«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Estudo sugere que ser humano só tem um tipo de inteligência


Um estudo ainda não publicado feito por um grupo de pesquisadores científicos da Espanha, Canadá, Reino Unido e Estados Unidos sugere que o ser humano só possui um tipo de inteligência geral, contrariando teorias de que o ser humano possui vários tipos de inteligência, segundo reportagem do jornal El País publicada neste sábado.

O grupo analisou a relação entre as diferentes espessuras do córtex cerebral de 200 jovens de seis a 18 anos e suas performances intelectuais ao passar por testes verbais, espaciais, visuais e numéricos, de acordo com o diário espanhol. Os cientistas acreditam que o córtex pode indicar a densidade e disposição dos neurônios no sistema nervoso.

O estudo concluiu que, descontada a influência de uma capacidade intelectual geral, medida por um indicador, as habilidades específicas dos jovens desaparecem.

A pesquisa indica que é mais provável, por exemplo, que alguém com extrema facilidade para cálculos matemáticos tenha também aptidão para outras áreas, do que a hipótese de que essa pessoa possa ter desempenho completamente insuficiente em outras, como observado em certos casos de pessoas consideradas geniais.

Fonte: portal TERRA - Dia 26 de fevereiro de 2011 • 15h31 • Internet: http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4964187-EI238,00-Estudo+sugere+que+ser+humano+so+tem+um+tipo+de+inteligencia.html

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

País corre o risco de não ter professores para o ensino médio


Mateus Prado
Faculdades formam especialistas em áreas e não os capacitam a dar aulas. Queda no desemprego afasta docentes da profissão

O ensino médio é, certamente, a etapa de ensino em que o trabalho do professor mais se distancia daquilo que seria o "ideal" como modelo pedagógico. Em geral, no ensino superior, os professores não são capacitados para dar aulas. Mesmo as licenciaturas, que têm como objetivo principal formar para a docência, ensinam as pessoas a serem biólogos, físicos, matemáticos, químicos, gramáticos, entre outras profissões.
Quando estes estudantes universitários viram professores do ensino médio, não possuem nenhuma idéia do que deve ser feito para preparar o aluno a seguir, com relativo sucesso, para o ensino superior. Apenas reproduzem o que aprenderam no ensino superior e o que era o seu ensino médio.

É muito difícil para o professor, mesmo aquele que se rebela contra a situação, seguir por outro caminho. Os conteúdos que estão nos livros escolares, nas apostilas das grandes redes de “deseducação” e nos programas dos vestibulares servem de estímulo para que a escola e a sociedade aceitem a situação de ensinar em suas salas de ensino médio o conteúdo que é necessário aos profissionais destas profissões.

Para o aluno, a situação é incômoda. Precisa, para ser entendido como um bom aluno, entender de conteúdos que são necessários para físicos, geógrafos, gramáticos, matemáticos, biólogos e outras tantas profissões. É importante notar que, na maior parte dos casos, professores de matemática não sabem a que período literário pertence a obra de Gregório de Matos. Professores de português não dominam os efeitos da radioatividade e da reflexão da luz. Professores de física não se lembram o que é um alelo recessivo. Os de biologia sentem dificuldade em compreender como, dobrando a medida de todos os lados de um cubo, chegamos a um objeto com o volume oito vezes maior que o primeiro.

Pois é assim. Cada professor é um especialista em uma matéria, ou área do conhecimento como gostam de dizer, e tem na cabeça um programa que faça de cada aluno um semi-especialista em sua área. O professor sabe pouco de outras áreas, mas acha completamente normal que o aluno tenha que acumular conteúdo de todas elas.

Quanto mais periférica a escola, a situação envolve mais agravantes. Um deles é a falta até mesmo de professores que passaram por uma formação acadêmica equivocada. Em boa parte das escolas temos professores adaptados. Na falta de um professor de história, coloca-se um bacharel em direito. Um matemático acumula as aulas de física. Um enfermeiro assume a cadeira de biologia. No ensino médio é onde mais encontramos esses desvios de função.

Como o ensino médio conta com alunos com um pouco mais de maturidade e independência, por serem mais velhos, existem mais salas que funcionam no período da noite do que no fundamental. Como os salários são baixos, o professor de ensino médio tem mais oportunidades de acumular, graças às aulas à noite, uma carga de trabalho maior.
Vários docentes desta etapa trabalham pela manhã, tarde e noite. Alguns ficam só nas salas de aula. Outros acumulam a função de professor com alguma outra. Para o professor de ensino médio sobra muito menos tempo para o descanso, para a atualização, para o preparo de aulas, para o lazer e para o ócio.

A falta de professores que estudaram para lecionar no ensino médio e atuam nas escolas deve aumentar nos próximos anos, com a consequente substituição por "adaptados", ou a simples vacância de aulas em algumas matérias.
Mesmo que a mudança de nossa pirâmide etária diminua a cada ano o número de alunos matriculados no ensino médio e que a evasão continue alta, a diminuição das taxas de desemprego faz com que cada vez mais pessoas abandonem a profissão.

Em algumas regiões do País, as taxas de desemprego para pessoas com nível superior estão bem próximas do que chamamos de situação de pleno emprego, que é quando a porcentagem de desempregados só representa a mobilidade das pessoas entre um emprego e outro. Professores ganham, em média, 60% a menos que profissionais com o mesmo tempo de estudo. É natural que muitos migrem para outras profissões e que evitem começar a carreira em sala de aula.

Mudar a situação exige um trabalho coordenado do governo. Somente salários melhores poderão atrair mais pessoas para a carreira. Se isso não acontecer, o Brasil corre o risco de simplesmente não ter pessoas dispostas a trabalhar nas salas de aula do ensino médio. Os currículos das licenciaturas precisam considerar que estes profissionais vão atuar na capacitação de alunos para seguir no ensino superior, e não para ser uma enciclopédia de conteúdos. E os currículos precisam ser redirecionados.

Basta da ditadura dos livros didáticos e dos sistemas de ensino. Este ensino, que finge ser educação, na verdade só possibilita o sucesso de uma minoria. A maioria passa por ele sem acumular nada em sua vida. Não é justo que organizemos uma escola que faz com que grande parte dos alunos sinta-se incapaz. Eles não são. A falta de uma função racional para o ensino médio e os erros nas políticas públicas relacionadas a ele fazem com alunos cheguem à idade adulta sem compreender textos, sem conseguir resolver problemas simples de matemática e com dificuldades para atuar de forma cidadã na sociedade.

Fonte: IG - Último segundo - Dia 24/02/2011 - Internet: http://ultimosegundo.ig.com.br/colunistas/mateusprado/pais+corre+o+risco+de+nao+ter+professores+para+o+ensino+medio/c1238106820726.html

Desenvolver leitura e interpretação é o desafio da escola


Ana Cássia Maturano

A leitura vai muito além dos clássicos; ela é usada em todas as disciplinas.
É preciso repensar a forma como a prática é trabalhada.

Certa vez, ao iniciar um curso sobre leitura numa pós-graduação, houve uma mudança na sala onde as aulas seriam ministradas. Muito cuidadosa, a professora, além de deixar um comunicado no site onde havia informações práticas, colocou no antigo local um aviso sobre a troca.

Com um bom tanto de atraso, alguns alunos, ao chegar, comentaram que ficaram esperando na outra sala e que só foram para o novo espaço quando informados por um funcionário. A professora não se conteve e disse em tom de ironia: “Estamos começando bem nosso curso de leitura!”. Isso ocorreu há alguns anos, mas nunca esqueci. Inclusive, faz pensar o quanto deixamos de nos informar nas coisas da vida pela falta de hábito de ler sobre elas.

Um exemplo clássico é não consultarmos os manuais de instrução dos produtos que compramos. Isso é comum entre os brasileiros. Muitos batem cabeça tentando adivinhar como funciona um aparelho eletrônico novo – diante do livro que o acompanha, nega-se a estudá-lo e assim usufruir melhor da nova aquisição. Além da falta de curiosidade sobre materiais impressos, muito provavelmente falta a humildade de reconhecer que não se sabe tudo.

