«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

1º Domingo do Advento - Ano C - Homilia

Evangelho: Lucas 21,25-28.34-36

Naquele tempo, 
25 Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. 
26 Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. 
27 Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. 
28 Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação. 
34 Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso. 
35 Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra. 
36 Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

INDIGNAÇÃO E ESPERANÇA


Uma convicção indestrutível sustenta, desde o início, a fé dos seguidores de Jesus: animada por Deus, a história humana encaminha-se para a sua libertação definitiva. As contradições insuportáveis do ser humano e os horrores que se cometem em todas as épocas não devem destruir a nossa esperança.

Este mundo que nos sustenta não é definitivo. Um dia a criação inteira dará "sinais" de que chegou ao seu fim para dar lugar a uma vida nova e liberta que nenhum de nós pode imaginar nem compreender.

Os evangelhos recolhem a recordação de uma reflexão de Jesus sobre este final dos tempos. Paradoxalmente, a sua atenção não se concentra nos “acontecimentos cósmicos” que se possam produzir naquele momento. O seu principal objetivo é propor aos seus seguidores um estilo de viver com lucidez diante desse horizonte.

O final da história não é o caos, a destruição da vida, a morte total. Lentamente, no meio de luzes e trevas, escutando as chamadas do nosso coração ou deixando o melhor que há em nós, vamos caminhando em direção ao mistério último da realidade que aqueles que creem  chamam “Deus”.

Não temos que viver dominados pelo medo ou a ansiedade. O “último dia” não é um dia de ira e de vingança, mas de libertação. Lucas resume o pensamento de Jesus com estas palavras admiráveis: “Levantai-vos, erguei a cabeça; aproxima-se a vossa libertação”. Só então conheceremos com profundidade como Deus ama ao mundo.

Temos de reavivar a nossa confiança, levantar o ânimo e despertar a esperança. Um dia os poderes financeiros se afundarão. A insensatez dos poderosos acabará. As vítimas de tantas guerras, crimes e genocídios conhecerão a vida. Os nossos esforços por um mundo mais humano não se perderão para sempre.

Jesus esforça-se por sacudir as consciências dos seus seguidores. “Tende cuidado: que a vossa mente não fique insensível”. Não vivais como imbecis. Não vos deixeis arrastrar pela frivolidade e os excessos. Mantei viva a indignação. “Estai sempre despertos”. Não vos relaxeis. Vivei com lucidez e responsabilidade. Não vos canseis. Mantei sempre a tensão.

Como vivemos este tempo difícil para quase todos, angustiante para muitos, e cruel para quem se afunda na impotência? Estamos despertos? Vivemos dormindo? A partir das comunidades cristãs, temos de alentar a indignação e a esperança. E só há um caminho: estar junto aos que estão ficando sem nada, mergulhados no desespero, na raiva e na humilhação.

NÃO MATAR A ESPERANÇA


Jesus foi um criador incansável de esperança. Toda a sua existência consistiu em contagiar os outros com a esperança que ele mesmo vivia a partir do mais profundo de seu ser. Hoje escutamos o seu grito de alerta: "Reanimai-vos, levantai vossa cabeça; aproxima-se vossa libertação. Porém, tendes cuidado: que a vossa mente não se enfraqueça com o vício, a bebida e a preocupação com o dinheiro".

As palavras de Jesus não perderam a atualidade, pois também hoje continuamos matando a esperança e estragando a vida de muitas maneiras. Não pensemos naqueles que, à margem de toda fé, vivem segundo aquele princípio: "comamos e bebamos, pois amanhã morreremos", mas naqueles, chamados cristãos, que podem cair numa atitude não muito diferente: "Comamos e bebamos, pois amanhã virá o Messias".

Quando uma sociedade tem por objetivo, quase único da vida, a satisfação cega dos apetites e se fecha cada um em seu próprio prazer, ali morre a esperança.

Aqueles que estão satisfeitos não buscam nada, realmente, novo! Não trabalhar em profundidade vai muito bem. A partir desta perspectiva, ouvir falar que um dia tudo pode desaparecer "soa" a "visões apocalípticas" nascidas do desvario de mentes tenebrosas. 

Tudo muda quando, o mesmo Evangelho, é lido a partir do sofrimento do Terceiro Mundo. Quando a miséria é insuportável e o momento presente é vivido somente como sofrimento destruidor, é fácil sentir, exatamente, o contrário. "Graças a Deus isto não durará para sempre".

