«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

População já não aceita só as migalhas

Nicholas D. Kristof
The New York Times

Repressão de protesto pacífico ampliou determinação dos bahreinitas, de classe média e com educação, de levar adiante as manifestações contra a família Al-Khalifa
O Bahrein é mais um dominó do Oriente Médio sacudido por uma juventude enraivecida, cujos protestos pacíficos foram reprimidos com gás lacrimogêneo, balas de borracha e até mesmo munição real.
Nas primeiras horas da manhã de ontem, foi usada uma força mortal para dispersar a multidão pró-democracia na Praça Pearl, no centro de Manama. Este foi o mais recente surto de brutalidade de um regime que vem enfrentando os protestos com uma mão excepcionalmente pesada - e, como em repressões anteriores, ele vai corroer ainda mais a legitimidade do governo.

"O Egito contaminou Bahrein", disse Husain, um jovem empresário que caminhava ao lado dos manifestantes pela capital. Ele disse que a Tunísia e o Egito despertaram nele o sentido de possibilidade, e sua determinação aumentou quando a polícia investiu contra os manifestantes que protestavam pacificamente. Quando realizavam o funeral da primeira vítima dos protestos os policiais abriram fogo contra os que acompanhavam o enterro, matando outra pessoa.
"Estava com muito medo de participar", Husain admitiu. Mas estava tão furioso que não conseguiu ficar em casa. E assim se tornou mais um dos milhares de manifestantes exigindo mudanças radicais no país. Inicialmente, as pessoas exigiam apenas a libertação de presos políticos, o fim da tortura e menos concentração de poder em mãos da família al-Khalifa, que governa o país. Mas, agora, a multidão exige a destituição da família al-Khalifa. Ao despachar para as ruas o batalhão de choque, o rei Hamad deixou clara sua vulnerabilidade e sua falência moral.

Tudo isso coloca os EUA em apuros. O Bahrein é um aliado crucial dos americanos, abrigando a 5.ª Frota Naval americana, e Washington mantém relações estreitas com a família al-Khalifa. Além disso, sob alguns aspectos, Bahrein é um exemplo para a região. Ele permite às mulheres e às minorias uma atuação muito maior do que a vizinha Arábia Saudita, conseguiu acabar praticamente com o analfabetismo e realizou algumas autênticas reformas democráticas. Dos 40 membros da Câmara Baixa do Parlamento (sem poder) 18 pertencem a um partido de oposição.

O Bahrein educou sua população e criou uma classe média que não está mais disposta a se contentar com migalhas de um potentado árabe paternalista - e um país instável, pois é predominantemente xiita e governado por uma família real sunita.
É por essa razão que os distúrbios no Bahrein estão levando o medo para outras autocracias do Golfo que oprimem os xiitas, principalmente a Arábia Saudita. Os EUA têm grandes interesses em jogo no Bahrein, mas também valores importantes. Espero que nossas estreitas relações com as pessoas no poder nesse país não obscureçam nosso reconhecimento de que a História provavelmente está do lado dos manifestantes atingidos por balas de borracha e não do lado dos regimes responsáveis pelos disparos.

TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
* É COLUNISTA

Fonte: O Estado de S. Paulo - Dia 18/02/2011 - Pg. A14 - Internet: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110218/not_imp681154,0.php

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