A escrita é uma forma de comunicação. Sua interpretação permite às pessoas transitar melhor pela vida, tornando as coisas mais eficientes e funcionais. Ficam sabendo o que é realmente necessário fazer (quantas vezes não reclamamos que não fomos informados de algo?), tomando consciência daquilo que as envolve.
Como os contratos de trabalho ou de compra e venda, que muitas vezes são assinados sem o pleno conhecimento de seu conteúdo. Nesses casos, as consequências são mais desastrosas.
O que será que acontece? Será pura preguiça? Ou ainda não nos demos conta da necessidade da leitura como ferramenta prática para o nosso dia a dia?
Em nosso país, a prática de ler parece associada a algo ruim ou elitizado. Ler é para poucos ou para aqueles que não sabem aproveitar outras coisas. Nem todos gostam de ler um livro, é certo. Porém, não só para decifrar livros a leitura serve.

Os primeiros contatos que um indivíduo estabelece com algo ou alguém é muito importante - determina como será a relação deles no futuro. Com a leitura não é diferente, o que se dá principalmente na escola, sendo necessário repensar como ela tem sido trabalhada. No geral, seu aprendizado é algo difícil, que expõe (leituras em voz alta na frente da classe), enfadonho, sem sentido, com literatura pouco adequada... Enfim, algo para cumprir mais uma obrigação escolar.

A leitura vai muito além dos clássicos literários. Ela é usada em todas as disciplinas: matemática, física, química, ciências... Desenvolver a capacidade leitora e interpretativa de seus alunos é o principal desafio da escola.

No entanto, sua aprendizagem formal parece desvinculada da realidade do dia a dia, deixando-a sem sentido para os pequenos aprendizes. E adolescentes também. Aprende-se tantas coisas (no futuro tem o vestibular), que algumas básicas, como direito civil, por exemplo, não se tem a mínima noção. Ou a importância de se estar informado, lendo as coisas que fazem parte de seu cotidiano.

Ler e interpretar o que foi lido é de extrema importância para cada um de nós. Que chegue logo o tempo que isso se torne natural para o nosso povo.

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)


FOTO DO DIA


Foto: ZOHRA BENSEMRA/REUTERS

Quinta-feira, dia 24 de fevereiro
Como estes egipcianos, milhares de pessoas fogem da Líbia pela estrada e atravessam a fronteira de Ras Jdir para se refugiar em Ben Guerdane, primeira cidade tunisiana após a fronteira com a Líbia.
A Cruz Vermelha evoca um "risco catastrófico" de um êxodo massivo.

Pergunta que não quer calar:
Quem deve fugir? O povo, já tão oprimido, ou o ditador líbio?


China bloqueia rede social para evitar organização de protestos


Preocupado em evitar manifestações inspiradas na revolta árabe, o governo chinês bloqueou na internet o acesso à rede social LinkedIn após nova convocação para protestos, agora semanais.

A reportagem é de Fabiano Maisonnave e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 25-02-2011.

A ação é parte de um cerco oficial maior iniciado nas últimas semanas, à medida que os protestos se alastravam por países árabes. Aparentemente, a maior preocupação no momento é evitar qualquer propagação da convocação de protestos como o do último domingo em 13 cidades chinesas. O resultado foi um fracasso, com pequenas concentrações apenas em Pequim e Xangai.

Na terça, uma nova convocação apareceu no popular site boxun.com, escrito em mandarim, mas baseado nos EUA, exortando a população a ir todos os domingos às 14h nos mesmos locais marcados para o último fim de semana.
O texto defende mais independência do Judiciário, combate à corrupção e abertura política. "Os chineses dependem de si mesmos para lutar por seus direitos. Não devemos sequer sonhar que um regime autoritário tome a iniciativa de concedê-los."

Em reação, o governo endureceu nos últimos dias o tratamento dos ativistas políticos. Grupos de direitos humanos afirmam que cerca de cem críticos do governo estão em prisão domiciliar ou foram levados pela polícia.
Porta-vozes do governo chinês têm demonstrado publicamente preocupação com o risco de protestos. Em entrevista nesta semana, Chen Jiping, dirigente do Partido Comunista, disse que a China enfrenta um difícil momento interno por causa de "forças hostis ocidentais"

O país também bloqueou buscas na internet com o nome do embaixador americano em Pequim, Jon Huntsman. No domingo, ele foi visto em um dos locais de protesto, diante de um McDonald's na capital chinesa. Huntsman disse que estava só de passagem pelo local e parou por curiosidade.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - On-Line - Dia 25/02/2011 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40965

Sindicalismo de classe versus sindicalismo negociador de Estado

 

Ricardo Antunes

“O governo Lula, como um Bonaparte, articulou as duas pontas da barbárie brasileira: seu governo remunerou como nenhum outro as diversas frações burguesas e, no extremo oposto da pirâmide social, onde encontramos os setores mais desorganizados e empobrecidos da população brasileira que dependem das doações do Estado para sobreviver, oferece uma política assistencial sem tocar sequer minimamente nenhum dos pilares estruturais da tragédia brasileira”, escreve Ricardo Antunes em artigo publicado no sítio espanhol Rebelión, 14-02-2011. A tradução é do Cepat.

Ricardo Antunes é professor titular de Sociologia do Trabalho no IFCH/UNICAMP e autor de vários livros. Destacamos alguns: Adeus ao Trabalho? (Cortez), Os sentidos do trabalho (Boitempo), A rebeldia do trabalho (Ed. Unicamp) e O caracol e sua concha: ensaios sobre a nova morfologia do trabalho (Boitempo).

Eis o artigo.

No contexto de uma monumental reorganização – econômica, social, política, ideológica e valorativa – do capital, como o sindicalismo de classe vem esboçando suas respostas?

No caso do Brasil, onde na década de 1980 aflorou um novo sindicalismo com claro perfil de classe, que mudanças vem sofrendo ao longo desse período de desertificação neoliberal? O que aconteceu na última década no cenário sindical? Quais são as experiências e as possibilidades de um sindicalismo de classe depois de oito anos de governo sócio-liberal de Lula?

O mais destacado líder sindical do chamado novo sindicalismo se converteu em um novo instrumento das classes dominantes, uma variante de semi-bonapartismo, onde o controle e a cooptação do chamado sindicalismo combativo (e em particular da cúpula sindical) eram decisivos.
Vale recordar que o governo Lula, no início do segundo mandato, realizou uma alteração política importante, deslocando sua base social de sustentação para as camadas mais pobres, que vivem à margem da organização de classe: depois de um completo fracasso do programa social Fome Zero, Lula ampliou o Bolsa-Família, política focalizada e assistencialista (mesmo que de grande amplitude), uma vez que atinge aproximadamente 13 milhões de famílias pobres (cerca de 50 milhões de pessoas com ingresso salarial baixo) e que por isso recebem em média o equivalente a 50 dólares mensais.

Desse modo, o governo Lula, como um Bonaparte, articulou as duas pontas da barbárie brasileira: seu governo remunerou como nenhum outro as diversas frações burguesas e, no extremo oposto da pirâmide social, onde encontramos os setores mais desorganizados e empobrecidos da população brasileira que dependem das doações do Estado para sobreviver, oferece uma política assistencial sem tocar sequer minimamente nenhum dos pilares estruturais da tragédia brasileira.

Distanciado de sua origem operária, submetido ao novo ethos da “classe média”, elevado aos degraus mais altos da escada social, tudo isso, foi convertendo Lula numa variante de “homem duplo”, exemplo daqueles que “vêm de baixo”, mas que triunfaram na ordem capitalista.
Seu governo demonstrou uma enorme competência em dividir os trabalhadores do setor privado em relação aos trabalhadores do setor público. Seu governo imaginou ser possível “humanizar” o capitalismo, combinando uma prática de privatização dos fundos públicos que atende tanto aos interesses do sindicalismo de negócios (interessado nos fundos de pensão), como ao sistema financeiro, que efetivamente domina a política econômica de seu governo.

No campo sindical, o chamado sindicalismo combativo foi solidamente cooptado pelo governo Lula. Recentemente, em 2008, o governo Lula tomou uma decisão que inclusive acentua o controle estatal dos sindicatos – velho traço do sindicalismo brasileiro – ao determinar que as centrais sindicais passassem a receber o Imposto Sindical, criado na Era Vargas no final dos anos 1930. Na recente medida aprovada pelo governo, ao mesmo tempo em que as centrais foram legalizadas (o que é positivo), elas passaram a ter o direito de recolher o Imposto Sindical. E vale recordar que a própria CUT surgiu contrária a este imposto. A Força Sindical, por outro lado, visto que nasceu como uma mescla de neopeleguismo e influência neoliberal, sempre foi favorável ao Imposto Sindical. Atualmente, ambas têm propostas e ações frequentemente muito semelhantes.