Os últimos da Terra são quem melhor podem compreender a mensagem de Jesus: "Felizes os que choram, porque deles é o reino de Deus". Estes homens e mulheres, cuja existência é de fome e miséria, estão esperando algo novo e diferente que responda aos seus anseios mais profundos de vida e de paz.

Um dia "o sol, a lua e as estrelas tremerão", isto é, tudo aquilo que cremos poder confiar para sempre se afundará. Nossas ideias de poder, segurança e progresso se abalarão. Tudo aquilo que não conduz o ser humano à verdade, à justiça e à fraternidade entrará em colapso, e "na terra haverá angústia das pessoas".

Porém, a mensagem de Jesus não é de desesperança para ninguém: Assim então, no momento da verdade última, não vos desespereis, ficai despertos, "mantende-vos de pé", colocai vossa confiança em Deus. Vendo de perto o sofrimento cruel daqueles povos da África, me surpreendi, a mim mesmo, sentindo algo que pode parecer estranho num cristão. Não é, propriamente, uma oração a Deus. É um desejo ardente e uma invocação diante do mistério da dor humana. É isto que me saía de dentro: "Por favor, que haja Deus!".

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Terça-feira, 27 de novembro de 2012 - 09h25 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

STF conclui definição de penas no mensalão [Imperdível!]

Penas de condenados do mensalão 
superam 280 anos
Marcos Valério teve maior punição, 
com 40 anos de cadeia

Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) concluíram a definição das penas dos condenados nesta quarta-feira (28 de novembro).

Dos 25 réus condenados: 
  • 13 irão cumprir a pena inicialmente em regime fechado, como prevê a lei para penas maiores que oito anos de prisão.
  • Outros dez réus, que tiveram pena definida entre quatro e oito anos de prisão, irão cumprir pena em regime semiaberto, quando o réu pode passar o dia trabalhando ou estudando, e voltar para dormir e passar os fins de semana na prisão.
  • Dois réus, José Borba e Emerson Palmieri tiveram o tempo de prisão trocado por duas penas alternativas: a suspensão do direito de exercer cargos públicos e multas.

TIPOS DE REGIME DE PRISÃO:

1. Aberto: se a condenação for inferior a 4 anos. Local de repouso durante o comprimento da pena: casas de albergado.

2. Semiaberto: se a condenação for entre 4 e 8 anosLocal de repouso durante o comprimento da pena: colônias penais agrícolas ou industriais.

