja de San Silvestre in Capite. A celebração do martírio tem origens antigas: já estava presente em França no século V e em Roma no século seguinte.  No martírio de João temos quatro p

A anarquia espiritual de Jesus

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  Condenado por suas “transgressões   Alberto Maggi Frade da Ordem dos Servos de Maria, Servita, biblista e escritor italiano   Jesus foi um perigo público para a religião de seu tempo Santa anarquia   Lendo os evangelhos não é surpreendente que Jesus tenha sido morto, mas é surpreendente que ele tenha conseguido sobreviver tanto tempo.   Alguém assim era um perigo público e tinha que ser eliminado imediatamente, era uma mina vagante que, cada vez que abria a boca, destruía tudo o que era sagrado, justo, honrado que a instituição religiosa tinha conseguido criar para o seu próprio interesse e para a honra de Deus. A casta sacerdotal no poder criou, de fato, uma arquitetura perfeita destinada a durar para sempre. Mas, como aconteceu com a enorme estátua com pés de barro, Jesus revelou-se como a pedra que, ao se soltar do monte, a fez desabar, destruindo-a completamente (cf. Dn 2,31-35).   Terrorismo religioso   A instituição religiosa ― para obter a obediência do povo

PERIGO!!!

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  Política em estado de pânico e lamaçal   Vinicius Torres Freire Jornalista, é mestre em Administração Pública pela Universidade Harvard (EUA)   Redes sociais e fúria contra Estado ineficaz criam país ingovernável e sujeito ao crime Em algumas pesquisas eleitorais qualitativas, a intenção de votar em Pablo Marçal (PRTB) para prefeito de São Paulo aparece como: * revolta contra governos , * “políticos” e * pobreza ; também como * espírito de porco juvenil , um niilismo periférico.   “ Quando a gente não pode fazer nada, a gente avacalha. Avacalha e se esculhamba ”, dizia a personagem central de o “Bandido da Luz Vermelha”, filme de 1968 de Rogério Sganzerla (1946-94). Há também identificação com o candidato , uma admiração pela figura que parece ter vindo do nada , do interior, sem capital, formação ou amigos importantes, que se fez na vida como tantos influencers.   Não é novidade. Quem dá uma olhada em redes sociais reconhece essa atitude faz mais de década

Se é justo, não é amor!

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  Por sua própria natureza, o amor é injusto   Alberto Maggi Frade da Ordem dos Servos de Maria, servita, biblista e escritor italiano   FREI ALBERTO MAGGI Surpreenda-se com aquilo que a Bíblia nos revela Por sua própria natureza, o amor é injusto, não segue as regras da justiça , seja ela civil ou religiosa, segundo as quais a cada um é devido o que merece, tanto como recompensa como castigo. O amor supera o estreito recinto de justiça criado pelos homens para regular a convivência humana e garantir a sua segurança e vai além, explorando mundos desconhecidos, encontrando certamente riscos imprevisíveis, que, no entanto, permitem ao indivíduo liberar energias secretas e inéditas, capacidade de doar-se generosamente, com consequências inimagináveis.   O crescimento da humanidade rumo à compreensão da dignidade e da singularidade do homem não ocorre pela aplicação rígida da justiça, mas com formas de amor misteriosas, originais e novas que manifestam o Deus que é, precisamente