Sem mencionar o fato de que, durante o governo Lula (e agora Dilma), há centenas de ex-sindicalistas que recebem altos salários e comissões pela sua participação nos conselhos de empresas estatais, de ex-estatais (privatizadas), em conselhos de fundos de pensão, além de inumeráveis cargos ministeriais e comissões criadas pelo governo, aumentando a dependência, a maridagem e a cooptação de ex-líderes sindicais que se encontram dentro do aparelho de Estado.

Por isso, os governos Lula/Dilma, contam com o apoio de uma forte parcela da burocracia sindical que entrelaçou o Estado na dependência do dinheiro público e, desse modo, garante o apoio das cúpulas sindicais ao governo.
A CUT e a Força Sindical, inimigas no passado, convivem hoje nos mesmos ministérios do governo e vivem decisivamente na dependência dos orçamentos públicos.

O novo sindicalismo brasileiro dos anos 1970-1980, que nasceu fora dos marcos da socialdemocracia sindical, pouco a pouco se tornava uma espécie de cópia tardia daquela tendência sindical. Começava, então, a desmoronar o novo sindicalismo que agora parecia envelhecer precocemente. A política dos “convênios”, “apoios financeiros”, “associações” com a socialdemocracia sindical, especialmente europeia, levada a cabo por mais de duas décadas de forma intensa acabou, pouco a pouco, neste quadro de mudanças profundas, contaminando fortemente o sindicalismo de classe no Brasil que, desprovido de um perfil político e ideológico de classe, se foi socialdemocratizando, num contexto, vale recordar, de neoliberalização da própria socialdemocracia sindical.

Este processo terminou por metamorfosear a CUT, nascida com uma proposta independente e com claros contornos classistas, em uma Central sindical cada vez mais burocratizada, institucionalizada, negociadora, subordinada ao Estado.

Além da CUT, temos no campo de centro-esquerda, a Força Sindical, que combina elementos de neoliberalismo com o velho sindicalismo “pelego” que se “modernizou”, além de várias pequenas centrais, como a CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), a UGT (União Geral dos Trabalhadores) e a Nova Central. Com a crescente aproximação entre a CUT e a Força Sindical, se originou no Brasil uma curiosa variante de sindicalismo negociador de Estado que exercita a política de concertação com as empresas e se fia nos recursos estatais para garantir seu domínio e cooptação.

No campo da esquerda sindical tradicional, mesmo que assumindo uma posição de apoio ao governo Lula, temos a recém-formada CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), que se originou na Corrente Sindical Classista, vinculada ao Partido Comunista do Brasil (partido que em seu passado esteve ligado à China e influenciado pelo maoísmo), que se desfiliou da CUT em 2007 para assim receber também o Imposto Sindical.

Como se pode ver, são inumeráveis os desafios que se apresentam para que possa ocorrer novamente uma reorganização do sindicalismo de base e de classe no Brasil, depois da derrota da CUT e do que se chamou de novo sindicalismo.
A crescente individualização das relações de trabalho, a tendência das empresas a buscar quebrar o espírito de solidariedade e consciência de classe e desorganizar ainda mais os trabalhadores dentro das fábricas, são desafios decisivos.

Combater a ideia falsa de que os trabalhadores não são mais operários, mas “colaboradores” – prática recorrente das empresas que pretendem dissimular a contradição existente entre a totalidade do trabalho social e a totalidade do capital, o que venho denominando de nova morfologia do trabalho –, é um imperativo fundamental neste processo de reorganização sindical.

Algumas experiências e desafios mais recentes do sindicalismo de classe

No campo da esquerda sindical anticapitalista, há um esforço para criar novos pólos de organização, resistência e confrontação, aglutinando os setores claramente socialistas e anticapitalistas junto à Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) e à Intersindical.

A Conlutas foi criada recentemente como embrião de uma nova central de trabalhadores, rompendo com a CUT e tendo como principal força política de apoio o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados), além de incorporar alguns setores do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e outros setores independentes.
A Conlutas se propõe a organizar não só os sindicatos, mas também os movimentos sociais extra-sindicais e cresceu em importância no último período, avançando na oposição ao governo Lula e agora ao governo Dilma. Lutando contra perdas de direitos e buscando organizar um amplo espaço de forças sociais do trabalho em um sentido amplo, que hoje está fora das organizações existentes.

A Intersindical é também oriunda dos setores críticos que romperam com a CUT, conta com boa presença de militantes sindicais do PSOL, ex-militantes do PT e outros setores independentes de esquerda.
A Intersindical tem um perfil mais acentuadamente sindical, voltando-se à reorganização do sindicalismo de classe. A Intersindical se encontra hoje dividida: uma parte está a favor da fusão com a Conlutas, criando então uma nova central; e outra parte é contrária à criação de uma nova central, optando por uma reorganização de base, de certo modo inspirado na experiência anterior das oposições sindicais.

Ambas, Conlutas e Intersindical, cada uma à sua maneira, buscam oferecer respostas em oposição à conversão da CUT em uma central institucionalizada, verticalizada e dependente do Estado.
Dois são emblemáticos. O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e São José dos Campos (Conlutas) e o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas (Intersindical). Eles rechaçam as políticas de concertação, recusam a prática nefasta do “banco de horas” (partilha do desemprego), realizam greves importantes e não aceitam o dinheiro público que subordina os sindicatos ao Estado.

A luta contra a destruição de direitos e a precarização do trabalho são centrais em suas ações cotidianas.
Veja-se os exemplos seguintes, que dão uma noção do nível de exploração do trabalho no Brasil. Na produção de cana-de-açúcar (etanol) os anos de vida dos trabalhadores, em algumas regiões do norte do país, são menores que nos tempos da escravidão, no século XIX, o que obriga os sindicatos rurais a lutar contra a degradação do trabalho semi-escravo no campo. Um trabalhador ou uma trabalhadora pode cortar em média entre 10 (São Paulo) e 18 (Maranhão) toneladas de cana por dia, dando milhares de faconadas, o que destrói seu corpo produtivo. Há inumeráveis casos de trabalho escravo em fazendas e no agronegócio, que tanto encanta o Lula.

Imigrantes bolivianos trabalham no ramo de confecções na indústria têxtil no centro de São Paulo. Têm jornadas que chegam a 17 horas por dia, completamente desprovidos de direitos.

São alguns exemplos. Então, como organizar esse conjunto ampliado, heterogêneo e disperso universo dos trabalhadores e trabalhadoras? É o maior desafio.
Além disso, é plenamente atual a luta pela autonomia, liberdade e independência sindical em relação às novas formas de dependência do Estado na Era Lula.
Outro desafio central é buscar a criação de um pólo sindical, social e político pela base, que procure oferecer ao país um programa de mudanças anticapitalistas, combatendo as causas reais e históricas que mantêm a estrutura social e política da dominação burguesa no Brasil.

É decisivo, portanto, buscar uma estrutura de organização sindical capaz de ampliar e intensificar as lutas sociais dos trabalhadores urbanos e rurais, que elimine a superexploração do trabalho particularizado pelo capitalismo brasileiro, incentivando, ao contrário, as formas de produção voltadas às necessidades vitais da produção trabalhadora, à produção de bens socialmente úteis, oferecendo respostas concretas à tragédia que assola a vida cotidiana do ser social que trabalha no Brasil.

Compreender o desenho heterogêneo e multifacético que caracteriza a nova morfologia da classe trabalhadora se torna imprescindível, com o objetivo de eliminar a fratura que separa os trabalhadores e trabalhadoras estáveis e precários, homens e mulheres, jovens e velhos, nacionais e imigrantes, brancos e negros, qualificados e desqualificados, empregados e desempregados, entre tantas outras diferenciações.

Se a classe trabalhadora no mundo contemporâneo é mais complexa e heterogênea que aquela existente durante o período da expansão do fordismo, o resgate do sentido de pertença (Alain Bihr), contra as incontáveis fraturas objetivas e subjetivas impostas pelo capital, é um dos desafios mais urgentes. Isso, a nosso entender, só é possível partindo das questões vitais que emergem no espaço da vida cotidiana: trabalho, tempo de trabalho e de vida; degradação ambiental, produção destrutiva, propriedade (incluindo a intelectual), mercantilização de bens (água, alimentos), são alguns temas certamente vitais, que os sindicatos não podem deixar de considerar.

Romper a barreira imposta pelo capital, entre ação sindical e ação parlamentar, entre luta econômica e luta política, articulando e fundindo as lutas sociais, extra-parlamentares, autônomas, que dão vida às ações de classe, se torna crucial. Como o capital exerce um domínio fundamentalmente extra-parlamentar (István Mészaros), é um grande erro querer derrotá-lo com ações que se reduzem ou privilegiam o âmbito da institucionalidade. Um sindicalismo de classe deve, portanto, articular intimamente luta social e luta política.