3. Fechado: se a condenação for maior que 8 anos. Prisão de segurança máxima ou média.


Veja as penas fixadas pelos ministros

CondenadoPerfilCrimesPena totalMulta
Núcleo PolíticoJosé DirceuEx-ministro da Casa Civil, considerado o "chefe da organização criminosa"Corrupção ativa e formação de quadrilha10 anos e 10 meses de prisãoR$ 676 mil
Delúbio SoaresEx-tesoureiro do PTCorrupção ativa e formação de quadrilha8 anos e 11 meses de prisãoR$ 320 mil
José GenoinoEx-presidente do PTCorrupção ativa e formação de quadrilha6 anos e 11 meses de prisãoR$ 468 mil
Núcleo OperacionalMarcos ValérioConsiderado o "operador do esquema", ex-sócio das agências SMP&B e DNA propagandaFormação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas40 anos, 1 mês e 6 dias de prisãoR$ 2,78 milhão
Cristiano PazEx-sócio de Marcos ValérioFormação de quadrilha, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro25 anos, 11 meses e 20 dias de prisãoR$ 2,5 milhão
Ramon HollerbachEx-sócio de Marcos ValérioEvasão de divisas, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadriha29 anos, 7 meses e 20 dias de prisãoR$ 2,78 milhão
Simone VasconcelosEx-funcionária de Marcos ValérioFormação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas12 anos, sete meses e 20 dias de prisãoR$ 374 mil
Rogério TolentinoAdvogado e ex-sócio oculto de ValérioFormação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro8 anos e 11 meses de prisãoR$ 312 mil
Núcleo FinanceiroKátia RabelloDona do Banco RuralFormação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas16 anos e 8 meses de prisãoR$ 1,5 milhão
Vinícius SamaraneEx-vice-presidente do Banco RuralLavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira8 anos, 9 meses e 10 dias de prisãoR$ 598 mil
José Roberto SalgadoEx-vice-presidente do Banco RuralFormação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas16 anos e 8 meses de prisãoR$ 926 mil
Outros réusHenrique PizzolatoEx-diretor de marketing do Banco do BrasilPeculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro12 anos e 7 meses de prisão1,272 milhão
Carlos RodriguesEx-deputado pelo extinto PL (atual PR) pelo RJ e líder da bancada evangélica na CâmaraCorrupção passiva e lavagem de dinheiro6 anos e 3 meses de prisãoR$ 696 mil
Valdemar Costa NetoDeputado (SP) e líder do PRCorrupção passiva e lavagem de dinheiro7 anos e 10 meses de prisãoR$ 1.080 milhão
Breno FischbergSócio da corretora Bônus BanvalLavagem de dinheiro5 anos e 10 meses de prisãoR$ 528 mil
Enivaldo QuadradoSócio da corretora Bônus BanvalFormação de quadrilha e lavagem de dinheiro5 anos e 9 meses de prisãoR$ 528 mil
João Cláudio GenuEx-assessor do PPFormação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva7 anos e 3 meses de prisãoR$ 480 mil
Jacinto LamasEx-tesoureiro do PRFormação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva5 anos de prisãoR$ 240 mil
Romeu QueirozEx-deputado pelo PTB-MGLavagem de dinheiro e corrupção passiva6 anos e 6 meses de prisãoR$ 858 mil
Pedro HenryEx-deputado do PP-MTLavagem de dinheiro e corrupção passiva7 anos e 2 meses de prisãoR$ 962 mil
Pedro CorreaEx-deputado (PE) e líder do PPFormação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva9 anos e 5 meses de prisãoR$ 1,132 milhão
José BorbaEx-deputado pelo PMDB-PR, atual prefeito de Jandaia do Sul (PR)Corrupção passiva2 anos e 6 meses de prisãoR$ 390 mil
João Paulo CunhaDeputado (PT-SP)Corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro9 anos e 4 meses de prisãoR$ 260 mil
Roberto JeffersonEx-deputado (RJ) e presidente do PTBCorrupção passiva e lavagem de dinheiro7 anos e 14 dias de prisãoR$ 720,8 mil
Emerson PalmieriEx-tesoureiro do PTBCorrupção passiva e lavagem de dinheiro4 anos de prisãoR$ 228 mil
Fonte: Folha de s. paulo - poder - 28/11/2012 - 20h33 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1192591-stf-conclui-definicao-de-penas-no-mensalao-e-13-reus-irao-para-cadeia-veja-as-penas.shtml
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Análise...

O Mensalão e a ingenuidade do PT

Luciano Alvarenga

LUCIANO ALVARENGA - sociólogo
O mensalão passou e deixou atrás de si a realidade. O PT pagou o preço, antes dos demais, e pagou caro pelo esgotamento do modelo eleitoral e político brasileiro que não teve coragem nem vontade de mudar no tempo em podia ter feito.

Caixa dois ou compra de votos no varejo para aprovação no congresso seja lá do que for não importa mais. O fato é que em 1997 quando FHC [Fernando Henrique Cardoso], junto com a tropa de choque do PSDB, comprou no mesmíssimo congresso a emenda da reeleição ficou clara a eficiência do método mensaleiro.

O método foi refinado em Minas Gerais em 1998, na campanha para Governador deste Estado, pelo candidato do PSDB Eduardo Azeredo no que ficou conhecido como Valerioduto Tucano. Evidentemente que o PT sabia. A questão em política não é não saber; é saber e provar. Esse processo se arrasta até hoje sem que nada tenha ainda acontecido com os fundadores da pedagogia mensaleira.

É claro que o Mensalão do PSDB pouco importa à grande mídia que está mais interessada na sua campanha de desgaste do PT e do Lula. Ingênuo foi o PT imaginar que ainda que fizesse um governo conservador e de pacto com todos os grupos de classe do país, que conseguiria aquilo que na Europa os partidos de esquerda conseguiram, cumplicidade das elites para realizar o projeto das elites.

Lá, as elites não se importam que os partidos de esquerda façam aquilo que se esperava que os conservadores fizessem, pouco importa quem faz desde que faça. Aqui, mesmo com o PT fazendo um governo que recebeu elogio de quem antes o próprio PT condenava, não foi o suficiente. As elites, capitaneada pela velha mídia e seus pseudo intelectuais, lideraram um combate sem quartel contra o metalúrgico analfabeto e seu partido.