Aqui, a experiência do MST. Criado em 1984, o MST tem como centro de sua ação a organização de base dos trabalhadores do campo. Em sua ação de enfrentamento, o MST não prioriza a ação institucional ou parlamentar (que é concebida como um desdobramento e não o centro de sua luta), mas que sustenta sua força e vitalidade na luta social pela base, tendo nas ocupações e assentamentos sua forma prioritária de luta. Sua ação central parte de um elemento vital: a terra e sua posse como busca de um novo modo de vida, com claros elementos coletivos. A terra significa trabalho, vida, alimentação, sociabilidade, etc. O ponto de partida é uma questão vital.

Mesmo que o MST tenha sua origem nos trabalhadores rurais, foi incorporando crescentemente trabalhadores expulsos das cidades que retornam ao campo desempregados, articulando experiências cotidianas oriundas do mundo do trabalho rural e urbano.
Com esta força social, o MST é o mais importante movimento social e político do Brasil, ao praticar diariamente a fusão entre luta social e luta política como eixo central de suas ações.

Cito outro exemplo latino-americano. Na Argentina, vimos o florescimento, no marco da crise de dezembro de 2001, de novas formas de enfrentamento social, como a explosão do movimento dos trabalhadores desempregados, os piqueteiros que “fecham estradas” para impedir a circulação de mercadorias; ou como expressão da luta dos trabalhadores em torno das empresas “recuperadas”, ocupadas durante o período mais crítico da crise argentina, que chegaram a ser cerca de 200 empresas sob o controle-direção-autogestão dos trabalhadores.

Foram, ambas, respostas importantes frente ao desemprego e que assinalavam novas formas de lutas sociais e políticas do trabalho, impulsionadas pelas massas de desempregados que se expandiram naquele período, mesmo que, no caso dos piqueteiros, o movimento tenha sofrido um forte refluxo (e cooptação por parte do governo Kirchner), devido também à sua relativa atomização organizativa. E as fábricas ocupadas encontram um enorme obstáculo ao se relacionar com o mundo do mercado e sua lógica destrutiva. Mas, junto com os sindicatos de classe, foram experiências recentes de organização das forças sociais do trabalho.

Há, portanto, um desenho heterogêneo e multifacetado que caracteriza a nova morfologia do trabalho no Brasil. Para além das fraturas entre os trabalhadores estáveis e precários; de gênero, geracional e étnica; entre os trabalhadores qualificados e desqualificados, empregados e desempregados; além da necessidade imperiosa de superar o produtivismo em favor de uma concepção ambiental que articule ecologia e trabalho, temos ainda as estratificações e fragmentações que se acentuam em função do crescente processo de internacionalização do capital, entre tantos outros desafios.

Para compreender a nova morfologia do trabalho é preciso, então, partir de uma concepção ampliada de trabalho, que abarca a totalidade dos assalariados, homens e mulheres que vivem da venda de sua força de trabalho (incluindo também os desempregos) e que não se restrinja exclusivamente aos trabalhadores manuais diretos.

Os sindicatos e demais formas de representação das forças sociais do trabalho devem procurar compreender e incorporar a totalidade do trabalho social e coletivo que vende sua força de trabalho como mercadoria, seja esse trabalho predominantemente material ou imaterial, nas tecnologias de informação e comunicação – o chamado infoproletariado ou cyberproletariado que tem papel de destaque na criação de valor hoje –, seja aquele enorme contingente sobrante de fora do trabalho que não encontra emprego, os desempregados, mas que são parte constitutiva da classe trabalhadora (e também da lei do valor).

Se a indústria taylorista e fordista é, enquanto tendência, mais parte do passado que do presente, como imaginar que um sindicalismo organizado verticalmente possa representar esse novo heterogêneo mundo do trabalho?

É preciso desenhar um sindicalismo horizontal (Alain Bihr) que contemple as múltiplas formas de ser do trabalho. Dito de outra maneira, a nova morfologia do trabalho obriga a repensar uma nova morfologia dos organismos de representação do trabalho, da qual os sindicatos são parte.
Mas, assim como a passagem do século XIX para o século XX gerou a criação de um novo tipo de sindicalismo de massa taylorista-fordista, a virada do século XX para o XXI está exigindo um novo sindicalismo de classe que aglutine a classe-que-vive-do-trabalho e sua nova morfologia.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - On-Line - Dia 25/02/2011 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40938

INACREDITÁVEL: Uma em 4 mulheres relata maus-tratos durante parto

 
LAURA CAPRIGLIONE
 
Queixa é mais frequente em hospital público, mas ocorre também em particular
Agressões vão de exames dolorosos a xingamentos e gritos;
secretário diz que situação é intolerável

 Chorando em um hospital, agulhada pelas dores das contrações do parto, mulheres brasileiras ainda têm de ouvir maus-tratos verbais como: "Na hora de fazer não chorou, não chamou a mamãe. Por que tá chorando agora?"; ou "Não chora não que no ano que vem você está aqui de novo"; ou ainda "Se gritar, eu paro agora o que estou fazendo e não te atendo mais".
 
Uma em cada quatro mulheres que deram à luz em hospitais públicos ou privados relatou algum tipo de agressão no parto, perpretada por profissionais de saúde que deveriam acolhê-la e zelar por seu bem-estar.
 
São agressões que vão da:
  • recusa em oferecer algum alívio para a dor,
  • xingamentos,
  • realização de exames dolorosos e contraindicados
  • até ironias,
  • gritos
  • e tratamentos grosseiros com viés discriminatório quanto a classe social ou cor da pele.
Os dados integram o estudo "Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado", realizado em agosto de 2010 pela Fundação Perseu Abramo e pelo Sesc e divulgado agora.
 
A Folha obteve com exclusividade o capítulo "Violência no Parto", que pela primeira vez quantificou à escala nacional, a partir de entrevistas em 25 unidades da Federação e em 176 municípios, a incidência dos maus-tratos contra parturientes.
Coordenado pelo sociólogo Gustavo Venturi, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, o estudo constatou uma situação que Janaina Marques de Aguiar, doutora pela Faculdade de Medicina da USP, já tinha captado em estudos qualitativos. "Quanto mais jovem, mais escura, mais pobre, maior a violência no parto."
 
O estudo mostra, por exemplo, que as queixas são mais frequentes no caso de o local do parto ser a rede pública, com 27% das mulheres reportando alguma forma de violência. Em 2009, foram quase 2 milhões de partos feitos nas unidades do Sistema Único de Saúde. Quando a mulher dá à luz em um serviço privado, as queixas caem a 17%.
 
Ressalta no estudo a diferença de tratamento em municípios pequenos, médios e grandes. Quanto maior o município, maior a incidência de queixas.
Segundo Sonia Nussenzweig Hotimsky, docente da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a diferença pode ser atribuída à "industrialização" do parto nos grandes hospitais. "Em uma cidade pequena, as pessoas acabam se conhecendo e o tratamento tende a ser mais humanizado".
 
Desde 2004, o Ministério da Saúde tem entre suas prioridades a humanização do parto. Mesmo assim, até hoje não conseguiu nem sequer universalizar o direito das parturientes a um acompanhante de sua confiança, conforme lei de 2005.
Segundo Helvécio Magalhães Jr., secretário de Atenção à Saúde do ministério, a situação "é intolerável". Segundo ele, "a humanização do parto está no centro da política de saúde do governo". Sobre a lei do acompanhante, o secretário diz que é essencial seu cumprimento até para "coibir os abusos".
 
Fonte: Folha de S. Paulo - Dia 24 de fevereiro de 2011 - Pg. C1 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2402201101.htm

Metade da população brasileira será cristã evangélica até 2020

 
Uma organização de missões internacionais anunciou que os evangélicos devem chegar a 57,4 milhões no Brasil neste ano, de acordo com a taxa de crescimento anual de evangélicos de 7,42%.

A reportagem é de Andrea Marcela Madambashi, publicada no sítio Christian Post Correspondent, 20-02-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Pesquisadores da Servindo aos Pastores e LíderesSEPAL anunciaram esse dado de 2011 na segunda-feira passada, com base nos resultados de seu pioneiro estudo do ano passado que previu a taxa de crescimento evangélico no Brasil ao longo da próxima década.
A Sepal realizou este estudo utilizando os dados do Censo 2000 do Brasil, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, e outras informações de um estudo realizado em março de 2007 pelo Datafolha.