O que o PT não entendeu é que no Brasil as elites tem um ódio de classe do povo. Ainda que o PT fizesse um governo ipses literes com os interesses das classes dominantes, e em larga medida fez, o fato é que ele não é da elite. As elites no Brasil são preconceituosas e não esperam que o PT faça aquilo que ela espera que apenas os seus façam. Ao contrário de boa parte do mundo no Brasil o dinheiro tem origem de classe. O PT imaginou que pudesse ter uma procuração que o autorizasse a representar quem nunca quis ser representada por ele.

Aqui mora o imenso amadorismo de quem jamais se esperava isso. O PT foi buscar no fundador do Mensalão tucano o background para fazer em seu governo aquilo que deveria ter sido exterminado numa reforma política e eleitoral que pusesse fim ao financiamento privado de campanha. O PT se deixou esquecer que nada em seu governo seria perdoado ainda que uma cópia das piores coisas feitas em governos passados, especialmente do PSDB.

O erro do PT foi ter feito enormes concessões programáticas imaginando que com isso seria entendido; o PT como uma evolução sem rupturas fazendo melhor para as elites aquilo que os filhos da elite, PSDB?, não conseguiram.

Um pedaço da simbologia do PT foi enterrado no mensalão. Cabe saber se o preço pago pelo partido vai redundar numa adstringência [contraçãocompressão, limitação] geral do sistema político brasileiro.  Ou se significará apenas o esgarçamento da esquerda levado a cabo, a toque de caixa, pela velha mídia, eleita pelos setores conservadores como legítima oposição política no país.

Fonte: Blog "Cama de Prego" - Luciano Alvarenga - 28/11/2012 - Internet: http://lucianoalvarenga.blogspot.com.br/2012/11/o-mensalao-e-ingenuidade-do-pt.html

O mundo de Joseph Ratzinger


Piero Stefani *
Il Pensiero della Settimana
23-09-2012

Ler o novo livro do papa significa ser transportado para o mundo de Bento XVI, âmbito que, na maioria das vezes, parece distante do nosso mundo. As preocupações do papa não são as nossas, assim como os nossos problemas não são os dele.
PIERO STEFANI - biblista italiano
O Preâmbulo do último livro de Joseph Ratzinger-Bento XVI, A Infância de Jesus, termina com estas palavras: "Espero que o pequeno livro, apesar dos seus limites, possa ajudar muitas pessoas no seu caminho com e para Jesus". Não há razão para duvidar de que essa declaração constitua a efetiva intenção do papa. No entanto, talvez ainda mais do que os dois volumes anteriores dedicados a Jesus de Nazaré (2007 e 2011), este último parece guiar o leitor não tanto para a compreensão do Jesus dos Evangelhos, mas sim para o conhecimento do pensamento de Joseph Ratzinger.

Isso ocorre, em boa parte, por causa do fato de que Bento XVI aplica aos dois evangelhos da infância, segundo Mateus e segundo Lucas, os mesmos critérios adotados para descrever a vida pública de Jesus. Pouco espaço é dado à reflexão sobre o seu peculiar gênero literário e nenhuma atenção é reservada ao fato de que o evangelho mais antigo, o de Marcos, ignora qualquer referência à infância de Jesus.

Ler essas páginas significa ser transportado para o mundo de Bento XVI, âmbito que, na maioria das vezes, parece distante do nosso mundo. As preocupações do papa não são as nossas, assim como os nossos problemas não são os dele. Várias vezes Ratzinger defende que as histórias contidas nos primeiros capítulos de Mateus e Lucas prospectam a concreta descida do universal a um tempo específico e a um lugar determinado. O autor da Infância de Jesus parece, ao invés, distante do tempo e do mundo em que é chamado a agir. A atitude teria traços de nobreza se fosse consciente. Ao contrário, torna-se evanescente se pretende, como deixa entender o autor, fornecer respostas convincentes para os problemas contemporâneos.

Se as reflexões contidas no texto respeitassem rigorosamente um gênero literário de tipo homilético-espiritual, o leitor encontraria nelas belas inspirações, algumas das quais seriam, com efeito, capazes de ajudá-lo a progredir no seu caminho de fé. No entanto, mesmo essas passagens são enfraquecidas pela pretensão do livro de ser não tanto uma meditação, mas sim uma apresentação histórica da primeira parte da vida de Jesus.

O alvo constante do livro de Ratzinger, muitas vezes declarado explicitamente, é a posição, compartilhada por grande parte da pesquisa bíblica atual, de que as histórias da infância de Jesus não são históricas no sentido factual do termo. Elas se apresentam, ao invés, como relatos teológicos, que não são verdadeiros porque correspondem aos acontecimentos como tais, mas sim porque enriquecem a compreensão da mensagem evangélica. O seu estilo se assemelharia, por isso, ao do midrash narrativo. Além disso, com base na polissemia própria do gênero – e este é o segundo grande objetivo polêmico de Bento XVI –, os de Mateus e Lucas são entendidos como dois relatos diferentes, significativos justamente por causa da sua irredutível diversidade.

A simples leitura do índice do livro atesta que a posição de Bento XVI é uma espécie de reproposição, em chave devota, do gênero do século XIX das "vidas de Jesus". O discurso, de fato, se desenrola através de uma espécie de sucessão cronológica de histórias provenientes tanto de Mateus quanto de Lucas. Com efeito, aqui e ali, o autor assinala algumas discrepâncias entre os dois evangelhos, mas, em todo o caso, estas são sempre reciprocamente compatíveis. A razão disso é simples: todas têm nas costas os mesmos eventos que efetivamente aconteceram.

O procedimento de Bento XVI é diametralmente oposto ao da pesquisa bíblica, que parte das fontes, as avalia, para depois se perguntar se, através delas, é possível remontar aos acontecimentos. 

Ratzinger parte, ao invés, do pressuposto de que os acontecimentos são verdadeiros em sentido factual e, no máximo, concede algumas diversidades nos modos pelos quais eles são teologicamente interpretados.

Tudo aconteceu na ordem dos fatos: a aparição do anjo a Zacarias no templo, a anunciação na casa de Nazaré, os sonhos de José, o nascimento em Belém, os reis magos, a fuga para o Egito, o massacre dos inocentes, e assim por diante. Na verdade, são justamente esses acontecimentos que revelam o autêntico significado das antigas profecias que permaneceram por séculos como "palavras à espera". O vaticínio de Isaías pronunciado em 733 a.C., relacionado a uma virgem dará à luz um filho, esperou por séculos para ser explicado. Toda tentativa de lhe dar razão permaneceu, no entanto, frustrado até o momento em que a passagem é citada por Mateus com relação ao nascimento de Jesus (de passagem, Ratzinger não se preocupa, de fato, em especificar que 'almah, em hebraico, significa mulher jovem; virgem se diz betulah) (cf. p. 60-62 [edição italiana]).

Pode-se dizer que, durante séculos, pensou-se assim como Bento XVI faz agora. A afirmação não parece totalmente evidente. Basta dizer que uma grande parte da iconografia das histórias da infância deriva dos evangelhos apócrifos (em particular, o chamado Proto-Evangelho de Tiago). Quando ela era retratada, ninguém se preocupava se a palma que se inclinou para a pequena família em fuga para o Egito (representada em vários mosaicos antigos) correspondia ou não a um fato histórico. O mesmo vale para "o casamento da Virgem", tornado celebérrimo por Rafael.

Não se pode dizer explicitamente qual é o pensamento de Ratzinger a respeito (em todo o livro, não há nenhuma referência aos apócrifos), mas parece razoável considerar que nem ele daria crédito a essas narrações, que, não por acaso, são justamente apócrifas. Bento XVI, além disso, declara abertamente a historicidade do profeta não judeu Balaão (p. 107), enquanto se cala sobre o fato de se o mesmo critério também pode ser estendido para a sua jumenta falante (Nm 22, 22-35).

Ratzinger insiste muitas vezes sobre o fato de que o texto evangélico deve falar também a nós. Esse pressuposto hermenêutico relativizaria o porte do acesso histórico que esses escritos permitiram a um passado remoto. Trata-se de um argumento reversível como uma luva. A instância de obter uma compreensão histórica é, de fato, tipicamente nossa. O texto bíblico não pode falar para nós, modernos, independentemente desse tipo de abordagem que, é óbvio, não é, nem quer ser, absoluto. Além disso, todo documento deve ser considerado em si mesmo histórico, não no sentido de sempre narrar eventos que realmente aconteceram, mas sim enquanto testemunha as convicções de quem os produziu. Justamente o pressuposto de que esses textos devem nos falar induz a considerá-los como narrações teológicas.