Com base em dados de ambas as fontes, a Sepal concluiu que mais da metade da população do país será evangélica em menos de uma década.
"Acreditamos que 52% da população será evangélica até 2020, ou cerca de 109,3 milhões de evangélicos em uma população total de 209,3 milhões", disse o pesquisador Luis André Brunet, da Sepal, em entrevista ao The Christian Post desta semana.

Brunet disse que os dados têm uma exatidão de 95%, dado que a taxa de crescimento evangélico de 1990 a 2000 permanecerá constante nos próximos 40 anos.

Em 2010, a revista Época divulgou dados de estudos sobre o crescimento evangélico. Os entrevistados incluíram teólogos e antropólogos, que concordaram unanimemente que os evangélicos estavam influenciando cada vez mais todas as esferas da vida brasileira – concluindo que a presença evangélica tem contribuído para a queda no alcoolismo, o aumento do número de matrículas nas escolas e a redução do número de lares desfeitos.

No entanto, Brunet foi rápido em apontar que os cristãos devem "pensar além dos números" antes de tirar conclusões.
"Se considerarmos duas linhas de pensamento, não está acontecendo um renascimento no Brasil", disse, acrescentando que esse renascimento se caracteriza não apenas pela "conversão em massa de pessoas, mas também por mudanças profundas no pensamento social – influenciadas por cristãos renascidos".

Primeiro, Brunet atribuiu o crescimento à "agressiva expansão evangélica, à adoção de regras [eclesiais] mais flexíveis, à abertura da sociedade à vida cristã e a uma classe média cada vez mais influente".
Brunet também citou uma presença evangélica substancialmente mais fraca na região Nordeste do Brasil. Segundo o pesquisador, essa região pode ser dividida em A e B:
A parte "A" representa as praias e os grandes ambientes urbanizados, onde a taxa de crescimento evangélico está em níveis modestos, mas aceitáveis. A parte "B" abrange as áreas rurais, onde os evangélicos raramente ultrapassam 1% da população local.

Em segundo lugar, disse Brunet, o crescimento evangélico tem sido posto em xeque por "fortes raízes católicas romanas na população, além de um antigo misticismo". Além disso, piores condições de estrada e o difícil acesso aos meios de comunicação também contribuem para as dificuldades na expansão evangélica.
Além das condições sociais, acrescentou Brunet, o crescimento da igreja tem sido dificultado por questões internas, especialmente as que envolvem finanças.
"Na verdade, a razão para isso é que a renda é tão mínima que a missão não pode se autossustentar no longo prazo", continuou Brunet.

Em um estudo de caso da Sepal, a cidade de Quinze de Novembro tem cerca de 80,4% de evangélicos, enquanto sua cidade vizinha, Alto Alegre, tem apenas 0,28%.
"A cidade mais evangelizada está ao lado de uma das cidades menos evangelizadas do país", comentou Brunet, enfatizando que o Brasil tem uma "liderança em grande parte despreparada, que carece de direção em teologia, eclesiologia e missiologia".

"A vida vai mudar em um país de maioria protestante?", perguntou, expressando sua preocupação de que a crescente prosperidade do Brasil pode tentar os líderes cristãos a se voltar ao materialismo.
"A classe média deve dobrar no próximo ano", disse Brunet, dizendo que há sinais de que líderes mais materialistas começaram a guiar o seu rebanho perdido com a teologia da prosperidade. Além disso, afirmou, os evangélicos devem superar a "superficialidade da vida no povo brasileiro".

"Vemos isso [a superficialidade] entre os evangélicos brasileiros hoje, e parece que isso permanecerá nos próximos anos, acelerando a dualidade entre a 'vida religiosa' e a 'vida secular' que já existe hoje", disse. "A religião é o suspiro da criatura oprimida, a alma de um mundo sem coração... É o ópio do povo. Isto é, qualquer impulso humano causado pela insatisfação por razões políticas, econômicas ou sociais".
Brunet mencionou que "o egoísmo e o individualismo presentes nestes dias também podem ser vistos na vida religiosa".
"Embora alguns crentes se preocupam com os seus vizinhos – em outras palavras, com as outras pessoas –, podemos dizer que a maioria só está preocupada com o seu bem-estar", disse.

Neste momento, os pesquisadores da SEPAL estão esperando os resultados do Censo 2010 do IBGE para confirmar a taxa de crescimento de evangélicos projetada na população brasileira. Ao fazer isso, a SEPAL irá criar um mapa com base na comparação de dados antigos e novos.
Em conclusão, acredita Brunet, mudanças positivas podem ocorrer – incluindo a criação de instituições mais fortes que representam os evangélicos "que gritam alto para o mundo de Deus".
"Precisamos realmente orar ao Senhor dos céus para que essa transformação do Brasil possa ser genuína, de acordo com as normas apresentadas no Evangelho de Cristo".

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - On-Line - Dia 25/02/2011 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40944

Ganhos dos grandes bancos crescem 28% em 2010


Os grandes bancos brasileiros (Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa, Santander, Safra, Banrisul e BNB) lucraram R$ 44,7 bilhões no ano passado. O volume é 28,1% maior que o resultado das instituições em 2009, quando obtiveram lucro líquido de R$ 39,4 bilhões. Os dados são de levantamento preparado pela Austin Rating.

A reportagem é de Roberta Scrivano e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 23-02-2011.

Luís Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, explica que os bons resultados do ano passado ocorreram sobretudo pelo aumento nas carteiras de crédito e pela diminuição do saldo de provisão dos bancos (ou seja, dinheiro que reservam para cobrir perdas com calote). "A combinação desses dois fatores contribuiu fortemente para os resultados dos bancos", avalia Santacreu.

Outro fator que colabora historicamente para os bons resultados dos bancos, diz Fabio Gallo, professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), são as tarifas cobradas pelas instituições nos produtos oferecidos aos clientes. "Não é só o crédito, embora o peso seja realmente grande para os bons resultados", comentou Gallo.

O analista da Austin Rating concorda com o comentário do professor Gallo. "As receitas de serviços dos bancos também cresceram no ano passado. Isso mostra que há um portfólio de produtos diversificados, fato que colabora com o aumento do lucro", completou.
Santacreu salientou que as medidas tomadas pelo governo no fim do ano para reduzir o volume de crédito de longo prazo à pessoa física não impactaram os dados de 2010. "Justamente porque foram no fim do ano e os números de 2010 já estavam garantidos", comenta.

Em 2010, o melhor resultado foi obtido pelo Itaú Unibanco (R$ 13,3 bilhões). No ano anterior, o banco havia ficado em segundo lugar no ranking de melhores lucros líquidos (com R$ 10 bilhões). O Banco do Brasil, que liderava a listagem em 2009 (lucro de R$ 10,1 bi), passou para o segundo lugar neste ano, com ganho de R$ 11,7 bilhões. O Bradesco manteve-se na terceira posição, com lucro de R$ 10 bilhões em 2010 e R$ 8 bilhões em 2009.

Futuro

O crédito foi o carro-chefe do ano passado, afirmam especialistas em finanças. Com as medidas governamentais para conter o volume de empréstimos, no entanto, a tendência é de que o volume de concessão de crédito desacelere no decorrer de 2011, fato que pode impactar no resultado dos bancos.

"Os dados dos bancos relativos ao primeiro trimestre deste ano mostram que 2011 será diferente do ano passado", considera Santacreu. Ele esclarece que acredita que as carteiras de crédito continuarão crescendo, mas de forma menos robusta.

Projetar de quanto será o crescimento dos bancos é tarefa impossível, diz o analista da Austin. "É muito cedo para dizer o que vai ocorrer com o resultado das instituições", comenta.
Gallo concorda. "Há diversos fatores macroeconômicos que podem impactar nos bancos", comenta.
Evolução da taxa básica de juros (Selic) e inflação são as duas principais variáveis a serem observadas antes de tentar prever o que ocorrerá com os bancos. "Eles continuarão crescendo, óbvio. Mas creio que, neste ano, o ritmo será mais lento que o do ano passado", estima o professor da FGV.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Dia 23 de fevereiro de 2011 - Internet: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110223/not_imp683213,0.php

O Vaticano busca fazer as pazes com o Big Bang


Se o Big Bang foi o princípio de todas as coisas, o que veio então antes? Esta é uma das perguntas colocadas em uma nova página na internet aberta conjuntamente pelo Vaticano e a comunidade científica italiana.
A matéria é da BBC, 22-02-2011. A tradução é do Cepat.

Deixando de lado séculos de desconfiança entre a religião e a ciência, a intenção da página é oferecer ao público um maior entendimento de ambos os lados.

A página, que estará disponível em italiano e em inglês, contará com informações de todo tipo, desde astronomia até teologia, missões espaciais ou questões de filosofia e arte.
Terá três portais, um para a audiência geral, outro para os estudantes e seus professores e outros para crianças em idade escolar.

Em cada portal existirá uma grande variedade de plataformas multimídia, inclusive uma que seguirá todos os
dados recolhidos por satélites e sondas não tripuladas.
A iniciativa está sendo organizada de forma conjunta pelo Vaticano e a Agência Espacial Italiana (ASI, na sigla em italiano).

O Monsenhor Gianfranco Basti, decano do Departamento de Filosofia da Universidade Pontifícia Lateranense, é um dos porta-vozes da iniciativa. “Do ponto de vista da Igreja, trata-se de mostrar às pessoas religiosas que os cientistas não são os inimigos e fazer os cientistas verem que os crentes também não são os inimigos. O objetivo de ambas as partes é reconciliar-se pelo bem da humanidade”.

Para Piero Benvenuti, da ASI, trata-se mais do entendimento da realidade. “A ciência pode ajudar, mas temos que aceitar que ela não tem todas as respostas”, afirma.

Enquanto o Vaticano se preocupará com a seção teológica da página na internet, a ASI se encarregará do conteúdo científico, incluindo as últimas informações sobre as missões espaciais da Europa e dos Estados Unidos.

Os vínculos da Igreja católica com a astronomia remontam ao século XVI, quando o Papa Gregório XIII criou um comitê para estudar os dados científicos relevantes.
A partir de então, o Vaticano manteve seu interesse na pesquisa astronômica com algum grau de continuidade. Seu primeiro observatório foi construído na Itália no final do século XVIII.

Em 1993, foi concluído o telescópio de Tecnologia Avançada do Vaticano no Observatório Internacional de Monte Graham (foto acima), no Arizona, e é considerado por muitos como o melhor lugar astronômico na zona continental dos Estados Unidos.

Mas houve um tempo em que a Igreja foi hostil àqueles que desafiavam os ensinamentos ortodoxos. No centro de Roma ainda se pode ver uma estátua de Giordano Bruno, frade dominicano que foi queimado na fogueira em 1600 por sugerir que o universo era infinito.

Galileu, o matemático e astrônomo do século XVII, também se imiscuiu em terrenos pantanosos com a Igreja quando afirmou que a Terra girava em torno do sol.
A Igreja católica percorreu desde então um longo caminho e não persegue aqueles que tratam de explicar o universo em termos científicos.
Onde existem explicações científicas, a Igreja afirma que devem ser aceitas. Onde não as há, a fé pode exercer um papel. A Igreja afirma que são realidades paralelas, não opostas.
“Posso crer em Deus e ao mesmo tempo aceitar as teorias de Einstein que afirmam que o tempo nunca existiu”, disse Monsenhor Basti. O professor Benvenuti está de acordo com esta dupla verdade. “Não posso, como cientista, demonstrar que o amor existe, mas sei que está aí”, afirma.

Da mesma forma o principal astrônomo do Vaticano afirmou recentemente que seres inteligentes criados por Deus poderiam existir em outros planetas e que a vida alienígena não contradiz a doutrina da Igreja.
Esta é a razão pela qual o Vaticano apóia a nova página na internet, que apresenta uma estranha mistura de dados puros e duros com interpretações filosóficas. Trata-se de unir as diferenças que separam os fatos e a fé, o que se pode explicar cientificamente e o que não.

A força das crenças cristãs e o rigor do esforço científico convertem o sítio em uma ferramenta única, levando a mensagem de que, quando se trata de nossas origens, as provas e as crenças podem coexistir pacificamente.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - On-Line - Dia 23/02/2011 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40873

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

POR QUE ESTÁ EM CRISE O SONHO DA CONVIVÊNCIA?


Alain Touraine

De acordo com o primeiro-ministro inglês David Cameron e a Chanceler alemã Angela Merkel é necessário abandonar a ideia da convivência entre grupos com tradições diferentes. E, na Europa, reabre-se a discussão. Sem integração, o respeito à diversidade produz o antagonismo entre ética e prática que termina por minar a coexistência civil. As leis nacionais devem sempre prevalecer sobre os costumes dos países dos quais proveem os imigrantes.

O artigo é de Alain Touraine e publicado pelo jornal La Repubblica, 10-2-2011. A tradução é de Anete Pezzini.

Eis o artigo.

Quando se fala sobre as relações entre culturas diferentes dentro de uma mesma sociedade é necessário
evitar simplificações e esquemas, subtraindo-se à tentação do ou-ou entre assimilação e multiculturalismo.
Duas posturas contrapostas que, nas suas versões mais intransigentes, tornam-se ambas irreais e, portanto, falimentares.

Na França, onde se pensava de poder integrar os imigrantes, assimilando-os em uma identidade nacional, hoje eles são prisioneiros dos guetos, lutando contra um desemprego altíssimo e uma discriminação cada vez mais acentuada.

Na Inglaterra, David Cameron - como por outro lado Angela Merkel na Alemanha - denuncia os limites do multiculturalismo, em que a defesa das diferenças culturais no final das contas produziu contraposições inaceitáveis e a rejeição dos direitos dos outros. Em ambos os casos, prevaleceu um comunitarismo intransigente que resiste a qualquer integração.

O projeto de uma sociedade multicultural está, portanto, em crise. A causa deve ser buscada, sobretudo na falta dos fatores de integração que deveria ter acompanhado tal projeto. Sem integração, de fato, o repeito à diversidade cultural produz o antagonismo de práticas, valores e tradições, em que ausência de um terreno comum termina por minar a coexistência civil.

A ideia de que comunidades culturais, étnicas ou religiosas diferentes possam continuar a viver em uma mesma nação, conservando suas tradições, seus valores e sua identidade, nasceu exatamente na Inglaterra, que à época pensava, sobretudo nas diferentes comunidades provenientes do império britânico e, consequentemente, unificadas pela língua inglesa. Além de tudo, o multiculturalismo surgiu em um contexto de crescimento econômico e de fortalecimento da identidade nacional. Como muita coisa sucedeu nos Estados Unidos, um país de imigrantes, no entanto, desenvolveu imediatamente dois fatores potentes de unidade: o sistema jurídico e o mercado de trabalho.

O multiculturalismo, de fato, pode existir somente se, contemporaneamente, fortalece-se a unidade nacional, no plano social e no econômico, mas também em termos de valores compartilhados que fundam a pertença à cidadania e à identidade coletiva.

Hoje a Inglaterra não tem mais a capacidade de integração que tinha no passado. O mesmo vale para a França e até mesmo - em parte - para os Estados Unidos. Um pouco em toda a parte assistimos à consciência da identidade nacional debilitar-se.

A globalização, a crise de valores, a conjuntura econômica debilitam os Estados, que, por essa razão, não estão mais em condições de contrabalançar com a integração as reivindicações do comunitarismo. Reivindicações sempre mais extremistas que, amiúde, nasceram como reação à xenofobia e à islamofobia em crescimento em todo o Ocidente, até por causa das tensões internacionais produzidas no 11 de setembro e na guerra do Iraque.

Reconhecer os limites de uma sociedade multicultural não significa, todavia, renunciar ao respeito às outras culturas e ao diálogo, que sempre é um fator positivo. No entanto,  isso não se pode reduzir simplesmente à tolerância, até porque, de vez em quando, atrás dela esconde-se um sentimento de superioridade. Toleramos de fato aqueles que consideramos inferior. O multiculturalismo mais radical, que defende uma tolerância absoluta, nasce frequentemente de um sentimento de superioridade econômica, cultural e social.

Respeitar as outras culturas é uma operação muito complexa, motivo pelo qual a tolerância que me interessa é aquela que defende os direitos das minorias em nome dos direitos universais, como foi feito no passado para os direitos da mulher. Quem, em nome do relativismo cultural, põe em causa o valor universal dos direitos do homem comete um grave erro, porque todos os nossos direitos específicos foram sempre conquistados em nome de tais valores universais. Não tem sentido abandoná-los. Devemos, todavia, demonstrar que o universalismo dos direitos do homem é conciliável com o respeito aos direitos culturais das comunidades diferentes, as quais, por sua vez, devem reconhecer o valor dos princípios universais. Somente assim é possível viver juntos sem conflitos. Em suma, a maioria deve respeitar os direitos da minoria, com a condição de que a minoria respeite aqueles da maioria. E, quando uma comunidade se recusa a fazê-lo, então necessita fazer-lhe respeitar a lei que incorpora os direitos de todos. As leis nacionais devem sempre vencer a tradição dos países de proveniência.