Se o interesse pelo livro fosse circunscrito àqueles que se ocupam do pensamento do seu autor, esse terceiro e conclusivo volume sobre Jesus seria até útil. Infelizmente, as coisas, com toda a probabilidade, ocorrerão de modo diferente. Isso acontecerá por causa do silêncio público (e da discordância privada) manifestada por muitos biblistas. Eles não se sentirão livres para falar e aceitarão sem replicar os golpes que, de modo brusco, Joseph Ratzinger inflige – nesse caso, com pouca humildade – contra estudos realizados com perspicácia e erudição imensos. Visto nessa ótica, o sintoma é grave.

Tradução do italiano por Moisés Sbardelotto.

* Piero Stefani, especialista em judaísmo, um dos principais protagonistas do diálogo judaico-cristão na Itália e ex-professor das universidades de Urbino e de Ferrara.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Terça-feira, 27 de novembro de 2012 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/515871-o-mundo-de-joseph-ratzinger

As novas percepções na escalada da violência [Dados assustadores!]


Washington Novaes

Que quer dizer exatamente a onda redobrada de violência na Grande São Paulo e no interior paulista, em Santa Catarina, Goiás, Paraíba, Bahia, Ceará e outros Estados? O tema está a cada dia mais presente na comunicação e suscita, até mesmo em entrevistas e artigos assinados, muitas interpretações. Na verdade, a questão já era muito forte e só agora temos uma nova visão? Ou se trata de uma escalada na violência? Por quê? Será coincidência ou um salto de consciência?

Carmo Bernardes, o falecido escritor mineiro/goiano, costumava dizer que os acontecimentos (e a consciência sobre eles) em nossa vida não escorrem lentamente, e sim dão saltos repentinos: de um momento para outro, vem-nos a consciência de que houve uma mudança forte, um salto. Será assim neste momento? Ou se trata apenas de coincidência, situações momentâneas? Por um lado, as estatísticas de crimes mostram que a situação não é nova, embora possa ter-se agravado - apenas se estaria dando mais ênfase. De fato, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, citado pelo ministro da Justiça (Estado de S. Paulo, 14/11), diz que já tínhamos no ano passado 471.200 pessoas presas em 295.400 vagas, com um déficit de 175.800 vagas e 1,6 preso por vaga. Só no Estado de São Paulo, 195 mil presos, ou 1,9 por vaga. Nas 28 prisões da Região Metropolitana, no ano passado, 43.600 presos. E 250 mil pessoas detidas provisoriamente.

Então, por que não percebemos antes a enormidade do quadro e só lhe damos atenção agora? Há indícios de que ocorreram mudanças importantes e certas coisas parecem mais visíveis. Entre elas, um aparente deslocamento geográfico do crime organizado, em busca de novos territórios, desde que cessou o acordo não declarado que havia no Rio de Janeiro, desde o governo Chagas Freitas, na década de 1970, entre a polícia e o tráfico de drogas - "vocês não descem o morro e nós não subimos". Com a ocupação de morros e favelas pelo programa das Unidades de Polícia Pacificadora, o crime (tráfico de drogas, especialmente) teve de migrar - inclusive para fora do Estado. São Paulo e Santa Catarina parecem ser novos territórios, ou a busca deles.

Mas essa busca tem implicado uma escalada. Os comandos de organizações na área do tráfico têm recorrido até à requalificação técnica de seus membros, matriculando-os em cursos que ensinam a manusear explosivos (Folha de S.Paulo, 18/11). Tem significado a exigência de que os devedores aos mandantes do tráfico sejam obrigados a saldar suas dívidas executando policiais - seis PMs e dois agentes prisionais foram executados em 20 dias (Estado, 15/11), quando 154 pessoas foram assassinadas. Em um ano, foram mortos 93 policiais (19/11). Ordens de ataques têm partido de dentro de prisões (15/11), a ponto de os governos federal e paulista cogitarem de instalar bloqueadores de celulares em presídios, ao custo de R$ 1 milhão em cada um deles, levados para 143 unidades prisionais (19/11). A evidência de que esses novos fatores influenciam a visão das autoridades paulistas está no processo, já iniciado, de transferir líderes de organizações criminosas para penitenciárias de segurança máxima fora do Estado (17/11) e no anúncio de que haverá ações importantes em "14 pontos estratégicos do Estado".