Vivemos em um mundo móvel, em que a nossa sociedade continuará inevitavelmente a acolher os migrantes até porque precisamos deles. A presença de suas tradições culturais produzirá uma forma de hibridação que enriquecerá a nossa cultura. Por isso devem ser respeitadas. Mas como eu disse, a tolerância somente não basta, dado que não pode existir reconhecimento de identidade sem integração social e nacional. Somente o sentido de pertença da identidade coletiva fortalece-se, torna-se possível reconhecer as diferenças culturais. Somente reforçando as políticas de igualdade torna-se possível aceitar as diferenças. É preciso ser iguais e diferentes.

Na prática, além de exigir o respeito às leis nacionais por  parte de todas as comunidades, é necessário combinar multiculturalismo e assimilação, procurando integrar as outras culturas, mas dando-lhes a possibilidade de expressar-se. Somente assim se combatem contemporaneamente o comunitarismo e a xenofobia.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - On-Line - Dia 24/02/2011 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40933

Educação perde R$ 1 bilhão; corte atinge universidade


Do corte de R$ 50 bilhões no Orçamento anunciado pela equipe econômica, R$ 1 bilhão deverá vir do Ministério da Educação, dos R$ 70 bilhões autorizados inicialmente para a pasta.

A informação é de Ângela Pinho e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 24-02-2011.

O MEC ainda não definiu quais dos seus programas perderão recursos, mas uma parte da conta ficará para as universidades federais.

Na semana passada, o secretário de Educação Superior da pasta, Luiz Cláudio Costa, pediu a reitores que avaliassem a possibilidade de cortar 10% dos recursos para custeio - como água, luz e assistência estudantil- e 50% do dinheiro destinado a diárias e passagens.

A decisão deixou contrariado o dirigente da UnB (Universidade Federal de Brasília). Em nota divulgada na semana passada no site da universidade, o reitor em exercício, João Batista de Sousa, afirma que o valor pode comprometer as atividades da instituição.
"É um valor alto, ainda mais se considerarmos que os recursos do governo já não são suficientes para manter as nossas atividades", diz.

Apesar do corte, a pasta assegura, por outro lado, que estão garantidas as nomeações para técnicos e professores de universidades.
A presidente Dilma Rousseff já assinou medida provisória permitindo a contratação de professores em caráter temporário para novas universidades ou unidades de instituições já existentes.

O MEC informou que essas vagas durarão no máximo dois anos e que ao final do período haverá concurso.
O contingenciamento do Orçamento da Educação no ano passado foi maior do que o anunciado agora (cerca de R$ 2 bilhões), mas boa parte do dinheiro foi liberada ao longo do ano.

Fonte: Folha de S. Paulo - Dia 24 de fevereiro de 2011 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po2402201121.htm

Estudo mostra os beneficiários da destruição na Amazônia

 
"Os frigoríficos Bertin e JBS Friboi formaram, em 2009, a maior companhia do mundo no segmento de proteína animal do mundo.  Porém, ao se unirem e construírem uma planta industrial, o grupo adquiriu madeira de empresa que já recebeu matéria-prima de fazenda com área embargada pelo Ibama".
A reportagem é de Thais Jervolino e publicado por Amazonia.org.br, 23-02-2011.

Esse é um dos diversos casos de grandes empresas envolvidas com a cadeia produtiva predatória que ilustram a pesquisa "Quem se beneficia com a destruição da Amazônia", lançada pelo Conexões Sustentáveis: São Paulo - Amazônia, iniciativa que busca mobilizar as cadeias de valor dos setores da pecuária, da madeira e da soja por meio de pactos setoriais para a preservação da floresta amazônica e seus povos.

De acordo com Leonardo Sakamoto, coordenador da ONG Repórter Brasil, um dos autores do estudo, grandes empresas como Casas Bahia e Magazine Luiza estão relacionadas com o desmatamento, ao comprar produtos de fornecedores ligados a crimes socioambientais na Amazônia.  "O desafio é colocar o desenvolvimento sustentável sem impedir que classes sociais mais baixas tenham acesso aos produtos, já que produtos ilegais não possuem o mesmo valor do que o sustentável", explica.

Um dos objetivos do estudo é alertar as empresas e os consumidores sobre a importância de adotar modelos de negócios que não financiem a exploração predatória dos recursos naturais, a exploração desumana de trabalhadores ou que cause danos às populações tradicionais.

Outro autor da pesquisa, Marques Casara, diretor da empresa Papel Social, destaca a influência do governo na ilegalidade.  "Hoje há novas formas de fraudar a extração de madeira e elas são perpetuadas pelo próprio Estado.  Na Secretaria do Meio Ambiente do Pará há uma quadrilha que frauda o sistema de controle.  No Mato Grosso, funcionários do alto escalão foram pegos em um escândalo de esquentamento de madeira", diz.

De acordo com a pesquisa, ao destacar algumas cadeias produtivas que impactam o meio ambiente, a intenção não é "procurar culpados (até porque, em última instância, todos nós, consumidores, somos responsáveis), mas unir esforços para resolver o problema e monitorar a solução.  Com a transparência que uma sociedade que vive na era de informação exige".

Legitimação da ilegalidade

Atualmente, a atividade de extração de madeira ilegal no Pará movimenta ao ano cerca de R$ 2 bilhões.  De acordo com Valmir Ortega, diretor do Programa Cerrado-Pantanal da Conservação Internacional do Brasil, uma das questões mais preocupantes é o fato de que a atividade ilegal é legitimada pelos habitantes onde ela se encontra.  "Os atores que investem em ilegalidades como a grilagem, extração de madeira ilegal, supressão de floresta, associação com madeireiras ilegais, precisam de um capital inicial de R$ 1 milhão.  Após dois anos, a atividade obterá um retorno ao investidor de R$ 15 a R$ 20 milhões.  Duvido que haja outra atividade com tal taxa de retorno.  O mais preocupante é que boa parte da sociedade acha que esse processo é legítimo.  Há um entendimento que nessas regiões a lei não pode ser cumprida.  Por isso combater essas práticas é tão difícil", comenta.

Políticas de compras positivas

Segundo Roberto Smeraldi, diretor da organização Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, as políticas de compras que excluem negociações feitas com aqueles que estão em listas de atividades predatórias, como a do desmatamento, não são suficientes.  "É preciso adotar políticas positivas, nas quais se decide e divulga o que se quer comprar, ao invés de excluir fornecedores com base de referência em listas amostrais de exclusão".
Para ele, esse é o momento de abandonar a postura simplista de "limpar a barra".  "É preciso estruturar a cadeia e não excluí-la cada vez mais", afirma.

Leia o estudo na íntegra acessando: http://reporterbrasil.org.br/conexoes/?page_id=6

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - On-Line - Dia 24/02/2011 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40916

Desmatamento volta a subir, diz Imazon


O desmatamento e a degradação na floresta amazônica aumentou, de acordo com o Boletim Transparência Florestal, divulgado hoje pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
A informação é de Amazonia.org.br, 23-02-2011.

Mesmo com 70% do território da Amazônia coberto por nuvens, e portanto sem ter sido monitorado por satélites, o Imazon identificou um aumento expressivo no desmatamento: foram desmatados 175 km² em dezembro de 2010 (aumento de 994% em relação ao mesmo mês do ano anterior), e 83 km² em janeiro de 2011 (aumento de 22%).

A quantidade de florestas degradadas nesses meses foi ainda maior.  Em dezembro de 2010, o instituto identificou 541 km² de florestas degradadas, um aumento de 4.818%, e em janeiro de 2011, 376 km², um aumento de 637%.

O desmatamento acumulado nos seis primeiros meses do atual calendário do desmatamento (de agosto de 2010 a janeiro de 2011) totalizou 853 km2, um ligeiro aumento de 3%.

Geografia do desmatamento

O Estado que mais desmatou em dezembro de 2010, segundo o Imazon, foi Rondônia, com 43% do total desmatado, seguido por Mato Grosso (31%) e Amazonas (16%).  O instituto identificou apenas 5% do desmatamento no Pará, mas lembra que a maior parte do Estado estava coberta por nuvens, que impedem a detecção do desmate.