Para completar o quadro da redistribuição geográfica do crime organizado: parece claro que o Centro-Oeste brasileiro se transformou no ponto de recepção e redistribuição de drogas advindas das regiões de fronteira. Goiânia teve quase 500 homicídios no ano passado, mais de 500 este ano, até agora - quase invariavelmente relacionados com o tráfico e o não pagamento de dívidas. Em Rio Verde, cidade de 185 mil habitantes, quase cem assassinatos em 2011. Este ano, mais (O Popular, 19/11).

De certo modo, os fatos estavam diante dos nossos olhos há muito tempo. Na Paraíba, a Polícia Federal prendeu mais de 30 policiais e agentes de segurança "envolvidos em grupos de extermínio" (Estado, 10/11). "De 1984 para cá", escreve o leitor Marcelo de Lima Araújo, "mais de 1 milhão de pessoas foram assassinadas intencionalmente no Brasil", o "20.º país mais violento do mundo" (Fórum dos Leitores, 7/11).

E mesmo deixando de lado as razões sociais desse quadro não há como entrar nessa seara abominável do crime e do crime organizado sem referência à situação calamitosa do Judiciário, que implica também a ausência de ressocialização de quem está na prisão - parte da pena quase inexistente. Nada menos que 423.400 processos, ao todo, estão paralisados em tribunais federais e estaduais (Agência Globo, 16/11), aguardando julgamento. Nos tribunais federais, nada menos que 26 milhões de processos foram abertos em 2011 (eram 5,1 milhões em 1990). E com isso 90 milhões de processos tramitam nos tribunais. Mas no ano passado cada ministro do Superior Tribunal de Justiça julgou 6.955 ações; no Tribunal Superior do Trabalho, 6.299 cada um; no Tribunal Superior Eleitoral, 1.160. Como dar conta da papelada toda?

É evidente que nossos modos de viver, acotovelados em grandes cidades e megalópoles, criam condições favoráveis - geográficas, econômicas, sociais, de dificuldade de cobertura policial em toda a área, etc. Mas as verbas previstas para a construção de presídios até 2014 são de apenas R$ 1,1 bilhão, com 24 mil vagas implantadas, 42 mil contratadas; apenas 7.106 entregues (Folha de S. Paulo, 18/11). 

E quanto a novas condições sociais e econômicas nas grandes cidades, não há muitas razões para otimismo. Estudo de 40 especialistas da Universidade de São Paulo (USP), ao lado de 81 técnicos da Prefeitura, para o governo paulistano, diz que "a São Paulo dos sonhos" "poderá estar pronta em 2040", nas áreas de transportes coletivos, habitação, despoluição de rios, etc. E custaria R$ 314 bilhões.

Haja paciência e fé! E ainda a crença ilusória de que algo será possível, principalmente nas áreas de segurança e Justiça, sem reformas mais amplas, de caráter global mesmo. Migração de fatores sociais e da criminalidade, escaladas de violência, etc., não se detêm diante de fronteiras municipais, estaduais ou nacionais.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Sexta-feira, 23 de novembro de 2012 - Pg. A2 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,as-novas-percepcoes-na-escalada-da-violencia-,963915,0.htm

O capitalismo feliz


JOSÉ LUÍS FIORI
Valor Econômico
28 de novembro de 2012
PAÍSES DA COMMONWEALTH
Aqueles em cor verde
A história do desenvolvimento capitalista dos séculos XIX e XX registra a existência de alguns países com altos níveis de desenvolvimento, riqueza e qualidade de vida, e com baixa propensão nacional expansiva ou imperialista. Como é o caso das ex-colônias britânicas, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, e dos países nórdicos, Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia.

Todos apresentam taxas de crescimento alta, constante e convergente, desde 1870, só inferior à da Argentina, até a Primeira Guerra Mundial. Hoje são economias industrializadas, especializadas e sofisticadas. 