Em janeiro de 2011, Mato Grosso teve mais desmatamento (57%), seguido do Pará (20%) e Rondônia (15%).  Mato Grosso também foi o Estado em que mais se registrou degradação florestal: 53% de toda a degradação de dezembro e 93% de toda a degradação de janeiro.

A capital de Rondônia, Porto Velho, foi o município que mais desmatou em dezembro (39 km2), seguido de Lábreas, no Amazonas (17 km2) e Feliz Natal, em Mato Grosso (16 km2).  Em janeiro, o município mais crítico foi Nova Ubiratã (11 km2), seguido de Gaúcha do Norte (7 km2), ambos em Mato Grosso, e Porto Velho (7 km2).

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - On-Line - Dia 24/02/2011 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40915

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2011


«Sepultados com Ele no batismo, foi também com Ele que ressuscitastes» (cf. Cl 2, 12)

Amados irmãos e irmãs!
A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é para a Igreja um tempo litúrgico muito precioso e importante, em vista do qual me sinto feliz por dirigir uma palavra específica para que seja vivido com o devido empenho. Enquanto olha para o encontro definitivo com o seu Esposo na Páscoa eterna, a Comunidade eclesial, assídua na oração e na caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para haurir com mais abundância do Mistério da redenção a vida nova em Cristo Senhor (cf. Prefácio I de Quaresma).

1. Esta mesma vida já nos foi transmitida no dia do nosso Batismo, quando, «tendo-nos tornado partícipes da morte e ressurreição de Cristo» iniciou para nós «a aventura jubilosa e exaltante do discípulo» (Homilia na Festa do Batismo do Senhor, 10 de Janeiro de 2010). São Paulo, nas suas Cartas, insiste repetidas vezes sobre a singular comunhão com o Filho de Deus realizada neste lavacro. O fato que na maioria dos casos o Batismo se recebe quando somos crianças põe em evidência que se trata de um dom de Deus: ninguém merece a vida eterna com as próprias forças. A misericórdia de Deus, que lava do pecado e permite viver na própria existência «os mesmos sentimentos de Jesus Cristo» (Fl 2, 5), é comunicada gratuitamente ao homem.
O Apóstolo dos gentios, na Carta aos Filipenses, expressa o sentido da transformação que se realiza com a participação na morte e ressurreição de Cristo, indicando a meta: que assim eu possa «conhecê-Lo, a Ele, à força da sua Ressurreição e à comunhão nos Seus sofrimentos, configurando-me à Sua morte, para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos» (Fl 3, 1011). O Batismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do batizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo.
Um vínculo particular liga o Batismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva. Os Padres do Concílio Vaticano II convidaram todos os Pastores da Igreja a utilizar «mais abundantemente os elementos batismais próprios da liturgia quaresmal» (Const. Sacrosanctum Concilium, 109). De fato, desde sempre a Igreja associa a Vigília Pascal à celebração do Batismo: neste Sacramento realiza-se aquele grande mistério pelo qual o homem morre para o pecado, é tornado partícipe da vida nova em Cristo Ressuscitado e recebe o mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos (cf. Rm 8, 11). Este dom gratuito deve ser reavivado sempre em cada um de nós e a Quaresma oferece-nos um percurso análogo ao catecumenato, que para os cristãos da Igreja antiga, assim como também para os catecúmenos de hoje, é uma escola insubstituível de fé e de vida cristã: deveras eles vivem o Batismo como um ato decisivo para toda a sua existência.

2. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus? Por isso a Igreja, nos textos evangélicos dos domingos de Quaresma, guia-nos para um encontro particularmente intenso com o Senhor, fazendo-nos repercorrer as etapas do caminho da iniciação cristã: para os catecúmenos, na perspectiva de receber o Sacramento do renascimento, para quem é batizado, em vista de novos e decisivos passos no seguimento de Cristo e na doação total a Ele.
O primeiro domingo do itinerário quaresmal evidencia a nossa condição do homens nesta terra. O combate vitorioso contra as tentações, que dá início à missão de Jesus, é um convite a tomar consciência da própria fragilidade para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo, caminho, verdade e vida (cf. Ordo Initiationis Christianae Adultorum, n. 25). É uma clara chamada a recordar como a fé cristã implica, a exemplo de Jesus e em união com Ele, uma luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso» (Ef 6, 12), no qual o diabo é ativo e não se cansa, nem sequer hoje, de tentar o homem que deseja aproximar-se do Senhor: Cristo disso sai vitorioso, para abrir também o nosso coração à esperança e guiar-nos na vitória às seduções do mal.
O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt 17, 1), para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5). É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb 4, 12) e reforça a vontade de seguir o Senhor.
O pedido de Jesus à Samaritana: «Dá-Me de beber» (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da «água a jorrar para a vida eterna» (v. 14): é o dom do espírito Santo, que faz dos cristãos «verdadeiros adoradores» capazes de rezar ao Pai «em espírito e verdade» (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, «enquanto não repousar em Deus», segundo as célebres palavras de Santo Agostinho.
O domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: «Tu crês no Filho do Homem?». «Creio, Senhor» (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como «filho da luz».
Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último mistério da nossa existência: «Eu sou a ressurreição e a vida... Crês tu isto?» (Jo 11, 25-26). Para a comunidade cristã é o momento de depor com sinceridade, juntamente com Marta, toda a esperança em Jesus de Nazaré: «Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (v. 27). A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele. A fé na ressurreição dos mortos e a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência: Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da luz da fé todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança.
O percurso quaresmal encontra o seu cumprimento no Tríduo Pascal, particularmente na Grande Vigília na Noite Santa: renovando as promessas batismais, reafirmamos que Cristo é o Senhor da nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou quando renascemos «da água e do Espírito Santo», e reconfirmamos o nosso firme compromisso em corresponder à ação da Graça para sermos seus discípulos.

3. O nosso imergir-nos na morte e ressurreição de Cristo através do Sacramento do Batismo, estimula-nos todos os dias a libertar o nosso coração das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a «terra», que nos empobrece e nos impede de estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo. Em Cristo, Deus revelou-se como Amor (cf 1 Jo 4, 7-10). A Cruz de Cristo, a «palavra da Cruz» manifesta o poder salvífico de Deus (cf. 1 Cor 1, 18), que se doa para elevar o homem e dar-lhe a salvação: amor na sua forma mais radical (cf. Enc. Deus caritas est, 12). Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo. O Jejum, que pode ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31).
No nosso caminho encontramo-nos perante a tentação do ter, da avidez do dinheiro, que insidia a primazia de Deus na nossa vida. A cupidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja, especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha. A idolatria dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida. Como compreender a bondade paterna de Deus se o coração está cheio de si e dos próprios projetos, com os quais nos iludimos de poder garantir o futuro? A tentação é a de pensar, como o rico da parábola: «Alma, tens muitos bens em depósito para muitos anos...». «Insensato! Nesta mesma noite, pedir-te-ão a tua alma...» (Lc 12, 19-20). A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia.
Em todo o período quaresmal, a Igreja oferece-nos com particular abundância a Palavra de Deus. Meditando-a e interiorizando-a para a viver quotidianamente, aprendemos uma forma preciosa e insubstituível de oração, porque a escuta atenta de Deus, que continua a falar ao nosso coração, alimenta o caminho de fé que iniciamos no dia do Batismo. A oração permite-nos também adquirir uma nova concepção do tempo: de fato, sem a perspectiva da eternidade e da transcendência ele cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um horizonte que não tem futuro. Ao contrário, na oração encontramos tempo para Deus, para conhecer que «as suas palavras não passarão» (cf. Mc 13, 31), para entrar naquela comunhão íntima com Ele «que ninguém nos poderá tirar» (cf. Jo 16, 22) e que nos abre à esperança que não desilude, à vida eterna.
Em síntese, o itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é «fazer-se conformes com a morte de Cristo» (Fl 3, 10), para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela ação do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo.

Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Batismo. Renovemos nesta Quaresma o acolhimento da Graça que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas ações. Tudo o que o Sacramento significa e realiza, somos chamados a vivê-lo todos os dias num seguimento de Cristo cada vez mais generoso e autêntico. Neste nosso itinerário, confiemo-nos à Virgem Maria, que gerou o Verbo de Deus na fé e na carne, para nos imergir como ela na morte e ressurreição do seu Filho Jesus e ter a vida eterna. Vaticano, 4 de Novembro de 2010

BENEDICTUS PP. XVI