  • A Noruega tem a 3ª maior renda per capita, e o maior índice IDH (0,943), do mundo
  • a Austrália tem a 5ª renda per capita, e o 2º melhor IDH do mundo (0, 929); e quase todos têm uma renda média per capita entre US$ 50 mil e US$ 60 mil anuais
  • A Noruega é considerada hoje o país mais rico do mundo, em "reservas per capita", e foi considerada pela ONU, em 2009, como "o melhor país do mundo para se viver"
  • A Dinamarca já foi classificada, entre 2006 e 2008, como "o lugar mais feliz do mundo", e o segundo país mais pacífico da terra, depois da Nova Zelândia, e ao lado da Noruega.
Canadá, Austrália e Nova Zelândia foram colônias de povoamento da Inglaterra, durante o século XIX, e depois se transformaram em domínios da coroa Britânica, até depois da Segunda Guerra Mundial. Mas até hoje são nações ou reinos independentes que fazem parte do Commonwealth e mantêm o monarca inglês como seu chefe de Estado. Como colônias e domínios funcionaram sempre como periferia da economia inglesa, mesmo depois de iniciado seu processo de industrialização, mantendo-se - em média - a participação do capital inglês, em até 2/3 da formação bruta de capital desses três países. E todos eles estabeleceram relações análogas com a economia americana, depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

Os países nórdicos se tornaram satélites especializados do sistema de produção e do poder europeu.

Neste século e meio de história, o Canadá - como caso exemplar - esteve ao lado da Grã Bretanha e dos EUA na Primeira e Segunda Guerras Mundiais, além de participar Guerra dos Boers e da Guerra da Coreia e de ser um dos membros fundadores da OTAN, em 1949. Participou das guerras do Golfo, do Iraque, do Afeganistão e da Líbia, e participa diretamente do sistema de defesa aeroespacial americano. E o mesmo aconteceu, em quase todos os casos, com a Austrália e a Nova Zelândia.

PAÍSES NÓRDICOS - Europa
Por outro lado, os países nórdicos foram expansivos, e a Suécia em particular foi um grande império dominante, dentro da Europa, até o Século XVIII. Mas depois de sua derrota para a Rússia, em 1720, e depois da sua submissão dentro da hierarquia de poder europeia, os estados nórdicos se transformaram em pequenos países, com baixa densidade demográfica e alta dotação de recursos naturais, funcionando como pedaços especializados e cada vez mais sofisticados do sistema produtivo europeu.

A Suécia ficou famosa pelo "sucesso" de sua política econômica anticíclica ou "keynesianas", depois da crise de 1929, mas de fato logrou superar os efeitos da crise graças à suas condição de sócia econômica e fornecedora de aço e equipamentos para a máquina de guerra nazista, que também ocupou a Dinamarca e exerceu grande influencia sobre a região, durante toda a Segunda Guerra Mundial.

Depois da guerra, a Dinamarca e a Noruega se tornaram membros da OTAN, e a Dinamarca segue sendo uma passagem estratégica para o controle do mar Báltico. Por sua vez, a Suécia participou das Guerras do Kosovo e do Afeganistão, e foi fornecedora de armamentos para as forças anglo-saxônicas, na Guerra do Iraque. Por último, a Finlândia, que fez parte da Suécia, até 1808, e da Rússia, até 1917, acabou ocupando um lugar fundamental dentro da Guerra Fria, até 1991, e ainda ocupa uma posição estratégica até hoje, no controle da Baia da Finlândia e da própria Rússia.

Por tudo isto, apesar de esses países terem origens e trajetórias diferentes, é possível identificar algumas coisas que eles têm em comum:

1) São pequenos ou têm uma densidade demográfica muito baixa.

2) Têm excelente dotação de recursos alimentares, minerais ou energéticos.

3) Todos ocupam posições decisivas no tabuleiro geopolítico mundial.

4) E todos se especializaram em serviços ou setores industriais de alta tecnologia, e em alguns casos, dentro da indústria militar.
PAÍSES NÓRDICOS - paisagem típica
Alguns diriam que se trata de um caso típico de "desenvolvimento a convite", mas isto quer dizer tudo e nada ao mesmo tempo. O fundamental é que o sucesso econômico desses países não se explica por si mesmo, porque desde o século XIX, os "domínios" operaram como fronteiras de expansão do "território econômico" inglês, e como bases militares e navais do Império Britânico. E os países nórdicos, depois que foram submetidos, se transformaram em satélites especializados do sistema de produção e do poder expansivo europeu. E hoje, finalmente, todos esses sete países operam como pequenas "dobradiças felizes" da estrutura militar e do poder global dos Estados Unidos.

Fonte: Perca Tempo - O Blog do Murilo - Quarta-feira, 28 de novembro de 2012 - Internet: http://avaranda.blogspot.com.br/2012/11/o-capitalismo-feliz-jose-luis-fiori.html?m=0